Diferenças escrita por Mahorin


Capítulo 1
Diferenças




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- Morri.

- Jura, Alberich? – Questionou-se, ironicamente.

- Espera, estou absorvendo a informação.

- Só mais um pouquinho...

- Pronto.

- PUTA QUE PARIU, EU MORRI! MORRI! E MORRI LOGO PRA LAGARTIXA CABELUDA! JUSTO PRO PIRRALHO DISCÍPULO DO REPOLHO ROXO?

O Guerreiro Deus suspirou e respirou fundo dez vezes. Perdeu a conta algumas vezes em crises de raiva, totalizando cinquenta e três respiradas fundas.

- Me acalmei. Eu acho. Mesmo assim... É frustrante derrotar dois inúteis e o "encosto" pra perder pro dragãozinho do Cosmo¹!

Cruzou os braços e se ajeitou no banco duro em que estava sentado. As pernas também iam cruzadas, e uma delas balançava nervosamente. Alberich observou-a com tédio antes de controlá-la. Assim feito, levantou os olhos e observou o local.

Paredes com grandes tijolos cinza o cercava até um alto teto, em um salão enorme. E escadas levavam até uma mesa, onde um homem de cabelos brancos rabiscava qualquer coisa desinteressante para Alberich.

O guerreiro não podia ver o que tinha lá fora, mas sabia bem – o céu negro, um rio enorme, pessoas sendo torturadas e toda "tralha" que Hades guardava em seu reino. Quem diria que o Inferno o esperava...

Suspirou mais uma vez. No fundo, ele queria muito saber uma coisa...

- QUEM DISSE QUE NO INFERNO IA TER UMA MENININHA DE CABELOS VERDES E UMA MÁSCARA? Acho que me enganaram. Maldito Seiya! Foi falar lorota antes de virar pedrinha...

Cruzou as pernas para o outro lado e acabou chutando Mime, que resmungou baixinho, mas Alberich sorriu.

- Mas me consola saber que não sou o único nesse Inferno. É agradável ver esses outros idiotas ao meu lado. Principalmente o Mime. Bem feito pro Mime. Nunca gostei dele mesmo, hahá! E olha, ele parece estar suando bicas nessa salinha quente, enquanto o cara do chicotinho decide nosso destino. Medroso, hahahá! – Riu forçadamente, tentando achar alguma graça.

Bufou. Aquilo estava ficando chato. E ele não podia se mexer. Não naquele banquinho apertado. Muito menos fazer barulho, já que parecia que até sua respiração incomodava o homem que estava os julgando. E ele não queria se rebelar e fazer barulhos MAIORES. Viu Fenrir sofrer com o chicotinho que o tal de Lune de Balrog trazia escondido.

O silêncio foi quebrado pela porta atrás de Lune, que quase no mesmo instante se virou para ver quem é. Adquiriu uma postura mais digna de um servo quando reconheceu o recém chegado.

- Agora outro ser feio pra burro entra nessa sala. Que diabos, eu esperava um Inferno melhor. O ser feio recém chegado fala com outro. O outro olha para nós, indignado. O ser feio fala com a gente.

- Puta merda.

- Sem querer gritar mentalmente, mas já gritando.

- COMO ASSIM, ESCRAVOS?

- Ah, ótimo. Tio Hades vai transformar isso aqui em um bordel.

Megrez observou na face dos companheiros mortos o que ele próprio sentia. Espanto. Afinal, Pandora arrumara "tortura" melhor para aqueles que "traíram" deus: serviriam de escravos para os mais importantes espectros. Ou seja, teriam que limpar, varrer, passar, e fazer tudo o que os novos "donos" quisessem. TUDO.

E foi assim que Alberich virou escravinho pessoal de Faraó de Esfinge. Os dois se cutucam bastante, e por ter perdido a armadura e a arma, ex-Megrez apanhava muito. O pior era quando ele tinha que dar banho no Cérbero e limpar a sujeira que o cachorro de três cabeças fazia...

