Como recuperar o tempo perdido? escrita por bells


Capítulo 22
CAPÍTULO 21


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora! Estive ocupada com a universidade, espero que não me odeiem! Tenho uma boa noticia, falta pouco para o momento que todas estavam esperando, só peço paciência, vou postar assim que for possivel! Beijo!



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Me sentia flutuando em um imenso mar, sem conseguir me mexer ou falar, sozinha no escuro. A última coisa que eu lembro, é ter empurrado as crianças em direção do meio feio. Meu coração parece parar por um segundo. Será que elas estão bem? O que teria acontecido? Depois de ter empurrado meus filhos escutei um forte barulho, seguido de escuridão. Desde então estou presa neste mar sem fim. Eu tentava me mexer, nadar, ou, pelo menos, abrir os olhos, mas isso parecia impossível.

Não sei quanto tempo se passou, nem onde eu estava. Mas em algum momento comecei a escutar vozes. Primero era umas três pessoas, eles conversavam sobre uma cirurgia. Um dele disse que eu ficaria bem, foi aí que eu entendi o que estava acontecendo. Eu estava em um hospital e tinha passado por uma cirurgia. Me perguntava se meus filhos estavam lá também. As vozes continuaram por mais algum tem, até tudo ficar em silencio de novo. Tentei ouvir mais alguma coisa, mas nada, as pessoas tinham deixado meu quarto. Estava começando a ficar nervosa, queria saber o que estava acontecendo, onde estavam meus filhos.

Quando meu nervosismo estava chegando no seu limite ouvi outra voz, uma voz conhecida, era o Leo. Meu coração bateu mais forte de pura felicidade, ele estava aqui.

_Oi amor. – Disse parecendo aflito, podia perceber em sua voz, que estava preocupado. _Você não faz ideia de como eu estou preocupado, quase morri quando me ligaram. Achei que fosse morrer. – Continuou e senti sua mão segurando a minha. Eu podia sentir! Essa novidade me deixou muito feliz, talvez estivesse perto de poder acordar. _Você precisa acordar, amor. Tenho novidades pra você. Logo, logo, vamos estar longe de toda esta loucura e vamos poder ser felizes juntos. Mas pra isso eu preciso que você acorde e volte pra mim. – Disse beijando mais minha mão.

Leo não disse mais nada, mas ficou segurando minha mão por mais alguns minutos. Eu estava feliz por tê-lo ao meu lado, mas no fundo eu esperava ouvir e sentir outra pessoa. Desde aquele dia na casa dele eu não consigo parar de pensar no Christian. Em como ele parece ter mudado e amadurecido. Ele foi incrível com as crianças e comigo que, até, podia pensar que este Christina não era o mesmo que tinha me abandonado. Tentei tirar esse pensamento de minha cabeça e me concentrar em Leo, é ele quem merece minha atenção, foi ele quem esteve do meu lado esse tempo todo. Pelo menos era isso o que eu queria acreditar. Em algum momento não senti mais a mão de Leo na minha, nem conseguia ouvir nada, então assumi que ele tinha saído. Mas minha solidão não durou muito tempo, logo em seguida ouvi alguém entrando pela porta.

_Meu Deus Ana! Quase morri de preocupação! – Era Kate falando. _Espero que você acorde logo, amiga. Aqui fora está tudo uma loucura. Não acredito que alguém tentou matar você e as crianças...– O quê? Do que ela estava falando? Alguém tentou nos matar? _Mas não se preocupe, o senhor perfeição Grey já está tomando conta de tudo. – Eu precisava acordar e saber o que estava acontecendo. _Ele está lá fora e está feito um louco, quase bateu no Leo quando ele entrou primeiro, não disse nada quando eu vim pra cá, mas tenho certeza que estava morrendo por dentro. Os meninos estão na casa dele, ele foi muito fofo com as crianças, só voltou pra cá quando as crianças dormiram. Ele está preocupado, Ana. – Meu coração quase parou com essa revelação. Ele estava aqui, eu não deveria estar me sentindo tão feliz com isso. Deveria? Droga até desacordada, minha cabeça é confusa. Cadê meu momento de claridade e lucidez?

