Doce Atração escrita por Arthur Araujo


Capítulo 8
Capitulo Sete




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Julie

Não consigo acreditar na merda que acabei de fazer, mas sou muito orgulhosa para apertar o botão para o elevador subir e eu poder pedir desculpas para o Peter. Espero chegar embaixo para ser sinal de telefone.

A porta se abre e saio na recepção. Meus dedos tocam o telefone que ganhei hoje de manhã. Ligo-o. Abro o aplicativo de contatos. Só tem um aqui.

Meu Amor

Descrição: Seu lindo e delicioso Peter.

Tem uma foto dele comendo glacê. Quero chorar. Estico o braço para chamar um taxi. Abro o aplicativo de mensagem. Clico em “Nova”.

Desculpa pelo que eu falei. Esta apenas com ciúmes. Tentarei recompensá-lo.

Ps: Como o que você quiser.

Meus dedos relutam ao digitar ciúmes.

Um carro amarelo para e entro nele.

– Oxford Street N° 65.

Em pouco tempo chega uma mensagem de volta.

Meu amor:

Perdoada. Serei bem duro com você.

Ps: Não faz mais que sua obrigação comendo que o que eu mandar.

Rio assustada. O Taxi para na minha casa. Minha antiga casa. Rezo para não encontrar a Witija e o Yahama fazendo algo obsceno.

Tenho sorte. Entro, pego o dinheiro e pago o motorista. Escuto um som estranho vindo do banheiro. Witija está ajoelhada com a cara enfiada no vazo vomitando.

– Ressaca ou algo estragado?

Ela ergue a mão sem olhar para mim com dois dedos levantados. Entendo. Segunda opção. Eca. Caminho mais um pouco vejo o Yamaha passando pano de chão na cozinha. Não quero imaginar a cena que aconteceu aqui. Meu estomago embrulha.

Vou para meu quarto, e pego a mala debaixo da cama, começo a colocar as roupas dentro para passar três dias lá. Isso, vou amanha e volto no domingo. Correto.

Quando acabo decido ligar para minha mãe, sou obrigada a olhar o numero na agenda do computador, pois fui tão burra que recusei fazer o backup.

– Alô?

– Mãe?

– Julie, querida. Você já esta melhor? Se consegue ligar quer dizer que sim.

Rio.

– Quero pedir um favor.

– O que eu não faço por minha filhinha? Qualquer dica na cama que precisa pode pedir.

– Mãe, nós duas sabemos que você não é boa nisso, um exemplo do seu desastre é o papai.

– Oh, Tudo bem. Eu desisto. Diga logo que o que tanto deseja.

– Eu quero uma viagem para Nova Iorque hoje a noite.

– Sem problemas.

– Serio?

– Sim, se o Pat não tiver ai, eu peço para o Hugo levar você.

– Obrigado, mãe.

Imagino ela sorrindo por poder fazer algo por mim.

– Porque você quer ir para NY, aconteceu algo?

Eu rezei para ela não perguntar, mas tive que responder. Contei sobre o Nolan e sobre o Gustin. Ela pareceu chocada e brava, mas disse que se era tão importante para ele ajudar o menino que morreu tentando eu deveria fazer algo.

– Até mais. – Digo.

– Mande um beijo para sua irmã.

Desligo.

Tento me lembrar o que devo fazer agora. Acho que eu tenho que falar com a America. vou ver se a Witija está melhor.

Ela disse que comeu apenas frango e macarrão. Isso foi o suficiente para deixá-la enjoada. Me ofereço para fazer um chá. Minha amiga não recusa.

Aproveito o tempo que estou aqui para saber dos ocorridos enquanto eu estive “fora.” Witija tenta fazer um bom resumo, Yamaha sempre relembrando as coisas que ela esquece, acho fofo vê-los completando a frase um do outro.

Ligo para America duas vezes dá caixa de mensagem. Então opto por falar logo com a Renata, o mesmo problema que as ligações com America. Envio um e-mail para ela.

