Acasos escrita por Renata Guimarães


Capítulo 17
Capítulo 17




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Na biblioteca, quando tiramos uma pausa da leitura do outro livro, decidimos mudar de livro, já que aquele não estava chegando a lugar nenhum, estava parecendo mais uma novela. Marcamos com Igor e Helen de nos encontrarmos a noite festa. Então voltamos para a prateleira e escolhemos um novo livro, outro sobre investigação, era tipo Sherlock Holmes ou Agatha Christie só que nos dias atuais. Se trata do assassinato de 7 pessoas, sobre as mesmas circunstâncias, raptados de bairros super chiques, os corpos encontrados com a pele do rosto totalmente retirada, enterrados em um buraco cheio de notas falsas de dinheiro, o assassino é conhecido como “desmascarador”, a policia desconfia que ele tem uma fixação em colecionar os rostos que retida das pessoas, que as guarda como máscaras e que ele tira o rosto das vítimas enquanto estão vidas. A pessoa que foi recentemente raptada é o filho de um banqueiro, que tem uma família famosa e rica. Eles contratam uma investigadora famosa, Celeste. E é a historia dela que acompanhamos, repassando todos os assassinatos anteriores, toda a personalidade de cada um dos mortos. A possíveis motivações, ligações, brechas que a policia deixou. Na parte que estamos lendo, ela está lendo os relatório da pericia, para entender quanto tempo ela tem para encontrar o 8 capturado a tempo. Pelos relatórios ela conclui que eu assassino não retira o rosto das vítimas no primeiro dia, ele passa dias passando produtos diferentes na pele, para que ela seja perfeita, vestígios de diferentes produtos foram encontrados em volta da parte do rosto que foi arrancada e em certas regiões do cabelo.

— “Seja lá o que ele esteja passando nos rostos, cada vez ele aprimora mais esse processo, a primeira vítima durou 7 semanas, a mais recente 2,5 semanas” - May lê, em voz baixa, a fala da Detetive.

— “Ou você pode estar completamente errada e o nosso time de policias está cada vez mais próximo de encontrá-lo, por isso as semanas estão mais escassas” - eu leio a fala do policial que mostra os relatórios da pericia a Detetive.

— “É uma possibilidade, mas isso não explica porque cada vítima a substância foi mudando um pouco, não é a mesma substância, se ele já tivesse uma substância padrão toda analise daria o mesmo resultado, a mesma substância. E vamos ser honestos, vocês não estão nem um pouco próximos de saber quem o assassino é, é como se fosse um fantasma, ele entra em bairro ricos, cheio de câmera e vigilância e ninguém consegue encontrar”

— “Ele é bem meticuloso em encobrir seus rastos, não venha pra cima de nós como se fossemos um bando de incompetentes!”

— “Porque ele é um psicopata inteligente e preparado, ele não está com medo de vocês, na verdade se vocês estivessem perto de encontrá-lo, ele não teria raptado outra vítima com menos de 2 mês de distância da vítima passada.”

— Qual você acha que deve ser a motivação do assassino, May?

— Matar ricos… Isso é motivação suficiente.

Eu solto uma risada alta e barulhenta, felizmente estamos sentada no chão entre duas prateleiras que não tem ninguém por perto.

— Como se você fosse pobre.

— Não, por isso que eu digo, eu também não sou rica, mas eu convivo com alguns, eles são insuportáveis.

— Sim, alguns realmente são… Só que eu não acho que seja só isso, tem simbolismos de arrancar o rosto.

— Não chegamos tão longe no livro para saber a personalidade de cada assassinado, talvez eles sejam extremamente bonitos e o assassino tem inveja disso, talvez ele vista os rostos, como esporte, tipo como nós vestimos roupas no shopping.

— Isso está me enojando, a imagem acabou de passar na minha cabeça, alguém provando um rosto como uma máscara.

— Nós sempre podemos mudar para um romance brega ou para um romance com safadeza – ela piscou pra mim.

— Aposto que nós iriamos rir mais do que ficar com tesão.

— Ok, estraga prazeres.

Ela me olhou com um sorriso meio maligno e de repente se aproximou de mim, abriu o botão da minha calça e colocou a mão por dentro da minha calcinha, tão rápido que eu só pude respirar fundo e fiquei paralisada, quando a mão dela me tocou eu senti latejar de prazer e apenas observei o movimento das mãos dela e o tesão subindo meu corpo. O rosto dela estava tão próximo do meu e ela me olhava fixamente esperando qualquer reação minha que ela pudesse se deliciar, eu só fechei meus olhos e tentei segurar os gemidos que queriam sair da minha garganta.

