A viagem para Boston foi tranquila. Zelena não deixou a amiga dirigir, então foi o caminho todo ouvindo Regina reclamar da forma como ela conduzia o carro. Regina estava focada nisso, pois não queria pensar no motivo da viagem, estava ansiosa e nervosa com a perspectiva de reencontrar a loira burra.

Ao chegarem na cidade, foram direto para um apartamento que a ruiva possuía. Estavam cansadas, então tomaram um banho, jantaram e foram dormir para recarregarem as energias.

No outro dia, Regina foi a primeira a acordar, levantou e fez sua higiene matinal. Preparou um café bem forte e panquecas para o desjejum. Pensou em acordar Zelena, mas achou melhor deixar ela continuar dormindo, assim poderia pensar no que iria fazer. Não seria estupidez procurar por aquela que destruiu seu coração? Ou era exatamente por isso, que precisava procurar pela loira imbecil? Teria sua amiga razão, em falar que elas precisavam de um encerramento ou recomeço?

Foi tirada de seus pensamentos, pela ruiva chegando na cozinha.

– Não iria me chamar?

– Achei que poderia aproveitar mais o seu sono da beleza. – Regina respondeu sorrindo.

– Não preciso disso para ser linda. – Zelena deu um beijo na bochecha da amiga e pegou uma panqueca para comer.

– Claro que não. – Regina zombou. – Estava pensando nas coisas que você falou...

– Eu sei que estava certa, nem precisa admitir. – Zelena falou rindo, recebendo um olhar nada amigável de Regina. – Eu só quero o seu bem.

Regina suspirou e concordou com a cabeça, estava na hora de ser sincera consigo mesmo. Olhou para a amiga, que com certeza esperava um desabafo, e resolveu abrir o jogo.

– Eu já a perdoei por ter me abandonado, mas eu não estou pronta para tentar de novo. Eu a amo com todo o meu coração e além dele, se é que isso é possível, pois o que sinto extrapola tudo que já pensei saber sobre amor e devoção. Eu sinto que preciso da presença dela em minha vida, como se fosse o ar que necessito respirar para viver. Ontem pedi demissão do jornal, e comuniquei a minha querida família, que iria vir em busca de Emma e não voltaríamos para Storybrooke. E realmente quero fazer isso, mas não posso voltar para Emma agora, não depois dela não me procurar...

– Regina, preciso te contar uma coisa.

– Fale mulher, não estou gostando dessa sua cara de culpada.

– Ela não te abandonou como você pensa, sem olhar para trás...

– Como assim? – Regina levantou bruscamente da cadeira em que estava sentada.

– Calma e me ouve. – Zelena pediu com os olhos suplicando.

– Fale logo, Zelena. Você sabe algo que não me contou?

– Sim. Depois que você dormiu aquele dia em que ela foi embora, eu fui em busca de respostas. Encontrei Graham, que admitiu ter dado carona para Emma até Boston, ele iria visitar a mãe dele e ela foi junto naquele mesmo dia. Ele me informou o hotel em que deixou ela, e eu fui até o local.

Regina tinha a respiração alterada, indignada que Zelena havia escondido esses fatos dela.

– Você sabia aonde encontrar ela esse tempo todo?

– Sim, mas ela não queria que você soubesse e achei melhor não me meter nisso.

– Você se meteu, no momento que foi em busca dela. Não podia ter me enganado esse tempo todo, que tipo de amiga você é?

– O tipo que vai em busca da mulher que você ama, o tipo que te apoia no que você precisa e com certeza o tipo que faz o melhor para você, minha querida. Vai deixar eu explicar a história toda? Ou prefere brigar comigo?

Regina ainda braba, fez sinal para Zelena prosseguir.

– Quando encontrei Emma, ela estava tão mal quanto você, tinha os olhos mais vermelhos e inchados que já vi em minha vida. A primeira coisa que me falou foi: ela me odeia, não é? Eu respondi que não sabia, mas que você estava arrasada, o que fez aquela loira idiota chorar mais ainda. Depois de ela me contar os motivos que levaram ela a fugir, eu entendi, ainda não concordo, mas compreendi que ela achou estar fazendo o melhor para você. Ela não queria que você brigasse ainda mais com a sua família, e o mais importante para ela, era não te privar de realizar teu sonho de ser mãe. Coisa que ela se acha incapaz.

– Eu já sei disso, o que não explica você ter escondido isso tudo de mim.

– Eu sei que você sabe, mas é mais profundo do que imagina, ela realmente deseja tudo de melhor para você Regina, e ela não se acha boa o suficiente para isso. Ela me pediu para ter notícias suas, o que concordei, mas ela não queria voltar para Storybrooke e nem encarar você depois de fugir. Eu mantive ela informada, e apesar de sofrer com a dor que lhe causava, ela se manteve firme de ficar longe de você, na esperança que você com o tempo iria esquecer dela. Mas isso é estupidez, vocês duas se amam demais. Eu nunca vi um amor assim, chega a ser doloroso ver duas almas gêmeas separadas por barreiras impostas por vocês mesmas. Depois de tudo que vocês viveram, essa história ainda não terminou, vocês têm que escrever ela juntas.

Regina estava com os olhos cheios de lágrimas, de certa forma ficou mais feliz em saber que Emma esteve o tempo todo tendo notícias suas, sinal que ela realmente se importava. Entendeu que a omissão de sua amiga, foi pensando no melhor para as duas envolvidas, não poderia forçar Emma a querer sua presença.

– Obrigada, Zel. – Regina abraçou a ruiva com força, se permitindo deixar as lágrimas rolarem por seu rosto, sentia-se grata em ter uma melhor amiga assim.

– Não me agradeça ainda. – Zelena esboçou um meio sorriso. – Pronta para rever a mulher da sua vida?

– Sim, eu não vejo a hora disso acontecer.

– Bom. – Zelena olhou no relógio. – Ela já deve estar chegando.

Regina olhou surpresa para a amiga. Nem chegou a ter tempo para perguntar mais nada, a campainha do apartamento tocou, acelerando o coração da morena, que só pensava em poder abraçar a loira boba, que fazia sua vida inteira ter sentido.