Bloody Queen escrita por Alyss Meryan


Capítulo 1
PRÓLOGO ♚ Broken Crown


Notas iniciais do capítulo

ALOHA! Guys, divirtam-se com essas famílias. Elas são dark/emo/góticos, mas prometem, IUASHDIUSHD Um aviso prévio: Cyrus, apesar de um filho da mãe sem limites, vai aparecer muito. Muito. Um dos meus personagens favoritos, tho. iaushdiaushd Adoro a dinâmica dele com a Vanora. Espero que gostem também, :D



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Broken Crown - Mumford & Sons

As masmorras estavam frias àquela hora da noite, e cada passo da rainha parecia ecoar por todo o castelo. Eles tinham boas masmorras, Vanora ponderou, espaçosas e úmidas, com tantas celas que era quase impossível contar. Ela havia brincado naqueles corredores quando mais nova, prendido os irmãos nas celas e sumido por horas e horas. A parte boa de tudo aquilo? Não se escutava nada nos andares superiores, e não importava o quão alto gritassem, tinham de esperar a boa-vontade da irmã mais nova. Mas agora, enquanto caminhava nas pedras, sentia o estômago girar; quantos horrores haviam aquelas barras presenciado durante a tirania do pai? Tirania necessária, no entanto. O que faziam com seu reino, sua família, agora, ela ainda se perguntava.

Numa das celas, a única cela ocupada, e ainda ostentando algum luxo, estava um homem com o olhar perdido, mãos magras e trêmulas que algum dia já haviam segurado uma espada com firmeza e olhos Ashryver: dor, ódio, amargura, orgulho. Tudo.

— Senhor meu pai? — chamou. O homem virou-se lentamente, contemplando-a como se fosse uma ilusão.

Ela puxou o molho de chaves do decote e abriu a cela, entrando rapidamente e fechando a grade atrás de si.

— Vanora — ele riu, deslizando o dedo sobre a face da mulher, que agora aproximava-se cuidadosamente. Sentou-se na almofada vermelha.

Ele estava magro, ainda bonito, no entanto, com uma barba branca espessa cobrindo-lhe o rosto. O cabelo também caía-lhe sobre o rosto, abaixo dos ombros, e seus olhos expressavam uma fúria contida, como um pirata. Sim, essa era a palavra: o pai parecia-se com um pirata acorrentado, embora toda intensidade de suas emoções refletissem exatamente o que era: um rei destronado.

Aproximou-se dele e se sentou nos tornozelos, fitando-o por um longo minuto.

— Eu sempre soube que seria você — ele finalmente continuou, rouco, desviando a mão para os cabelos dela — Quem reinaria. Nem Nora ou Anora, apenas você; eram fracas, emocionais, desproporcionais, sem um propósito. Bastardas.

Ela não desviou o olhar, mas sustentou a cabeça erguida.

— Diria isso a elas, se estivessem aqui em meu lugar.

— Você me conhece, Vanora. Sabe que não. — ele bufou deixando a cabeça cair na parede. Ela sabia; Cyrus fora nomeado louco por muito tempo, tempo o suficiente para que não adquirisse nenhum pudor na fala — O que está acontecendo no mundo de cima?

Ela balançou a cabeça, apoiando-se nos cotovelos.

— O Conselho dos Três reuniu-se hoje — começou — Soren Sardothien deixou seu cargo como conselheiro e agora segue para casa. Me preocupa. É muito poderoso para colocarmos fora de vista.

— É um bom homem — o pai observou, pendendo a cabeça para o lado — Bom demais. Não é forte suficiente para olhar pelas necessidades do reino, compassivo. Ama sua família, seu título e todo mundo. Não sabe escolher.

Anora concordou, lembrando-se do altivo Soren Sardothien. Ele havia estado do lado de seu pai durante todo seu governo, era tão alto que quando pequena, deixava-a intimidada com sua postura. Tinha sempre aquela espada enorme na bainha, mesmo em eventos de gala, e jamais se sentava em qualquer lugar que não sua cadeira no Conselho —ou pelo menos nunca que Anora tenha visto em todos os seus anos.

— O Conselho apresentou uma proposta — entrelaçou os próprios dedos e posicionou o queixo sobre eles — Num vilarejo, um pequeno grupo de revoltos começou uma pequena rebelião.

Cyrus garalhou.

— Não se negocia com rebeldes: corta-se--

Ela completou:

— ...as cabeças.— acenou positivamente — Sim, conheço o dito. Foram levados às minas de sal, não duram mais que três meses. — gesticulou — A questão é: o reino está vulnerável, ainda estamos remendando os cacos que deixou — lançou um olhar fumegante ao homem — Nossos informantes afirmam que Daaran permanece quieto em Orynth, mas temos de nos prevenir.

— Envie tropas — ele levantou a cabeça — Corte o mal pela raiz.

Ela sorriu.

