O dia sublime escrita por Marry Moon


Capítulo 1
O dia Sublime


Notas iniciais do capítulo

É uma história fictícia.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634575/chapter/1

Irei contar para vocês o dia de inverno mais quente de minha vida, a história de como conheci o amor de minha vida e como tudo começou...

Era julho. O inverno havia começado. A neve caia gentilmente do céu e pousava sobre a terra molhada. Lá estava eu, no meu apartamento, sentada na poltrona, me aquecendo perto da lareira enquanto lia meu livro favorito. Estava muito triste, após o termino de meu namoro. Fazia três semanas, mas ainda estava presa nas magoas. O término foi um grande choque, eu não conseguia aceitar o fato de que ele havia me traído. Não me conformava com a situação. Quando havia acabado o capítulo de meu livro, ia em direção à cozinha para tomar meu chocolate quente, foi então que eu ouvi alguém cantando, uma voz suave e agradável aos ouvidos. Aquela voz foi capaz de acalmar meu coração partido. O som parecia vir em direção da sacada. Eu andei vagarosamente em direção da mesma, a fim de ouvir mais daquela melodia prazerosa.

Eu abri a porta que dava para a sacada. Infelizmente, havia um muro que separava as sacadas de um apartamento para o outro e não pude ver quem era o dono daquela bela voz. Eu me sentei encostada na parede, afim de ouvi-lo melhor. Quando ele terminou sua canção, eu ainda não estava satisfeita. Queria ouvir mais. Queria sentir sua melodia, pois naquele momento, só ela seria capaz de aliviar a minha dor. Na esperança que ele me ouvisse, gritei:

_ Por favor, continue!! Não pare de cantar!! Eu necessito da sua voz!!

Durante 5 segundos, houve um silêncio, só conseguíamos ouvir a neve caindo e o vento soprando... Ele não me respondeu, mas consegui ouvi-lo chorar. Eu precisava fazer algo! Fui na porta do apartamento vizinho (que era onde ele estava) e toquei a campainha. Ele não me atendia. Comecei a tocar a campainha e bater na porta inúmeras vezes. Nada. Alguma coisa deveria estar acontecendo na vida daquele homem, pois ele cantava uma melodia com muito sentimento nela. Ele chorava e não dizia uma palavra. Não importava quantas vezes eu batia em sua porta, ele não me atendia. Comecei a ficar preocupada. Eu tinha que fazer alguma coisa. Decidi tomar uma decisão drástica. Eu iria invadir seu apartamento. Desde pequena fazia muitas traquinagens com meu irmão mais velho, aprendi com ele como destrancar uma porta com dois clipes. Corri para o meu quarto, peguei os dois clipes que estavam em minha gaveta e voltei para a porta do outro apartamento imediatamente. Depois de cinco minutos tentando, eu finalmente tinha conseguido, a estratégia havia funcionado.

Quando entrei, vi uma garrafa de vinho jogada no chão, manchando o carpete que havia naquele cômodo. Tinham vários papéis espalhados pelo apartamento. Quando cheguei em sua varanda, o mesmo se encontrava ali. Ele estava sentado no chão, de cabeça baixa, chorando. Eu me aproximei dele e disse:

_ Sou Elizabeth. Desculpe entrar aqui sem sua permissão, mas fiquei muito preocupada. Gostaria de saber o que está acontecendo. Você está se sentindo bem? Precisa de ajuda?

Ele não respondia. Sentei ao seu lado, peguei em seu rosto e o virei, de forma que sua face ficasse frente a frente com a minha. Ele olhou nos meus olhos e, naquela troca de olhares, pude sentir sua dor.

_ O que houve? Você poderia me dizer pelo menos o seu nome? Por gentileza. Eu me mudei no apartamento ao lado não faz nem uma semana. Sei não nos conhecemos e você não é obrigado a responder às minhas perguntas. Mas se você não me dizer nada, não poderei lhe ajudar. –Eu disse olhando fixamente em seus olhos.

_ Lysandre.

_Como? –Perguntei

_Lysandre. Eu me chamo Lysandre.

Lysandre parecia ter minha idade. Era um rapaz lindo. Diria que ele tinha, aproximadamente, 21 anos.

_ Lysandre, por que choras?

_É uma longa história.

_Eu não me importaria de ouvir. Posso ficar horas sentada aqui, ouvindo, se você me permite.

Ele ficou um pouco pensativo. Parecia estar refletindo se deveria ou não me dizer o motivo de suas lágrimas. Depois de três minutos observando a neve, decidiu, enfim, me contar.

