Apaixonado Por Um Poste! escrita por bubbigless


Capítulo 27
A festa


Notas iniciais do capítulo

SIM, PESSOAL, EU AINDA ESTOU VIVA 'ooooo'
Olha, nem sei como me desculpar, se é que ainda tô falando com alguém.
Ainda tem alguém aí?
Alooou?
Enfim, acho que vocês não querem ler desculpas, e sim o capítulo c:
Boa leitura!



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O dia passou mais lentamente que o normal.

As aulas estavam mais chatas, os professores, mais rígidos. E, só para completar essa receita para o desastre, minhas melhores (e aparentemente únicas) amigas, estavam se ignorando. Amie já andava melhorando, pelo menos. Ela até fez a piadinha costumeira do professor de biologia, zoando sua altura. Todo mundo riu, mesmo já ouvindo a mesma coisa várias vezes. Até o professor, de bom humor, sorriu para ela.

Acho que só eu estava indo de mal a pior.

Quer dizer, é tão ruim assim esperar que o Charlie venha atrás de mim? Poxa, ele mesmo disse “eu gosto de você, Sebastian”. Será que Levi e Leon estavam certos em relação a ele? Se estiverem, ele merece, sinceramente, um Oscar de melhor ator! Eu caí direitinho na sua lábia de “own, como você é fofo e único”, e estou me sentindo imensamente idiota e trouxa por causa disso. Porém, a ideia do Ducan ter engado várias pessoas, incluindo meus primos, me incomodava mais. Aposto que deve ter mais vítimas dele aqui nessa sala... Olhei em volta.

Um garoto ruivo, um pouco mais moreno que eu, me chamou atenção. Até agora, não havia reparado nele. Em seus olhos esverdeados tristes, na verdade. Possuía um olhar que deixava na cara que já havia sofrido por amor, ou sei lá. Fiquei o encarando até que ele olhasse de volta, me fazendo ficar com vergonha e desviar o olhar.

Acho que eu estou ficando louco, só pode. Já estou ate procurando “presas” do Charlie...

— Sebo — Amie me cutucou. Olhei para trás de relance e ela apontou com a caneta para frente da sala.

— Então, Sebastian, já pensou na resposta? — o professor Joshua estreitou os olhos em minha direção.

— Ahn… — sinto que meu coração começa a palpitar de nervoso. — Bem…

— Sim? — o mais velho se escora na parede, me observando com um olhar malicioso. Isso não ajudou nada.

— Dois?

A sala solta uma gargalhada.

— Sebastian… Do que você tá falando? Essa não é a aula de matemática.

Meu rosto fica mais vermelho. Se é que é possível.

— Acho melhor termos uma conversinha depois da aula, tudo bem? — ouço alguns dos bagunceiros fazerem “hum” com malícia, e só consigo pensar que o universo me odeia. Assinto sem graça, e ouço-o continuar a aula.

— Se você quiser, posso ficar com você — Amie sussurra.
Viro-me para trás.

— Não, tudo bem. Pode ir pra casa — sorrio, e ela dá ombros.

Os últimos cinco minutos de aula passaram mais rápido ainda, e assim que o sinal anunciando o final das aulas tocou, metade da sala já estava em pé se direcionando com pressa para fora. Amie se despediu de mim com um beijo na bochecha e um “boa sorte”, e juro que vi Sam sorrir para mim do outro lado da sala, mas logo foi puxada pelas amigas patricinhas para o corredor.

Quando não havia ninguém na sala, me aproximei do professor, que apagava o quadro com o apagador sujo.

..........

— Alô? — coloquei o celular no ouvido. Minha voz ainda estava rouca do cochilo que acabei dando depois do almoço.

— Sebo? — reconheci logo Amie, e me direcionei para o banheiro ainda com o aparelho.

— Dep. Que foi?

— Ah! Tudo bem?

Franzi a testa sem entender.

— Ahn... Sim?

— Que bom, que bom — ela deu uma pausa, e, vendo que eu não falaria mais nada, continuou:
— Como foi a conversa com o professor?

— Normal — coloquei o celular no viva voz, colocando-o em cima da pia. — Ele só disse que nessa semana eu estava muito distraído, e blá, blá, blá.

Amie soltou um riso abafado.

— Não deu em cima de você nem nada? — usou o tom mais sarcástico possível.

— Claro que sim, como resistiria aos meus charmes? — abri a torneira, jogando um pouco de água no rosto.

— Bem, cá entre nós que isso não é tão difícil....

— Há, como você é engraçada! — enxuguei meu rosto rapidamente.

— Eu sei, bobinho.