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De: Julia Zaneze

Assunto: Volta ao trabalho

05 de Agosto 12:56

Para: American Show

Eu só queria primeiramente pedir desculpas por não estar em serviço esses dias, mas estou me recuperando muito bem, (eu acho). Segundamente, MUITO OBRIGADO, não acredito que você gostou do livro, estou tão feliz por isso, tem alguma parte favorita? Temos que tomar um café e conversar sobre isso. Espero que não esteja abusando demais minha chefe. Vocês iram publicá-lo, isso merece meu amor eterno, estou sem palavras. Você estar escrever novas matérias, sei que falho com o trabalho, mas vou tentar recompensá-la. Vejo você na segunda-feira.

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Aperto em Enviar não demora para chegar a resposta, é apenas o tempo de ir na cozinha cortar uma fatia de bolo e voltar para o quarto.

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De: American Show

Assunto: Novo Romance

05 de Agosto 13:03

Para: Julia Zaneze

Eu que tenho que agradecer por você ser tão brilhante e trabalhar para mim, lembra daquela entrevista com o Peter, tenho certeza que as pessoas vão lembrar quando chegar nessa cena:

“Os olhos dele estão grafados em mim, sinto desejo e medo inseridos no ar, o Homem do Sofá Suíço volta a encarar a câmera, ele diz:

– Espero que ela não quebre meu coração.

Ele volta para mim. “Não vou” sussurrei para ele.”

COMO NÃO PENSEI NISSO ANTES?? Eu tive uma idéia para a capa tentei combinar com “Chocolate & Sedução” está aqui no anexo, abra e me diga, qual nome vai quer? Imprimirei ainda esse fim de semana e lhe mando a primeira copia.

[BAIXAR ANEXO]

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Não consigo parar de rir, estou tão animada que bato palmas, sozinha e engasgo com minha saliva. Clico em Baixar, vejo a imagem na tela depois de alguns segundo.

Tem tons explícitos de vermelho no fundo, que realmente me lembram a capa da revista. São doces finos arrumados lado a lados em sua caixa. Doces com cobertura de leite, outros ameixas banhadas e um morango coberto.

A capa parece tão doce, e quente, lembro do Peter cozinhando comidas francesas para mim, penso nele, e com em como eu escrevi este livro para ele, me sinto incrivelmente atraída por ele. Atração. Abro a caixa de “RESPONDER” e começo a digitar outro email.

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De: Julia Zaneze

Assunto: Volta ao trabalho

05 de Agosto 13:06

Para: American Show

Renata, eu estou maravilhada e incrédula com esta situação, juro que volto para o trabalho na segunda. Eu acabei de pensar num nome “Doce Atração” para mim soa perfeito, me diga o que acha.

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Eu fecho o e-mail, E desligo o computador e ponho ele sobre a cama, respiro fundo, tudo vai ficar bem, tento imaginar como é o filho Gustin com... Outra mulher.

Eu passei bastante parte desse meio tempo evitando pensar que eu era traída, tentando não me culpar por não ter percebido.

Mesmo sendo fruto dessa relação extra conjugal o Nolan não tem culpa. Ele merece algo bom na vida depois de ter perdido o pai. Sinto muito por ele.

Levanto-me para pegar um livro para levá-lo na viagem quando o telefone toca, atendo-o.

– Julie?

– Meri? Eu queria pedir um favor.

– Mamãe me contou e disse para eu ser gentil com você.

Reviro os olhos.

– Então, posso ficar na sua casa?

– Eu não to... Na minha casa, eu to passando uns dias com o Theo.

– Sério?

– É. Longa história, depois eu escrevo e mando por e-mail aí quando cê quiser poderá ler.

Rio.

– tudo bem.

– Então você vem mesmo?

– se a mamãe conseguir o avião acho que eu vou sim. Okay?

Escuto-a gritando perguntando pro Theodore se eu posso passar o dia na casa dele. Não escuto a resposta. América volta até o telefone.

Ela dá uma morda em algo parecido com uma maçã ou para pelo barulho, entre uma mastigada e outra ela fala:

– Você vai trabalhar mais alguém?

– eu ia chamar o Isaac, mas não sei se ele vai poder.

América parece confusa:

– E o Peter?

– Ele está muito ocupado.

– Tudo bem então. Quando sair daí avisa para eu calcular que horas de pegar no aeroporto.

– Aviso sim.

América desliga.

Não estou com nada em mente para fazer agora, penso em comer algo, ponho o livro na mala, a capa de "O Sol é para todos" me encara de longe.

