A Vida Além dos Livros. escrita por Gabylourenco


Capítulo 1
A Vida Além dos Livros.


Notas iniciais do capítulo

"One-shot para o concurso do grupo Escritorinhas e Leitorinhas."

Frase/Imagem 01



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“Faz exatamente três anos que Sasuke saiu da vila para começar a sua jornada de redenção pelo mundo. Queria tanto ter ido com ele, viajar sempre é muito bom, mas não posso nem sequer sonhar em deixar o hospital, shishou não vive sem mim... Ainda mais agora que Shizune vai casar com o Kakashi-sensei e pegará férias. O que me deixa triste é que não pude ir, e o Sasuke-kun apenas falou que eu não tinha a ver com os problemas dele, que aquela viagem era para um propósito de amadurecimento dele, dito isso ele tocou minha testa e disse que logo nos veríamos...” — eu pensava enquanto saía do hospital para ir ao centro olhar um presente de casamento para Shizune. Peguei folga depois do almoço, já que cuido apenas da clínica de saúde mental, deixei as crianças aos cuidados da enfermeira chefe. Saía de lá quando ouvi alguém me chamando.

— SAKURA, ME ESPERE!! — Ino gritou saindo apressada de dentro do hospital.

— O que foi Porquinha?

— Aonde você vai testuda?

— Preciso comprar o presente de casamento da Shizune e do Kakashi. É nesse sábado, e hoje já é quinta feira.

— Posso ir junto? Não tenho nenhum paciente marcado para agora ou depois, meu último foi ás onze horas. Preciso te contar sobre o Sai-kun.

— Claro que pode, nem precisava perguntar.

Saímos do hospital e fomos andando até o centro da cidade. O Konoha Hospital era o maior hospital da aldeia da Folha e por estar centralizado e perto do comércio, dispensamos o táxi.

— Então, Saky. Acho que você sabe, eu estou amando...

— Quem é que não sabe? Você vive suspirando pelos corredores do hospital — ri da cara de chateada que Ino fez.

—Não é pra tanto...

— Tá, tá! Tudo bem, me desculpe. Mas amar é muito complexo Porca. Por ser um sentimento intenso requer tempo, tá certo que você já gostava do Sai, mas não é o suficiente para dizer que o ama. Por isso digo que você está apaixonada.

— Então, corrigindo. Sakura, eu estou perdidamente apaixonada pelo Sai, mas...

— Mas o que filha? Não pare agora não!

— É que a gente já passou por um monte de loja e você não entrou em nenhuma.

– Ah! Vamos naquela ali — apontei para a loja cujo nome, Honeymoon Casamento & Turismo, me chamou atenção.

— Mas afinal, o que você quer comprar? — perguntou quando entramos na loja.

— Não sei... Pensei em uma viagem para a Espanha. Shizune uma vez me disse que tinha vontade de visitar Barcelona. Fui lá durante um congresso de medicina que teve ano passado, com certeza ela e o sensei vão gostar.

— Então, façamos assim: nós damos a viagem. O que acha?

— Acho ótimo, Porquinha. Genial!

Estávamos olhando algumas coisas, quando o vendedor veio nos atender...

— Irasshaimase! (Bem-Vindo - saudação ao cliente), me chamo Ichiro. O que vocês desejam?

— Konnichiwa (olá / boa tarde)— disse Ino ao vendedor. — Gostaria de olhar duas passagens de ida e volta para Barcelona. Quero um pacote que inclua translado e city tour.

— Tenho o pacote com voo pela Athihad Airways, com duas escalas, a primeira em Abu Dhabi e a segunda em Roma. O Hotel que indico é o Hesperia Tower — disse nos mostrando as fotos pelo tablet.

— Pode ser — Ino disse após eu concordar.

Optamos por pagar no cartão, cada uma pagaria uma parte do total da viagem. Ichiro foi até o caixa, a gerente nos cumprimentou e entregou a maquininha para ele. Depois de pago, agradecemos e saímos da loja.

— Para onde vamos agora Testuda? — disse guardando as passagens dentro da bolsa.

