— Eu mandei você chegar pro lado!

...

— Não encosta em mim, desgraça!

...

— DÁ PRA FICAR SENTADO?!

...

— Para. De. Pular. Na. Droga. Do. Assento!

…

— Eu vou te tacar daqui agora!

…

— Sufocar alguém com comida de avião é um crime?

…

— SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊS PARAREM COM AS AMEAÇAS DE MORTE?!

E essa foi uma tentativa falha de Zeus conseguir que aquela guerra parasse. Claro que viajar com sua família era perigoso. Praticamente mortal. Mas ele não pensou que seria um inferno na Terra.

Havia pelo menos, metade do Olimpo naquele avião: Ele, Hera, Poseidon, Hades, Deméter, Héstia, Atena, Ártemis, Afrodite, Perséfone, Ares, Hefesto, Hermes, e Apolo. O que poderia dar errado? Tudo.

— Afrodite, minha linda, por que suas malas estão aqui, E NÃO JUNTO COM AS OUTRAS?

— Nossa Atena, a sua calma me impressiona, você é um amor de pessoa! Mas, respondendo a sua pergunta, aqui, estão coisas muito importantes. E não posso deixar junto com as de vocês!

— Se forem duas malas cheias de frascos de Afrodisíaco, eu pulo daqui, com ou sem paraquedas!- exclamou Ártemis

— Que droga! Sabia que tava esquecendo alguma coisa!- ela choramingou, enquanto o resto dava suspiros de alívio.

— Hefesto, tem certeza, de que esse avião é seguro?- perguntou Poseidon agarrado ao assento.

— Sim. Eu revisei tudo. Estava tudo certo.

— Ah, é mesmo? Então pode explicar por que estamos inclinando cada vez mais?!- Hades se desesperou.

— In.. cli.. nando?

O ferreiro arregalou os olhos e correu até a cabine do piloto. Depois voltou até os outros.

— Eu preciso que vocês coloquem os cintos e se agarrem nas cadeiras. Não soltem!

— Eu vou me arrepender de perguntar, mas… Por quê?- disse Apolo.

— Porque o piloto automático parou. E uma das turbinas parou de funcionar. Não consegui recuperar o controle.

— Vo-Você não manja das máquinas? Conserta!- gaguejou Hermes.

— Como raios você espera que eu conserte?! Eu tô aqui dentro!

— E agora?!- berrou Perséfone.

— Você ainda pergunta?! NÓS VAMOS CAIR!- respondeu Atena.

Um segundo depois, eles aceleraram ainda mais. Os berros dos deuses pararam quando eles bateram as cabeças nos bancos, quando o avião caiu na água.

-X-

Depois de meia hora, Afrodite foi a primeira a acordar. O sangue dourado escorrendo um pouco por sua testa, assim como todos ali. Correu desesperada até suas “malas especiais”. O som do salto alto fez o resto dos deuses acordarem, e encararem a cena confusos.

Ela abriu as malas, e de dentro delas saíram uma garota de cabelos coloridos e um garoto de cabelos castanho claros cacheados e olhos que mudavam de cor. Os dois meio tontos.

Zeus logo recuperou a consciência. E só faltava agarrar Afrodite pelos cabelos.

— VOCÊ TROUXE ÍRIS E EROS COM VOCÊ?!

— Er… Sim. Eu não podia deixá-los sozinhos! Eu não posso deixá-los sozinhos! Eles são desastres ambulantes!

— Mentira. Ela ama a gente, e nos trouxe porque seria incapaz de nos deixar trabalhando enquanto ela fica de férias.- Íris sorriu de modo angelical.

— Porque nós somos extremamente adoráveis!- completou Eros da mesma forma.

— E extremamente irritantes!- acrescentou a deusa do amor os ajudando a levantar- Insistiram tanto, que eu quase enlouqueci!

— Eu vou fingir que isso é normal. Vamos, vamos sair desse avião.- declarou Zeus.

Os deuses se levantaram lentamente e quando chegaram até a porta, pararam ao mesmo tempo.