— Só ligou pra isso? — questionei levando o aparelho ao ouvido novamente, me sentindo
mais ativo e acordado.

— Hum... Não.

— O que é então?

— Na verdade... Eu acho que você não vai aceitar, mas quero te convidar mesmo assim.

— Continue...

— Meus amigos vão dar uma festa hoje. Topa ir?

— Festa? — passei a mão no cabelo, não achando a ideia ruim. — Que tipo de festa?

— Como assim que tipo de festa, Sebastian? Festa, festa, ué. Bebida, música, pessoas...

— Desde quando você fica indo pra esse tipo de coisa, senhorita Amie? Pelo que eu me
lembro, você gostava mesmo é de ficar jogando o dia inteiro naquele seu computador.

— Desde que eu descobri que está me ajudando a esquecer a Sam.

— Onde vai ser? — tentei mudar de assunto.

— Na cidade vizinha — diz com desdém. — Minha mãe me deu dinheiro para o táxi. Você pode vir aqui pra gente ir junto e dormir aqui depois.

— Sua mãe não vai se importar?

— Ela tá viajando, só volta semana que vem. Nem vai ficar sabendo.

— Bem... Mas...

— Ela também não se importaria se estivesse aqui — acrescenta notando meu desconforto.

— Acho que tudo bem, então.

— Vai olhar com sua mãe?

Mordo o lábio inferior.

— Só dizer que vou dormir na sua casa. Nada de festa.

— Por quê? E se ela descobrir, Sebo?

— Ela não vai... Mas se eu falar que vou nunca festa em outra cidade, aí que ela não deixa.

— Aí, aí, como você é rebelde!

— Eu sei, só não se apaixone, por favor — brinquei. — Cansei de partir corações.

— Tarde de mais, garanhão.

Rimos juntos.

— Tudo bem, então você vem né? — murmurei um sim. — Outra coisa, vai beber comigo, não vai, Sebinho? — tentou fazer uma voz manhosa.

— Com certeza. Amigos são pra isso.

— Se embebedar juntos?

— Exatamente.

Rimos novamente.

— A gente vai sair umas nove e meia pra chegar lá as dez, beleza? Pode vir quando quiser.

— Ok, Amie, até daqui a pouco.

— Até!

E desliguei.

.........

Dei o dinheiro ao taxista e saí arrastando minha mochila para fora do carro, murmurando um ‘obrigado’ baixinho. Acho que o homem barbudo não ouviu, ou se ouviu, me ignorou totalmente, arrancando o carro assim que fechei a porta.

Amie não demorou pra atender o interfone, e logo já estávamos dentro de casa.

— Só falta o tênis, calma aí — ela disse enquanto me arrastava para seu quarto.

Admito que nunca á vi tão animada e bonita. Usava um short jeans branco, uma blusa listrada que a deixava com um corpo bem emoldurado e, por fim, estava calçando seu all star. E, diferente do que usava na escola, este estava limpo e com uma aparência nova.

— Como estou? — deu uma volta. — Está ruim? — perguntou nervosa.

— Claro que não, bobinha. Você está linda — digo com sinceridade. — Sério mesmo.

— Obrigada... — notei suas bochechas adquirirem uma cor ruborizada. — Ah! Você quer comer alguma coisa antes da gente sair? Ou eu já posso chamar o táxi?

— Pode chamar — sorrio fraco. — Vou só ao banheiro rapidinho, ok?

— Beleza — ela tira o celular da bolsa. — Você lembra onde fica né?

Balancei a cabeça.

Chegando lá, apenas lavei meu rosto.

Estou nervoso. Nem lembro a última vez que eu fui a uma festa, com pessoas da minha idade – e não família. Eu não sei dançar e nunca bebi, mas aposto que devo ser fraco com álcool. Mas, o pior mesmo foi mentir para minha mãe. Ela anda tão pra baixo esses dias, que quando eu avisei que dormiria na casa de uma amiga, ela nem fez a mesma cara da última vez... Só me deu uns trocados “se vocês forem tomar sorvete”.

Minha mãe costumava ser minha melhor amiga... e, ultimamente, acho que sou apenas um estranho para ela.

Molhei o rosto novamente, tentando lavar todos os pensamentos ruins para fora da minha cabeça.

Amie já estava me esperando do lado de fora da casa quando saí do banheiro. Ela estava mais nervosa que eu, pelo que notei.

— Ei, tá tudo bem? — soltei uma risada enquanto a observava brigar consigo mesma sobre não poder roer as unhas.

— Hum, tá sim. Eu acho — responde sem olhar pra mim. — É que uma menina que eu tô conversando pela internet vai estar na festa hoje. Tô meio nervosa.

