Dia 23 de Julho.
Suspirou vendo a data; não fazia muita diferença em sua vida, mas as pessoas ao seu redor pareciam não entender isso: presenteando-te e parabenizando-te, como todos os anos anteriores; dariam-te falsos votos de felicidade e depois o deixaria, para que pudesse trabalhar em paz..

E, como em todos os anos anteriores, daria um falso sorriso, agradecendo os presentes; fugiria das malucas do seu setor, que cismavam em lhe pedir em casamento, se escondendo na sala do andar superior até todos desistirem de lhe procurar, afinal, eram pessoas ocupadas.

Receberia um telefonema de seu irmão, Itachi, e, como em todos os anos, trocariam meras formalidades: Perguntaria como está a mãe, conversariam sobre a saúde do pai. Escutaria, ao longe, o choro de sua mãe e os pedidos de Itachi para que fosse visitá-la; então, ele iria prometer.

E então, como algo anual, pararia em frente a janela de sua casa, logo ao amanhecer para ver o sol nascer — sentiria os raios dourados lhe tocando a pele, e o azul do céu lhe presenteando; sentiria um aperto no peito, e iria ignorar, como sempre. Passaria o dia fingindo não sentir nenhuma dor e ignorando o sentimento de choro que consumia seu peito, a cada segundo. Ignoraria Sakura, quando ela viesse falar consigo, mas aceitaria o consolo em seu peito enquanto sentia suas lágrimas..

Colocaria uma máscara fria para encarar todos, e fingiria que nada havia acontecido naquele dia; tentaria, com todas as forças, não se lembrar de Naruto, e de seu sorriso. E, como brinde, tentaria esquecer de que ele o acordaria com um beijo e com a frase de todos os anos: "Feliz Aniversário, Teme!"

Mas, como todos os anos, iria fraquejar e visitá-lo. Levaria flores e, ajoelhado, cantaria parabéns sozinho: “Parabéns para mim. Parabéns para mim.”

E no meio do verso deixaria algumas lágrimas escaparem, mas continuaria recitando aquela canção.

“Parabéns para mim. Parabéns para mim.”