My Misery and a Flashmob escrita por CoverGirl


Capítulo 1
'Cause I'm In Misery




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Para mim continua sendo um mistério como Izzy conseguiu me tirar de casa para dar um passeio. Bom, na verdade eu deveria me perguntar como ela entrou no meu apartamento em primeiro lugar, mas não me preocupo muito com os detalhes. O que importa é que Isabelle me achou no meio das inúmeras caixas de pizza e potes de sorvete vazios, me fez tomar banho, trocar de roupa e ir passear na praça perto da minha casa com ela. Sei que estou sendo mal-agradecida e que Izzy é na verdade uma ótima amiga, mas eu realmente não gosto das lembranças que essa praça me traz.

– Hey Clary, você ao menos está prestando atenção no que eu estou falando? – Izzy perguntou estressada, estralando os dedos na minha cara.

– Hum, claro.

– Sobre o que eu estava falando então? – ela retrucou com as mãos na cintura e eu ruborizei.

– Ahn? Simon? – chutei e ela bufou.

– Se não vai prestar atenção no que eu estou falando, ao menos se dê o trabalho de avisar, assim não gasto minha preciosa saliva. – ela respondeu para logo em seguida revirar os olhos e me puxar para mais adentro da praça. – Eu estava te contando que Simon soube por Maia, que soube por Jordan, que soube por Camille, que soube por Magnus que Meliorn quer te convidar para sair! – Izzy falou dando pulinhos no lugar e eu desviei os olhos para um lírio que tinha ali por perto.

– Não quero nenhum tipo de relacionamento amoroso e tanto você quanto Meliorn sabem disso. – retruquei já andando para longe, porém como Izzy sempre foi mais alta que eu – e consequentemente tem pernas mais longas – ela conseguiu me alcançar em poucos segundos.

– Ah fala sério Clarissa. Faz três anos que ele se mudou.

– Apenas um e meio desde que ele parou de me responder. – murmurei contrariada. Há cinco anos eu conheci o “suposto” amor da minha vida: Jace Lightwood (ou Herondale, ainda me sinto confusa quanto a que sobrenome usar). No início o que sentíamos era puro ódio, mas acabamos virando grandes amigos quando nos unimos para juntar nossos melhores amigos (Magnus e Alec, mas acabamos juntando Simon e Izzy também). Depois desses acontecimentos eu e Jace tínhamos uma cumplicidade inegável e quando percebemos já estávamos trocando beijos nas baladas de nossos amigos, até que ele me pediu em namoro e eu, obvia e prontamente aceitei. Foram dois anos maravilhosos de namoro, mas como todas as coisas boas, nosso namoro teve suas dificuldades. A maior delas foi quando Jace descobriu que tinha sido adotado pelos Lightwood e que na verdade era filho de uma famosa família francesa, os Herondale. Bom, acho que o resto já dá para adivinhar. Mantemos contato por um ano e meio, porém Jace começou a ficar distante e chegou a um ponto que nem no Facebook ele me respondia mais. Eu sofri tanto. Eu continuo sofrendo. Nós tínhamos tantos planos, morar juntos, casar, ter filhos...

– CLARISSA ACORDE DO SEU TRANSE! – Izzy gritou na minha frente chamando a atenção de algumas pessoas que estavam por ali. Como de costume, Izzy ignorou todos e colocou suas mãos em meus ombros. – Sei que você o amava. Sei que você o ama, mas talvez seja hora de superar isso. – eu estava pronta para retrucar quando Izzy começou a me puxar. – E, além disso, tenho quase certeza de que vi um menininho falando para a mãe que queria ver “um grupo de pessoas dançando juntas”. Ou seja, um flashmob. – senti meus olhos começarem a brilhar. Meu ponto fraco sempre foram os flashmobs, desde pequena eu olhava os vídeos na internet com a minha mãe e sonhava com o meu próprio, mas nunca vi um ao vivo. Subitamente comecei a correr mais rápido que Izzy. Cheguei ofegante, mas a tempo de ver o tal do “flashmob” começando. Não sabia se sorria ou se chorava ao ouvir os ritmos inconfundíveis de Misery do Maroon 5. Sempre dizia para quem quisesse ouvir que, independente da mensagem da letra, a música sempre seria boa para um flashmob de pedido de casamento(por mais que todos discordassem). Por outro lado, Misery meio que descrevia exatamente o jeito que eu estava me sentindo.

