The Son of Mists escrita por GiullieneChan


Capítulo 2
Parte 2: Sucessor?




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Alguns dias após o incidente em Glastonbury, Shura chegava ao Santuário. Levava sua urna dourada e outra prateada nas costas e segurava um menino pequeno em seus braços. Alguns sentinelas ficaram curiosos em saber sobre a criança, mas não ousaram perguntar. O cavaleiro estava com o semblante entristecido e não parecia interessado em conversar.

Ele subiu as escadas parando em frente à Casa de Áries, onde Mu se encontrava com seu jovem discípulo. O cavaleiro de Capricórnio depositava a armadura de prata de Altar no chão e em seguida o menino, que se agarrava ao tecido da calça do adulto, um pouco desconfiado sobre outras pessoas.

—Shura. O que houve em sua missão?-perguntou o ariano, olhando para o menino.

—Altar está morto. –disse simplesmente para o outro cavaleiro. – Eu fiquei alguns dias a mais em Glastonbury procurando por seu corpo, com a ajuda de moradores. Nunca o encontramos, apenas sua armadura em sua urna e estava manchada de sangue. O suficiente para não termos dúvidas de sua morte.

—Entendo. Imaginava algo assim. Mas o que houve exatamente? E quem é esse menino?

—Prometo contar-lhe tudo depois. –Shura coloca a mão na cabeça de Sephir. –Precisamos descansar da longa viagem. Vamos, Sephir.

—Vai levá-lo consigo?

—Sim. –respondeu simplesmente, dando por encerrado a discussão por hora.

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Horas mais tarde, depois de dormir um pouco, Shura decide subir as escadas até o Templo do Mestre e passar todo o relatório de sua missão a Mu. Instruiu a um servo que deixasse o menino dormindo e quando despertasse cuidar de alimentá-lo, e seguiu pelas escadarias. Encontrou seu amigo o esperando e contou-lhe toda a história. Mu ouvia tudo em silêncio, e assim ficou por um tempo, refletindo as palavras de Shura.

—Uma vez meu mestre Shion me contou sobre Avalon. - começou a falar. –Um lugar habitado por seres imortais, encantados, fadas e alguns mortais privilegiados. Um lugar de paz e beleza que pouco foi visto nesse mundo.

—Já li sobre isso em algum lugar.

—Essa jovem, pelo o que me contou, deve ser um desses seres encantados que residem em Avalon.

A simples menção a Alanna fazia Shura relembrar o elo que suas mentes compartilharam. Nem em toda a sua vida conheceria mais sobre a alma de outro ser como a dela, e somente ela o conheceria completamente, graças a esse elo.

—E o menino?

—Ele me parece normal. Como qualquer outra criança de três anos. Assustado por estar longe de casa e da família, mas tentando ser forte. Ele não conversa muito, nem comigo.

—É compreensível ficar quieto, dada às circunstâncias. –Mu observava, por uma das janelas da sala onde se encontravam, todo o Santuário. –Existe a possibilidade da pessoa que os atacou vir atrás dele. Ainda mais depois de sabermos o porquê o querem.

—Não vou permitir que isso aconteça! –Shura cerrou o punho.

—Não poderá ficar com ele vinte e quatro horas. –avisou o amigo, mantendo-se sereno.

—Então, irei prepará-lo para que possa se defender um dia. Eu o treinarei. Para que se torne um cavaleiro, um dia.

Droga!

—O que foi?

—Eu não entendo nada de cuidar de uma criança!

—Pelo visto se saiu muito bem nos últimos dias. –Mu deu um sorriso.

—Eu contei com a ajuda dos moradores para cuidar dele enquanto procurava por Altar.

—Não é tão difícil assim. Eu posso afirmar por causa de Kiki.

—Tentarei.

Mu concorda com um aceno de cabeça e nada diz quando Shura se retira logo em seguida às suas palavras do Salão.

O Cavaleiro de Áries imaginava se estaria fazendo o certo, como mestre em exercício, e se convencia cada vez mais que o Santuário precisava que Dohko assumisse seu posto como Mestre. Estava ficando sobrecarregado, tanto com o treinamento de Kiki e de ter assumido o treinamento de outro garoto, quanto sua função de Guardião da Primeira Casa. Mas Dohko sempre alegava que não poderia assumir essa função tão cedo, não agora com uma filha tão pequena que precisava de sua presença.

