Help The Lover escrita por Meiko


Capítulo 1
Um pouco de normalidade.


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fanfic, uhu! É NaLu porque NaLu é vida. ♥

Peço perdão antecipado pelos possíveis erros e que me avisem caso encontrem algum, é importante que eu saiba sobre eles para poder melhorar. Desde já, agradeço. Boa leitura!



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Meus olhos focaram no brilho intenso da tela do meu computador, olhando fixadamente para o perfil de Gray Fullbuster e pensando se mando o convite de amizade ou não. Eu estava enfrentando esse dilema há exatamente uma semana e atormentando todas minhas amigas por causa disso. Erza já tentara me bater três vezes, dizendo que eu era uma idiota covarde e que estava estragando o sabor do seu bolo de morango, e pelo bem da minha saúde quero resolver isso logo.

O problema é que quando você está apaixonado até as coisas mais simples se tornam tarefas complicadas. É normal sentir todo aquele nervosismo, ficar ansiosa e criar expectativas. Não é algo que se possa evitar ou fugir, você irá ficar inseguro, pois faz parte do sentimento. Você, definitivamente, se tornará um covarde. Porque ao contrário do que dizem por aí, que quem ama é corajoso e tudo mais, o amor foi feito para nos tornarmos covardes.

Por isso, apesar de Levy ter falado com convicção que ele me aceitaria já que sempre me cumprimenta quando nos encontramos nos corredores, eu tenho receio. Veja bem, eu não sou amiga e nem conhecida dele (no máximo dos máximos eu sou aquela “loura legal que me dá oi”), não tenho ideia se ele se lembra das minhas feições e nós estamos em patamares totalmente diferentes, então por que ele me aceitaria? Não há motivo plausível para tal coisa, a não ser o fato de ele querer aumentar o número de amigos – recuso-me a ajudá-lo nisso, não quero ser apenas mais uma pessoa qualquer perdida no seu feedback.

Suspiro e fecho o navegador, desligando o notebook em seguida. Decidi que o melhor é esperar eu ser um pouco mais intima para adicioná-lo. Levanto-me da cama, espreguiço-me para esticar os músculos doloridos por ficar muito tempo sentada na mesma posição e caminho até a janela. A vista da minha janela não é bonita como a do quarto dos meus pais, é apenas a lateral da casa do meu vizinho e a janela do quarto do seu filho, que me dá uma boa visão do cômodo, mas já me acostumei com ela. Moro nessa casa desde meus dez anos, afinal.

Rio de algumas lembranças e fecho a cortina. Entro no banheiro, ligando a banheira para tomar um banho quente e relaxante. Tudo o que eu preciso para tirar a tensão do dia de hoje dos meus ombros.

-x-

Caminho apressadamente e de maneira desengonçada pelos corredores da escola, meus coturnos fazendo um barulho irritante no chão. Carrego em meus braços cinquenta panfletos anunciando a data do baile e mais três cartolinas sobre a conscientização do consumo excessivo de água. O pior: estou toda torta para que nenhum deles escorregue e eu tenha que parar para juntá-los. Maldita hora em que quis ser do conselho!

— Maldição! Bem que poderiam ter mandado alguém para me ajudar, como é que eu vou pendurar isso se minhas mãos estão ocupadas? E por que diabos eu tenho que começar pelo outro lado da escola? Maldita Erza... — resmunguei baixinho comigo mesma.

Respiro fundo e continuo meu caminho até o lado do ginásio, que se encontrava na outra ponta do colégio. Meus braços doem um pouco pela força com que estou segurando as folhas, mas ignoro isso, focando apenas em chegar até lá.

— Lucy? — Ouço alguém chamar.

Viro-me o máximo que consigo para ver quem está me chamando e dou de cara com a professora Evergreen.

— Sim, professora?

— Que bom que eu te achei! — Sorri. — Você pode levar esses cadernos de chamada até o conselho para mim?

Claro que posso, eu nem tenho apenas dois braços. Inclusive, desenvolvi mais quatro para que possa ser burro de carga, legal, não é?, penso, sentindo vontade de dar uma resposta bem irônica para ela; controlo-me.

— Não posso, sabe, eu tô’ levando esses panfl–

— Muito obrigada, Lucy! — Depositou os cadernos em cima dos panfletos e deu as costas para mim.

Ah, que vontade de falar poucas e boas para essa mulher.

Olho inconformado para as coisas em minhas mãos. Se pelo menos alguém ajudasse...