— Minha casa! Táxi! — Acenei com a mão para o motorista.

Entramos no carro e demos o endereço. Não demorou muito para chegarmos, paguei o motorista e após agradecer saímos.

— Pronto, agora termina de me contar aquilo — abri a porta e entramos em casa.

— Eu parei em qual parte? — sentou-se no sofá ao lado, fechei a porta e me sentei também.

— Você falou que está apaixonada pelo Sai, mas... Alguma coisa que não terminou.

– Ah sim! Mas estou com medo de me declarar e levar um fora.

— Pelo amor de Kami, Ino. Você nunca teve medo de nada, quando éramos crianças vivia se declarando pra Konoha inteira que gostava do Sasuke-kun. Por que agora seria diferente?

— Primeiro, o Sasuke foi uma paixonite boba de criança; segundo, eu realmente gosto do Sai, mas não sei se é recíproco. Nas poucas vezes que ficamos sozinhos, ele parece que fica mais estranho que o normal, não conversa comigo, a não ser que eu pergunte algo ou fale diretamente com ele; já dei várias indiretas, mas parece que nenhuma funciona — abracei-a quando seus olhos encheram de lágrimas.

— Porquinha, não fica assim... A Ino que eu conheço não se deixaria abater por nada, ainda mais por homem.

— Eu não quero ficar igual você, esperando alguém que gosta, mas que nem sabe se retribui esse sentimento. Dispensei vários caras, só que ao menos dei uma chance a eles, ao contrário de você — por um momento fiquei magoada, mas não deixei ela notar. Era infantilidade minha, mas também não precisava ter falado aquilo.

— Você não vai ficar, porque nossos casos são diferentes. O Sasuke estava confuso com toda a mudança que sofreu, ele tinha uma verdade absoluta que ruiu e foi o começo para a sua transformação. O Sai cresceu dentro da Anbu Ne, foi treinado para abandonar qualquer emoção, depois que entrou no Time 7, começou a ler livros de autoajuda para reaprender a se expressar, já evoluiu muito, mas ainda tem algumas dificuldades. Tenha paciência, vou conversar com ele, pode contar comigo nessa missão.

— Obrigada Testudinha — disse secando as lágrimas com as costas da mão, e forçando um sorriso. — Mas vem cá, por que raios eu gostar do Sai virou uma missão?

— Porque eu quis. Missão conquistando Sai-kun, gostou do nome? — falei rindo.

— Tanto faz, desde que a senhorita desvende o mistério que se passa naquela cabeça, por mim tudo bem — sorriu se levantando e indo para a cozinha — Quer chá de maçã com canela? — falou balançando dois sachês no ar.

— Quero sim — me levantei e comecei andar rumo à biblioteca. — Pode ir fazendo, só vou pegar uns livros que tenho que devolver.

Peguei os livros, eram três no total, uma enciclopédia médica, um romance e por último um de ficção científica. Quando voltei o chá já estava servido nas xícaras, e o bule estava sobre a mesinha de centro da sala. Fui até o armário na cozinha, peguei um pacote de torrada integral, abri e pus algumas em um prato; voltei para a sala, entreguei o prato à Ino que estava sentada na almofada que colocara no chão, fiz o mesmo e começamos a comer.

— Sakura, como está indo o seu trabalho com as crianças?

— Bem, elas são uns amores. Tem um menininho, o Koji, uma graça de criança, quietinho e bastante esperto; chegou faz poucos dias, os pais o levaram por estar tendo pesadelos frequentes. Um dia ele e o amigo, Seito, estavam brincando perto de um rio, mas de repente o Koji tropeçou em uma pedra enquanto corria e caiu na água, como não sabia nadar ele ficou se debatendo e o Seito pulou para salvar ele, só que depois de uns dias eles não se encontraram mais e a família do menino contou que ele havia morrido por ter pegado pneumonia. No sonho ele volta e tenta matar o Koji como forma de se vingar; desde a descoberta da morte o Koji se sente culpado.

— Nossa! Deve ser horrível... Como ele está agora?

— Com o tratamento está melhorando, parou de se culpar, mas desenvolveu um instinto protetor com quem gosta, por um lado é bom, só não pode virar possessão.