Com o celular ainda em mãos faço uma chamada pelo FaceTime com o Peter. Ele atende está sem camisa e suado, com fones no ouvido, está correndo numa esteira pelo que parece.

– permissão para comer, senhor?

Peter sorri, contente com a minha obediência.

– Sim. - ele dá uma pausa. - tem pão na sua casa?

– Claro. - Comento, rindo.

– pega o pão, põe um pouco de creme de amendoim, pega queixo e come com geléia.

– Ok.

– Até mais, Julie.

– Vejo você na segunda.

Ele sorri e desliga.

Enquanto pego o pão o celular toca, é minha mãe.

– Conseguiu?

– Sim, o Hugo leva você as 23h, você deve chegar umas 5h em Nova Iorque. - Muita obrigada.

– De nada, querida.

Termino de por o creme, e como, depois já sei o que vou fazer.

Pego o carro do Yamaha, eu nem sei porque, eu não lembro onde está o meu. Dirijo até onde o prédio da Isabela ter falado.

Ele fica perto num condomínio, falo com o porteiro que eu precisa ir no apartamento dela, digo que somos amiga, que eu trabalhava na emprega Eagle, ele me diz o que devo fazer e sigo as instruções. Paro no estacionamento. O céu esta azul bem claro, um bela tarde.

Bato na porta do vizinho dela, um senhor de idade abre.

– Eu preciso da chave da Isabela.

Ele caminha devagar e pega-a e me entrega.

Entro no apartamento da Isabela, ele me lembra um pouco o Peter, porem mais iluminado, há uma estante de livros e cadernos jogados no tapete, acho a chave do Gustin com e um papel escrito o endereço do apartamento. Ponho tudo na bolsa.

Volto para o carro e começo e começo a dirigir. Freio rapidamente para não bater o carro no fundo de outro quando o sinal fica vermelho.

Minha cabeça bate no banco, o rosto do Gustin aparece na minha frente, seus olhos vazios. Grito. O sinal fica verde, piso no acelerador, até chegar na rua correta.

É um prédio comum, não tão alto quando os outros no centro de Seattle, está mais para algo no estilo Greenwich Village. de Nova Iorque, tento me lembrar onde ela disse que estavam as chaves. Nada vem na minha mente. Paro o carro e quero chorar.

Entro pela porta da frente que é de madeira clássica, tem um garotinho de aparência de doze anos lendo quadrinhos Aliais da Marvel na recepção, ele não fala comigo, começo a subir as escadas.

Subo, não sei qual apartamento é o dele, não sei o número. Sento-me no chão, com as costas nos tijolos frios. Abaixo a cabeça e choro até que uma voz me chama, reconheço-a e levanto-me.

– Julie, o que você está fazendo aqui? - Pergunta o Isaac.

Tenho a mesma dúvida sobre ele, mas não falo nada.

– Estou procurando o apartamento do Gustin.

– Poxa, quando ele fugiu ele ficou aqui?

Não sei responder.

– Por um tempo, eu acho.

– Você sabe qual é?

– Eu... não lembro.

Isaac parece mal por mim.

– O meu... Namorado pode te ajudar, ele mora aqui em cima.

Sorrio tímida. Isaac na casa de um namorado, que coisa inusitada.

Subimos a escada até um andar que não era muito longe do final do prédio.

Isaac bate na porta, o garoto bonitinho que estava com ele quando eu dei meu surto está atrás da porta.

– A Julie precisa de ajuda. Podemos entrar?

Não lembro o nome dele, resolvo chamá-lo de garoto até que seu nome seja mencionado em alguma parte do diálogo.

Ele parece pensativo.

– Oh, claro, entrem. - ele era sem camisa apenas com um short flanela. Seu apartamento é simples e robusto. Tem dois sofás pequenos uma poltrona, uma teve enorme, uma mesa de centro de vidro com algumas revistas e um cacto pequeno no meio.

– não repare muito na arrumação, era da minha irmã.

– sem problemas. - Digo.

– então, como posso ajudar?

– Eu tava procurando o prédio de um cara chamado Henry Gustin...

– Ei, eu conheço ele.

– Sério? - pergunto ofegante.

– sim, ele mora aqui do lado, é muito louco, as luzes piscam de todo corredor como se ele tivesse sugando toda energia para casa dele. E tem dias que ele quebrava tudo.