— Precisa de ajuda com isso?

Levanto a cabeça, franzindo as sobrancelhas.

— Eu pensei alto? — pergunto.

Natsu ri e nega com a cabeça.

— Não pensou, não. Eu que resolvi ser cavalheiro e oferecer ajuda, porque, sabe, seus braços finos vão quebrar daqui a pouco com todo esse peso.

Reviro os olhos. Que engraçadinho.

— Há-há — digo irônica. — Enfim. Aceito sua ajuda, já que não tenho mais certeza se chegarei viva até o ginásio carregando tudo isso.

Ele pega os cadernos que a professora Evergreen largou comigo e parte dos panfletos, e eu sinto um alivio imediato por não ter que segurar mais tanto peso. Sorrio em agradecimento e recomeçamos o caminho até o ponto inicial.

A maior parte do caminho é feita em silêncio, porém nada desconfortável. Acho que porque Natsu é totalmente o contrário disso, estar com ele é sempre confortável, não importa a situação. E também não é como se nós fossemos desconhecidos. Deuses, não. Nós éramos praticamente inseparáveis dos dez aos quatorze anos de idade; até algum tempo depois da mãe dele falecer, após isso ele se afastou e pouco nos falávamos. Mas não guardei rancor dele, eu também não fiz nada para reverter a situação, sabia que ele precisava de espaço para se encontrar e nós estávamos seguindo caminhos diferentes. E hoje somos isso, algo entre conhecidos e amigos.

Respiro aliviada quando chegamos ao ginásio, mas o alivio não dura muito ao lembrar que ainda teria que refazer todo o caminho colando essas porcarias de avisos – como se os alunos não soubessem a data do baile. Decido começar logo o trabalho e puxo de um dos meus bolsos um rolo de fita adesiva, peço para o Natsu o segurar e estico um dos cartazes sobre economizar água na parede que separa os dois vestiários.

— Você pode prender pra mim? — pergunto.

Ele assente e puxa a fita, cortando-a em quatro pedaços médios e colando parte delas na parede e parte no cartaz, mantendo o mesmo bem firme. Repetimos o processo com a outra cartolina, mas dessa vez na parede dos bebedouros. Sorrio ao ver parte do trabalho finalizada.

— Muito obrigada, Natsu. Acho que não teria chegado até aqui se não fosse você — rio.

Ele coça a nuca com uma das mãos e dá de ombros.

— Sem problemas.

Aceno, pego o resto dos panfletos que estavam com ele, corto alguns pedaços de fitas, colando-as no meu braço e volto a refazer meu caminho, prendendo alguns dos papéis nos espaços vazios das paredes do corredor. Escuto passos e me viro.

— Você já pode voltar pros seus afazeres.

— Por que não começou colando isso lá da sala do conselho? — pergunta-me. Olho-o com cara de quem diz “adivinha”. — Coisa da Erza?

Assinto.

— Ela tem algum tipo de superstição e tal. Ou ela tá’ me fazendo pagar pela semana passada, vai saber.

Natsu solta uma risada nasalada.

— E o que você aprontou?

— O quê? Eu não aprontei nada! — Faço bico.

— Se ela quis se vingar, então sim, você aprontou.

Encosto na parede, abraçando os papéis.

— Digamos que eu a incomodei um pouco com um assunto que não conseguia resolver.

Ele mexe a cabeça.

— E já conseguiu resolver?

— Mais ou menos, desisti por hora. Espero que consiga coragem para fazê-lo um dia.

— Você terá. É uma garota corajosa, Luce.

Natsu se aproxima mais e encosta sua mão direita no topo da minha cabeça, dando batidinhas leves e suaves, uma espécie de carinho. Minhas bochechas antes coradas pelo antigo apelido usado tornam-se mais rubras com tal ato.

Sem dizer nada, Natsu se vira e se vai pelo corredor. Fito a movimentação de suas costas largas e seu jeito destemido de andar. Entro em um tipo de transe, relembrando de alguns momentos nossos, mas rapidamente sou tirada do mesmo pela voz do garoto.

— Eu ficaria pra te ajudar, mas tenho algumas coisas do meu clube para resolver — grita enquanto anda de costas.

Engulo forte antes de falar algo, rezando para que minha voz não saia falha. Coloco um sorriso no rosto e faço um movimento com a mão.

— Não tem problema, já me ajudou muito — grito de volta e continuo a prender os panfletos, incapaz de olhar novamente naquela direção.