— Ele tem algum amigo? E por que não trouxeram o menino para o hospital?

— Eles moravam em uma aldeia perto daqui, cuidaram do garoto em casa mesmo, só quando começou a piorar é que trouxeram para Konoha — comi a última torrada, já havia bebido todo o meu chá. — ele ficou internado por uns dias, melhorou e recebeu alta, uma tia ia viajar para Yugakure e levou o Seito junto; lá ele piorou novamente, os médicos passaram vários remédios e nada adiantou, tentaram até ervas medicinais, mas a saúde de Seito estava bastante debilitada, por isso não resistiu.

— Entendo, a família deve ter ficado desolada com a notícia. O garoto tinha quantos anos?

— Ia fazer sete esse ano. Quanto ao Koji, ele tem amigos sim, o grupinho é formado pelo Nikko, o Rai e a Natsuki, três lindos anjinhos, não dão trabalho algum para mim ou as enfermeiras. Ino tenho que entregar os livros ainda hoje ou Reiko-san vai me matar e eu vou pagar multa, desculpe ter que te pedir para ir embora, mas já são cinco horas.

— Tudo bem, vou passar na floricultura e ver se minha mãe precisa de ajuda. Se for à casa dos seus pais hoje, fale que mandei um abraço.

— Vou amanhã, mas dou o recado.

Levantamos, a Porquinha limpou a mesa e deixou a louça suja dentro da pia, peguei os livros, coloquei um casaco e acendi a luz porque logo ficaria escuro. Tranquei a porta assim que saí e guardei a chave novamente no bolso da calça.

— Até amanhã Testuda.

Acenei e fui caminhando para a Biblioteca Pública, era um pouco longe, mas eu gostava de ir a pé, o fluxo de carros é bem grande depois das cinco e meia, pelas pessoas estarem saindo dos seus trabalhos. Andar além de ser um bom exercício me ajuda a desestressar. Assim que cheguei, fui direto ao balcão entregar os livros.

— Konnichiwa Reiko-san, aqui estão os livros que peguei semana passada.

— Arigatou menina Sakura, já vou dar baixa no seu registro.

— Está bem, vou estudar um pouco. Mata ne (até logo)!

Fui até a seção de medicina e peguei um livro sobre psiquiatria, ao me sentar notei Sai ao longe, sentado no fundo da biblioteca. Movida pela curiosidade e também por ter prometido a Ino que falaria com ele, me levantei e sentei ao seu lado.

— Sai o que está lendo?

— Sakura, Konnichiwa! É um livro famoso de uma psicóloga americana.

— “Como conquistar uma mulher”, autora: Marie Forleo — li quando ele me mostrou a capa.

— Que mulher você está tentando conquistar? — sorri maliciosa.

— I-Ino — falou envergonhado. — Não consigo conversar com ela, não sei que tipo de assunto eu poderia falar, não quero parecer chato, nas poucas vezes que conversamos eu falei sobre missão ou sobre a vila.

— Isso não te torna chato, além de que é um assunto normal. Não sei o que você está querendo aprender...

— Técnicas de como conquistar, aqui fala que deve sempre elogiar, pagar a conta no encontro, ser sincero, cuidar da aparência para atrair uma mulher, dar presentes, ser carinhoso, demonstrar o que sente e outras coisas. Até agora não me encaixei em muitos desses requisitos, mas vou mudar.

— Sai as coisas mais importantes não estão escritas num livro, é preciso aprendê-las vivenciando-as sozinho. Lendo isso, você não vai conquistar a Ino, você está agindo de acordo com o livro, então quem conquistará ou não ela, será o livro, não você.

— Eu não sou muito bom em lidar e demonstrar sentimentos, quero fazer tudo certo.

— Mas errar faz parte da vida, é errando que se aprende, que se ganha experiência.

— O erro não seria um defeito? As pessoas não gostam disso.

— De onde você tirou essa ideia?

— Eu supus...