– Eu preciso entrar lá.

– Pra que? Cê é alguma coisa dele?

– Ex-esposa.

O garoto parece uma criança que acabou de quebrar a vidraça de alguém com uma pedra.

– ele deixou a chave aqui tem algum tempo, mas nunca mais veio pegar, você sabe o que aconteceu com ele?

Engulo em seco, e respiro fundo, lógico que haveriam situações como essa. Era só eu responder calmamente. O garoto ergue os olhos para Isaac procurando por ajuda.

– Ele morreu alguns dias atrás. - digo e o garoto se enrubesce.

– Sinto muito.

– Cê poderia me dar as chaves?

O garoto parece pensativo.

– Um segundo e eu já trago.

O papel.

– Espera. Eu... To com a chave.

Isaac e o garoto me olham torto. Não sei se o Isaac explicou para ele o que tinha acontecido comigo, agora eu sou cheia de falhas. Errada.

– Então eu vou nessa, Al.

Allen. As coisas me atingem como um bola num jogo de queimada.

– Obrigado, Sr. Stewart.

Saio do apartamento dele envergonhada. Isaac me segue, quando estamos longe do Allen eu me viro para ele e falo:

– Você quer ir para Nova Iorque comigo?

– O que você vai fazer lá?

– O Gustin... Tinha um filho. – Falo rápido, mas ele entende.

– E você quer encontrá-lo, é isso?

Me surpreendo com a rapidez que ele pega as coisa.

– Correto. Você vai poder ir comigo?

– E o Peter?

– Ele vai estar ocupado.

– Desculpa, eu tambem vou está, tinha marcado com o Allen de...

– Tanto faz. Obrigado.

Abro a porta e entro. Fecho-a atrás de mim, meus olhos contemplam a bagunça, meus joelhos se dobram, caio no chão, meus olhos trabalham freneticamente para expulsar as lagrimas, meu rosto e minha camisa ficam molhados em pouco tempo.

Como alguém vivia aqui?

Há três cômodos, uma sala, um quarto, uma cozinha. Não ouso descrever o ultimo cômodo. A sala esta iluminada pela a luz que entra das três grandes janelas.

Tem um sofá pequeno azul marinho no canto, cheio de cobertas, travesseiros e capas de celular, tem alguns porta-retratos na parede, uma foto nossa na adolescência, em um de nossos encontros, e uma que ele tirou minha arrumando o apartamento que morávamos juntos.

Tem boné preto preso num prego na parede, uma pilha de malas, e livros debaixo das janelas, uma cadeira quebrada, um tapete velho, roupas sujas, embalagens de salgadinhos, um troféu e um relógio sem bateria.

O chão está repleto de cabides tambem, tem um radio velho, mochilas, cintos, uma arara cheia de roupa, um abajur, portfólios, tênis e meias. Um colchão em pé no outro canto. Passo por cima das coisas e vou para o quarto.

Há apenas duas janelas aqui. Muitas fotos na parede, minhas, depois que ele sumiu, fotos quando eu estava chegando no American Show, fotos com o Peter, foto de outra mulher num porta-retrato sobre uma cômoda.

Ela é bonita, sorriso grande, dentes perfeitos, uma crianças em seus braços, parece ter uns três anos, os cabelos castanhos igual do Gustin caindo sobre seus olhos. Esse deve ser o Nolan.

Tem outra foto na parede com ele, o Henry esta trocando a frauda dele, ele esta rindo, com os braços erguidos, tentando pegar os fios de cabelo do pai. Henry esta sem camisa, com suas costas perfeitas, tento pensar que eu não estraguei tudo. Eu não tirei o pai dessa criança.

– O que você fez, Julie? – Digo para mim mesma.

Tem uma televisão antiga sobre uma caixa, a camisa esta cheia de lençóis e com uns quatro travesseiros. Na cômoda está o controle da TV, uma caneca com lápis de cor e pinceis, um vazo com girassóis mortos.

Abro a primeira caneta, aqui esta o notebook, pego-o, e ponho na bolsa, abro a segunda caneta, tem umas telas, com desenhos de uma flor rosa, e pintos vermelhos, o desenho não foi terminado, percebo que não é tinta, é sangue.

Pego o carregador e saio no apartamento que era do Gustin o mais rápido que consigo com minhas pernas bambas.


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