— Uh, conte-me mais — coloco o braço em torno de seus ombros.

Ela sorri pra mim, e eu devolvo o gesto. Então a menina começou a tagarelar sobre sua crush, que, pelo que ela me contou, também tinha cabelos coloridos, só que diferente de Amie, que eram roxos, possuíam uma coloração esverdeada. Ela me mostrou algumas fotos, e, realmente, a garota era extremamente bonita. Tinha um sorriso encantador.

..........

— Chegamos, chegamos! — Amie sussurrou com a mão na boca novamente.

— Calma, menina — ri, vendo-a pegar o dinheiro na carteira para dar ao taxista, que fora, sem dúvidas, um dos mais educados que eu já conheci... ele ofereceu até balas de goma pra gente.

— Obrigado, moço — agradeci abrindo a porta.

— Eu que agradeço, meninos — ele sorriu, mostrando seus dentes amarelados. — Se precisarem de alguém pra buscá-los na volta, tá aqui meu cartão. Posso até fazer um descontinho pra vocês.

— Queremos sim, obrigada — Amie se prontificou a pegar o papelzinho.

— Boa festa então.

— Obrigado — agradeci mais uma vez, e ele apenas sorriu.

A garota se agarrou no meu braço, e pude ouvir seu coração bater mais forte.

— Meu Deus, Amie — não consegui segurar a risada. — Fica calma, vai dar tudo certo!

— Tomara, Sebo.

— Então você vai me abandonar, né? — brinquei.

— Pode ficar com a gente, só não reclame se ficar de vela — rebateu confiante.

Levantei as mãos em rendição e finalmente adentramos no lugar.

Era uma mansão enorme, e o portão principal – que a gente havia acabado de passar – estava aberto, com vários carros “chiques” parados em volta. Havia muita gente. Mas gente que eu poderia assimilar, mas, pelo que eu percebi, a maioria eram garotas. Todos seguravam latinhas de cerveja, ou algum drink vindo do bar que avistei a poucos metros da entrada. Até os jovens dentro da piscina, estavam mais preocupados em não deixar o líquido do copo em suas mãos do que não se afogar.

Admito que era um clima muito gostoso, e, com a ajuda das batidas da música, fui ficando cada vez mais animado. Percebi que Amie também, cada vez menos ela apertava meu braço e se soltava mais.

— Ela tá ali! — a garota gritou apontou para um canto mais isolado, onde havia apenas sua “crush” olhando para os lados como se procurasse alguém. — Acho melhor eu ir lá sozinha! Tudo bem?

— Claro! — berrei de volta.

— Vai arranjar amigos, Sebo! — riu. — Ou então beber! A gente se vê daqui a pouco!

E, logo depois, saiu andando, me deixando sozinho ali, no meio daquele tanto de gente estranha que eu nunca havia visto na vida.

Sem escolha, caminhei até o barzinho improvisado, que, sem dúvida, era o lugar onde mais se disputava espaço em toda a festa. Fiquei parado ali, com vergonha demais para me aproximar.
Neste meio tempo, levei vários empurrões, como se eu não estivesse ali.

— Oi — senti uma mão no meu ombro enquanto decidia se deveria ir para outro canto ou me aventurar naquela montanha de pessoas. Virando-me para trás, encontro um menino portador de um sorriso meigo.

— Oi...?

— Quer alguma coisa? — apontou para o bar.

— Ah — gaguejei. — N-não sei... Eu...

— Que tal uma cerveja? Eu estava indo pegar uma pra mim.

— Pode ser... Eu acho — balanço a cabeça.

Enquanto ele se afastava, notei que ele não era tão forte — pelo menos não como o Charlie — como sua voz sugeria, de tão grossa e máscula. Aquele tipo de voz que te faz ficar arrepiado só de ouvi-la.

Uma parte de mim quis sair correndo enquanto esperava. Quer dizer, minha mãe sempre me disse para não aceitar nenhuma bebida de nenhum estranho. E olha eu onde eu estava.

— Aqui.

Balancei a cabeça assustado, esvaziando-a dos pensamentos secundários.

— Obrigada — peguei a lata gelada, encarando-a, sem ter coragem de abrir.

— Qual seu nome, loirinho? — o rapaz da voz grossa me perguntou.

— Sebastian! — digo o mais alto que consigo. — E o seu?

— Louis — diz firmemente, segurando meu pulso. — Vem, vamos para um lugar menos barulhento.


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Notas finais do capítulo

Se quiserem comentar né, mas não estou em posição de pedir nada.



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