Olá, Eu Tenho Que Ir escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo único




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— Então eu estava lá e aí... EI! — a garota simplesmente saiu correndo após ter arrancado o Muffin de cenoura das mãos de James. O garoto pulou da grama e parecia pronto para correr atrás dela, mas a menina simplesmente voava de tão rápida. Remus tentou identificar quem era, mas ela já estava longe o suficiente para sequer conseguirem ver o uniforme. — ELA ROUBOU MEU MUFFIN!

— Oooohhhh, pobrezinho do garoto branco de classe alta e sangue puro. — ironizou Sirius, puxando a calça de James. — Senta logo, está atrapalhando minha visão!

— Eu não acredito! — James realmente parecia magoado. — Roubaram meu Muffin!

— James. — chamou Peter. — Era um Muffin.

Mas Remus não estava pensando em Muffins ou na teoria de Sirius em que poderia ter sido alguma garota que James enganou. Ele sentia uma estranha sensação de dejávu: Aquilo já havia acontecido com ele antes. Alguém estava sempre passando por ele, rápido demais. Voltou a prestar atenção nos amigos quando o assunto tinha mudado para os diferentes sapatos da professora Pomona e James tinha esquecido seu Muffin.

...

Remus leu três vezes a mesma linha, desconcertado pela garota ao seu lado.

Ela tinha um aspecto excêntrico e abusava dos acessórios em seu uniforme da Lufa Lufa. Além de não conseguir tirar os olhos de seu cabelo louro cheiro e desgrenhado, ele também não conseguia parar de conferir se realmente era real ou não seu colar de besouros coloridos. Lupin deu um passo discreto tentando ler o título de seu livro, mas ela pareceu notar, fechando o livro bruscamente.

Mal terminou de piscar e ela já tinha saído do corredor em passos apressados, com seus sapatos rabiscados com canetas coloridas. Remus fechou seu livro de forma desastrada e enfiou na prateleira. Andou pela biblioteca silenciosa tentando acha-la, mas não estava em nenhum dos corredores. Acabou achando-a locando o livro com Madame Pince. Apertou a alça de sua bolsa contra o corpo e lutou contra sua mente impulsiva.

Sigo ou não sigo a garota?

Remus, não faça isso, é ridículo.

Mas ela é tão estranha...

Não faça papel de idiota, Remus...

Seu gênio malvado acabou vencendo e ele praticamente correu para fora da biblioteca. Era horário de troca de aulas dos primeiranistas e a garota era muito rápida. Ela já estava com sua mochila amarelo fluorescente nas costas quando ele conseguiu acha-la, carregando o livro como se fosse algo extremamente precioso.

Remus gemeu de curiosidade, com medo dela perceber que estava sendo seguida, mas ela não tinha o costume de olhar para trás. Então, de repente, como se ela tivesse pressentido a presença de Remus, ela saiu correndo feito uma doida. Ele segurou-se para não correr, mas seus pés imploravam para que corresse. Segurou-se na parede e observou ela desaparecer entre a multidão.

...

— Então eu falei para ela... AI! — James foi brutalmente empurrado por um vulto louro no corredor quase vazio do sétimo antes. — EI! É A TERCEIRA VEZ ESSA SEMANA, GAROTA, VOLTE AQUI E PEÇA DESCULPAS! Onde essa garota pensa que está, em uma maratona? Eu não aguento ma...

Remus novamente sentiu seus pés implorarem para que corresse atrás da garota, mas ele segurou-se onde estava, mesmo quase tendo um ataque nervoso de ansiedade. Porque ela corria tanto? Estava sempre atrasada ou algo do tipo? Não é possível que ela se atrase tanto assim! James ainda choramingava pelo ombro empurrado.

— Sempre eu vou falar de Lílian algo acon... AI! — berrou James após levar um soco nas costas de Peter. Sirius gargalhou, abraçando Pettigrew.

— Para não perder o costume. — sorriu Peter.

...

Remus e os garotos esperaram a semana inteira para o passeio para Hogsmeade.

Caminhavam falantes em direção do Três Vassouras quando o fantasma de Remus novamente apareceu. Estava sentada no chão, contando pedras. Agradeceu mentalmente por James não ter visto ou reconhecido a garota que gosta de empurrá-lo e roubar suas coisas. Esperou que os três entrassem e enrolou alguns segundos, dando uma desculpa esfarrapada para sair do bar. Respirou aliviado ao ver que ela continuava ali, catando pedrinhas no chão.

Torceu as mãos extremamente nervoso enquanto se aproximava. Tentou amaciar um pouco o casaco, enquanto analisava as meias verdes com florzinhas. Remus admirou-se com o relógio em seu tornozelo.

— Oi. — disse Remus. Ela continuou contando suas pedras. — Eu te vi na biblioteca uma vez... Eu ia...

