What a Girl Wants escrita por LS Valentini


Capítulo 1
My Father


Notas iniciais do capítulo

Eu gosto bastante de "What a Girl Wants", e resolvi escrever uma fic baseada nesse filme.
Espero que gostem, boa leitura! *---*



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P.O.V EMMA

Meu nome é Emma Swan, e eu nasci na cidade de Nova York. Eu morei a vida toda com a minha mãe num quinto andar sem elevador, em Chinatown. Sempre fomos só nós duas, eu e Mary, mas todo ano no meu aniversário eu fazia um pedido: Que uma outra pessoa também estivesse lá. E todo ano como ele não vinha, eu pedia a minha mãe pra me contar a mesma história.

“- Você nunca se cansa dessa, não é?” - eu me lembro daquela frase como se fosse ontem - “Hum, está bem... Era uma vez uma cantora jovem, muito legal, chamada Mary. Um dia resolveu sair para conhecer o mundo. Mal ela sabia que no deserto do Marrocos o destino a esperava. E o nome dele era David”. - ela fazia uma longa pausa para suspirar - “Eles se apaixonaram louca e desesperadamente, e foram casados por um chefe de uma tribo beduína. David a levou de volta para a Inglaterra pra conhecer a família dele, para que pudessem se casar de verdade, mas o destino não foi tão bom dessa vez. Ela com certeza não era o que eles esperavam”.

Até posso imaginá-la indo se apresentar a uma família tradicional inglesa, com suas horríveis botas compradas no camelô, seus óculos falsificados e a saia curta. Tudo bem, ela era jovem, mas poderia ter usado roupas mais discretas.

“- Mas quando o pai de David morreu subitamente, Mary viu que haveria mais pressão pra que ele levasse certo tipo de vida, porque agora ele era Lorde Nolan”. - contava em terceira pessoa.

Bom, pelo que ela me contara que ele a mandou embora de uma hora pra outra, sem mais explicações.

“- E então mesmo de coração partido, ela sabia que tinha que deixá-lo, mas alguns meses depois o destino deu a ela o maior dos presentes: Uma linda menina chamada Emma”. - eu sorri quando ela pronunciou meu nome - “Bons sonhos, querida. Eu te amo.”

- “Também te amo”. - falei enquanto a observava sair do meu pequeno quarto.

“- Nem acredito que você faz 15 anos!” - ela estava animada, mas eu ignorei e procurei pela imagem do meu pai no álbum de fotografias.

“Tenha bons sonhos, David”. - eu disse antes de beijar aquele pedaço de papel desgastado pelo tempo e ir dormir.

...

No meu aniversário de 19 anos, mamãe e eu tivemos que trabalhar, mas foi aí que a minha história começou realmente.

- Com licença - o segurança perguntou a Mary, que estava no banco do motorista - Está entregando alguma coisa?

Óbvio que sim, estava “na cara” da Kombi - pintada com as cores da bandeira norte-americana -, que os animadores do casamento haviam chegado, mas ignorei esse fato.

- Umas três horas de rock n´roll e uma garçonete atrasada. - ela respondeu apontando pra mim.

Era a minha deixa. O problema era que eu não tinha nem terminado de calçar direito minhas botas. Tentei desviar de alguns membros da banda para sair da Kombi, mas acabei por bater a cabeça no teto antes de sair correndo em direção a festa de casamento na qual eu trabalharia.

- Desculpe. - senti meu cérebro sair do lugar e não dei importância aos risinhos.

Mal tive tempo de fazer uma nota mental para colocar gelo no machucado antes que ficasse pior. É por isso que sempre digo: “A pressa é inimiga da perfeição”, ou melhor, é apenas uma desculpa para dizer que eu estou atrasada.

Bom, a festa era embalada pela “trilha sonora” de minha mãe enquanto eu servia as mesas (Não deixando de rir dos convidados que dançavam horrivelmente), e a pior parte era que a decoração se baseava na cor rosa. Enquanto procurava alguém que não gritasse “Ei, garçonete!”, ouvi os lamentos da noiva:

- Como ele pôde fazer isso comigo? - ela estava a ponto de chorar - É o nosso casamento, cadê ele?

- Como é que eu vou saber? - um cara antipático perguntou - Em vinte minutos e ela já perdeu ele!

Resolvi fingir que nada havia acontecido, ou ia sobrar pra mim, conheço a sorte que tenho. E justamente por isso eu tropecei e fui parar no chão, mas levantei rapidamente de forma desconcertada. Ao olhar pra baixo, para ver o que me derrubara: a perna de alguém - que estava escondida em baixo de uma das mesas. Ajoelhei e ergui a toalha de mesa rosa, me deparando com nada mais, nada menos, do que o noivo.

- Oi, como vai? - ele perguntou bêbado e desmaiou.

Droga! O que eu ia fazer? Se ficasse quieta o casamento seria um verdadeiro fiasco. Ainda bem que eu aprendi que gelo é ótimo para despertar pessoas.

Saí de baixo da mesa e a primeira coisa que vi foi um cisne esculpido no gelo. Deveria servir. “Peguei emprestada” uma faca com um dos convidados e consegui cortar um pedaço aquela obra prima. Apesar de soar idiota, nunca senti um gelo tão gelado.

Assim que voltei para ver a situação do noivo, esperava que ele estivesse com os olhos abertos, mas me decepcionei. O cara continuava lá, caído e cheirando à bebida. Será que se casar era assim tão ruim?

- Desculpa por isso, tá legal? - coloquei a pedra de gelo no pescoço dele - Acorda!