— Aqui é uma biblioteca… – segurei um gemido que quase saiu no meio da frase – pública, May.

— Shiu! Proibido é mais legal — ela aproximou os lábios do meu ouvido e falou baixo – você falando meu nome entre gemidos, me excita.

Eu abri os olhos e fitei os dela, meu corpo estava pegando fogo, parecia que ela estava lendo todas as sensações que percorriam meu corpo, toda a vontade de mais e ao mesmo tempo a voz da minha consciência dizendo para parar, porque os dedos dela me tocavam de uma forma tão sublime que parecia intencionalmente preparados para me dissuadir da desistência. Eu estava completamente molhada, ela sabia disso e gostava disso, vi tudo isso no rosto dela quando a olhei. Subitamente escuto um barulho próximo a gente, na hora eu gelo e May tira a mão tão rápido quanto um raio e olha para o lado, se levanta e parece buscar por alguém que tenha nos vistos.

— Tinha alguém ai? – digo com o coração saindo pela boca.

— Não – ela dá alguns passos e abaixa – Acho que foi esse livro que caiu da prateleira, eu devo ter esbarrado na prateleiras.

— Eu quase morri de susto! Você vai acabar me matando.

— Foi só um livro, mas o susto valeu a aventura, pelo menos eu curti bastante e pelo ângulo que eu estava olhando você também.

— Hahaha! Podia ser alguém, sabe… podia ter algum doente filmando.

— Estamos lendo muitos livros com gente doida, ninguém filmou a gente, e se filmaram só vai ser um bom vídeo no Xvideos.

— Nem pensa nisso! Minha família me deserdaria… eles meio que já me deserdaram, mas eles dariam um jeito de mudar de nomes só pra me deserdar novamente, Cristãos…

— Cristãos não deveriam entrar no Xvideos.

— Nem menores de 18 anos, mas vai me dizer que quando você era menor, você não acessava?

— É um bom raciocínio, mas não tinha ninguém, foi só esse livro aqui “Longa Noite”

Ela deitou no carpete do chão da biblioteca, com a cabeça no meu colo, eu entreguei os óculos a ela que voltou a ler o livro “… eu preciso de toda a história que vocês tem sobre os mortos e sobre a vítima atual”.

 

Estou deitada sobre May no colchão de ar da piscina, única coisa que separa nossos corpos é o tecido do biquíni. Apesar de estar um pouco frio fora da água. Nossos corpos se esquentam. Ela para de me beijar e acaricia meus lábios com a ponta dos dedos, abro minha boca e mordo bem levemente os dedos dela, nós nos olhamos fixamente, a cara dela diz tudo o que passa na mente dela. Na tentativa de mudar nossas posições, May vira o corpo e o colchão escorrega e nós duas caímos na água. Tudo fica azul enquanto eu vou até o fundo da piscina e pego impulso para voltar. Fiquei em pé e lá estava ela, bem de frente pra mim, como se estivesse só aguardando eu retornar pra me encurralar até a beirada da piscina, andamos até a parte rasa. Sinto suas pernas entrelaçando minha cintura e a cara dela mordendo os lábios, ela cola a testa bem próxima da minha, eu conseguia ver cada detalhe do castalho dos olhos dela, toda as camadas e tons de castanhos do universo do seu olhar.

— Você vai acabar me deixando louca – eu digo, sem folego.

Não sei se é ela ou o fato de eu ter acabado de emergir da água. Seguro firme o rosto dela firmemente em minhas mãos e a beijo, minha língua toca a dela, é uma sensação tão boa que nem ao menos sei como explicar.

— Minha mãe não está em casa, você sabe disso né? - ela toma folego.

— O que você quer dizer?

Ela abaixou a parte de cima do meu biquíni, mordeu os lábios, segurou meus seios com as mãos e voltou a me beijar. Eu estava começando a ficar muito excitada, ainda mais com o corpo dela tão preso ao meu, então eu a coloquei sentada na beira da piscina, puxei a parte de baixo do biquíni dela bem devagar e o sexo dela estava bem na altura do meu rosto, ela abriu as pernas e eu a olhava enquanto beijava em torno do sexo dela e ela se contorcia de vontade.

— Para de me torturar – ela puxou minha cabeça e minha língua a tocou e o corpo dela teve um pequeno espasmo de prazer.