— Oh, eu gostaria disso — então estalou a língua no céu da boca — É realmente lastimável que o meu bom pai tenha sujado o bom nome da Família, nos dando tão pouca credibilidade no Conselho.

Ele riu brevemente, suspirando.

— Corte os Galathynius e os Havilliard também; são cobras esperando para atacar, para nos derrubar. Nos desprezam — ele deu de ombros, a fúria ainda presente — Sei bem o quão boa com venenos é.

Vanora franziu o cenho, desentendida; era a primeira vez em anos que levantavam a suspeita e insinuavam qualquer coisa. Sempre imaginou que seria um nobre intrometido quem o faria, mas jamais imaginou o próprio pai, o pai que pareceu tão arrasado quando o corpo pálido de Anora apareceu na praia, levado pelas ondas, caído da torre. Ou mesmo quando Nora sangrara até a morte após dar a luz ao natimorto. Foram tão cuidadosamente naturais, calculadas com extremo cuidado.

— Não me subestime. Eu sei o que fez com suas irmãs — gargalhou novamente — Céus, é igualzinha a mim! — comentou, acalmando-se — Na época, guardei segredo; elas eram fracas, uma ameaça como rainhas, influenciáveis, e não possuiam o sangue puro, bastardas. Acabariam com a Dinastia.

Por alguns segundos, não conseguiu falar nada. Mas transformou o rosto naquela máscara de impassividade que sua mãe sempre exibia, como se tudo pouco lhe importasse.

— E...

— Fiquei calado. Oh, pobrezinhas, minhas filhas, mortas! — ele sorriu, a voz em falsete — ninguém sequer disse algo. Além de que nos deixou melhor; eu tinha um motivo para o ataque, finalmente.

Ela suspirou lentamente, ainda o fitando de maneira cautelosa, analisando bem profundamente suas intenções. Quando decidiu que Cyrus não estava provocando, continuou.

— De qualquer forma… A solução encontrada foi que oferecêssemos dois de nossos herdeiros para o casamento. Com plebéias — praticamente cuspiu a última palavra — Alguém que "esteja ciente das necessidades do reino" , pão e circo para acalentar a população, remendar os pedaços, um sinal de… Boa fé dos novos governantes à população. Acreditam que nos fortalecerá.

Houve uma pausa.

— Uma plebéia? — Cyrus estava incrédulo, tentou erguer-se, mas as as correntes o seguraram no chão — Uma plebéia?! Meu neto não se misturará com uma plebéia. Aedion deve casar-se com Idris, manter a linhagem pura!

Ele estava sobressaltado, tão ultrajado quanto ela. Manter a linhagem pura como ele obrigou-a a fazer, casando-a com o próprio irmão? Ele estava alucinando na época, mas mesmo assim Vanora teve de cumprir seu dever como princesa, obedecer às ordens de seu rei.

— Não nos importamos com amantes, com bastardos, com o amor fora da obrigação do matrimônio. Mas é um dever manter a linhagem pura — sentiu as unhas afundarem na própria pele, cheia de raiva — Olham para nós com nojo.

Cyrus lançou um olhar para o longe.

— Arranque-lhes os olhos.

— Oh, eu o fiz — um sorriso sombrio cruzou seus lábios — A rainha Havilliard. Teve de se reunir ao sacerdócio.

O antigo rei deixou que uma sombra de orgulho cruzasse seus olhos, logo reprimindo ao fechá-los. Ainda aí, ela vislumbrou um sorriso fraco e satisfeito nos lábios do pai e se sentiu igualmente satisfeita; sempre lhe agradou deixar o pai orgulhoso.

— Boa menina.

Então Vanora se ergueu, caminhando em direção à porta da cela, quando escutou a voz rouca e mal utilizada, voz que antes comandava toda Illéa com o punho firme, a chamar.

— Vanora — ele tinha o olhar sério no rosto quando se virou para a filha — Lembre-se: Heavy is the head that wears the crown.

Ela sorriu.

But I would want it no other way, father.


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Notas finais do capítulo

As últimas frases foram colocadas em inglês por 1) ficarem MUITO estranhas se colocadas em português e 2) perderem a conotação badass que dá em inglês. A tradução seria (meio tosca) essa: "Vanora, pesada é a cabeça que carrega/veste a coroa", e ela responde, "Mas eu não gostaria disso de nenhuma outra maneira". Enfim, iasudhaiushd
Espero que tenham gostado, e tem capítulo novo amanhã ~dancinha~ porque eu tenho MUITA coisa já pronta (aka rascunhos aleatórios de dias entediados que eu tinha aqui e que juntei nos primeiros capítulos dessa história, heh).
A ficha está aqui, recomendo que leiam o aviso obrigatório. See ya!
https://docs.google.com/document/d/1ZkVruhk-p3omW7lfbvx09BIaunLgYO91-yn4BzutZRI/edit?usp=sharing