— Então supôs errado! Sai primeiro de tudo, errar é normal, ninguém é perfeito ou sabe de tudo. Temos algo que aprender todos os dias, enquanto vivermos. Defeito, não há nada que não o tenha. Quando gostamos de uma pessoa, aceitamos tanto os defeitos, quanto as qualidades. Por exemplo, o Sasuke-kun, apesar de todos os erros e defeitos dele, eu o amo e o perdoo. Ele está arrependido e está mudando aos poucos, está tentando conquistar a confiança das pessoas...

— Então isso é gostar de alguém... Aceitar seus defeitos e perdoar seus erros, mas só se a pessoa estiver disposta a mudar, a fazer tudo corretamente... — disse Sai pensativo.

— Quase isso, não é questão de fazer tudo certo, é mudar para melhor e consertar seus erros agindo certo, de acordo com o que aprendeu com esse erro. Por exemplo, mesmo que eu e o Naruto tivéssemos conseguido salvar o Sasuke-kun, não iria mudar nada nele. Seus erros foram os responsáveis pela sua mudança, ele aprendeu com eles, sua vingança foi um mal necessário, ele talvez não tivesse ajudado na guerra e pedido perdão por tudo o que tinha feito se não fosse por isso. Ele usou o que aprendeu durante aquele tempo para se melhorar. Erros podem ser evitados, contudo, você depende deles para fazer com que seu futuro seja diferente ou igual à antes.

— Eu posso me beneficiar dos erros cometidos...

— Exatamente! Entendo que você lê esses livros para se relacionar melhor com as pessoas, mas isso acontece naturalmente, você tem que olhar para o mundo com seus olhos. O saber a gente aprende com os mestres e os livros, já a sabedoria se aprende com a vida.

— Eu acho que entendo o que você está falando. Mas é difícil, o livro é o caminho mais fácil para se aprender.

— Você precisa crescer e o céu é o limite. Os livros são importantes, mas só vivendo a vida real que irá subir a escada que leva ao céu, cada degrau é um conhecimento adquirido, mas mesmo quando chegar ao topo você irá ter mais coisas para aprender, sempre será assim porque isso é um ciclo, que só acaba quando morremos.

—Compreendo. Então eu devo parar de ler livros de autoajuda?

— Não. Você tem apenas que seguir seus instintos, pode se basear em algo que leu para facilitar, mas em geral, deve fazer suas próprias escolhas. À medida que for se acostumando você dependerá menos desses livros. Aos poucos você vai alcançar o topo da escada do crescimento pessoal. É difícil explicar, você tem que vivenciar para entender completamente, no livro você aprende o superficial, o técnico. O saber é individual, pode ser compartilhado, mas cada um tem sua própria impressão.

— Até que essa metáfora da escada ajuda. Vou ler menos livros e agir mais por eu mesmo.

— É assim que se fala. Por que não convida a Ino para um encontro? Seria um ótimo primeiro passo. Vocês vão se conhecer mais e isso torna tudo mais fácil para você se declarar.

— Vou fazer isso, sem medo de errar não é mesmo?

— Sim — eu lhe mostrei meu melhor sorriso.

— Obrigado pela ajuda feiosa.

— Nani (o que)? Ah... Esquece. Foi um prazer poder te ajudar. Quando quiser conversar podemos marcar um piquenique, assim unimos o útil ao agradável. Tenho que ir embora, já está quase na hora da biblioteca fechar... Ja ne, Sai-kun!

— Espere — disse quando me virei para sair. — Eu te acompanho até em casa.

Concordei dando um sorriso, ele então se levantou e seguiu até a saída, parando apenas para, assim como eu, despedir-se da bibliotecária.

— Vou convidar a Ino-san para um almoço. Quero deixar claro meu sentimento por ela.

— Vai com calma...

— Mas eu li...

— Nem termine a frase — interrompi.

— Gomenasai.

— Lembre-se do que eu te disse sobre os livros. Quanto a Ino, eu disse para não se precipitar, porque você precisa conhecer ela melhor, demonstre o que sente aos poucos, para ver se ela corresponde. Então, quando tiver certeza dos sentimentos dela, você avança mais.

Uma semana depois...