Eu lentamente fui a chupando e aproveitando o gosto dela, ela tirou a parte de cima do biquíni e toda vez que eu olhava para cima, observando-a, eu tinha a visão do paraíso, as expressões no rosto dela exprimiam pura satisfação, a mão dela na minha cabeça, se misturando aos fios molhados do meu cabelo, os bagunçando e segurando. O ritmo foi ficando cada vez mais intenso ao ponto de ela estar quase chegando ao clímax, o corpo dela demonstrava isso, já não conseguia controlar os gemidos, os espasmos, sua mão livre apertando o seio, quando eu coloquei meus dedos dentro dela, ela começou a jogar a cabeça para traz e alguns segundos depois eu senti ela gozar em meus dedos e respirar fundo buscando por folego, por ar. Eu fui a puxando lentamente pra baixo da água e beijei a barriga dela, depois chupei o mamilo dela, até o rosto dela chegar perto do meu e darmos um beijo breve.

— Meu Deus! - ela respirou fundo – vem cá.

Eu já ia me afastando, quando ela, de repente, me agarra por trás e me puxa, me encaixa bem de costas pra ela, seus seios nas minhas costas. As mãos dela percorriam todo meu corpo, eu sentia a ponta dos dedos dela escorregarem por cada centímetro, até chegar entre minhas pernas, ela começou a acariciar a parte de dentro, a arranhar a unha, eu sentia ela me tocar e a água me envolver.

— Abre as pernas.

E eu abri sem hesitar, ainda soltei um gemido baixo de vontade e quando ela me tocou e beijou meu pescoço ao mesmo tempo eu senti todo meu corpo estremecer, ela foi lentamente acariciando e me masturbando. O prazer foi tomando conta do meu corpo, ela estava me segurando tão próximo ao corpo dela e isso só aumentava minha vontade, eu soltava baixos gemidos de vontade, eu queria ela fosse mais rápido, mas eu sabia que ela estava me provocando, do jeito que eu a provoquei. Eu me virei pra ela e a beijei enquanto ela ia aumentando o ritmo e mudando a direção dos movimentos, o que me fazia gemer baixo entre o beijo. Eu estava completamente presa ao momento, nada além de nós duas ocupava minha mente, mantive meus olhos fechados e fui perdendo o controle do meu corpo para os sentimentos, para a sensação, para seu toque que é super habilidoso, as minhas mãos estão apertando as costas dela, meus dedos pressionados contra as costas dela. A trilha sonora é o barulho da água, os sons que produzimos. Eu paro de beijá-la porque já não consigo mais me focar nos movimentos do meus lábios, única coisa que eu consigo fazer são movimentos involuntários, as contrações dos músculos do meu corpo devido ao prazer e os gemidos.

— Não para, eu to quase gozando.

Ela solta um arfar de ar e aumenta ainda mais o ritmo dos dedos, meu corpo fica tenso e quente de prazer, minha mente se apaga, os gemidos escapando da minha garganta, minhas pernas perdem pouco da força, comecei tremer, um gemido alto saiu da minha garganta e eu cravei meus dedos em sua costa. Uma onda de êxtase percorrer meu corpo e cada respiração que eu dava era puro prazer. Comecei a beijá-la loucamente com o calor do momento. 

 

Nós quatro estávamos em uma mesa estilo diner em uma parte mais silenciosa da balada, havia uma boa distância entre nossa mesa e a pista, essa é uma área mais social, onde as pessoas ficam quando querem beber, conversar ou dar um tempo da dança. Eu estava sentada do lado da May e de frente para o Igor que tinha ao seu lado Helen. Estamos a algum tempo aqui, eu já tomei o suficiente de cerveja pra estar sorridente sem motivo, o local não está lotado, eu diria que está cheio na medida. Pelo que o Igor me contou balada não é LGBT, mas é alternativa e gayfriendly, então tinha bastante héteros bem resolvidos, lésbicas, gays e bissexuais. Já estamos todos alcoolizados, porém nenhum de nós supera o nível da Helen, ela é a que está mais alterada. Como ela terminou com o namorado, imagino, que a soma de álcool e sentimentos de tristeza, magoa ou rancor, não é a melhor combinação ela parece estar meio descontrolada, como um ônibus sem freio, até a maneira que ela fala é frenética.