Oh yeah

Oh yeah

So scared of breaking it

That you won't let it bend

And I wrote two hundred letters

I will never send

Sometimes these cuts are so much

Deeper than they seem

You'd rather cover up

I'd rather let them bleed

So let me be

And I'll set you free

Duas mulheres e um cara dançavam uma coreografia completamente elaborada e aos poucos já se formava uma multidão em torno deles. Não sei quando aconteceu, mas quando pude perceber todos ao redor já batiam palmas no ritmo da música e eu os acompanhava sorrindo pela primeira vez em meses. Izzy – que tinha me alcançado – observava os três dançando minuciosamente quando sorriu.

– Entendi. – ela começou a tirar sua jaqueta de couro. – Segura. – ela literalmente jogou sua jaqueta em cima de mim (a qual eu prontamente coloquei em mim mesma, sempre ficou melhor em mim de qualquer jeito) e entrou no flashmob.

Sim, senhoras e senhores Isabelle Lightwood acabou de ficar louca e deixar uma Clarissa Fairchild de boca aberta.

I am in misery

There ain't nobody

Who can comfort me (oh yeah)

Why won't you answer me?

Your silence is slowly killing me (oh yeah)

Girl you really got me bad

You really got me bad

I'm gonna get you back

Gonna get you back

Izzy arrasava dançando, como se estivesse ensaiando aquela coreografia há meses. E eu? Continuava boquiaberta olhando a morena dançando. Enquanto ainda me recuperava do meu estado catatônico, mais um cara começou a dançar junto com eles e subitamente eles começaram a dançar em duplas deixando Isabelle sozinha no meio. Ela olhou para um ponto específico na multidão e, com uma cara safada, chamou alguém com o dedo.

E, não é que Simon Lewis estava ali para responder ao chamado da namorada?

Your salty skin and how

It mixes in with mine

The way it feels to be

Completely intertwined

It's not that I didn't care

It's that I didn't know

It's not what I didn't feel

It's what I didn't show

So let me be

and I'll set you free

Eu estava à beira de um ataque. Não podia ser tudo uma coincidência. A não ser que... Não, não pode ser possível. Apenas em pensar na possibilidade dele estar por trás de tudo aquilo, vieram-me lágrimas aos olhos.

Não pode ser.

I am in misery

There ain't nobody

Who can comfort me (oh yeah)

Why won't you answer me?

Your silence is slowly killing me (oh yeah)

Girl you really got me bad

You really got me bad

I'm gonna get you back

Gonna get you back

E então aconteceram as coisas mais espetaculares que poderiam ter acontecido. Meus outros dois melhores amigos, Magnus e Alec, entraram no flashmob também. Claro que receberam vários olhares tortos por causa de sua sexualidade, mas eu não ligava. Eu já estava emocionada o suficiente.

Say your faith is shaken

You may be mistaken

You keep me wide awake and

Waiting for the sun

I'm desperate and confused

So far away from you

I'm getting there

Don't care where I have to run

Como se não fosse o suficiente para me fazer chorar, percebi que mais amigos meus estavam ali. Maia, Jordan, o pequeno Max, Aline, Helen e... Oh meu deus aquele era Sebastian? Meu irmão dançava completamente desajeitado perto de meus amigos, já que os casais já tinham se separado. Todos que estavam participando fizeram um túnel e de lá saíram...

Meus pais.

Valentim, Jocelyn e meu padrasto Luke estavam um dando o braço pra outro em um gesto de cumplicidade. Meu pai nunca se deu muito bem com Luke depois de o mesmo ter casado com a minha mãe, então ver os dois, unidos, foi muito emocionante para mim.

Mas nada me preparava para o aquilo.

Why do you do what you do to me, yeah

Why won't you answer me, answer me yeah

Why do you do what you do to me yeah

Why won't you answer me, answer me yeah

Jace Lightwood (ou Herondale, foda-se) caminhava em minha direção com um sorriso no rosto. Ele tinha crescido nesse três anos(o que era terrível de certo modo, já que eu continuo baixinha) e só tinha ficado mais bonito. Naquele momento todos já tinham percebido que tudo aquilo era para mim, então alguém na multidão me empurrou mais para frente, para que ficasse a menos de um metro de distância de Jace.

I am in misery

There ain't nobody

Who can comfort me (oh yeah)

Why won't you answer me?