Eu estava saindo da lanchonete do hospital com Ino, quando vi o Sai esperando do lado de fora.

— Por que será que o Sai está parado de fora?

— Uhm? Vamos descobrir... — ela disse saindo.

— Sakura, Ino-san...

— Sai o que faz por aqui? —a porquinha perguntou.

— Etto (bem)... Vim te convidar para almoçarmos juntos, mas provavelmente já deve ter companhia — olhou para mim sorrindo constrangido.

— Não! Quer dizer... Não tenho companhia, iria almoçar sozinha se não me chamasse.

— Mas e a Sakura?

— Acabei de comer, vou ficar no hospital. Apenas vim te cumprimentar. Vocês dois podem ir, estou bem.

— Então vamos Sai-kun — a Porca disse se agarrando no braço dele e piscando o olho para mim.

Fiquei mais alguns minutos observando eles, eu estava chocada, não imaginava que ele seguiria meu conselho tão rápido, afinal apenas se passaram alguns dias desde aquela nossa conversa. Dei meia volta e entrei novamente, só que dessa vez um sorriso bobo se encontrava em meu rosto. Quem diria que logo eu serviria de cupido, acho que está na hora de fazer psicologia — pensei rindo.

Depois do almoço encontrei Ino toda alegre brincando com as crianças. A chamei para irmos a minha sala.

— Qual o motivo dessa felicidade toda? O almoço foi tão bom assim?

— Testuda você é perfeita — me abraçou. — O Sai-kun me contou da conversa de vocês na biblioteca, conversamos mais sobre isso e outras coisas sobre a vida. Marcamos outro encontro para esse fim de semana e ele perguntou se poderia me acompanhar no Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas) e claro que eu respondi que podia.

— Que legal, fico muito feliz por você Porquinha. Estou ansiosa para o festival, apesar de ser no mês que vem.

— Mas é no começo de julho, estamos quase no fim de junho, não vai demorar muito.

— Ainda bem. Agora vamos trabalhar antes que a Tsunade-sama ou a Shizune nos vejam conversando e briguem.

***

Os dias foram passando e cada vez mais a Ino e o Sai se conheciam melhor, quando estava de folga ele sempre ia buscar ela no hospital para saírem. Logo o dia do festival Tanabata havia chegado e todos os cidadãos estavam vestidos com seus melhores trajes tradicionais, as mulheres usavam lindos yukatas coloridos enquanto os homens usavam cores mais escuras e sérias.

Eu havia passado o dia na casa da Ino para nos arrumarmos, ela fazia as coisas cantarolando a canção do festival, mesmo sem perguntar eu sabia que essa alegria se devia ao futuro encontro dela com o Sai. A noite chegou e logo a senhora Yamanaka nos chamou, segundo ela o Sai havia chegado e estava nos esperando na sala. Assim que chegamos capturei o olhar dele sobre a Porquinha, um olhar sincero de admiração e carinho. Despedimo-nos dos pais da Ino e saímos. Durante o caminho resolvi deixar os dois sozinhos, assim que vi a primeira barraca, falei que iria dar uma volta por lá.

Ino Pov.

Estávamos conversando sobre nosso dia e algumas coisas sobre nós, o que gostávamos e por que, quando Sai falou sobre como o céu era mais interessante durante a noite, eu que nunca tinha reparado muito nessas coisas, tive que concordar.

— Realmente, a lua e as estrelas se destacam no escuro do céu, de dia também é bonito, mas é tudo muito simples. O pôr e o nascer do sol para mim são os mais bonitos, pois ambos são o começo.

— A noite é interessante por ser um enigma. Ela nos remete ao universo e isso nos faz pensar em milhares de coisas.

— Sim... Olha — apontei na direção das pessoas que estavam perto dos ramos de bambus — Vamos escrever também.

Pegamos o papel de cor rosa que significa amor, fiquei imaginando o porquê do Sai-kun ter pegado aquele papel... Balancei de leve a cabeça afastando os pensamentos e escrevi meu desejo.

“Um amor que me preencha pela eternidade.” — amarrei-o ao ramo de bambu e esperei por Sai.

Sai Pov.