Agora, o Santuário vivia a sombra de outros inimigos que pareciam despertar nessa era, ameaçando a paz perene que havia se instalado e temia não conseguir ser o suficiente para controlar as crises.

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Chegando a Capricórnio, Shura foi diretamente para o Salão principal de sua Casa, onde estava a estátua de Atena presenteando seu fiel cavaleiro com a lendária Excalibur. No caminho encontrou o velho servo, que o recebeu com um sorriso amigável.

—Bem vindo, mestre Shura.

—Obrigado. E o menino que eu trouxe?

—O pequeno acordou há algum tempo. Já se alimentou e agora está no Salão Principal.

—No Salão Principal?

—Sim. Por mais que eu pedisse que não ficasse ali, ele não me atendeu. Perdoe-me senhor.

—Está tudo bem, não precisa ficar preocupado com essa bobagem.

Shura dispensa o servo e vai até o Salão, e encontra Sephir olhando admirado para a enorme estátua, e aos pés desta estava à urna da armadura de Capricórnio, onde costumava repousar. Cauteloso, se aproxima.

—Quem é ele?-perguntou o menino ao perceber a presença do cavaleiro.

—Essa estátua estava aqui bem antes que eu me tornasse cavaleiro. Acho que está aqui há séculos.

—É?

—Sim. –Shura bagunça os cabelos de Sephir antes de continuar a falar. - Dizem que foi um dos cavaleiros mais fieis a Atena, e por causa de sua fidelidade a deusa recebeu como presente a Espada Sagrada Excalibur.

—A Excalibur? –a menção do nome da espada fez os olhos do menino brilharem. Shura concluiu que dado o lugar onde nascera, claro que saberia sobre a espada. –Ele é Artorius?

—Artorius? –ficou pensativo e lembrou-se do nome. –Arthur? É o que quis dizer?

O pequeno deu os ombros, não sabendo responder ao cavaleiro.

—Eu não sei, talvez tenha sido. –sorri quando percebe que o menino ficou muito interessado na história.

Começou a narrar o que se lembrava da história daquele cavaleiro, e porque recebera de Atena a honra de portar a Excalibur. Também explicou que a Espada Sagrada agora repousava em seu braço. Enquanto falava o menino aproximou-se da urna e Shura notou que a armadura parecia ressoar com a presença do garoto.

—Será que? Sephir...venha aqui...se lembra do dia de seu aniversário? -O menino fez cara de quem não entendeu. -Claro que não lembra.

Suspira desanimado, mas pelo modo que a armadura ressoava, não tinha dúvidas. A criança parecia ter sido aceita por ela. Partilhavam da mesma constelação protetora.

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Nos três anos seguinte, Sephir compartilhou a casa de Capricórnio com Shura. Alguns diriam que o ar taciturno do cavaleiro se suavizava na presença da criança, mas não compreendiam porque ele mantinha um olhar entristecido. Apenas o Cavaleiro de Áries sabia a verdade. Mesmo após ter passando aquele tempo, Shura não esquecia Alanna e se sentia culpado por não ter protegido a jovem, a imagem dela nunca saia de sua mente.

Quase deu graças aos deuses por iniciar o treinamento de Sephir. Aos seis anos considerava apto para aprender os primeiros passos para ser um cavaleiro. Dois anos depois, Sephir era um dos jovens aprendizes que mais se destacavam no Santuário, aprendia rapidamente qualquer técnica que lhe ensinavam, tinha um talento nato para as artes das lutas.

Enquanto observava seu pupilo demonstrar alguns passos básicos de defesa pessoal com outros garotos, começou a se preocupar se o menino não compartilhava do mesmo anseio de aprender a lutar, uma vez que Sephir parecia não gostar de conflitos, apesar de sempre vencer seus adversários.

Após o treino, caminhavam de volta para Capricórnio, quando foi questionado:

—Mestre, o senhor quase não fala sobre meu passado. Por quê?

Shura o fitou um tempo, incerto de como responder.

—Eu não sei muita coisa sobre o lugar que nasceu, ou sobre seus pais, Sephir. Sinto muito.

—Nada? –o garoto não escondia a decepção com a resposta dada.

