Enquanto a carruagem ia atravessando a propriedade, mais impressionada eu me sentia. Os jardins tinham as flores mais coloridas, os guardas pelos quais passávamos, as armaduras mais brilhantes, o lago, os mais diversos peixes. A carruagem parou na porta, e o cocheiro carregou nossas malas para dentro do castelo que erguia-se imponente a nossa frente. Antes de entrar, dei mais uma olhada na paisagem em volta. Meu olhar se pousou em um senhor que cuidava das flores enquanto conversava com um garotinho que não deveria ter mais do que 8 anos. O Sr Smith, ao ver para onde eu olhava, voltou ao meu lado e me disse:

–O jardineiro é Charles. É bom de conversa. O garoto é Baelfire. O encontramos no portão quando ainda era um bebê. Foi abandonado pelos pais durante alguma noite. Para nós é quase como um filho.

A história me fez simpatizar com o garoto, afinal, eu também tinha sido abandonada quando era um bebê. Por sinal, quando nos viu, Baelfire correu até o Sr Smith e lhe abraçou forte.

–Tio Smith! O senhor voltou! Estava com saudades. Tem que me levar de novo para passear na floresta, sabia?-a animação do garotinho fez o Sr Smith rir.

–Eu sei, garoto, eu sei. Também estava com saudades. Vamos, Bae, cumprimente a Senhorita Swan.

Baelfire me olhou com curiosidade, antes de estender a pequena mão, que eu apertei prontamente.

–Sou Baelfire. Mas pode me chamar de Bae. E você é...

–Emma, Emma Swan. Acho que vamos nos dar muito bem, Bae.

Isso fez o sorriso dele crescer.

–É verdade que você vai se casar com o Tio Killian?

Eu ri. Crianças eram sempre tão diretas... Por incrível que pareça, Bae me lembrava muito de Neal na infância, tanto pelo rosto como pela personalidade.

–É, é verdade sim.

–Legal! Então você também vai ser minha tia, né?! Posso te chamar de tia?

–Pode.

Ele ficou ainda mais feliz, me deu um abraço e saiu correndo para contar para o jardineiro. Eu ri.

–Ele é sempre assim, você vai acabar se acostumando. Sempre chama os outros de Tio ou Tia. Agora, o que você acha de entrarmos? Killian deve estar nos esperando, e você deve estar querendo descansar. A viagem foi longa. –e com essas palavras, eu fui conduzida para dentro do castelo que eu aprenderia a chamar de casa.

*********

Por fora, o castelo era realmente lindo, mas nada tinha me preparado para o que ele era por dentro. O piso liso, as paredes claras, a decoração aconchegante. No meio do salão, erguia-se uma imponente escada, que dava para o outro andar. Aos pés dela, estava um homem muito bem vestido (n/A: olha, eu não tenho nenhum senso de moda antiga, então não vou colocar descrição das roupas dele, imaginem vocês). Seus cabelos eram escuros, ele tinha barba rala, e os olhos do tom de azul mais bonito que eu já tinha visto. O brilho deles parecia poder ler minha alma, e por incrível que pareça, aquilo não me assustava, me dava uma sensação de tranquilidade e segurança. Eu não podia negar que tinha pensado em como seria Killian Jones, mas, de qualquer forma, nem que a minha imaginação estivesse no melhor “humor” do mundo, eu teria chegado a aquilo. Ele era realmente muito bonito. O sorriso perfeito mas ao mesmo tempo divertido, de dentes brancos, a postura elegante e ao mesmo tempo relaxada. Por mais estranho que fosse, naquele momento eu pensei que se seu psicológico fosse como o físico, eu poderia com certeza me apaixonar por ele. Se não fosse, claro, pelo fato de que estávamos “juntos” apenas por um contrato que favorecia aos dois. Fui despertada dos meus pensamentos pelo Sr Smith, que cumprimentou o homem e saiu da sala.

–Então você é Emma Swan… -a voz dele era forte, com um pouco de sotaque, mas linda.

–E você é o meu futuro marido de mentira… -eu disse, fazendo com que ele risse.

–Acho que é algo assim. Sou Killian Jones. –ele respondeu depositando um pequeno beijo nas costas das minhas mãos, o que involuntariamente fez minha pele se arrepiar. –É realmente um prazer te conhecer.

–Digo o mesmo Killian. –ele sorriu.

–Vem. Vou te mostrar seu quarto. Deve estar cansada, a viagem foi longa.

Ele me conduziu pelas escadas até uma porta branca.

–É aqui o seu quarto.

Eu abri a porta e me deparei com um grande quarto de paredes claras e uma grande janela com cortinas também brancas. A cama estava no meio de uma das duas paredes, no lado oposto do quarto estava um armário e um espelho, além de uma penteadeira. Havia também, em outra parede uma escrivaninha com uma rosa branca em cima, junto a uma estante cheia de livros.

–Gostou?

–Você tem bom gosto. –admiti. Ele riu.

–Não se engane, não fui eu quem decorei. Foi Granny, a governanta. Ela é tipo a minha mãe, sabe? Cuidou de mim quando eu era pequeno. Ela e a neta, Ruby, moram aqui.

–Ruby? –eu tinha a impressão de já ter escutado aquele nome antes.

–Aham. Você deve conhece-las no jantar. Espero que se deem bem.

–Eu também. –respondi com um sorriso.

–Bem, vou deixa-la descansar. O jantar fica pronto às 20h.

–Obrigada.

Ele me deu um último olhar e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Eu me sentei na cama olhando para as malas. Decidi que as desfaria depois. Peguei Once Upon A Time, li alguns contos, e depois fui tirar um cochilo.

Acordei várias horas depois com algum me chamando.

–Ei! Ei! Acorde! Já está quase na hora do jantar!

Me espreguicei e sentei aos poucos na cama. Era uma garota da minha idade, de cabelos pretos, usando um vestido vermelho.

–É melhor você se arrumar. Vai se atrasar para o jantar.

–Quem…quem é você?

–Ruby Lucas. Neta da governanta.

–Ruby… Killian falou de você. Sou Emma, Emma Swan.

Ela sorriu.

–Eu sei. Sinceramente, tô loca pra vocês dois darem certo de verdade e você ficar por aqui. É chato não ter nenhuma garota da minha idade pra fofocar, sabe? Mas é melhor a gente procurar algum vestido pra você jantar.

Eu ri. Ela era bem animada. E pelo visto sabia que o casamento meu e de Killian era falso. Então devia ser alguém de confiança. Ela pegou um vestido no armário do quarto e me entregou.

–Aqui, prova esse. Azul é a cor preferida do Killian.

O vestido era azul escuro, com mangas longas brancas, e serviu perfeitamente.

–Ficou lindo Emma! –Ruby sorriu. –Vamos logo, antes que nos atrasemos.

Ela saiu me puxando por corredores, portas e salões até a sala de jantar, onde Killian e uma senhora de uns cinquenta anos nos esperava. Ele sorriu ao me ver, e inconscientemente, eu me peguei pensando em que poderia viver somente para ver aquele sorriso dirigido á mim.