Julho, 2015

Suspirei contente comigo mesmo quando consegui colocar Eve para dormir. Depois de um dia fora do normal com o pai dela era previsível que ela demoraria a dormir, principalmente porque Oliver dava muitos doces para ela e Deus sabe o quão energética Eve era, mesmo sem os doces.

Depois de nos separamos a quase 5 anos atrás, ele tinha se afastado e se aproximado, como um ciclo vicioso. Depois de ter me traído com Laurel Lance, a garota que fez minha vida escolar literalmente um inferno. Sofri bastante porque amava aquele bastardo, mas me ergui e continuei por minha filha. Minha Eve.

— Mamãe. - fechei meus olhos momentaneamente, jurava que ela tinha dormido.

— Oi meu anjo. - acabei voltando a me deitar em sua cama, ela se aconchegou em mim e segurou uma mecha de meu cabelo que estava solto. Uma mania que tinha para dormir.

— Papai tem uma nova namorada, ela é bem bonita, mas não tão bonita com a senhora, mas ela disse que não gostava de mim. - engoli o seco diante sua tagarelice, a bochecha corada demonstrava que não era para sair em voz alta, agradeci nesse momento sua falta de filtro – assim como eu – .

Maldito seja Oliver Queen, e qualquer vaca em que ele esteja se esfregando.

— Ela é louca meu bem, todo mundo gosta de você, porque você minha Eve, é a criança mais linda, carinhosa e gostosa da mamãe. - beijei sua bochecha carinhosamente e me deliciei com sua gargalhada, ela fechou os olhinhos, sai de seu quarto deixando a porta um pouco aberta caso ela quisesse ir dormir comigo mais tarde.

Fumaçando de raiva peguei meu celular a fim de desmarcar com Ray nosso jantar, não queria ter que descontara raiva que eu estava sentindo nele. Eu queria esganar Oliver. Tinha certeza de que isso aconteceria se ele se aparecesse em minha frente.

— Depois você fala com o Oliver Fel acredite eu mesma quero matá-lo, mas você precisa aproveitar essa noite. - Sara falou, tinha acabado de contar toda a história. Eu sabia que ela estava certa, desde o nascimento da Eve, tudo o que eu fazia era cuidar da minha pequena e trabalhar, não me dei o luxo de me apaixonar novamente, mas era apenas receio, de acontecer o mesmo que aconteceu com Oliver e eu. E então eis que surge Ray Palmer, bonito, gentil, simpático e bilionário - o que não era a qualidade dele mais importante -, e ele me enxergou. Estávamos saindo a algumas semanas.

— Obrigada por ficar aqui. Peça desculpa a Nyssa por mim. Eve já está dormindo, mas ela sempre acorda no meio da noite então é só dar leite quente e ela pega no sono novamente. – tagarelei não querendo sair, Sara sorriu para mim e me empurrou para fora do apartamento, fiz beicinho.

— Se não se lembra eu sou madrinha da Eve e já passei algumas noites com ela então sei como cuidar dela. Agora vá com Ray Palmer para aquele jantar e se divirta. E sabe que Nyssa não ficará com raiva de você, se ela não tivesse problemas com seu pai ela estaria aqui também. – afirmou, desde cedo eu sabia as preferências da minha amiga, então se Nyssa a fazia feliz eu estava feliz. Beijei a bochecha dela tentando distraí-la, fiz menção de entrar no apartamento novamente quando meu telefone tocou e Ray me informou que tinha chegado Sara fez uma cara vitoriosa enquanto eu lhe dava língua. Atitude bem madura.

— Quero todos os detalhes de seu jantar com aquele cara, ele é muito quente. – ela fez cara de safada e eu ri se não soubesse de suas preferências até diria que ela queria o meu encontro.

— Vou deixar Nyssa ficar sabendo disso. – brinquei, ela se abanou dramaticamente e então eu vi que ela estava tentando me acalmar, Sara me conhecia melhor do que todos. Por isso e outras razões ela era minha melhor amiga.

Mesmo com a brincadeira de Sara eu continuava nervosa não sabia por que daquilo, não era como se fosse meu 1 encontro com ele, desci ao encontro de Ray, seu sorriso contagiante me fez sorrir também. Porque eu tinha a impressão de que não passaríamos de bons amigos?

— Nossa você está linda. - beijou meus lábios levemente e eu agradeci com a cabeça incapaz de falar alguma coisa. Percebi desde cedo que Ray era um cara extravagante, mas não ao ponto de vim me buscar com uma limusine.

O jantar foi maravilhoso Ray Palmer sabia como envolver uma mulher, não que eu tivesse algum problema por que eu era mulher e gostava de homens, mas eu não sentia aquelas faíscas como quando estava com Oliver. Porque mesmo estou pensando em Oliver?