Me assustei quando ele deu um pulo e saiu debaixo da mesa cambaleando, tentando impedir que o bico do cisne de gelo ficasse em contato com sua pele, era como se eu tivesse colocado pó de mico nele. Todos se voltaram para o noivo. E agora? O que eu ia fazer? Na dúvida, improvise, ou melhor, finja que está dançando.

- Isso aí! - gritei animada enquanto fazia movimentos estranhos com os braços e pernas - Canta “Shout!”.

Por um milagre minha mãe havia entendido o recado e pôs-se a cantar a música, ainda com os olhos arregalados. Logo, todos os convidados começaram a nos imitar, confesso que foi constrangedor, mas divertido. Eu era praticamente a “Salvadora”daquele casamento.

Horas depois, quando todos se acalmaram, mas ainda se empanturravam de comida, eu recolhia os pratos numa pilha, e tive a infelicidade de rever a garota mais esnobe de todo o Ensino Médio.

- Emma. - ela sorriu ironicamente.

- Ashley. - eu disse enquanto marchava para esconder minha cara.

- O que você está fazendo aqui? - ela me seguiu.

Era algo óbvio: Uniforme de garçonete, servindo as mesas, recolhendo os pratos. Concluí que ela queria mesmo é jogar na minha cara sua posição social.

- Eu estou retirando os pratos do frango. - tentei agir naturalmente.

- Ah meu Deus, é muito engraçado! - a garota loira disse eufórica - Adivinha só: Eu vou estagiar na Jenkis&Taylor antes de cursar direito em Duke, e você vai fazer o que?

- Servir sobremesa. - respondi tentando me esquivar dela.

Resumindo: Eu e minha mãe estávamos cheias de dívidas, e na correria do dia a dia, contando até as moedas, eu meio que não tive tempo em pensar em que carreira seguir.

- Não, quando é que você vai pra faculdade? - ergueu as sobrancelhas.

- Ah, acho que vai ser a “faculdade dos indecisos” - eu disse.

- É em Ohio?

- É... - tentei não rir da tamanha “inteligência” dela - Bom, eu acho melhor eu ir. Mas dá um “oi” pro Jenkis e pro Taylor.

- Mas... - a deixei falando sozinha.

No final do casamento, a maioria dos convidados queria ir embora, mas tinha que esperar pela “Dança”.

- Agora, por favor, queiram liberar a pista, - minha mãe anunciou - a noiva e o pai vão dançar uma música especial.

Aquele momento era incrível, não é mesmo? Quer dizer, ter um pai deve ser incrível, principalmente quando se pode contar com ele. Me peguei observando todos os pais e filhas se juntarem à pista de dança e aquilo doía. Resolvi guardar tudo pra mim e voltar ao trabalho.

- Eu sei, eu vi o seu olhar - minha mãe veio falar comigo quando quase todo mundo tinha ido embora.

- Não quero falar sobre isso, - a interrompi - sempre que a gente faz esses casamentos mãe, eu fico vendo a “Dança do Pai e da Filha”... É que eu não consigo evitar pensar que eu nunca vou fazer isso. Eu sei que você acha que está fazendo o que é certo me afastando dele, mas...

- Amor, eu estava tentando te proteger de ser magoada do jeito que eu fui. - ela parecia calma.

- Você o largou, lembra disso? - eu pareci rude.

- Mas ele não pegou um avião pra vir atrás de mim, Emma. - Mary tentou se explicar.

- É, mas talvez viesse se soubesse que eu existia. - soltei meu corpo em uma cadeira qualquer.

- Não é tão simples.

- Por que você não me entende, mãe? - perguntei - Eu sinto que falta uma metade minha, e sem a outra metade como é que eu vou saber quem eu sou?

- Emma, conhecer uma pessoa porque ela tem o mesmo DNA que o seu não é a resposta. O lance é conhecer a si mesma. - ela tentou ser legal, mas revirei os olhos - Anda, vamos pegar as sobras, a lasanha parece ótima... Eu te amo um milhão de vezes de peixes defumados.

Se aquilo era ridículo? Sim. Ela sempre usava aquilo quando não conseguia se explicar, era algo como uma “código” pra se desculpar.

- Eu te amo um milhão de confeitos de chocolate. - eu sorri torto, mas recebi um beijo dela no topo da minha cabeça.

...

Naquela mesma noite, contrariando tudo o que minha mãe havia me dito, resolvi procurar por meu pai na internet, digitando: “Lorde David Nolan”. Após ver uma foto recente dele, tive a certeza de onde eu havia herdado a cor loira dos meus cabelos, já que Mary tem os fios cor... Como é que ela dizia mesmo?... Ah é, “cor de ébano”.

Eu precisava do apoio de minha mãe, mas resolvi não tê-lo. Ao invés disso, juntei minhas economias - que eu guardei para um show de rock -, tirei meu passaporte, e dentro de alguns dias comprei uma passagem para Londres, tudo totalmente sigiloso. Eu finalmente iria conhecê-lo!

Gravei uma mensagem pra minha mãe, talvez ela me matasse por ter feito aquilo. Me despedi do meu apartamento, e também da minha coleção de patinhos de borracha. Eu com certeza sentiria falta deles. Corri para pegar um taxi e fui rumo ao aeroporto.

“Eu achei que talvez a melhor resposta fosse tirar um ou dois anos antes da faculdade pra descobrir o que eu devia fazer da minha vida. Mas lá no fundo, eu acho que eu sempre soube. O que eu queria mais do que tudo no mundo era encontrá-lo, encontrar o meu pai. Mãe você sempre disse que cabia a mim escrever o resto da minha história, mas você está escrevendo por mim. Agora tem que ser a minha vez.”


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Notas finais do capítulo

E aí, devo continuar?



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