—Só conheci uma de suas irmãs. Alanna...- a menção do nome fez Shura reviver aquele momento em que compartilharam praticamente suas próprias almas, e a imagem dela invadiu suas lembranças.

—Mestre...mestre..ô mestre Shura!!! –a menino pulava e acenava o braço na frente dele.- Tá acordado?

—Claro que estou! –dando um soco leve na cabeça de seu aluno, o menino esfregava o local com uma careta. –Só estava lembrando algo.

—Estava falando da minha irmã quando ficou paradão, igual zumbi!

—Pft! Você não vai me deixar em paz se eu não falar algo, não é?- Sephir sorriu, confirmando o que ele havia perguntado. –Está bem.

Shura falou tudo o que conseguia se lembrar de Alanna, de como foi corajosa em colocar o irmão acima da própria vida, e se arriscou para selar os Portões de Avalon para garantir que ele ficasse em segurança. Falou do quanto ela era linda...

—Hmmm... –Sephir fitava o mestre com uma expressão indecifrável.

—O que foi?

—Você me ensina a usar a Excalibur?

—E por que quer aprender isso?

—Vou voltar para Avalon um dia. E vou salvar minha irmã. –falou com uma maturidade que impressionou Shura.

—Terei pena de seus inimigos quando esse dia chegar. –respondeu o mestre, sentindo no fundo orgulho dessa decisão.

Algum tempo já havia se passado desde aquela conversa e Shura recebera de Mu uma missão em especial. Deveria ir para a Ilha de Milos, levar consigo alguns candidatos a cavaleiro e prepara-los para serem encaminhados para outros lugares. Não foi uma missão que recebeu bem, chegou a discutir com Mu recusando solenemente suas ordens, mas algo fez com que mudasse de ideia, dias depois.

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No coliseu.

—Atenção, garotos! –dizia Mu observando os garotos entre seus oito e dez anos, todos ávidos para mostrarem aos mestres o que tinham aprendido. –É um teste de resistência bem simples. Vocês vão correr daqui do Coliseu até a floresta ao norte do Santuário. Bem no seu centro está uma estátua da deusa Athena. O primeiro que chegar ali e trouxer o lenço amarrado em seu braço é o vencedor.

—De quem foi a ideia de uma competição? –perguntou Máscara da Morte olhando entediado os meninos, sentado ao lado dos demais cavaleiros no local reservado a plateia no Coliseu.

—De Mu. –respondeu Saga, observando e torcendo pelo seu aprendiz entre os meninos, um garoto de cabelos escuros e curtos. –Ele acha que isso vai reforçar o espírito competitivo e de amizade entre os meninos.

—Acho que será bem proveitoso. –diz Shaka em tom solene.

—Você não nenhum pirralho competindo, Shaka. Até entendo esses daí torcendo pelos moleques deles. –resmungou o canceriano.

—Nem você tem um aprendiz e aqui está.

—Porque não tenho nada melhor pra fazer.-bocejou, apoiando a cabeça na palma da mão e o cotovelo no joelho.-Cadê o inseto do Milo?

—Partiu hoje cedo para a China. –respondeu Shaka.

—É? Vai tentar convencer o Dohko a voltar? –Máscara da Morte riu, limpando a cera do ouvido esquerdo.-Se conseguir eu perco uma boa grana.

—Estão apostando? Que Buda os perdoe.

—Shh!- pediu Shura, prestando atenção no que Mu dizia sobre as regras.

—Hey, Shura! Seu discípulo não é muito pequeno para essa tarefa?- Máscara da Morte provocava.-Aposto que o ruivinho que o Afrodite cuida vai chegar primeiro.

—Não vou apostar.-respondeu Shura. –Mas não subestime meu garoto.

Então depois de uma ordem do Cavaleiro de Áries os meninos começaram a correr, os mais rápidos logo se destacavam e se afastavam dos retardatários. Cavaleiros e soldados torciam pelos seus favoritos. Alguns minutos depois atravessavam Rodório na direção da mata, deixando alguns despreparados e sem fôlego para trás. Logo, um grupo seleto de sete meninos, incluindo Sephir, estavam longe da vista de todos, e os cavaleiros mais experientes resolveram pegar outro caminho para acompanhar a competição de longe.