-x-

Largo o lanche que comprei de qualquer jeito em cima da mesa e me jogo na cadeira, relaxando um pouco. Depois de fazer tudo o que tinha de fazer no conselho estudantil e fazer minhas tarefas do clube de escrita, ainda acabei ajudando o clube de luta com a arrumação dos tatames. Tenho certeza de que as pessoas acham que porque sou do conselho sou obrigada a fazer esse tipo de coisa.

— Por que essa cara, Lucy? — Erza pergunta ao sentar em frente a mim.

— Porque as pessoas me tiraram pra escrava hoje, inclusive você — reclamo. — Meus braços estão doloridos, sabia?

Ela retira de dentro da lancheira que estava carregando um pedaço de bolo de morango e começa a comê-lo, pouco se importando com o que estou falando. Bufo e cruzo os braços doloridos. Por que eu sou amiga dela mesmo?

— Fui trocada por um bolo de morango.

Erza dá de ombros, é possível a ouvir sussurrar um “você mereceu”.

— O bolo não reclama, sabe... — diz. Mostro-lhe a língua e ela ri. — Você ainda não me falou nada do Gray. Decidiu se vai adicionar ou não?

Apoio minha cabeça na mão.

— Eu decidi não adicionar enquanto não formos mais íntimos, tipo amigos, sabe?

Ela confirma. Coloca um pedaço do bolo na boca e só então eu me lembro do meu lanche.

— Mas você sabe que ele te aceitaria mesmo vocês não sendo amigos, né?

— Eu não quero ser só mais uma pessoa perdida entre os milhares de amigos no perfil dele, Erza. Quero ser especial para ele.

Erza sorri, segura minha mão por cima da mesa e a aperta; está me passando confiança. Minha pergunta está respondida: é por isso que sou amiga dela. Porque, apesar dos momentos sádicos e da brutalidade, ela uma das poucas pessoas que eu realmente posso contar para qualquer coisa. Sorrio de volta, confiante, e passo a comer meu lanche.

Ficamos o resto do tempo em que esperamos Levy conversando trivialidades, coisas sobre revistas, famosos, esmaltes, cremes... Tudo o que nós normalmente não falamos.

— Até que enfim me liberaram, não aguentava mais! — Levy reclama ao sentar-se conosco. — Vocês deram sorte de saírem antes.

— Sorte nada, Erza quase me fez ficar sem braço carregando mil coisas. E a maldita da Evergreen colaborou com isso, ugh.

Elas riem da minha fala.

— E como você conseguiu levar tudo até o outro lado da escola sem morrer?

— Natsu me ajudou.

Erza me fita maliciosa. Sinto minhas bochechas corarem já sabendo a sua próxima fala.

— Você gostava dele antes de gostar do Gray, não é mesmo? — Dá uma risada estranha. — Eu me lembro disso. Vocês eram fofos juntos.

— Nós éramos só amigos!

Foi a vez de Levy me envergonhar.

— “Só amigos”. — Imitou as aspas com seus dedos pequenos. — Vocês foram o primeiro beijo um do outro, estavam sempre grudados, andavam de mãos dadas algumas vezes... Ainda não entendo por que vocês se afastaram.

Dou de ombros, fingindo que não me importo e que as falas delas não me envergonham.

— Aconteceu, seguimos caminhos diferentes.

Erza balança a cabeça em negativa.

— Não entendo como você não ficou com raiva dele.

— Eu entendo os motivos dele, por isso não fiquei com raiva. E além do mais, não fiz nada para tentar vencer a distância entre nós — falo. Levanto-me da cadeira, junto o papel do lanche e aceno para as garotas. — Bem, eu vou indo. Tô’ morta de cansaço.

Jogo o papel no lixo e caminho em direção à saída da escola. Sento-me no banco da parada de ônibus, esperando pelo transporte. Que venha logo, desejo; queria tomar um banho e ficar deitada o resto da tarde. Fico olhando as coisas aleatórias que estão jogadas na calçada, tão concentrada nisso que só percebo um carro parado em frente ao ponto quando a pessoa buzina. Minha boca se abre em surpresa ao ver Natsu dentro do carro, acompanhado de Gray.

— Entra aí. — O rosado diz.

Fico perplexa por mais alguns segundos até que retomo o pensamento. Nego com a cabeça.

— Não precisa, eu espero o ônibus.

