Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 6
Capítulo 5 - Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem? Como as coisas estão tranquilas no meu trabalho, resolvo adiantar a postagem.
Dedico esse capítulo a leitora Blanogueira.
Obrigada por estar acompanhando e pelo review, fiquei muito feliz =)
Ótima leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634904/chapter/6

Durante aqueles dois dias Carlos e Suzana pareciam dois estranhos vivendo sob o mesmo teto. Mal se falavam e não mantinham o contato visual mais tempo que o necessário.

Enfim chega o dia da última tentativa da inseminação artificial. Suzana estava ansiosa. Acordou bem mais cedo do que de costume, arrumou tudo o que precisava e se preparou para sair.

Ainda não estava falando com o marido.

Ela estava procurando as chaves do carro para enfim sair, mas não as encontrava em lugar nenhum. Carlos estava sentado à mesa tomando café apenas a observando. A impaciência tomava conta dela, mas nem assim falou com ele.

Carlos decidiu acabar com tudo aquilo.

– É a chave do carro que você está procurando?

Ela não respondeu, continuou olhando dentro de recipientes e de baixo das coisas.
Carlos se levanta, tira as coisas que usou para tomar café da mesa e as leva até a pia. Lava a louça e observa a esposa enquanto seca as mãos.

– Suzana, não acha que já está na hora de parar com essa birrinha infantil e agir como uma mulher adulta?

Ela continuou sua busca sem dar atenção a ele. Apenas parou quando ouviu um som de chaves batendo. Virou a cabeça na direção do som e se deparou com a chave na mão de Carlos.

– Se é isso que está procurando não precisa procurar mais.

– Fala pra eu agir como uma adulta, mas esconde as chaves do carro pra eu não usar. Palmas pra você Carlos. - diz com ironia.

– Não escondi nada. Ela estava no lugar de sempre e eu peguei como sempre faço quando vamos sair.

– Mas não vamos sair, eu vou.

– Eu também vou.

– Saia outra hora Carlos, preciso do carro agora.

– Eu sei. Tem hora marcada na clínica.

– Exatamente. Então por favor, seja tão adulto quanto você quer que eu seja e me dá essa chave.

– Não.

– Pelo amor de Deus Carlos, me dá essa chave agora!

Ele joga a chave pra cima e a pega ainda no ar, colocando-a em seu bolso em seguida. Aproxima-se de Suzana e a trás para junto de si, que em um primeiro momento resiste, mas relaxa ao ver que ele não usava força para deixa - lá ali junto com ele.

– Por que você está fazendo isso comigo?

– Porque eu te amo.

– Então por que não me dá a chave a não me deixa ir? Por que não me dá a chance de tentar realizar um sonho, mesmo que pela ultima vez?

Ele leva uma das mãos ao rosto dela.

– Já te neguei alguma coisa alguma vez?

Ela balança a cabeça negativamente.

– Eu te amo Suzana. Você é e sempre vai ser a mulher da minha vida e sempre vou querer te ver feliz... Só queria que você se colocasse no meu lugar e tentasse sentir o que eu senti quando você aceitou ter um filho usando o esperma de outro cara, um desconhecido. Não que se fosse conhecido mudasse algo, mas sei que você entendeu o que estou querendo dizer.

– Carlos eu...

– Por favor, me deixa terminar.

Ela o olha sem dizer nenhuma palavra, sem emitir um único som.

– Eu me sinto culpado por nenhuma das tentativas anteriores ter dado certo. Você ouviu o doutor Robles dizendo que meus espermas eram fracos pra vingarem. Isso me doeu demais Suzana, mas acho que doeu mais ainda quando me dei conta que possivelmente você não engravidou até hoje por minha causa.

Ela fez menção em falar, mas Carlos a impediu.

– Como disse no começo dessa conversa, eu te amo mais do que qualquer outra coisa na minha vida, nunca te neguei nada e faço qualquer coisa pra te fazer feliz. Mesmo que tenha que engolir meu orgulho pra isso. Não vou te dar a chave do carro. Eu vou com você pra clínica.

Suzana parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Queria falar, mas agora não conseguia tamanha a emoção que a dominava.

– Vou estar do seu lado como tem que ser. E você tem razão. Esse filho vai ser meu e seu.

Suzana abraça o marido fortemente e o mesmo retribui dando um beijo demorado em sua testa.

– Você é o melhor homem do mundo. E você não teve culpa das tentativas anteriores terem dado errado, nunca mais repita aquilo.
Eles se beijam rapidamente e assim que Carlos sente os olhos ficando úmidos corta o beijo.

– Vamos logo, não quer se atrasar não é mesmo?

**************************************************************

Doutor Robles ficou surpreso ao ver o casal chegar junto ao consultório.

– Pelo o que vejo entraram em um acordo. Fico feliz.

Carlos apenas deu um meio sorriso para o médico, mas não estava feliz em estar ali diante dele, afinal foi doutor Robles que havia sugerido aquela inseminação.