Foi quando Shura sentiu um arrepio. Ouviu o som de asas e o grasnar de um corvo. Virou o rosto e viu a ave negra em cima de uma estátua sem a cabeça graças à ação do tempo. A ave não parava de grasnar e acaba chamando a atenção de outros. Shaka franze o cenho, quando ela alça voo na direção em que os discípulos dos cavaleiros corriam.

—Que energia... pesada é essa no ar?

Shura nada diz, sai correndo de repente para o espanto de todos. O cavaleiro de Áries percebeu o perigo e olhou preocupado na direção que as crianças tomaram.

“-Sephir!”

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Sephir embrenhou-se dentro da floresta, estava logo atrás de um menino ruivo e bem ligeiro, mas o perdeu de vista em algum ponto da mata. Parou de correr e olhou ao redor e então percebeu. Estava perdido.

—Droga. –resmungou e procurou se localizar pela posição do sol, conforme seu mestre já havia ensinado.

Ouviu um som na mata e um corvo apareceu, assustando-o. A ave não parava de grasnar e Sephir pega uma pedra, mirando no galho da árvore onde ele estava, para assustá-lo.

A ave voou e Sephir ouviu outro som na mata. Alguém parecia cantarolar. Seguiu esse som, se afastando do local que deveria ir. Uma trilha quase oculta pelo mato o levou até uma fonte que brotava entre as rochas de um pequeno monte, e foi quando notou uma mulher sentada próxima à fonte.

Ela era muito bonita. De cabelos longos e vermelhos, assim como suas vestes. De seus lábios rubros um sorriso brotou. O menino parecia enfeitiçado por ela, caminhando devagar na sua direção, sem conseguir desviar daquele olhar. Olhos prateados como a lua.

—Venha, minha criança...-ela chamava sorrindo, quase tocando na palma da mão da criança. O corvo observava a cena.

—SEPHIR!!!

Shura investe saindo da mata, com sua Excalibur desferindo um golpe contra a mulher, que a uma velocidade enorme desvia do ataque, desaparecendo e aparecendo do outro lado da fonte. A mulher fitava Shura com frieza, sem expressão alguma no belo rosto, e o corvo pousa em seu ombro.

—Quem é você? –perguntava ficando a frente do menino que ainda parecia em transe.

—Ainda ousando me atrapalhar. –ela apenas diz, sem alterar o semblante.

—Você é a responsável por aquele ataque em Glastonbury anos atrás, não é? A tal “mestra”?

A mulher muda então sua expressão, exibindo um sorriso maligno.

—Ainda não... –foram suas últimas palavras antes de desaparecer.

Percebendo que não havia mais sinal algum de perigo, Shura volta a sua atenção para seu aprendiz. Ele toca em seu ombro e Sephir parecia despertar de seu transe, olhando sem entender o fato de seu mestre estar diante dele agora.

—Mestre Shura... O que foi?

—Nada... vamos embora. -Shura suspirou aliviado.

Eles saíram da mata em silêncio, e as palavras de Mu ressoando em sua mente.

“-Não poderá ficar com ele vinte e quatro horas.”

Quando finalmente saíram da mata, foram testemunhas do vencedor da corrida. Um menino ruivo que exibia vitorioso o lenço, para o orgulho de seu mestre Afrodite, que mantinha um sorriso discreto no rosto.

Sephir fechou a cara, queria vencer a corrida e nem havia chegado perto. Quando Mu aproximou-se, preocupado perguntando o que havia acontecido, Shura apenas respondeu:

—Partiremos hoje mesmo para a Ilha de Milos. Aqui não é mais seguro para ele.

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Chegaram à Ilha de Milos horas depois, já era tarde da noite quando entraram na cabana que seria seu lar pelos próximos anos. Shura inspecionou o local e viu que estava tudo em ordem. Notou que Sephir permanecia em silêncio desde o episódio da corrida, nem sequer conversando como gostava de fazer.

—Sephir, algo errado?

O garoto balançou a cabeça em negativa e foi para o quarto que seria dele.

—Não vai me falar nada?

—Não quero ficar nessa ilha! Odeio esse lugar!-fechando a porta em seguida.

Shura sentou em uma cadeira próxima. Diriam que estava exagerando na proteção ao menino, mas os pedidos de Alanna foram às últimas palavras dela. Lamentava que tivesse sido responsável indireto por sua morte e sentia que se falhasse em proteger o menino, não poderia encarar Alanna na outra vida.