— Ele simplesmente avisou hoje que estava indo lá em casa que precisava conversar comigo e logo que ele chegou eu percebi, dava pra notar no rosto dele que tinha algo errado, ele evitou meu olhar o máximo até me encarar e… - ela tomou um gole da cerveja, tomou um pouco de ar e deu para ver os nós na garganta dela. – E então ele sentou de frente pra mim, segurou minhas mãos… Ele segurou minhas mãos! Que nojo! Que raiva! E eu estava tão assustada que eu fiquei lá, apertei a mão dele firme, achando que algo ruim tinha acontecido, pra ele me olhar com um olhar de pena e dizer “não está dando cer…” – a voz dela falhou.

— Respira fundo, vai com calma – Igor disse abraçando ela pelos ombros e a reconfortando.

— “Não está dando certo” – ela recomeçou – “nós estamos em fazes diferentes da vida, você está vivendo o momento e isso é bom, eu sei que você é feliz assim, mas eu estou focado no futuro, focado nos meu estudos pra conseguir um cargo melhor lá no trabalho, eu pretendo encontrar alguém pra constituir família” e isso me doeu como um tiro, eu não sirvo pra constituir família? Que caralho eu sou? Sou a porra de um passa tempo agora! – as lágrimas começaram a cair dos olhos dela, May se reclinou na mesa e secou as lagrimas dela com as pontas dos dedos.

— Não chora, você não é um passa tempo, você sabe que ele era essa pessoa comum e pacata, enquanto você é essa pessoa extraordinária, você sabe que ninguém ordinário é bom o suficiente pra nós, não sabe? Ele era muito regular, seguia essa continuidade, era muito rotineiro pra você! Ele era comum demais.

Fiquei olhando a May enquanto ela falava, parecia que ela estava me descrevendo mesmo sem perceber, eu sou uma pessoa pacata, comum, bem regular e rotineira, fui assim minha vida inteira, é raro eu ousar ou sair dos trilho. Não acho que isso torne alguém menos extraordinário, ou que ser considerado “comum” pelos outros apague o quão extraordinário e individuais as pessoas são, mesmo as lidas como comum. Para alguém ser singular não é obrigatório que a pessoa seja um ser incomum, a originalidade vem em todas as formas e tanto nas pessoas consideradas padrão quanto nas consideradas fora dos padrões. Se pararmos para pensar, tem tanta gente diferente ou incomum que isso também as torna comum de certa forma. May continua dando conselhos à Helen e eu continuo pensando como isso de diminuir a outra pessoa, para ela superar é meio que inútil, até porque quanto mais você pensa na causa do seu sofrimento e mais fala, mais você sofre, mais poder você dá para isso, o ideal é esquecer. Só que eu não vou falar tudo isso para não pagar de bêbada e chata, só seleciono no Tablet de pedidos 4 tequilas pra ver se o clima melhora.

— … Mas ele não falou que não tinha mais sentimentos por mim, pelo contrário, ele falou que tinha, só que não eram mais ou mesmos que haviam diminuído e foi assim que ele percebeu que era a hora de seguir em frente, engraçado que ele só foi me falar isso agora.

— Você nunca percebeu nenhum sinal? Muitas vezes as pessoas não conseguem esconder muito bem, elas ficam estranhas, e como você não sabia o que se passava na mente dele, provavelmente atribuiu as atitudes estranhas a outra coisa – eu falei, lembrando do aconselhamento das psicologas no grupos de apoio da igreja.

— É possível, ele estava estranho, mas eu associei a estresse do trabalho e faculdade, e brigamos bem mais porque ele vivia impaciente. – A tequila chegou bem na hora que ela iria chorar mais novamente.

 

A noite estava apenas no começo e aquilo pra mim foi um claro sinal de que alguém ia ter que carregar a Helen para casa, espero que ela seja mais resistente que eu sou para bebida. Ela levantou empurrando o Igor que a prendia no canto da parede e eles foram em direção da pista, fui logo atrás de mãos dadas e sendo puxada pela Mayra. Todos começamos a dançar e eu já estava hipnotizada por Mayra dançando, enquanto eu parecia ter dois pés esquerdos. Olhando ela dançar eu lembrava da visão do corpo dela nu na luz do sol, com os cabelo cumpridos e castanho escuro molhados pela água da piscina. Todo aquele corpo, meio que escondido em uma camiseta despojada, calça skinny e boné, não tinha como não perceber que ela andava de skate ou de longboard pela cidade, o jeito que ela se vestia entregava isso, porém o jeito que ela dançava, aquilo é algo que você não espera a primeira vez que a vẽ. Essa é a magia, a nossa aparência não demonstra tudo o que somos, pode até entregar uma parte de nós, mas nunca nossa profundidade


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