Não sabia ao certo o que escrever, então fechei os olhos e respirei fundo, meditando a cerca disso, procurei pela resposta dentro do meu coração, subitamente um pensamento me veio.

“Laços eternos”— escrevi e depois de amarrar o Tanzaku (pequeno pedaço de papel colorido), peguei nas mãos de Ino, trazendo-a para embaixo de uma árvore de cerejeira.

— O que foi? Ela me perguntou, parecia preocupada.

— Está tudo bem, apenas quero lhe perguntar algo que tenho pensado com frequência, mas ainda não consigo entender completamente — ela me olhou e então falei — O que são laços?

— Laços são sentimentos que ligam as pessoas entre si, podendo ter vários motivos. Quando o Sasuke estava trilhando o caminho, de vingança, que ele havia escolhido, ninguém desistiu de tentar salvá-lo, pois mesmo ele tendo cortado o laço que o unia a vila e a nós, ainda mantínhamos a esperança de que um dia conseguiríamos tirar ele desse caminho escuro. A Sakura o fez por amor, o Naruto por amizade, já as outras pessoas apenas apoiaram e ajudaram eles, assim como você fez.

— Entendo. Ainda não sou bom em lidar com sentimentos, mas quero descobrir mais sobre esses laços, não por livros, e sim vivendo. Portanto... Yamanaka Ino, aceita me ajudar nessa tarefa? Aceita ser minha namorada?

— Aceito! —disse me abraçando, me afastei e limpei as lágrimas que caíam de seus belos olhos azuis. Mesmo envergonhado, tomei coragem e a beijei, tentando demonstrar tudo o que eu sentia.

Sakura Pov.

A festa estava linda, fui até uma barraca e comprei um amuleto, que segundo a vendedora trazia proteção. Fui até perto do templo onde também estavam várias pessoas pendurando os papéis com um desejo, o que faz parte da tradição do festival.

“Que o Sasuke volte e aceite meu amor.” — escrevi no papel cor de rosa.

Sasuke Pov.

Estava andando e vendo o céu quando me lembrei do festival que estava acontecendo no Japão, mas meus pensamentos estavam focados em Konoha, numa certa flor de cerejeira.

“Sakura ainda não posso estar ao seu lado, mas espere só mais um pouco e logo me terá. Espero que esteja bem, poderia escrever uma carta, mas prefiro apenas desejar com fervor. Descobri que gosto de você e o que mais anseio é ter seu coração completando o meu.”

“Não desista de mim. Descobri que te amo e quero ter uma vida ao seu lado, portanto não desista de mim” — escrevi no papel vermelho (paixão) e o amarrei no bambu, como consta a tradição.

***

Ino Pov.

O tempo passou, o meu amor pelo Sai, que já era grande, cresceu cada vez mais. Ensinei a ele que o amor não está somente nas páginas dos livros e que ele não deveria ter medo de se entregar por inteiro em uma relação. Assim nos casamos e logo depois de alguns meses tivemos uma grande surpresa, seríamos pais. Quando contei ao Sai, ele não parou de sorrir, confesso que nunca havia visto um sorriso tão sincero vindo dele, afinal ele era o garoto sem sentimentos, que daqui em diante será o melhor pai para nosso tão esperado bebê.

Após nove meses...

Eu estava sentada na cama do hospital de Konoha, Sai estava ao meu lado e segurava minha mão. Nosso bebê era um belo menininho, uma mistura de nós dois; cabelos loiros, pele alva e os olhos azuis iguais aos meus.

— Enfim seu... — Sakura disse quando me entregou meu filho, agradeci e comecei a amamentá-lo.

—Testuda, nós gostaríamos muito que fosse a madrinha do Inojin, você aceita?

— Ora que pergunta... Será um prazer ser madrinha desse lindinho. E logo, logo ele terá com quem brincar — acariciou a barriga lisa.

— Sakura! Vo-você...

— Quase dois meses... O Sasuke ficou muito feliz, mas teve que viajar de novo.

— Os filhos são nossos tesouros... — disse Sai sorridente olhando o filho.

Fim.


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Notas finais do capítulo

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