— Felicity Smoak. - pedi mentalmente que não fosse quem eu estava pensando, era só pensar no imbecil que ele aparecia? Respirei fundo, não queria ter que bater a cabeça de gente na mesa e passar vergonha em um local público. Com maior e mais falso sorriso do mundo, encarei Oliver ao lado de uma morena bonita ambos sorrindo igualmente para mim.

— Oliver Queen. - falei duramente. Ray me encarou surpreso diante meu tom, não estava com paciência para lembrar de aulas de etiquetas nesse momento, tudo que eu conseguia pensar era Eve falando que a nova namorada de Oliver tinha a insultado.

— Esta é Helena Bartinelli, Helena esses são Felicity Smoak e Ray Palmer.

— Ah, a pequena Eve é filha de vocês dois? Ela é tão linda e gentil. - a garota falou intercalando entre mim e Oliver. Ainda não tinha chegado nesse ponto com Ray, quer dizer ele sabia que eu tinha uma filha, só não sabia quem era o pai dela.

— Oliver é o pai da sua filha?. - assenti corando um pouco por ter omitido aquilo, mas eu estava com raiva para me importar com o que Ray estava pensando.

— Péssimo jeito de começar um relacionamento Felicity. - Oliver provocou, me ergui perdendo toda a compostura que eu tinha.

— Não fique com esse sorrisinho imbecil ai Oliver. Querida, se fosse você não perderia meu tempo com esse aí, no primeiro momento ele vai te largar por outra é só um conselho, e que fique bem claro que você não pode falar para a minha filha que você não gosta dela, ela tem 5 anos e não precisa da sua aprovação, e ela só é tão gentil assim por minha causa, porque se dependesse dele nossa filha ia ser uma negação, como ele . E quanto a você Oliver, pode aproveitar os últimos dias com sua filha porque eu vou fazer de tudo para que a guarda dela seja só minha. Você já traumatizou demais a Eve se esfregando todo dia em uma vagabunda diferente. - respirei fundo procurando ar em meus pulmões, as pessoas do restaurante nos encararam ansiosos, parecia até famintos, não por comida e sim pela pequena discussão que se desenvolvia ali.

— Como é que é? Eu ouvi demais ou você quer tirar minha filha de mim? - ele repetiu incrédulo. Há muito tempo eu vinha juntando provas contra ele, e nem mesmo todo dinheiro do mundo poderia o fazer ganhar a causa, e olha que ele era Oliver Queen.

— Você escutou tudo certo mesmo, sabemos que não está surdo. Eve ficará longe de você a partir desse momento Oliver. Desculpe-me por ter que presenciar tudo isso Ray. - encarei Ray que estava perplexo com tudo que estava acontecendo ali, acho que meu relacionamento com ele tinha terminado antes mesmo de começar. Caminhei para fora do restaurante procurando por um táxi.

— Não pense que vai a algum lugar depois de todas as baboseiras que me disse. Eu não sou um pai ruim Felicity. - ele gritou apertando meu braço, o encarei extremamente furiosa a confusão de sentimentos me atingindo.

— Você só pode estar brincando comigo Oliver. Posso listar as vezes em que você foi imprudente. As vezes que você a pegou no fim de semana e a deixou com sua mãe para que você fosse para a farra? Detalhe, sua mãe nem gosta da Eve por ser minha também. Ou das vezes em que você foi fotografado bêbado se esfregando com mulheres em um beco ao invés de dar exemplo? Ou, espera tem mais, quando você a esqueceu de buscá-la na escola? Porque, eu não vejo você sendo um bom pai Oliver. - sabia que tinha pegado pesado jogando todas essas coisas em sua cara, Oliver era um bom pai quando ele não estava agindo feito um adolescente.

— Você não pode tirar minha filha de mim Felicity, não pode querer privá-la de ter contato comigo ou com minha família, você não tem o direito de querer Eve só para você ela é minha também você gostando ou não. - ele rosnou baixo se aproximando de mim, sua respiração forte batendo em meu rosto, encarei seus olhos azuis, ele parecia bem bravo mas eu também estava. A mão dele estava em meu braço, me aproximei ainda mais dele para ver o quão sério o assunto era.

— Brinque para você ver. Vou te dar apenas duas semanas para se redimir com ela, caso o contrário nossos encontros serão em um tribunal.

— Não preciso desse tempo. Eve é minha filha, e você não pode querer afasta o pai dela. Você tem certeza que quer que nossa filha viva constantemente em um tribunal vendo os pais brigando?-  jogou sujo.

— Para a felicidade dela eu faço de tudo Oliver. Entrarei com a ação, fique atento e contate seus melhores advogados.