Bom pelo menos sabia que as crianças estavam bem, se elas tinham ido pra casa é por que nada de ruim aconteceu com eles. Eu sabia que Christian iria cuidar bem deles até eu acordar. Kate falou mais algumas coisas, mas eu não conseguia prestar mais atenção. Minha cabeça girava em torno aos meus filhos e o pai deles. Não sei quando Kate saiu da sala, só voltei quando ouvi sua voz.

_Eu estava tão assustado. – Podia sentir que ele não estava bem apenas com ouvir sua voz... _Não lembro de ter estado tão assustado na minha vida, por um segundo pensei que tivesse perdido as pessoas mais importantes da minha vida. – Disse acariciando minha mão, seu toque foi diferente ao do Leo, pelo menos eu senti assim, era mais quente e delicado. _Os meninos estão bem, estão em casa com a Gail. Estão muito preocupados com você, mas eu disse que você e forte e que vai ficar bem, por que você vai ficar bem. Preciso que você acorde. Preciso escutar seus insultos e sentir sua indiferença, por que só assim eu vou saber que você está bem e vou poder ficar tranquilo. – Meu coração quase se quebrou nesse momento, ele parecia desesperado e também pude perceber o quão mal eu o vinha tratando.

_Eu sei que eu já te fiz sofrer muito, meu amor. Mas tudo o que eu fiz foi pro seu bem, pelo menos eu pensava que era. – Ele voltou a falar, mas desta vez sua voz parecia entrecortada. Do que ele estava falando? _Preciso que você saiba de uma coisa. Venho tentando te contar isso desde que nos encontramos, mas você nunca me deu uma chance. – Não estou entendendo nada. _Eu sei que você pensa que eu te larguei porque sou um completo babaca e que apenas estive brincando com você. Mas não foi bem assim. Na época eu só conseguia pensar em uma coisa: ficar com você pro resto da minha vida, casar e ter uma família. Mas meu pai pensava diferente. Quando eu contei meus planos ele ficou irado, disso que não aceitava nosso relacionamento e que jamais aceitaria ver seu filho casado com uma mulher como você. Eu tentei convence-lo e quando vi que ele não mudaria de ideia, disse que não me importava o que ele pensava e que ficaria com você, mas isso não foi o bastante. Ele me ameaçou, isso não me importava, ele podia tirar tudo de mim, mas logo em seguida ele ameaçou você, disse que faria da sua vida um inferno e eu sabia que era capaz disso. Eu me senti uma merda, não queria ser o responsável pela dor da pessoa que mais amava, não queria que sua vida fosse afetada por minha culpa. Por isso tomei uma decisão, aceitei o casamento que meu pai tinha arrumado e me mudei para Londres como ele tinha pedido, com a condição de que deixasse você e paz. – Espera, o quê? Eu não conseguia pensar em nada, ainda estava tentando digerir as palavras que acabava de ouvir. Christian estava me contando a verdade? A verdade do que tinha acontecido? Não podia ser verdade. Se era assim porque ele não me contou a verdade? Porque me fez acreditar que era um canalha?

_Eu precisava que você me odiasse. Eu sabia que se você soubesse a verdade, você não desistiria, me forçaria a lutar sem se importar com o que pudesse acontecer com você. Eu não podia permitir isso, não podia deixar que você se sacrificasse por minha causa. Foi por isso que disse aquelas coisas e acredite, foi a coisa mais dolorosa que tive que fazer. Ana, se eu soubesse que você estava gravida, tudo teria sido diferente, eu jamais teria te deixado sozinha, eu teria arranjado um jeito. – Ele fez tudo por mim, para me proteger? Isso não fazia sentido. Maldito imbecil, egoísta! – Gritou meu subconsciente. Porque ele não falou comigo? Eu não teria me importado com nada disso, poderíamos ter achado uma solução juntos? Porque ele sempre tinha que fazer tudo sozinho? Porque sempre era ele a me defender? Eu não sei se podia chorar, mas por dentro estava me sentindo destruída.

