Alisha escrita por KLewis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura !



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Então o ultimo sinal tocou, as longas e incansáveis aulas haviam chegado ao fim, pelo menos as aulas daquele dia. Se bem que nos últimos três dias não havia prestado atenção em se quer uma delas, o acontecimento do domingo havia me deixado apreensiva e minha mente se tornou uma fusão de pensamentos e arrependimentos. Desde então quando saio do colégio passo todo o resto do dia em casa, e já não aguento mais! Nos últimos dois dias foi fácil suportar, pois os usei para pôr minhas coisas em dia, agora minha casa e excepcionalmente meu quarto estavam completamente limpos e arrumados o que á bastante tempo não acontecia graças á minha jornada de trabalho, o que já está fazendo falta.

Hoje resolvi ir á biblioteca, quem sabe eu consiga pelo menos ler, se bem que duvido muito. Pelo menos lá terei companhia, a dona Lúcia, que toma de conta da recepção, é uma senhora gentil que aparenta ter em média seus 56 anos, acompanhada dela sempre está o Marquinhos, uma criança adorável que sempre carrega seu sorriso de orelha a orelha, quem dera voltar no tempo e ter sua idade, não precisar preocupar-me com tanta coisa como as que carrego com grande peso ultimamente.

As poucas vezes que fui á biblioteca foram quando estive em aula vaga, ou por algum motivo faltei á escola, lá é um lugar adorável tem algumas estantes cheias de livros rodeando todo o local, no centro estão mesinhas de madeira com um enfeite tosco sobre cada uma delas, á direita da porta ficava a recepcionista e seu netinho como seu “segurança”. Me doía ao ver que alguém de mais idade assim era obrigada á trabalhar para seu próprio sustento...

Entrei no estabelecimento e o soar de um sininho na porta fez os dois rostos familiares voltarem o olhar para mim. Aproximei-me da mesa e cumprimentei ambos.

– Olá Dona Lúcia! Oi Marquinhos... - baguncei um pouco o cabelo do menor como forma de carinho.

– Alisha minha querida! Há quanto tempo não te vejo!

– Verdade. Andei meio ocupada, mas hoje vim pra matar a saudade! - soltei um sorrisinho breve.

– Então minha querida, precisa de ajuda?

– Não, não, já sei bem o que procuro. - menti – Mas obrigada mesmo assim.

Fui até as prateleiras e procurei por algum livro mesmo sem ter ideia do qual eu queria. Sempre me perguntei por que os livros eram todos fictícios, e se ninguém tivera vontade de escrever sobre a história do lugar onde vivemos. Nada se sabe sobre o rei, ou sua vida, ou até mesmo o motivo pelo qual ele foi escolhido para nos governar. Talvez um dia eu escreva e guarde histórias sobre os meus dias ou sobre a minha província, seria interessante deixar a história dessa época para que meus filhos possam lê-a para meus netos ou bisnetos, caso eu não tenha a oportunidade de contá-la.

Peguei um livro aleatório, fui até a última mesa num canto próximo á uma janela, e o abri na página 79, dizia:

“(...) Herois nem sempre são os que vencem. Algumas vezes são os que perdem. Mas eles continuam lutando, continuam voltando. Não desistem. É isso que faz deles heróis.”

Li e reli o trecho, considerei-o uma frase sábia, mas de imediato não consegui compreender totalmente seu significado, anotei em um pedaço de papel e o guardei pra mim, um dia lembraria dessa frase, e talvez ela fizesse algum sentido maior.

*****

– Com licença? - virei-me e um homem alto e magro estava parado em pé ao meu lado – Posso me juntar á você?

Encarei-o por um segundo me perguntando o motivo pelo qual ele não podia escolher outra mesa. Olhei rapidamente minha volta e vi apenas duas mesas ocupadas, numa delas um casal parecida estudar junto e debater algum assunto, mais longe um pouco, no outro canto da sala havia um grupo de adolescentes lotando uma mesa. Talvez o rapaz apenas não quisesse ficar sozinho.

– Claro. - falei, companhia faria bem pra mim.

– Como você se chama?

– Alisha - respondi sem hesitar - e você?

– Mateus. - estendeu sua mão e em seguida o cumprimentei. – Humm... Você trabalhava no Collins certo?

Tentei não desviar olhar, tudo que eu queria era esquecer o acontecimento e tentar me distrair. Será que ele estava fazendo aquilo propositalmente? Não era possível! Tentei responder com a maior calma possível:

– É ... trabalhava.

– Chato o que aconteceu no domingo, não?

Apenas suspirei e virei o olhar. Não precisava levar aquela conversa adiante. E não iria.

– Perdão, é que vi o que aconteceu e tenho uma proposta pra você.

– Proposta? - levantei o olhar e decidi tentar a conversa.

– Trabalho em uma espécie de organização, e estou recrutando jovens experientes, é um trabalho bom, não é complicado e garanto que as folgas são invejáveis.

Analisei sua expressão e procurei qualquer indicio de sarcasmo em sua voz, ele estava falando sério, sua expressão indicava que estava á espera de uma resposta, e não pude dá-la de imediato.

– O que preciso fazer para tentar a vaga?

– Na verdade nada, ou melhor, quase nada. A vaga está reservada pra você.

Mil e uma coisas se passaram pela minha cabeça, alguém havia me indicado ao trabalho? Mas quem? Minha mãe não possuía contatos, minha patroa me odiava, meu irmão não tá nem ai pra mim... talvez fosse o próprio moço que afirmou ter visto meu desastre no ultimo fim de semana.

– Só preencha esta ficha.- direcionou-me três folhas de papel que pediam informações básicas como meu nome e idade. Estranhei pedidos como uma lacuna que pedia que informasse a província a qual eu residia, já que o emprego era na própria; e também o fato de não informar o turno ou carga que eu trabalharia, se quer perguntou minha escolaridade ou algo do tipo. Mas não importava, já que era apenas uma entrevista breve.

– Humm.

Respondi tudo e devolvi a folha ao rapaz, que me olhou e emitiu um breve sorriso, talvez eu estivesse errada, mas senti uma pequena pontada de que aquela risada não foi em vão.

– Se me permite posso te levar para conhecer sua nova e futura função.

Analisei o convite e aceitei. Despedi-me da Dona Lúcia e o segui para fora do estabelecimento, ele me explicou que era próximo e não teria problemas em irmos andando, mas se eu preferisse ele poderia dirigir até lá. Notei um carro luxuoso estacionado um pouco mais á frente, talvez fosse o dele. Mas por quesitos maiores escolhi ir á pé.

Andamos por cerca de doze minutos apenas jogando conversa fora, diversas vezes a conversa focava em questões sobre o que ele havia lido na lista a qual preenchi.

Percebi que estávamos indo contra as ruas que levavam ao centro, e cada vez mais lojas menores e até galpões apareciam, e se tornavam cada vez mais distantes um do outro. Com certeza em poucos quarteirões não haveriam mais lojas por perto. Parei e olhei para trás para ver o quão longe estávamos indo, mas já era tarde demais, me deparei com minha respiração sendo sufocada e simplesmente apaguei.


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