— Então… a gente tá afundando.

— Avá, jura mesmo Deméter?! Nem deu pra ver!

— Quem falou com você Hades? Ah é, ninguém.

— CHEGA! Eu to vendo uma espécie de ilha lá na frente. Vamos ter que nadar pra chegar lá.- decidiu Atena.

— Sabe… não acho que seja uma boa ideia. Domínios de Poseidon, sabe como é que é.- Zeus desconversou.

— Quem é que tá com medinho agora?- sorriu divertido o deus dos mares.

— “Se eu fosse um peixinho, e soubesse nadar, tirava todo mundo do fundo do mar.”- Apolo cantarolou.

— Essa foi a coisa mais esquisita que eu já ouvi você cantar. E você já cantou “I Will Survive” pro Olimpo todo!- riu Ares.

— Foi um desafio! E olha o preconceito!

— Sabe, Apolito, eu não sou um peixe… Mas eu sei nadar. Nós não estamos no fundo do mar, mas se você cantar essa droga de novo, você vai pra lá! E eu não tiro você de lá, nunca!- ameaçou Poseidon.

— Você jura?!- Ártemis sorriu e empurrou Apolo no mar- “Ops”. Ele escorregou.

Apolo tornou a aparecer, perto da ilha. E mesmo daquela distância, eles reconheceram o sorriso sacana do deus.

— Infelizmente maninha, não foi hoje que você se livrou de mim!- ele gritou- Venham! Dá pra nadar!

— Pelo jeito, ainda vou ter tempo de tentar outras coisas.- a deusa da caça deu de ombros, pulou no mar e começou a nadar. Sendo seguida pelos outros.

— Como esse avião não afundou?- perguntou Eros.

— Poseidon está fazendo ele flutuar. Vou tentar consertar para irmos embora o mais rápido possível, mas acredito que vá demorar. Não é muito simples.- Hefesto respondeu.

— Vamos viajar de avião, eles disseram! É seguro, eles disseram!- resmungava Poseidon após sair da água, enquanto limpava o icor restante em sua testa.

— Meu Zeus, me dê paciência, porque se me der força, eu mato um!- revirou os olhos, Atena.

— Você vai mesmo começar a implicar?- o deus do mar a olhou irritado.

— A culpa não é minha que você nasceu!

— Bem original esse argumento, Palas! Pensou nele sozinho ou teve ajuda?

— Não. Me. Chame. De. Palas.

— Ok… Teninha.

— Não me chame assim também. Não dirija a palavra à mim.- ela o olhou irritada.

— E lá vamos nós de novo…- os outros deuses disseram, e começaram a tirar suas malas do avião, que por sorte, não ficaram molhadas, enquanto aqueles dois deuses ainda brigavam.

— Como é que nós vamos viver aqui?! Não temos casa, quartos, comida, banheiro! ISSO É UM PESADELO!- Afrodite começou a surtar.

— Um banheiro nós podemos ter fácil! É só fazer um buraco no chão e…- Hermes começou a falar, recebendo um olhar de nojo das deusas- Tá, esquece!

— Não se preocupe, Dite, eu posso tentar construir essas coisas. Mas vou precisar da sua ajuda, Atena.- disse o deus ferreiro.

— Sem problemas. Vou desenhar uma planta de uma casa.- deixou Poseidon falando sozinho, e se pôs a desenhar em um canto na areia.

— Tudo poderia ser mais fácil, se Zeus não tivesse tirado nossos poderes!- resmungou Hera.

— E como você queria que eu adivinhasse que isso ia acontecer?!

— Eu acho que pra isso funcionar, vamos ter que nos dividir. Cada um de nós, ou mais, fica responsável por fazer uma coisa diferente.- disse Íris.

— Eu concordo! Ou fazemos isso, ou isso vai virar um caos!- Eros.

— Tudo bem. Mas vamos ajudar na construção primeiro. Depois, iremos nos dividir.- disse Zeus, por fim.