Your silence is slowly killing me (oh yeah)

Girl you really got me bad

You really got me bad

I'm gonna get you back

Gonna get you back

Jace cantou os dois últimos versos para mim enquanto se ajoelhava em apenas um joelho. Os dançarinos contratados se retiraram, então atrás dele só estavam os meus amigos e família que me olhavam sorrindo.

– Clarissa Fairchild. – Pelo Anjo como era bom ouvir a voz dele. Meu pai pigarreou. – Desculpe, quero dizer Clarissa Morgenstern. – minha mãe pigarreou também. – Ok, ok. Clarissa Fairchild Morgenstern. – ele disse fazendo todos rirem. – Eu esperei tanto tempo para te ver de novo. Exatos três anos. Você não sabe o quanto foi doloroso para mim, saber que você estava infeliz, e eu sinto muito. Mas eu vim para recomeçar. E eu quero muito recomeçar. – ele tirou uma caixinha azul do bolso. – Eu te amo. Clary, você quer se casar comigo? – respirei fundo várias vezes para controlar o choro. Quase disparei um sim logo de cara, mas me lembrei do que Magnus sempre me disse.

Pensar é para o cérebro e não para o coração, queridinha. Nunca faça uma decisão importante baseado em suas emoções instantâneas. Decisões importantes requerem pensamento.”

– Não. – respondi e todos me olharam chocados e Jace me olhou extremamente triste. – Não me entenda mal Jace, eu te amo e tudo o mais, mas você desapareceu completamente por um ano e meio. Eu tentava falar contigo mas você não me respondia, e daí você acha que um flashmob bonitinho com a minha música favorita ia simplesmente apagar tudo o que eu sofri? Se você pensou isso, então acho melhor a Vossa Senhoria ir rever os conceitos que tem sobre mim. Então, Jace Lightwood ou Herondale, foda-se o seu sobrenome, a não ser que você tenha a merda de uma boa desculpa eu não pretendo me casar com você tão cedo. – falei tudo que estava corroendo a minha mente naquele momento, então Jace se levantou e pegou minhas mãos e apertou elas.

– Meus pais morreram Clary. – aquelas palavras me atingiram de forma inesperada e eu olhei para Izzy e Alec tentando entender o que aquilo significava. – Não os Lightwood, anjo. Os Herondale. – fazia tanto tempo que não ouvia Jace me chamando de anjo, que quase não prestei atenção em mais nada do que ele dizia. Quase. – Tinha me apegado bastante a Celine e Stephan no tempo que passei por lá então sofri bastante quando descobri que eles tinham sofrido um acidente de carro. – Jace fungou e eu apertei fraco sua mão, lhe dando um pouco de força para continuar a falar. – Metade do tempo que fiquei sem falar com você meu anjo foi porque entrei em depressão profunda. A outra metade... – ele desviou o olhar para alguém na multidão e acenou. Virei e me deparei com uma mulher da idade de minha mãe, com cabelos castanhos e um ar meio antiquado acompanhada de um homem de cabelos castanhos e olhos da mesma cor. – Conheci Tessa e Jem quando fui procurar um primo distante no hospital. Seu nome era Will. Conheci-o dias antes de sua morte, mas não pude deixar de me apegar a ele como um irmão, ou seja, sofrimento em dobro. Tessa e Jem me acolheram em sua casa e sou imensamente grato a eles por isso. Mas entenda anjo, estava perdendo minha nova família, não entendia que ainda tinha uma outra família me esperando aqui. Sofrendo tanto quanto eu. Quando contei para Tessa sobre você ela enlouqueceu. – Jace deu uma risada. – Perguntou porque eu estava sofrendo por não ter uma família sendo que poderia simplesmente começar uma com o amor da minha vida? – ele falou olhando no fundo dos meus olhos, e tudo o que eu conseguia pensar era sim.Sim.SIM! – Então lembrei de você resmungando adoravelmente o quanto era injusto que todos achavam que Misery era uma música horrível para flashmobs sendo que você é apaixonada por ela, então eu... – não aguentei esperar mais, me joguei em seus braços e o beijei. Nunca cansaria de beijar Jace.

– Vamos começar nossa própria família Jace. Vamos ser completamente felizes, porque sim eu aceito me casar com você. – falei olhando nos olhos dourados que eu tanto amo. Os olhos que eu sempre irei amar. Os olhos que espero que meus filhos tenham.

Os olhos que sei, que estarão para sempre em meu futuro.


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