Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 16
Capítulo 15 - A outra face da moeda


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas leitoras, como vão?
Desculpem a demora, mas como avisei anteriormente, meus últimos dias tem sido muito corridos. Agora que consegui um tempinho pra atualizar a fic.
Espero que gostem.
Já visitei um orfanato antes e vou registrar nesse capítulo muito do que vi nessa visita.
Ótima leitura.



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Carlos estava em casa, sentado no sofá vendo um programa qualquer na televisão, mas ainda estava pensativo quanto às palavras ditas pela mãe.

– Carlos? Está me ouvindo? - diz Suzana sentada ao lado dele.

– Desculpa Suzana, estava um pouco longe.

– Percebi, por isso perguntei se aconteceu alguma coisa com você e a sua mãe. Você está assim desde que chegou.

– Não, está tudo bem. Aliás, ela gostou bastante de você.

– Também gostei dela.

– Fico feliz em ver que se deram bem - diz dando um beijo nela. - Precisa de ajuda pra arrumar a cozinha?

– Não, já terminei.

– Fica aqui comigo então.

Suzana concorda e se ajeita de modo que fica deitada no colo do marido, que fica mexendo em seu cabelo. Não demora muito até Carlos notar que ela havia caído no sono.

Ele desliga a televisão e leva a mulher nos braços até a cama, onde a coloca cuidadosamente e a cobre com um lençol. Quando estava prestes a sair do quarto, Suzana desperta e o chama.

– Não vai embora não... Fica aqui comigo. - diz com voz manhosa.

– Pedindo desse jeito eu acabo ficando mesmo.

– Mas é pra você ficar.

Carlos se aproxima da cama novamente, sentando ao lado de Suzana que continuava deitada.

– Tô com frio.

– Quer que eu pegue um cobertor?

– Quero... Mas só se você ficar debaixo dele comigo.

Carlos ri.

– Impressão minha ou você está tentando me seduzir?

– Impressão minha ou estou conseguindo?

– Está.

– Então vai logo, pega um cobertor e vem pra cá.

Ele faz o que ela pede. Vai até o guarda roupa onde pega um cobertor e caminha pra junto dela na cama, cobrindo-a. Suzana se afasta um pouco e levanta o cobertor sinalizando para o marido.

– Vem...

Carlos tira os sapatos e faz o que Suzana pede. Eles ficam deitados um de frente para o outro. De inicio apenas se olham, mas logo os olhares dão origem a carícias e beijos.

– Mesmo que talvez você não acredite mais em mim, eu te amo Carlos.

– Não diga bobagens. Nunca duvidei do seu amor por mim. E eu também amo você e amarei pra sempre.

Suzana sorri e o beija. Carlos retribui e coloca o corpo sobre o dela sem cortar o beijo.

– Ainda tem frio?

– Um pouco.

– Posso te esquentar do meu jeito?

Suzana leva uma das mãos à nuca de Carlos e o trás para um beijo. Essa era a resposta que ele esperava.

*******************************************************

Mais tarde naquela mesma noite, enquanto olhava nos olhos de Suzana e mexia nos cabelos dela, Carlos lembrou as palavras da mãe.

"Vocês dois têm muito amor entre si e acho que esse amor tem que ser repartido com alguém que precise dele".

Ele então resolve pedir algo a esposa. Uma coisa que pegou não apenas Suzana de surpresa, mas a ele mesmo.

– Eu quero te pedir uma coisa. Mas é algo que também preciso saber se você concorda.

Ela o olha, desconfiada.

– Que coisa?

– Eu quero visitar alguns orfanatos. Ver como as crianças vivem lá, essas coisas. E quero que você vá comigo.

Ela o olha surpresa. Logo ele que sempre abominou esse tipo de sugestão agora pensava nisso por vontade própria? Tudo bem que agora Suzana conseguia entender os motivos do marido, mas ainda assim ouvir aquilo vindo dele foi uma surpresa.

– Você tem certeza do que está falando Carlos?

– Tenho. De inicio quero apenas conhecer essas crianças, ver como vivem, como são tratadas. Ai quem sabe depois nós não...

– Podemos adotar uma? – diz com a voz transbordando esperança.

– Sim. – responde com um sorriso sincero.

– Vou repetir a pergunta. Carlos, você tem certeza do que está falando?

– Tenho Suzana. Mas isso não depende só de mim. Aconteceram muitas coisas com a gente nos últimos meses, eu mudei com relação a muitas coisas... Você pode ter mudado também. E se isso aconteceu, não quero forçar você a ter que simplesmente aceitar minhas novas crenças, digamos assim.

Ela fica em silencio por alguns minutos, apenas olhando o marido.

– Carlos, você tem razão. Eu mudei minha forma de pensar em muitas coisas. Mas tem uma coisa que não mudei e não mudarei nunca. E sei que você sabe do que estou falando.