_Me perdoa Ana. Eu preciso que você me perdoe. Eu prometo que vou contar tudo quando você acordar, não me importo se você não quiser ouvir, mas eu vou falar e você não vai poder me deter. Eu deveria ter feito isso antes. Mas o medo de te perder, hoje, me fez perceber que não posso mais perder tempo. As coisas vão mudar quando você acordar, meu amor. – Meu amor... Essas palavras ressonavam em minha cabeça. Ele estava realmente falando a verdade? Quando foi que minha vida virou uma novela? Ele não queria me deixar, ele me amava. Correção, ele me ama. Mas já é tarde, ou não? Eu não sabia o que fazer. Estava mais confusa do que antes. Mas eu sabia de uma coisa, assim que eu acordasse teria uma conversa com o Christian, uma conversa definitiva para tomar uma decisão. Ele me deu um beijo na testa e saiu da sala.

[...]

Não sei quanto tem se passou, mas estava começando a me sentir diferente. Uma luz começava a aparecer na escuridão onde me encontrava e sentia como se estivesse sendo levantada até ela. Agora podia sentir minhas pernas e braços, tentei mexer a mão e pude ver que era capaz de me mexer. Eu estava acordando. Me forcei a abrir os olhos, mas a luz me incomodou e voltei a fecha-los, tentei mais uma vez, só que mais devagar. Assim que abri os olhos me encontrei em um quarto todo branco, eu estava em um hospital. Minhas lembranças eram confusas, lembro do carro furando o sinal e eu empurrando as crianças, mas só. Tentei forçar minha mente um pouco mais e tudo veio de uma vez só. Senti como se uma onda de informações tivesse batido diretamente em mim. Lembro do acidente e do que tinha acontecido enquanto estava desacordada. Lembro do Leo, Kate falando sobre o acidente e de que achavam que tinha sido planejado e lembro do Christian... lembro do que ele me contou, cada palavra. Tentei me mexer, queria sentar, mas uma mão em deteve.

_Senhorita Steele, é melhor permanecer deitada. – Disse uma enfermeira me segurando pelos ombros. _Teve lesões muito graves, fora que este em coma por algumas horas. – Meu Deus! Realmente estive em coma.

_Preciso de agua. – Disse com dificuldade.

_Só um minuto. – Disse a enfermeira se afastando e voltando logo em seguida com um copo com agua e um canudinho. _ Beba de vagar, é normal sentir a boca seca, daqui a pouco vai passar. Já avisei ao médico que a senhorita acordou, daqui a pouco ele vem aqui. – A enfermeira deixou o como em cima de uma mesa e saiu do quarto. Fiquei deitada na cama olhado para o teto, pensando nos recentes acontecimentos, tinha muitas coisas para pensar e decidir. Não demorou muito para o médico aparecer.

_Bom dia, senhorita Steele. Como está se sentindo? – Perguntou o médico simpático. Já que não tinha mais ninguém, decidi ser sincera.

_Está doendo tudo.

_É normal, considerando que a senhorita foi atropelada.

_Me chame de Ana, por favor. – Pedi, detestava ser chamada de senhorita Steele.

_Muito bem Ana. Vou mandar aumentarem os analgésicos. Você se lembra do aconteceu? – Perguntou sério. Eu apenas balancei a cabeça afirmando.

_Como estão meus filhos? – Perguntei, mesmo sabendo que eles estavam com o Christian.

_Eles estão bem, não atendi o caso deles diretamente, mas sofreram apenas alguns arranhões, eles foram pra casa com o pai ontem. - Concluiu me deixando mais aliviada. A pesar de saber que estavam bem, precisava da opinião de médico, principalmente considerando a situação da Emma. _Bom, mas voltando pro seu caso. Chegou com uma hemorragia interna, foi difícil encontrar a fonte e perdeu muito sangue, por isso achamos melhor coloca-la em estado de coma. Felizmente tudo sai bem. Fora isso tem uma perna quebrada, assim como algumas costelas. Precisamos tomar cuidado com essa, não vai poder se mexer muito por um mês e depois disso ainda terá que ficar de repouso, para não correr o risco de que algum fragmento de osso se solte e entre nos pulmões. Entendido?

