xxx escrita por Evee


Capítulo 1
Vivendo dos Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Leia com carinho, e preste atenção nos detalhes :)



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Existem coisas que não podemos explicar, fatos que não podemos entender. Momentos que não podemos esquecer. E por mais que estes estejam perdidos, sempre há uma maneira de reencontrá-los.

Foi tão bom te conhecer, tão fácil te querer.

Triste não te ver por tanto tempo.

Eu sou Maria Julia, mas prefiro que me chamem de Maju, embora ninguém me chame assim. Tenho 16 anos e estou no final do Ensino Médio. Sou filha única e moro em um prédio com meus pais num bairro chamado Grajaú, no Rio de Janeiro.

Eu não acredito em reencarnação, ou em vidas passadas. Mas há algo que me acompanha desde criança, que me põe em dúvida diante desses assuntos. Quando criança comecei a ter sonhos estranhos, não lúcidos, mas como flashs, visões rápidas ou lembranças remotas de algo que eu nunca vivi. Parecem se passar antigamente e sempre vem acompanhados com uma mistura de conforto, aperto no coração e muita saudade, saudade do que eu nunca presenciei.

Nunca comentei com ninguém. Iriam me chamar de louca, ou simplesmente não entenderiam. Prefiro esconder de todos, manter protegido uma das poucas coisas que me dão felicidade na vida e me fazem ser diferente.

Enfim...

6:30 da manhã. Acordei com a maior preguiça do mundo. Naquela noite, eu havia tido um sonho curioso, diferente dos outros: eu estava em um pátio central de um colégio desconhecido, à noite. As paredes dos corredores que cercavam-no eram de azulejo português branco e azul. Jovens, somente meninas, andavam conversando e segurando seus livros, usando saias azul-marinho compridas e blusas brancas de manga, como um uniforme antigo da década de 40.

Achei estranho por que geralmente eu sonhava com cenas curtas e vagas, as vezes eu sonhava até com objetos tipo portas, janelas, grades ou portões antigos. Mas dessa vez havia sonhado com uma cena bem detalhada, era como se eu estivesse tendo uma lembrança de algo que eu já presenciei, mesmo tendo a certeza que não. Mas são sonhos apenas. Talvez. Quem sabe.

Cheguei na escola com meus pensamentos no tal sonho, isso me faz mais confortável pra encarar meu dia. Na escola eu não tenho muitos amigos, mas tenho vários colegas. Eu sempre fui uma boa aluna, principalmente em História, acho que já sabemos o motivo.

Estava na aula de gramática, depois do intervalo. A gélida sala me fazia mais sonolenta, era quando meus devaneios apareciam. De repente a coordenadora interrompeu para avisar que nossa turma teria um passeio para Paquetá, uma ilhazinha no meio da Baía de Guanabara, onde também se passa o romance A Moreninha, história que estávamos estudando no bimestre. Fiquei extremamente feliz, o passeio seria dali a duas semanas.

E então essas duas semanas se passaram, estava tão ansiosa que acordei às 06:00 da manhã. E não estava cansada. Minha mãe até brigou comigo, falou "eu hein garota, para estudar você não acorda nesse pique todo". Minha mãe é uma dona de casa histérica que as vezes se esquece que é mãe, e meu pai é advogado, trabalha bastante e por isso não é tão presente no meu dia-a-dia, mas eu os amo, embora me sinta melhor quando estou sozinha, quase sempre.

Fui direto para escola, e de lá fomos até o porto para pegar a barca que nos levaria até a ilha. Pegamos a barca às 09:00, mas só chegamos lá às 10:00. Ao por os pés em terra firme, senti um frio na barriga que não cessava, estava diferente. Os outros alunos só queriam saber de tirar fotos e fazer aquelas típicas bagunças, mas eu queria aproveitar ao máximo tudo o que eu pudesse. Como poderia eu saber que aproveitaria tanto, e que mudaria minha vida pra sempre a partir dali.

A paisagem era fascinante, o sol me esquentando a pele, o canto dos passarinhos em meio ao barulho dos alunos, o som do mar, as árvores nos soprando ventos frescos. Me sentia bem, sentia paz dentro de mim. As ruas calmas e estreitas feitas de paralelepípedos me iam tirando a atenção do guia e do restante do grupo. Pessoas andavam despreocupadas, charretes ocupavam o lugar dos carros e só se via algumas bicicletas nas ruas.

Já era quase 12:00, minha barriga começava a reclamar. Comecei a andar rápido para alcançar minha turma, mas não os encontrava. Não deviam ter ido muito longe, eu não estava tão atrás deles. Comecei a correr, mas não os encontrei. Me lembro de ter entrando numa rua longa, mas a mesma deu em outra praia. Eu estava perdida, a essa altura só me vinha a ideia de que eu nunca mais voltaria para casa e viveria da pesca pra sobreviver.

Sentei num banco em baixo de uma árvore de frente ao mar, e senti que estava tonta. Talvez fosse de tanto andar debaixo do sol quente, e com fome. Pensei em ligar pra alguém, mas justo quando eu precisava meu celular estava descarregando. Era estranho por que carreguei antes de sair de casa, e quase não o usei o dia todo. Não sabia o que fazer, estava nervosa, perdida no meio da Baía de Guanabara, não sabia se esperava lá, sentada no banco ou se saia pela ilha procurando. Talvez eles estivessem me procurando, eu só tinha que esperar.

Depois de alguns minutos, notei algo que não pude perceber desde que cheguei, como o sol refletia na água do mar, e como a água dançava sob o sol ardente do meio-dia. Eram movimentos serenos. Tranquilos. Me hipnotizavam. Comecei a ficar tonta novamente, mas dessa vez não tive controle, minha vista escureceu e eu sentia que estava caindo deitada no banco. Tudo começou a rodar e depois disso não senti nem vi mais nada.


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Notas finais do capítulo

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