– Posso te fazer uma pergunta?

– Faça.

– Pra você, a Selma é minha mãe?

– Com certeza é. Pra mim certas coisas são muito mais fortes que os laços de sangue.

Ele a olha com um sorriso. Suzana estava séria, mas não nervosa.

– Se a Selma me ama sem eu ter o sangue dela e você aceita esse amor com tanta naturalidade, porque eu não serei capaz de amar alguém da mesma forma?

Suzana sorri.

– Então é sério mesmo Carlos? Você reconsiderou? Vamos adotar uma criança?

– Um passo de cada vez. Primeiro vamos conhecer orfanatos e as crianças. Depois partimos pra adoção.

– Carlos... Não sei nem o que dizer...

– Você sabe que te amo não sabe?

– Sei. E a cada dia você me prova isso. Também amo você, muito.

– Vamos dividir esse amor com quem precisa. Está mais do que na hora disso acontecer.

*******************************************************

No decorrer dos dias Carlos e Suzana faziam pesquisas de orfanatos na internet. Decidiram que tirariam o fim de semana seguinte para começar as visitas.

No primeiro que visitaram uma das diretoras os acompanhou pelas diversas sessões de lá.

– Como devem ter notado, a maioria das crianças aqui tem mais de cinco anos de idade e em sua grande maioria são meninos.

– Algum motivo específico pra isso? - pergunta Suzana.

– Infelizmente a maioria dos casais que quer adotar uma criança prefere as recém nascidas e em sua grande maioria meninas.

– Sei que o termo que vou usar é forte, mas é como adotar um cachorrinho. Preferem os de raça e saudáveis ao invés dos vira latas.

– Triste, mas a senhora está certa.

– E o que acontece com essas crianças se não forem adotadas?

– Damos um suporte até completarem dezoito anos. Oferecemos aulas em cursos profissionalizantes além do ensino fundamental e médio, assim podemos encaminhá-las para o primeiro emprego. Daí em diante cada um segue seu destino pelas próprias pernas.

Carlos e Suzana continuaram as visitas e no último orfanato notaram uma coisa diferente dos demais.

Algumas crianças que estavam lá não estavam para adoção.

– Não entendo. Se não estão para adoção como as demais, porque ficam aqui junto com elas? - pergunta Carlos a mulher que era a responsável pelo lugar.

– Algumas dessas crianças têm pai e mãe ou ao menos um dos dois, algumas tem até casa. Mas muitas das famílias não têm condições de ficar com eles, de alimentá-los. Por isso os deixam aqui.

Suzana olha para Carlos que também parece chocado com o que acabara de ouvir.

– A senhora está dizendo que os pais deixam os filhos aqui pra poder garantir ao menos as refeições diárias? - pergunta Carlos.

– Exatamente. Muitos desses pais ficam o dia todo nos faróis vendendo coisas ou até mesmo pedindo dinheiro. Com o pouco que ganham mal conseguem se alimentar, quem dirá os filhos. Mas sinceramente eu prefiro que eles tenham essa consciência de deixar os filhos aqui do que levá-los para os faróis também.

– Mas e escola? Eles não vão?

– Temos professores aqui, mas apenas de educação infantil, o famoso prézinho. Infelizmente não temos estrutura para mais que isso.

*******************************************************

Durante o jantar Carlos e Suzana conversavam sobre os orfanatos e as situações que viram.

– Em novelas é tudo tão diferente. os orfanatos parecem verdadeiros colégios internos, mas na vida real... - diz Carlos.

– Viu aquele em que os pais deixam os filhos para garantir que pelo menos eles vão conseguir comer?

Carlos fica um tempo em silencio enquanto come. Estava pensando o que seria das crianças que não seriam adotadas. Só se deu conta que viajava em seus pensamentos quando Suzana o chamou.

– Amor? Me ouviu?

– Desculpe, acabei me distraindo. O que você disse?

– Perguntei se você vai querer visitar mais algum orfanato além desses.

– Pelo o que pesquisei só tem esses na cidade. Mas estou pensando em fazer alguma coisa por aquelas crianças, especialmente as desse último que conhecemos.

– E no que você pensou?

– Doar umas cestas básicas, uns brinquedos, sei lá... O que você acha?

– Ótimo amor. Isso também acabou me dando uma ideia. Vou fazer uma exposição com esses últimos quadros que fiz e o dinheiro podemos usar pra fazer uma reforma lá, algo assim. Ver se tem como melhorar a estrutura lá de alguma forma. Acha que viajei?

– Não, pelo contrário. Vamos começar a planejar tudo isso então. Quanto antes melhor.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Espero que sim.
Farei o possível pra postar o próximo o quanto antes ok?
Não abandonarei vocês jamais!
Grande beijo e até o próximo!



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