_Sim, basicamente estou presa nesta cama. – Disse de forma triste. Detestava hospitais e ficar presa em uma cama. O médico soltou uma pequena risada.

_Não vai precisar ficar o mês inteiro aqui, apenas uma semana para ter certeza de que está tudo bem, depois poderá voltar pra casa, mas terá que seguir todas as indicação, como repouso absoluto.

_Obrigada, doutor.

_De nada, daqui a pouco vem uma enfermeira aplicar os analgésicos. Qualquer coisa é só me chamar, se estiver sentindo dor, avise. Não é bom ficar sentindo dor, isso aumenta o tempo de recuperação.

_Tudo bem, eu vou avisar. – O médico acenou com a cabeça e saiu da sala.

Poucos minutos depois uma enfermeira apareceu e injetou alguma coisa no soro. Ela disse que provavelmente ficaria sonolenta. E foi exatamente isso que aconteceu. Não sei quanto tempo dormi, mas quando acordei o sol já estava batendo na minha janela, devo ter acordado muito cedo antes, já que só agora estava amanhecendo. Me remexi um pouco na cama, estava desconfortável, mas assim que fiz um movimento mais rápido, senti um dor terrível nas costelas, soltei um pequeno grito. Assim que botei minha mão nas costelas Leo entro correndo pela porta.

_O que aconteceu? Você está bem? – Disse desesperado, me olhando como se estivesse procurando algum machucado.

_Estou bem, só me mexi rápido demais.

_Tem certeza? Acho melhor chamar o médico. – Disse se dirigindo a porta.

_Leo, eu estou bem, de verdade. Vem aqui. – O chamei esticando a mão.

_Meu Deus, você acordou, estava tão preocupado. – Disse sentando ao meu lado, mais calmo.

_Eu estou bem, o pior já passou. – Disse tentando acalma-lo. _Você não deveria estar trabalhando? – Perguntei, querendo mudar de assunto. Queria me distrair.

_Queria passar para te ver antes. Passei no seu apartamento e trousse algumas coisas pra você. – Disse pegando um bolso do chão. _Algumas roupas, escova de dentes, computador... – Leo começou a enumerar as coisas dentro do bolso e eu fiquei olhando pra ele. Leo era incrível, sempre preocupado comigo, pensando em tudo, as vezes podia ser um pouco exagerado, mas era jeito dele. Não havia dúvidas, eu o amava, mas será que era o bastante... _E peguei seu celular na recepção, ele está arranhado, mas acho que dá pra usar, se precisar a gente compra outro quando você sair.

_Obrigada, não precisava.

_Precisava sim. Falei com o médico e você vai ficar aqui algum tempo, quero que fique confortável. Trousse alguns livros também. – Eu sorri pra ele e ele me beijo de leve nos lábios. _Te amo.

_Também te amo. Você tem que ir trabalhar.

_Eu sei, mas não quero. Quero ficar aqui com você. Não suporto a ideia de te deixar aqui sozinha.

_Não vou ficar sozinha, tem enfermeiras entrando e saindo o tempo todo. Além do mais, você trousse um monte de coisas para me distrair, incluindo meu celular, você pode me ligar quando quiser. – Leo deu um suspiro profundo.

_Tudo bem, prometo passar aqui assim que sair do trabalho e Kate disse que vem te visitar assim que o turno dela terminar.

_Vou ficar bem. – Disse notando que ele não queira sair da sala.

_Qualquer coisa pode me ligar, eu saio correndo. – Leo se aproximou e me deu outro beijo. _Me promete? – Pediu ainda perto do meu rosto.

_Prometo. – Respondi.

_Droga! Realmente tenho que ir trabalhar. Te amo, a gente se vê mais tarde. – Disse saindo pela porta.

Eu fiquei sorrindo que nem uma boba, pensando na sorte que eu tenho. Meu namorado é um amor de pessoa e me ama mais do que nada. O que mais eu posso pedir? Que você sinta o mesmo que ele? –Disse meu subconsciente.

