Amar pode doer

Amar pode doer às vezes

Mas é a única coisa que eu sei

Quando fica difícil

Você sabe que pode ficar difícil às vezes

É a única coisa que nos mantém vivos

Já passava das duas da manhã em Londres. Para muitos era apenas uma madrugada comum, mas para Rose Weasley não. Ela estava em mais uma de suas noites de insônia, algo que se tornara comum depois do acontecimento. Três meses. Haviam se passado três longos e torturantes meses desde que ela e Scorpius terminaram. Aquela noite ainda rondava os pensamentos da ruiva. As palavras ditas por ele, ela não conseguia esquece – lás.

Era a noite do baile de formatura, todos estavam comemorando o final de mais um ano letivo. O último final do ano letivo de Rose. Havia terminado o sétimo ano com notas excelentes e estava formada. Na próxima semana já começaria seu trabalho no Ministério da Magia, ao lado de seus muitos familiares. Ela mal podia esperar pelo que viria a seguir.

- Rose, posso falar com você? – Scorpius estava parado em sua frente, as feições sérias – algo incomum no mesmo.

- Claro – a mesma acompanhou o garoto pelos enormes corredores do castelo até chegarem a torre de astronomia. – O que foi, Scorp? – Indagou.

- Eu não sei como dizer isso, Rose. – O loiro aproximou – se lentamente de umas das beiradas da torre. – É difícil, sabe ?! Nesse último ano, percebi uma coisa. Eu percebi que amo você. Amo mesmo, de verdade. Mas como posso amar quando tenho medo de me apaixonar ?! Isso está acabando comigo. Desde que começamos a namorar, eu venho pensando em como seria depois que terminássemos Hogwarts. E esse dia chegou. Você vai começar a trabalhar no ministério e eu vou ajudar a cuidar dos negócios da minha família. Nós nem teremos tempo de conversar.

- O que você está querendo dizer? – Questionou a ruiva, com os olhos marejados.

- Eu quero dizer que nós seremos infelizes, Rose. – O garoto agora tinha os olhos fixos na menina. – Esse último ano foi ótimo. Nós realmente nos amamos, apesar das brigas, dos desentendimentos, passamos por momentos maravilhosos. Mas terminou. Se seguirmos com isso, só iremos nos machucar. As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas, a nossa talvez tenha sido a mais misteriosa de todas e isso tornou nosso relacionamento especial. Mas daqui para frente, tudo só servia para nos deixar deprimidos e machucados.

- Então... esse é o fim? – As lágrimas agora corriam livremente pelo rosto da garota.

- Sinto em dizer que sim, Ruiva. – Scorpius sorriu, mas era um sorriso diferente, era um sorriso de tristeza. – Eu realmente amei você com todas as minhas forças. Você vai ter para sempre um lugar no meu coração. Foi bom enquanto durou.

Scorpius aproximou – se de Rose secou suas lagrimas com os polegares e a puxou para si pela cintura. Ele aproximou – se lentamente, sem desviar os olhos dos dela e então, quando seus lábios se tocaram, foi diferente das outras vezes. Era um beijo cheio de tristeza e carinho. Quando se separaram pela falta de ar, havia melancolia no ar. Scorpius e Rose se encaravam fixamente e a garota podia jurar que viu uma lágrima cair dos olhos dele.

- Adeus, Minha Rosa – Scorpius beijou a bochecha de Rose e desceu as escadas da torre de astronomia em passos rápidos.

Foi então que a ficha de Rose finalmente caiu. Aquele tinha sido o beijo de despedida. Aquele havia sido o último beijo dos dois. Dali para a frente, não existiria mas o Nós, existiria apenas Rose e Scorpius. Separados. Seguindo caminhos diferentes.

- Adeus, Meu Escorpião – A garota sentou – se no chão, encostada na parede e permitiu – se chorar. Na companhia das estrelas, ela chorou até suas lágrimas se esgotarem. E a noite que deveria ser perfeita, terminou com dois corações partidos.

Desde aquele dia, três meses atrás, Rose não tivera mais notícias de Scorpius. Ela seguiu sua vida, foi atrás de seus sonhos. Durante o dia mantinha um belo sorriso no rosto, mas a noite desabava. Era como se alguém tivesse aberto um buraco em seu peito. Ela não conseguia parar de pensar nele. No seu cheiro, em seus cabelos loiros – quase brancos – e macios, em sua pele pálida. Todas as noites, vestia um moletom preto com o símbolo do Nirvana – uma banda trouxa – na tentativa de sentir – se protegida. Aquele moletom pertencia a ele, e ela não tivera coragem de devolver.

Só lhe restaram lembranças dos bons momentos e as fotos. Fotos do amor deles. Fotos com os amigos, a família. Fotos em Hogsmead, na Mansão Malfoy, na Toca no dia de Natal. Nessas fotos, eles serão um casal para sempre. Nas fotos, os momentos que passaram juntos ficarão eternizados. Os sorrisos, os carinhos. Tudo ficara para sempre gravado. Assim como o amor de James e Lilian Potter ficou gravado na fotografia entregue a Harry, o amor deles ficaria gravado também.

Nós mantemos este amor numa fotografia

Nós fizemos estas memórias para nós mesmos

Onde nossos olhos nunca se fecham

Nossos corações nunca estiveram partidos

E o tempo está congelado para sempre.

Eles foram um casal feliz. Entre brigas e desconfianças, beijos e carinhos. Eles superaram tudo, menos o futuro. O amor deles podia ser o mais forte de todos. Porém, o futuro acabou com ele. Por mais que o amor seja bonito, não há como vencer o futuro, os sonhos. Rose teve que aprender isso da pior maneira possível. Perdendo quem mais amava. E, inconscientemente, uma parte de si mesma. A parte de si que sempre pertenceria a Scorpius. Porque Rose Weasley sempre pertenceria a Scorpius Malfoy.

É como as pessoas dizem.

Alguns amores são feitos para existir e não para acontecer.