_ Eu era vocalista de uma banda. Aquela banda era tudo para mim. Tinham meus verdadeiros amigos. Nós éramos como irmãos. Vivíamos em perfeita harmonia. As letras das músicas eram poéticas. Cantávamos e tocávamos com todo sentimento. Nossa união era única. Parecia que cada um entendia o que se passava na mente do outro. Nos momentos de dor, de alegria e raiva, sempre dividíamos nossas emoções uns com os outros e era isso que usávamos para compor nossas músicas. O sentimento. Mas tudo isso acabou depois do acidente de carro que houve. No dia do acidente, eu estava brigado com eles porque tinha entrado um novo membro em nossa banda, eu não conseguia aceitar o fato de precisamos de um Back Vocal. Naquela viajem, eles estavam indo para um show. E quando eu disse que eles tinham que escolher ou eu ou ele, eles simplesmente responderam que iriam com quem entrasse no carro. Eu estava cheio de raiva no dia, então me recusei a ir. Isso aconteceu faz dois anos, mas eles eram tão importantes para mim. Eu sou órfão e eles cuidavam de mim como uma família. E agora, fazem dois anos que estou sozinho, preso nesse apartamento, que não tem mais vida, sem eles aqui não é a mesma coisa. Às vezes eu penso que tudo isso é minha culpa. Se eu tivesse entrado no carro no dia, eles não precisariam esperar tanto tempo para irem ao show e talvez daria tempo para desviar do carro que colidiram. Eu fico com todo esse peso na consciência. E já não basta isso, a solidão também vive comigo. Não tenho coragem de fazer mais nada, a não ser ficar trancado em casa, sozinho, todos os dias.

Naquele momento, eu não sabia como reagir. Como ele havia compartilhado tudo o que sentia comigo, resolvi então dizer a ele pelo o que eu estava passando, para ele ver que não era o único que se sentia só.

_ Eu terminei com o meu namorado faz três semanas. Estou arrasada, de coração partido. Ele me traiu. Com outra. Da mesma maneira que você se sentiu traído quando entrou um novo membro em sua banda, eu também me senti assim. Você não é o único que se sente só. Eu me mudei de cidade e raramente vejo meus pais. E agora que perdi meu namorado, estou na solidão, assim como você. Quando te ouvi cantar, eu esqueci de todos os meus problemas e, naquele momento, a sua voz era a única coisa que conseguia sentir. Sem dor, sem solidão. Somente uma doce melodia agradável aos meus ouvidos.

Lysandre olhou em meus olhos e disse:

_ Eu estava pensando em me suicidar. Eu não estou aguentando viver aqui sozinho, e com essa culpa presa em mim. Ainda não aceito o fato deles terem partido. A melodia que você me ouviu cantar foi a primeira música que compomos. Ela seria minha passagem para encontra-los após a morte. Eu ia pular. Até você aparecer. Agora você me deixou na dúvida se devo ou não partir.

_ Por favor, não vá!

_Então me dê um motivo para continuar vivendo.

Foi naquele exato momento em que o destino de Lysandre ficou em minhas mãos. Eu não poderia falhar. O que eu precisava transmitir para ele não seria possível apenas com palavras. Ele precisava de algo muito maior do que isso. Foi então que eu resolvi beijá-lo. Comecei a me aproximar vagarosamente de Lysandre. Nossos lábios se tocaram e, tudo fluiu naturalmente, começamos a nos beijar verdadeiramente, e, através desse ato, consegui transmitir para ele minha gratidão pelos momentos de alívio que me fez sentir ao cantar. Eu queria ser o seu motivo para viver. Eu dei tudo de mim naquele beijo. Foi uma das sensações mais prazerosas da minha vida. Não sei ao certo quanto tempo nosso beijo durou, mas sei que ficamos muito tempo desfrutando do momento. Enquanto nos beijávamos, por mais que nevasse, sentíamos vontade de tirar nossas vestimentas. O beijo foi o mais caloroso de todos, foi capaz de aquecer-nos no meio daquele frio. Entramos para dentro do apartamento. Fomos ao seu quarto e bem, o resto deixo com a imaginação fértil de vocês. O que tenho a dizer é que, foi uma das melhores sensações tanto da minha vida, quanto da dele. Depois de tanto tempo sozinhos, (mais para ele do que para mim), finalmente conseguimos acalmar nossos corações partidos e preencher o vazio que havia dentro. No final das contas, eu que deveria ter dado um motivo para ele viver, mas daquele momento em diante, ele que foi o meu motivo para viver.

Aquele dia de inverno mudou para sempre nossas vidas. Fico imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse invadido sua casa para ver o que se passava. Provavelmente, ele estaria morto uma hora dessas. E eu, bem, ainda estaria chorando pelo babaca do meu ex. O importante é que, talvez, todos os problemas que nós passamos tivesse um único objetivo: Nos unir. As vezes passamos por momentos difíceis em nossas vidas, mas se não fossem por eles, eu não teria conhecido Lysandre e ele provavelmente não precisaria de meu beijo e nada tivesse acontecido. Hoje, fazemos um ano de namoro e eu não me arrependo de nada. Faz um ano que desfrutamos de novos momentos e sensações. Nós temos um ao outro agora. A solidão nunca mais nos perturbou. E para finalizar, eu gostaria de deixar uma pequena frase para refletirem: Qual é o seu motivo para continuar vivendo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O dia sublime" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.