O teto do quarto estava sem graça como sempre. As paredes brancas, em algumas partes sujas, pareciam as mesmas. Elas me abraçavam, e ao mesmo tempo me prendiam. Minha cama estava ao lado da mesa do computador, a qual estava com o mesmo e algumas várias coisas como livros, cadernos, uma agenda e papéis.

A música soava pelos meus ouvidos, inspirando minha alma que estava cansada por nada. Minha mente se distraía com uma facilidade impressionante, mesmo contra minha própria vontade.

Talvez não fosse realmente a música que me incomodou a fazer um capítulo único sobre algo que ainda não sabia. Talvez fosse apenas vontade de escrever algo que não estava planejado.

Viajei pelo meu próprio tédio, que não era nada além da minha forte vontade de procrastinar mesmo não querendo. Por que aquelas milhares de letras cansavam meus olhos? Por que eu não conseguia encontrar prazer naqueles montes de símbolos e problemas? Por que eu simplesmente não conseguia?

Não gostava disso. Estava novamente rejeitando o que eu queria amar. Mas eu nunca amava o que eu rejeitava de verdade. Por que eu sempre rejeitava o que me propunha a amar?

Me distraí de novo. Não sabia exatamente do que me distraía.

Lembrei da imagem de uma pessoa que queria conhecer. Sei lá o porquê. Tinha mania de lembrar de coisas aleatórias em momentos aleatórios.

Gostava de impor metas para mim. Dessa forma eu ganhava um motivo próprio para fazer as coisas. Talvez fosse porque eu achava que ninguém me dava razões para fazer as coisas. Na verdade, ninguém nunca me dava muitas razões para fazer o que eu, na minha mente, queria fazer.

Escrevia porque me incentivei a escrever. Não tinha influência direta. Isso era meio raro (!). Eu era uma raridade?

Não. Não mesmo. Se eu fosse raridade, eu teria olhos verdes.

Olhos verdes eram meu sonho. Lindos e amáveis, convidativos e chamativos. Ninguém conseguia olhar para eles e os ignorar. Mas e os castanhos? Ah, esses todos ignoravam com uma facilidade tão impressionante quanto o tamanho do mar!

Me senti um pouco triste ao lembrar de como ignoravam-me. Ainda fazem isso. Nem me importo tanto, já que era eu que me propunha metas e me apoiava.

Apoio... as pessoas procuram muito isso, né? Procuram nas outras pessoas, em objetos, lembranças... Bobagem. Elas deveriam procurar apoio em si mesmas.

Soou egocentrista. Droga.

Mas sério, por que as pessoas sempre se apoiam nas outras pra tudo?

Bom, nem todas as vezes.

Tenho raiva disso. Deve ser porque não achava ninguém confiável o suficiente para apoiar.

Hum... consigo entender um pouco desta outra música. Mesmo sendo inglês, entendo algumas palavras.

Inglês é fácil de se confundir. Já confundi várias palavras achando que eram outras.

Ah... eu não quero fazer essa pesquisa e nem essa questão. Dane-se essa moça! Ela que calcule a largura da foto dela!

Glossário é uma palavra estranha. Parece que alguém estava mastigando algo e em vez de falar a palavra certinho, jogou um "glossário" para o outro.

Como as palavras se formaram mesmo? Antes do grego, latim e tal...

Meh, está tarde. Eu deveria parar de deixar para fazer as coisas nas primeiras horas do dia que é para entregar.

Deveria, mas diga isso para minha procrastinação. Ela lhe mete um tapa no rosto e diz "Olha aqui, quem manda sou eu!". Bom, ela faz isso até que eu me movimente e diga "sai daqui, mulher".

Jazz é tão legal.

Quando se ouve jazz, tudo parece que fica mais estiloso e charmoso. Até mesmo uma rua lotada de crianças.

Aliás, não gosto muito delas. Crianças me assustam, mas me encantam às vezes.

Será que já encantei alguém na vida?... Nah, tenho certeza que não. Talvez eu já tenha impressionado, mas nada de encantar.

Credo, que música melancólica.

E eu ainda nem fiz metade do capítulo do livro. Assim você não vai pra frente, senhorita!

Vai continuar nesse capítulo ou voltar a fazer o que você precisa fazer?

Aliás, por que eu não peguei a folha ainda?

Oh, é porque eu estava com preguiça de ir até a bolsa, já que ela está guardada...

Foi por isso que eu fiz esse capítulo, né? Pra tentar me incentivar a pegar a bolsa.

Nada mal, nada mal. Boa estratégia.

Mas você ainda não pegou a bolsa.

Termine o capítulo logo e pegue-a.

Yes, lady.