O Inferno realmente fazia jus à sua fama.

Logo a mente brilhante de Asgard descobriu um jeito de burlar suas "tarefas". Encontrou, por lá, um jardim de flores. Não gostava de flores, mas era melhor do que ver o horror do resto do Inferno. Passava horas deitado entre elas, escondido.

E um dia, escondido de um cachorro de três cabeças, Alberich ouviu um belo som. Uma cantiga bela e lenta, impregnada de amor.

- Mime? Não, aquele mal amado nunca tocaria algo tão belo.

Seguiu o som, se deparando com um belo rapaz de cabelos azuis. Ele tocava uma harpa para uma... Pedra? Alberich não soube dizer. Aproximou-se vagarosamente até ser notado.

- Quem é? – O rapaz largou sua harpa para fitar o visitante com curiosidade.

- Alberich de Megrez. Guerreiro Deus de Odin. Ou eu era. O que diabos um Cavaleiro de Athena faz aqui? – Foi se aproximando, sem se importar, afinal, reconheceu a armadura do outro. Parou ao lado da pedra.

Os olhos do músico fitaram a pedra.

E então, com umas duas ou três olhadas para a "dita cuja" a ficha do ex-Guerreiro Deus caiu. Ele sabia quem era. Lógico, ele era um gênio. Sabia de tudo.

- Orpheu de Lira.

O rapaz confirmou com a cabeça.

- Tsc.

Ficou sem graça, sem saber o que dizer. Agora, os olhos de Orpheu o fitavam. Sentiu-se constrangido, e até indelicado com aquele homem de aparência e amor frágil. Bufou.

- Continue tocando. – Alberich se sentou ao lado do músico, agora com os olhos de Eurídice grudados nele.

Aos poucos, Orpheu virou o "porto seguro" do Megrez. Alberich se divertia em enganar Faraó e fugir do Cérbero, apenas para estar com o Cavaleiro de Athena. E quem conhecesse o jeito sério e certo de Lira se surpreenderia em como o próprio encobria o ex-Guerreiro.

E Alberich se surpreendeu em saber que nem todos os músicos eram chatos como Mime. Logo montou até uma listinha, rabiscada em um diário mental.

Diferenças entre Mime e Orpheu, por Alberich de Megrez.

Orpheu é agradável. Mime é um mal amado carente.

Orpheu não é cansativo. Mime é desrespeitoso e indecente.

Eu NUNCA tive uma queda pelo Mime. Não é porque ele e Orpheu são idênticos que eu me aproximei do Cavaleiro.

Orpheu toca incomparavelmente melhor que Mime.

Nunca provei dos lábios do músico inútil. Mas sei que os do Orpheu são incomparavelmente melhores.

Nunca tive segredinho inútil com o inútil.

Eu puxo Orpheu para lugares mais escuros. Eu empurrava o Mime para dentro de lugares escuros e o trancava lá. Sozinho.

Eu faço questão de acompanhar o Orpheu em lugares escuros.

Adorava escutar o Mime gemendo de medo ou de dor. Amo escutar o Orpheu gemendo de dor pelo prazer que eu proporciono a ele.

Adorava enganar Mime e maltratá-lo. Amo enganar a pedra.

Eu odeio o idiota do Mime. Mas amo o Orpheu. Tanto que é ridícula essa comparação.

Mas é Orpheu que deixa esse Inferno melhor. Só ficará realmente melhor quando eu me livrar da pedra. Aí sim, Orpheu será sempre meu, haha!

E esses eram os pensamentos de um ex-Guerreiro Deus que ainda se denominava assim, mesmo enquanto lavava um cachorro com pulgas gigantes de três cabeças.


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Notas finais do capítulo

¹ Cosmo: personagem de Padrinhos Mágicos. -q Em certo episódio, ele se apegava a um dragão.

Fanfic bem bobinha, mas foi bem gostosa de se escrever. :3

~ Mahorin, 27.07.15 (originalmente em 15.08.10).



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