— Qual é, Luce, nós somos vizinhos. Não custa nada te dar uma carona.

Realmente, não custa nada. Mas se não custa então porque diabos você está me oferecendo essa carona apenas agora?

Penso em recusar novamente, mas pensando bem... eu chegaria mais rápido em casa e poderia dormir um pouco.

— Bem, se não tem problema.

Abro a porta traseira do carro e entro rapidamente no mesmo. Tomo todo o cuidado ao fechar a porta, sempre exagero na força e bato forte demais. Vejo os olhos verde-musgo de Natsu me encarando pelo espelho retrovisor; mando-lhe a língua, fazendo-o rir.

— Não sabia que vocês eram tão amigos assim. — A voz de Gray se faz presente.

Não sei o que responder.

Como já havia dito, Natsu e eu estamos em algum lugar entre conhecidos e amigos. Talvez sejamos ex-alguma-coisa, não sei. Só sei que não vai ser eu a contrariar a fala de Gray; nem sei como Natsu se sente com tudo isso, afinal.

Permaneço quieta. Natsu também. E um clima estranho se instala no carro, fazendo o moreno franzir as sobrancelhas.

— Falei algo errado?

Olho rapidamente para Natsu, para saber se ele vai responder, entretanto seu olhar focado na estrada e a boca cerrada em uma linha fina me dão a certeza de que ele não o fará.

— Não, é só que... — hesito um pouco. — Natsu e eu somos amigos de infância, mas ficamos algum tempinho sem nos falar.

Tento esconder meu nervosismo soltando uma risadinha. Como se o tempo a que me referi fosse apenas algumas semanas quando na verdade foram anos.

Depois disso, o caminho até nossas casas foi silencioso. E mentalmente eu estava amaldiçoando Gray por falar aquilo. Aproveitei a deixa e me amaldiçoei também por estar no carro com o cara por quem sou apaixonada e não aproveitar. Essas coisas só acontecem comigo, não é possível.

Tive de tomar fôlego de coragem assim que o carro estacionou em frente a casa de Natsu. Isso por três motivos: ter de encarar Natsu depois do momento tenso, ter de encarar Gray por ele ser simplesmente quem é e ter de encarar Igneel, pai do Natsu, que nesse exato momento está olhando confuso para minha figura. O mais velho solta a mangueira que estava molhando o jardim e caminha rapidamente em minha direção.

— Que saudade, garota. Nem parece que moramos lado a lado! — Dá uma risada e passa seus braços em minha volta, apertando-me em um abraço nostálgico e acolhedor. Não tinha percebido o quanto senti falta disso até agora.

— Pai, larga ela, vai matá-la sufocada desse jeito.

Igneel me solta, olha de mim para Natsu e abre o maior sorriso que já vi em seu rosto desde a morte da mãe do rosado.

— Faz tempo desde a última vez que vi vocês dois juntos. Fico feliz que tenham se resolvido.

Sorrio envergonhada, mais uma vez sem saber o que dizer. Natsu e eu não tínhamos resolvido nada e, para falar a verdade, não acho que tenhamos. Nós apenas deixamos de nos falar, sem drama, sem história triste para contar, sem lados para entender. Aconteceu. E tenho certeza de que se não fosse pela ajuda que ele me deu hoje na escola, nós ainda estaríamos apenas nos cumprimentando quando necessário ou respondendo por educação. Mas falar isso para Igneel estava fora de questão, não quando eu vi seu rosto alegre por ver seu filho e eu juntos novamente.

— Bem, eu já vou — digo. Abraço o Igneel e me viro para os outros dois. — Tchau, Natsu e muito obrigada pela carona. —

Em um ato reflexivo beijo sua bochecha, só percebendo o que fiz depois. Faço cara de paisagem e olho para o moreno que está ao lado de Natsu. Como eu daria tchau para ele? Acenaria apenas ou o abraçaria? Devo beijar seu rosto também ou só falar tchau e sair? Falo para ele ficar com Deus? Ah, droga, se eu pensar demais ele vai achar que eu tenho problemas por ficar o encarando tempo demais.

Já sei!

— Fique com o Batman. — E saí.

.

.

.

Fecho a porta da minha casa com tanta força que tenho certeza de que a tirei um pouco do lugar. Que porcaria foi aquela que eu falei?! Fique com o batman?

Está definido: nunca mais quero sair do meu quarto, pois tenho certeza de que se eu o fizer passarei vergonha.


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