Uma semana havia se passado. Emma estava realmente gostando da pequena cidade. Adorava Cora, nunca tinha imaginado ter uma sogra tão querida e atenciosa. Tinha tido pouco contato com Regina, desde daquela conversa na porta do banheiro, era raro encontrar a morena pela casa. Parecia que o jornal, realmente era a vida dela, o que fazia Emma a admirar. Killian deveria voltar para o seu trabalho no jornal, e já tinha acertado com Regina, que faria isso no dia seguinte. Por isso, hoje eles tinham decidido aproveitar o último dia de folga dele. Emma terminava de se arrumar, quando ouviu batidas na porta. Ao atender, se surpreendeu por ver Regina, que estava vestindo roupas de ginastica. Nunca tinha visto a morena com outras roupas que não fossem sociais, talvez por isso, tinha perdido a fala momentaneamente.

Regina ao notar que Emma estava sem reação a sua presença, resolve provocar um pouco a cunhada.

— Eu sei que não é sempre que me encontra na porta do seu quarto, mas poderia me deixar entrar?

Emma rapidamente cede passagem, deixando a morena entrar.

— O gato comeu sua língua Swan?

— Só fiquei surpresa, apenas isso.

— Uma boa surpresa?

— Ainda não descobri!

Regina sorri, aquele sorriso iluminado, que Emma já está se acostumando a gostar de presenciar. A morena a olha da cabeça aos pés e fala negando com a cabeça.

— Péssima escolha de vestuário! Não me leve a mal, essas roupas ficam ótimas em você, mais preciso de você em outros tipos de roupas!

Emma fica com o rosto vermelho de vergonha, a morena tinha o dom de a deixar sem graça. Regina se divertia com as reações da cunhada, e continuou.

— Deixe me esclarecer, vamos sair para correr. Por isso o teu belo jeans não é adequado para o momento!

— Correr?

— Sim, é uma atividade física muito praticada na América!

Emma rola os olhos e se aproxima do guarda-roupa.

— Isso eu sei! Só acho que poderia ter me perguntado, ao invés de afirmar!

— Vamos ser práticas, você virá comigo, para que perder tempo com trivialidades?

— Meu livre arbítrio é considerado trivial por você?

Regina fica séria, e responde olhando nos olhos de Emma.

— De forma alguma! Eu me expressei mal, deixe me reformular. Kill me pediu para levar você a algum lugar. Acho que ele quer nos aproximar, então pensei em uma corrida. Mas você tem a opção de negar. A escolha é sua. Não pretendo fazer nada que você não queira.

Emma a encara por alguns segundos, refletindo no que acabou de ouvir. Definitivamente Regina Mills era bipolar, não era possível mudar de humor e atitude tão rápido, como a morena costumava fazer. Não podia negar, que apesar de toda a implicância e frases de duplo sentido, gostava da companhia dela. E queria sim, sair para fazerem algo juntas, não importava ser uma corrida.

— Deixa eu trocar de roupa, você me espera lá embaixo?

— Posso esperar aqui mesmo. – Ao ver a expressão cômica que a loira adquiriu, resolveu aliviar um pouco. – Ou lá embaixo, como preferir!

Regina saiu do quarto, e Emma suspirou. Não conseguia distinguir se a morena flertava descaradamente com ela, ou era apenas para a deixar envergonhada. Nem queria aprofundar esse tipo de pensamento, não era cega, e Regina era extremamente atraente. Melhor parar de pensar no assunto, afinal negação é um mecanismo eficiente.

Enquanto esperava por Emma, Regina fazia uns alongamentos na frente da mansão. Cora e Killian chegavam de carro, logo que desceram do veículo se aproximaram, estranhando a cena.

— Mamãe, acho que chegou o dia em que Regina enlouqueceu de vez. Não sei se ela já percebeu, mas não está vestida para ir trabalhar!

Regina parou o que estava fazendo, e revirando os olhos, reprendeu o irmão.

— Idiota! Sabe perfeitamente que não irei ao jornal hoje, e estou vestida para levar sua querida namorada para uma corrida!

— Irmãzinha, tenha senso de humor! Ah, e não esqueça de passar protetor solar, afinal sua pele não está habituada a ficar exposta ao sol!

— Está me chamando de vampira?

— Se estivesse, teria a aconselhado a não sair no sol!

— Killian, você não tem nada melhor para fazer não?

Cora sorriu e negou com a cabeça. Às vezes, seus filhos pareciam ter voltado para a adolescência. Resolveu interferir, senão a troca de afeto iria longe.

— Meus queridos, o assunto está muito interessante, mas eu ainda tenho que ir ao jornal, já que Regina finalmente tirou um dia de folga! Vamos filho, você irá junto comigo, para organizar melhor a sua volta. E Regina, não exagere na corrida. Não quero ter que ouvir suas lamentações depois.

Regina revirou os olhos novamente, parece que era o dia de pegarem no seu pé. Depois reclamam que ela não sai do jornal, para que sair? Se cada vez é a mesma coisa, passam o dia tagarelando e fazendo piadinhas sobre o assunto. Preferia mil vezes passar o dia resolvendo os problemas que surgiam na redação.

Emma chegou no jardim, no exato momento que Cora e Killian se dirigiam para dentro da mansão. Ela sorriu docemente para os dois. Recebeu um selinho de Killian, que disse para ela aproveitar bem o dia, que de noite eles iriam sair para jantar sozinhos. Emma chegou perto de Regina, que continuava os alongamentos, e deu uma boa olhada no seu corpo inteiro. Sim, não tinha mais dúvidas, a irmã do seu namorado era gostosa demais.

— Encarar é feio Swan, sua mãe não te ensinou isso? – Regina percebeu que era observada de perto.

— Não tive mãe para ensinar.

Emma falou tão calma e tranquila, que Regina endireitou o corpo e olhou diretamente em seus olhos.

— Sério? Eu não sabia disso, sinto muito se fui indelicada!

Emma sorriu, era a primeira vez que via a morena se desculpando por algo.

— Você não podia adivinhar, não é? Não tem problema!

Regina estava se segurando, para não questionar mais nada. Dizia a si mesma, que não era da sua conta, a loira não lhe devia satisfação nenhuma de sua história de vida.

Como se adivinhasse o que a morena estava pensando, Emma resolveu esclarecer.

— Fui abandonada quando bebê. Cresci no sistema de adoção, nunca tive uma família de verdade!

— Eu realmente não imaginava!

— Eu sei que não, afinal você cismou que eu era uma golpista interesseira!

— Eu acho que já concordei que havia lhe julgado mal!

— Nunca foi por interesse, eu gosto de verdade da sua família. Fui muito bem acolhida em sua casa!

— Mesmo eu sendo uma cretina implicante?

— Deve ser a forma que você esconde a sua dor!

Regina arregalou os olhos, que raio Emma Swan queria dizer com isso?

— Só estou falando que é um mecanismo de defesa. – Emma explicou calmamente.

— Acho que deveríamos ir indo, antes que fique tarde para correr! – Regina decidiu encerrar o assunto, e fazer o que tinha se proposto, passar um tempo com sua cunhada, sem mais assuntos pessoais.

Emma concordou, e as duas saíram para correr. Foram pela mata, depois de quase duas horas, pararam em uma clareira. Regina sentou exausta em cima de uma pedra, e amaldiçoou internamente sua mãe por ter razão. Não estava mais acostumada a fazer exercícios regularmente. Emma parou em sua frente, com um sorriso sacana no rosto. Regina ergueu os olhos, e se perdeu na imensidão verde à sua frente.