Peguei um dos livros que Lei deixou comigo, fiquei lendo por um tempo, até que uma enfermeira apareceu com meu café da manhã. Não estava com fome, mas a enfermeira me obrigou, afirmando que se eu queria me recuperar, precisava comer. Já tinha terminado de comer, deixei a bandeja na mesa do lado, tentando não fazer nenhum movimento rápido. Assim que deixei a bandeja, Christian entrou pela porta. Ele estava lindo como sempre, mas pude notar umas olheiras embaixo de seus olhos, ele parecia cansado.

_Uma enfermeira me disse que você tinha acordado. Como está se sentindo? – Perguntou se aproximando.

Eu queria gritar com ele, contar que lembrava de tudo e perguntar por que ele tinha feito isso. Queria respostas, queria saber porque ele tinha sido tão egoísta ao ter tomado essa decisão, sem sequer falar comigo. Mas me segurei.

_Estou bem, um pouco de dor, mas nada que eu não consiga suporta. Já tive dores piores. - Percebi que minhas palavras tiveram o efeito que eu queria. Christian abaixou sua e sentou do meu lado.

_As crianças estão comigo, espero que não se importe. – Disse parecendo inseguro.

_Porque ficaria incomodada, você é o pai dele, era o mais logico. Como eles estão? – Perguntei.

_Bem, na medida do possível. Tiveram alguns arranhões, mas nada muito grave. Estavam nervosos ontem, mas consegui acalma-los. Hoje deram briga para ir ao colégio, mas eu disse que você ficaria chateada se eles não fossem. Deu certo. – Disse sorrindo.

_Que bom, não quero que a vida deles fique conturbada por causa do acidente.

_Ana, sobre o acidente... – Christian começou a falar e eu entendi o que ele queria dizer.

_Eu sei. – Ele não parece entender. _Eu sei que não foi um acidente, alguém tentou nos matar. – Disse percebendo, só agora, a gravidade da situação.

_Eu juro que vou encontrar a pessoa que fez isso. Já tomei todas as precauções para manter você e as crianças a salvo. Já tinha considerado contratar um segurança para os meninos e agora, mais do que nunca, acho que é necessário. – A ideia de ter alguém seguindo meus filhos o tempo todo me incomodava um pouco, mas acho que é necessário.

_Tudo bem, obrigada por se preocupar com isso.

_Você não vai reclamar, nem dizer que não é necessário? – Perguntou não acreditando na minha resposta.

_Não, eu não vou. Só me importo com a segurança de meus filhos. Se ter alguém andando atrás deles vai mantê-los seguros, então eu não tenho o que reclamar.

_Acredite em mim, eles estão seguros. – Eu sorri assentindo e ele parou por um segundo, como se estivesse pensando em alguma coisa. _Como você sabia sobre o atentado? – Perguntou confuso.

_Kate me contou. – Respondi calmamente.

_Ela esteve aqui hoje?

_Não, ela me contou ontem. – Disse olhando diretamente pra ele. Eu podia ver a cabeça dele trabalhando em uma explicação, mas parecia estar sendo difícil. _Eu lembro de tudo, Christian.

_Sobre o acidente? Você lembra o que aconteceu? – Perguntou ainda mais confuso.

_Também, mas eu quis dizer que lembro de tudo. Tudo o que aconteceu até depois do acidente, aqui neste quarto. – Disse finalmente esperando que ele entendesse.

_Você me ouviu. – Afirmou em choque.

_Sim Christian, eu ouvi e lembro tudo que você disse. – Christian ficou em silencio olhando pra mim. Ele parecia estar esperando que eu dissesse que é uma piada.

_Eu sabia que você estava me ouvindo, eu... eu ia contar tudo de novo pra você. Eu queria falar com você, temos tantas coisas para conversar. – Disse nervoso.

_Sim, temos muito para conversar. – Disse seria.

_Então você acredita em mim? Acredita que tudo que eu fiz foi pra te proteger, para te manter longe do maluco do meu pai?

_Acredito.