— Você estava me seguindo. — Remus engoliu seco. Ela pegou suas pedrinhas e enfiou no bolso do short branco, levantando-se. Os dois eram surpreendentemente da mesma altura, mesmo ela parecendo ser pequena. Seus olhos eram grandes, o que assustou Remus um pouco. Ela estava extremamente séria. — Você é amigo do nariz de Pinóquio.

— Quê? — ela sorriu.

— James Potter, o maior palerma que Hogwarts já teve o desprazer de conhecer. — Remus ergueu as sobrancelhas, alarmado. — Será que seu amigo com cara de rato pode me ajudar com uma coisa?

Remus segurou o riso.

— É muito feio colocar apelidos nos outros.

— Você acha? — a pergunta da garota parecia sincera. Remus analisou a situação, com receio dela estar debochando.

— Sim... — respondeu hesitante.

— Então porque ri de quando seus amigos chamam Snape de Ranhoso? — Remus ficou encabulado. Engoliu seco enquanto o sorriso dela crescia. De repente, ela olhou suas meias e o castelo. — Tenho que ir!

E saiu correndo antes mesmo de Remus poder perguntar seu nome. Coçou a cabeça ainda abalado. Sentiu-se mal. Sirius abriu a porta do Três Vassouras e berrou seu nome com um mandato quase assassino para que entrasse.

Ele tentou ver um esboço da corredora no horizonte, mas ela já tinha desaparecido.

...

Remus ficou encostado na parede observando furtivamente Hagrid e a corredora conversarem como se estivessem escondendo o maior segredo de Dumbledore. Ele esperou Hagrid ir embora para preparar-se para entrar no corredor. Ela encostou-se na parede e Remus começou a andar naturalmente.

— Bom dia. — cumprimentou. A garota estava chorando. Remus segurou sua bolsa, olhando para os lados sem saber se continuava andando ou parava. Acabou parando. — Hm... Tudo bem?

— NÃO! — gritou ela, soluçando. — Roubaram meu bebê!

Remus arregalou os olhos, olhando quase no mesmo segundo para a barriga da garota. Ela enxugou suas lágrimas com sua capa da Lufa Lufa, parecendo muito abalada. Remus aproximou-se e deu alguns tapinhas em seu ombro, completamente desajeitado. Ela fungou um pouco, olhando-o.

— Você tem algum chocolate aí?

— Eu... Acho que sim, não sei...

— Chocolates são bons para o coração, tristeza e Dementadores. É comprovado. — fungou ela, ainda chorando um pouco. Remus finalmente achou um pedaço de chocolate que comprara na Dedosdemel, mal tendo chance de oferecer já que a garota praticamente arrancou de suas mãos. Remus fechou a bolsa, ainda assustado com a situação bizarra.

— O que aconteceu com seu... Bebê. — ela começou a falar com a boca cheia.

— É uma longa história! — ela mordeu mais um pedaço. — Eu achei um filhotinho de hipogrifo perdido na Floresta Negra em mais uma das minhas expedições...

— Expedições?

— ... Então eu pedi ajuda para Hagrid e nós criamos ele com tanto amor e carinho e agora ele foi embora... Eu sinto a dor de uma mãe! Eu quero morrer! — Remus deu mais alguns tapinhas em seu ombro. A garota deu um meio sorriso, com a boca suja de chocolate. Ainda com os olhos molhados, finalmente pareceu olhar Remus. — Meu nome é Dorcas.

Ele abriu a boca para falar seu nome, mas ela devolveu seu chocolate, olhando para seus pés. Remus teve outro dejavu e soube que ela ia começar a correr. Tentou falar mais uma vez enquanto ela enxugava as lágrimas.

— E você é Remus, eu sei. — colocou sua mochila amarela nas costas. — Eu tenho que ir.

E saiu correndo, virando o corredor em segundos. Remus olhou o chocolate em sua mão, ainda sem saber o que pensar do que acabara de acontecer. Até que Dorcas reapareceu no corredor, fazendo polichinelos.

— Para... Mim... Você... É... O... Cara... Bonito. — ela parou, arfante, com um sorriso enorme. Remus sentiu suas bochechas queimarem em brasa assim como seu corpo inteiro. Tentou não desviar o olhar. — E o seu amigo metido é o cara de bosta debaixo do nariz.

Ela sorriu, brincando com a bainha de sua saia enquanto Remus ria. Então acenou, caminhando lentamente para fora do corredor. Remus ficou encarando o nada por alguns segundos até que Dorcas voltou.

— ISSO É UM SINAL PARA VOCÊ ME ACOMPANHAR! — gritou ela. Remus sentiu que ia explodir de vergonha. Olhou o chocolate em sua mão.

Deu uma mordida antes de correr em direção de Dorcas.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto de personagens curiosos e de finais descomprometidos hahahaha
O que acharam???

Espero um comentário, vamos conversar! :))



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