– Vou preparar tudo senhora Castiel, dentro de alguns minutos já daremos início ao procedimento.

Suzana estava com o sorriso radiante. Carlos amava aquele sorriso, porém dessa vez aquele sorriso em especial lhe deixava o coração apertado.

Tinha esperanças mesmo que mínimas de que Suzana desistisse de tudo aquilo e que voltassem a ter a vida feliz de antes, mesmo sem filhos, mas não foi o que aconteceu.

– Tudo pronto senhora Castiel, já podemos começar. - diz doutor Robles animado.

**************************************************************

Estava feito. A última tentativa.
No caminho de volta pra casa Carlos tentou ao máximo parecer tão feliz quanto à esposa, mas era uma situação difícil pra ele. Suzana, porém estava tão animada que sequer percebeu o esforço de Carlos em parecer feliz.
Mais uma vez se daria inicio o período mais difícil para ela e agora mais do que nunca também para Carlos. Aguardar e ver se a inseminação teve sucesso.
Seriam as duas semanas mais longas na vida do casal.

**************************************************************

Passado o período aconselhado pelo médico, enfim chegou o dia da consulta. Um ultrassom seria feito para dizer se Suzana enfim estava grávida ou não.
Carlos esteve ao lado da mulher durante todo o tempo, inclusive no momento em que doutor Robles colocou o aparelho sobre determinada região do ventre de Suzana olhando para o pequeno monitor a sua frente. Carlos sentiu a esposa apertar sua mão no momento em que o médico virou para ambos com um sorriso.

– Parabéns ao casal. Vocês terão um bebê.

Os papéis pareciam ter sido trocados. Suzana ficou muda e Carlos bombardeou o médico de perguntas.

– O senhor tem certeza?

– Absoluta. Em um primeiro momento a imagem pode parecer confusa pra vocês, mas esse pontinho - disse apontando no centro do monitor - é o bebê.

– O senhor sabe que o útero dela é diferente não sabe?

– Sei, tenho a ficha médica dos dois senhor Carlos.

– E tem como o senhor ver em qual dos lados o bebê está?

– E isso faz diferença?

– Lembro que a doutora Gandra disse que esse útero tem lados de tamanhos diferentes e isso pode ser determinante na gestação.

– Ah sim. Mas no caso da sua esposa isso é indiferente.

– O que o senhor quer dizer?

Ele desligou o aparelho e limpou a barriga de Suzana com um pedaço de papel toalha.

– Vamos voltar para minha sala, lá explico melhor.

Carlos ajuda Suzana e segue com ela para a sala do doutor Robles como o mesmo pediu.

O médico pega um pedaço de papel semelhante a um receituário e começa a fazer pequenas ilustrações enquanto fala com o casal.

– A doutora Gandra deve ter explicado que o útero bicorno tem lados diferentes, ou seja, podem ser ambos grandes, ambos pequenos ou um grande e outro pequeno certo?

– Sim, por isso mesmo perguntei em qual lado o bebê está, o maior ou o menor.

– O útero da sua esposa tem os dois lados pequenos senhor Castiel, por isso disse que é indiferente.

Suzana olha aflita para Carlos que continua a fazer as perguntas.

– E o que isso significa?

– Os senhores estão cientes desde o inicio que seria uma gravidez de alto risco. E como toda gravidez de alto risco exige cuidados, muitos. Pra começar, repouso absoluto. Nenhum tipo de esforço ou qualquer atividade física que exija esforço, por menor que seja.

Um a um doutor Robles começou a passar os cuidados ao casal que ouvia atentamente.

– Vou deixar meu telefone particular com vocês. Qualquer dúvida ou problema me liguem, não importa o horário.

Carlos pega o cartão com o número do médico e guarda em sua carteira. O casal se despede e sai.

Carlos não estava reconhecendo a esposa. Suzana agora estava quieta, com o olhar perdido.

– Está tudo bem amor? Nem parece que está feliz. Não era isso que você tanto queria?

– Sim. E estou feliz, mas estou com medo também.

– Diz isso pelas coisas que o médico falou não é?

Ela faz um gesto positivo com a cabeça. Carlos segura sua mão e lhe entrelaça os dedos com os dele.

– Vai dar tudo certo. Eu vou cuidar de você durante todo o tempo que vai ter que ficar de repouso. Não vai acontecer nada.

Ela o abraça, deitando a cabeça em seu peito.

Carlos a amava e cuidaria dela, faria o que fosse necessário para o bem estar da mulher e da criança que agora crescia dentro dela, mesmo que biologicamente não fosse seu filho. O esperma de um estranho conseguiu dar a esposa o que ela mais desejava no mundo, coisa que o seu não pode fazer. Essa questão ainda o perturbava, mas Carlos prometeu a si mesmo fazer Suzana feliz, mesmo que por dentro ele estivesse arrasado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Não deixem de comentar ok? Gosto muito de ler as reações que cada uma tem a cada capítulo lido.
Vejo vocês semana que vem.
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um novo trilhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.