_Meu Deus! Estou tão feliz! Achei que você não fosse acreditar em mim. Achei que fosse me rejeitar de novo e me expulsar de sua vida definitivamente. Mas você acreditou! – Disse chegando perto e segurando minha mão. _Eu sei que errei muito, se eu soubesse que você estava gravida, eu... – Ele começou a falar, mas eu tive que detê-lo.

_Você teria ficado comigo, mas não ficou. Preferiu mentir pra mim, tomar decisões nas minhas costas e decidir o que seria melhor pra mim!

_Ana, eu não tive outra opção... – Tentou se desculpar, mas agora era eu quem ia falar.

_Tinha! Você poderia ter me falado a verdade. Podia ter me deixado decidir o que EU queria. Podíamos ter resolvido isso juntos! Você faz ideia do quanto eu sofri achando que você só esteve brincando comigo? Como eu me senti idiota e utilizada? – Disse desabafando. _Eu te odeie, Christian, com todas as minhas forças... – Nesse momento minha voz se quebrou e lagrimas começaram a descer pelo meu rosto e Christian estava do mesmo jeito.

_Meu perda, Ana. Eu sei que fiz merda, mas na época foi o único que eu consegui pensar. Eu tinha medo, medo do que meu pai fosse capaz de fazer com você. Eu sabia que se contasse a verdade pra você, você não desistiria, lutaria até final. Tive medo do resultado disso. – Christian parou pra tomar ar e secar as lagrimas. _Eu esperei a que meu pai baixasse a guarda. Assim que eu fiz tudo o que ele mandou, ele deixou de me incomodar. Nesse momento eu tentei procurar você, queria te contar a verdade e pedir para que você esperasse um pouco até eu resolver tudo, mas você tinha sumido. Todos esses anos sem você foram um inferno. Eu pensava em você todos os dias, no que você estaria fazendo, onde e com quem. Me odeie esse tempo todo pelo que fiz com você.

_Tudo teria sido tão diferente se você tivesse contado a verdade. Tudo teria sido diferente... – Disse ainda chorando.

_Eu sei amor, eu sei. Mas agora você sabe a verdade. Podemos começar de novo. Podemos fazer tudo certo desta vez. – Disse segurando meu rosto entre suas mãos.

_Não. – Digo e afastando dele. _Não podemos.

_O que? Porque? Você sabe a verdade. Sabe que eu nunca quis deixar você, que eu te amo!

_As coisas mudaram, Christian. Não somos mais as mesmas pessoas, nos mudamos. Amor não é o bastante, tem outras coisas a serem consideradas, outras pessoas... – Disse firme.

_É por causa do Leo, não é? – Perguntou. Eu balancei a cabeça afirmando. _Você o ama?

_É mais complicado que isso, Christian.

_Você o ama? – perguntou de novo.

_Sim. –Respondi simplesmente. Pude ver como seu rosto se contorceu pela dor, eu não suportava isso, precisava ser sincera com ele e comigo mesma. _Mas também amo você. – Christian parou no lugar e ficou olhando pra mim espantado. _Eu te amo. A pesar de ter passado anos tentando te odiar, tentado esquecer você, eu não consigo. Eu não consigo te odiar, porque o único que eu sinto é amor. – Christian se aproximou de mim novamente, parecendo feliz.

_Ana você me ama e eu te amo. Eu sei que posso te fazer feliz. Podemos, finalmente, ter a família que sempre quisemos. Só preciso de uma chance para te mostrar isso. Uma chance, é só isso que eu estou te pedindo. – Eu queria que as coisas fossem fáceis assim, mas não eram.

_Eu preciso de um tempo Christian. Preciso pensar, foi muita coisa em um curto período de tempo e eu preciso organizar meus pensamentos.

_Tudo bem... me desculpa eu não queria te pressionar. Você acabou de sair de um come, você precisa descansar. – Disse suspirando. _Eu tenho que ir trabalhar, mas eu volto amanhã pra ver como você está. – Beijou minha testa e saiu. Eu não conseguir dizer nada, apenas fiquei olhando ele sair do meu quarto. Eu teria que tomar uma decisão, e ela seria muito difícil. Um antigo amor contra um novo amor.


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Notas finais do capítulo

O quer será que Ana vai fazer agora?