—Será que um dia ele vai me entender, Alanna? –perguntou a si mesmo.

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Dias depois Shura já havia recebido seus novos alunos e Sephir ainda estava com raiva de ter saído do Santuário e ser obrigado a morar na ilha, nem mesmo os exercícios pareciam ter melhorado seu humor. Nem sequer queria conversar ou interagir com os demais garotos.

Havia visto Milo outro dia, logo após ele chegar buscando mantimentos. Com surpresa soube que ele havia escolhido uma menina para ser sua sucessora. Não era comum um treinamento tão rígido para cavaleiro de ouro ser feito com êxito por uma mulher, raras às vezes alguma mulher havia conseguido isso, e mesmo assim, não haviam conseguido sua armadura.

Espantou-se mais ainda ao saber que era a filha única de Dohko, Kian.

Conversando, acabou desabafando com Milo sobre Sephir, já que nos próximos anos teriam que conviver próximos e se o inimigo aparecesse de novo, talvez precisasse de apoio.

Certa manhã, Shura preparava os meninos para um simples exercício físico. Uma simples corrida até as colinas. No caminho avistaram Milo e sua discípula, pareciam que tiveram a mesma ideia. Com surpresa, notou que Sephir cumprimentava a menina, era a primeira vez que interagia com outra pessoa desde que ali chegara.

Esse fato, no entanto, foi esquecido até o episódio do nariz quebrado de Darius um ano depois. Apesar de Sephir ter suavizado e aceitado morar na ilha, ainda tinha dificuldades em interagir com os colegas.

Isso piorou depois que uma visita desastrosa a vila, para rever os amigos e saber noticias do Santuário, terminou com o nariz de um de seus alunos quebrados pela discípula de Milo.

Naquela noite, Sephir foi mais hostilizado ainda pelos colegas. Movidos pelos ciúmes do mestre e pelo fato dele ter ficado do lado da menina que mal conhecia e que agrediu um dos seus.

E aproveitando um descuido de Shura, Sephir saiu andando a esmo pela ilha, apenas querendo ficar longe de casa. De longe avistou Kian treinando sozinha na praia alguns golpes e ficou apenas observando se aproximando cauteloso. A menina percebeu sua presença e acenou para ele sorrindo.

Sephir ficou sem jeito para responder.

—Você é o Sephir, não é? –ela perguntou correndo na sua direção e vendo ele constrangido, vermelho. -O que foi?

—Está sem. a máscara. –disse vermelho.

—Ah, isso? Eu estava suando com ela. Por que está vermelho? –curiosa, fitando ele.

—Meu mestre me disse sobre o que aconteceria se eu visse alguma amazona sem a máscara. O seu não te falou nada?

—Falou.

—E isso não te aflige? –ele ficou nervoso pelos dois.

—Não.

—Por quê? –não entendendo.

—Não sou amazona ainda. Tenho só sete anos!

O menino ia retrucar e depois ponderou as palavras dela. Havia verdade nessa afirmação.

—Quer treinar? –ela convidou e Sephir aceitou de imediato.

Treinaram por algum tempo, dando golpes um no outro, rindo quando algo dava errado, lembrando que ainda eram crianças. E de longe, Shura acompanhava tudo sentado em uma pedra, com um sorriso nos lábios.

A voz de Milo chamando por Kian interrompeu o treinamento dos garotos, ela pega a máscara esquecida em um canto e se prepara para voltar, mas para um instante.

—Quer treinar mais amanhã?

—Claro!-o menino respondeu sorrindo.

—Até amanhã!! –ela acenava, partindo.

Sephir a viu sumir de vista e quando se virou deparou-se com Shura. Ele estava calado, com um sorriso nos lábios e as mãos na cintura.

—Então? O que acha dessa ilha agora?

—Mestre... eu adoro esse lugar! –disse sorrindo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Notas:

Artório (em latim: Artorius) era o nome de uma família romana. Seus membros eram aparentemente nativos de Campânia, e outros membros apareceram em Dalmácia, em África, em Gália. Marco (Marcus) Caio (Gaius) e Lúcio (Lucius) era os três nomes usados pelos homens da família. Para muitos o Rei Artur provém dessa família.



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