Soldier escrita por Bloody Rose


Capítulo 1
Soldier


Notas iniciais do capítulo

*Notas do Social Spirit:
"Uma ideia que veio do além, sempre gostei muito da possível amizade de Aiolia e Milo e passar isso para o mundo de LOS me soou uma boa ideia. Aqui, eu fiz o Milo do clássico como mestre da ruiva, então... Eu espero que não tenha ficado confuso e que vocês gostem :3"



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A caminhada até o oitavo templo nunca fora tão cansativa. Partindo do campo de treino de onde ganhara o pingente que agora carregava no pescoço. Não deveria ter esse efeito, mas o metal pesava em seu pescoço. Uma tonelada. Como cada olhar direcionado a si com desprezo. Cada peso a mais pesando em seus ombros, comprimindo seus pulmões e coração. Sua dor não era física, mas seu psicológico refletia em cada parte de seu corpo. Sentia as penas tremer, o suor escorrer frio pela pele naturalmente quente e superaquecida pelo sol escaldante cujos raios batiam diretamente em si. Já estava acostumada com o subir e descer pelos degraus de mármore, conseguia atravessar uma vasta extensão correndo sem se cansar. Não naquele dia. Não com as pernas fracas, não com o ar que mal parecia entrar em seus pulmões, perdendo-se em alguma parte de seu sistema respiratório.

Cessou as passadas cansadas no meio da escadaria. Deveria estar numa altura já lá pra leão e não conseguia dar mais um passo. Enraivecida, arrancou a corrente do pescoço e a lançou longe independente da direção, indiferente se a perderia. Que se dane se Athena não visse aquilo com bons olhos, sequer sabia onde ela se encontrava àquela altura. Fora isso que ele quis dizer então? Você ainda vai se sentir muito sozinha.

Gritou em ódio, sentindo enfim os joelhos vacilarem. As mãos em punhos acertaram um dos degraus acima, socando-os sem dó. A pedra usada em sua construção rachou, haviam farelos grudados em sua pele. Três lágrimas caíram e se infiltraram nas fendas até que uma presença foi reconhecida e logo se levantou, ajeitando a postura e limpando o rosto – ou o máximo que conseguia. Estava um verdadeiro lixo independente de seu estado emocional atual. Lutar naquele monte de pó e pedras não a deixariam capacitada nunca para competir em um concurso de miss.

- O que você quer, Aiolia de Leão? – Questionou ríspida ao reconhecer o loiro a sua frente, a expressão fechada, seu olhar tão afiado quanto o golpe excalibur de um dos vizinhos.

O leonino sequer se moveu, sem chegar nem perto de se intimidar pela postura arisca da mulher que acabara de receber sua armadura que, aliás, agora estava em suas mãos. Mesclou um suspiro a uma risada baixa, aproximando-se da ruiva alterada que em reflexo recuou um passo. Sua língua coçou para debochar, mas os venenosos eram escorpianos e piscianos, não eram? Simplesmente tomou uma das mãos arranhadas entre as suas e depositou o pingente em sua palma.

- Ele não ficaria feliz se soubesse que fez isso. Deu duro para treiná-la.

- Eu não estou desistindo. – Rebateu sem medir grosseria, aparentemente não incomodando o outro que não moveu um músculo em desaprovação ao tom alheio. Apertou a plaqueta fria entre os dedos e a palma com força.

- Aonde quer chegar, garota? Vai deixar que ditem seu caráter? Vai deixar que digam quem você é ou deve ser?

Engoliu em seco, os olhos violeta arregalando de forma sutil pelas palavras do rapaz. Seu mestre sempre lhe contara que Aiolia era, longe dos serviços de cavaleiro, alguém descontraído, brincalhão. Não conseguia imaginar esse tipo de coisa, não daquele que estava bem a sua frente.

- Diz aquele que pintou o cabelo de vermelho porque não queria ser comparado ao irmão.

Foi a vez do leonino vacilar. Perguntou-se por um breve momento como é que ela sabia daquela história se sequer chegava perto durante o ocorrido. Até que um detalhe infeliz se acendeu em sua mente. Maldito fofoqueiro. Pensou, dessa vez divertindo-se com a situação. Deveria ter previsto algo semelhante.

- Aprenda com os erros, não importa de quem. Acerte. – Deu de ombros, tirando a corrente das mãos da mais velha simplesmente para poder colocá-la de volta ao lugar que pertencia – vulgo seu pescoço. Nove anos que separavam suas idades não surtia efeito algum em sua opinião. Ela não parecia ter trinta e dois, tal como ele não parecia estar prestes a fazer vinte e três. Se assemelhavam muito em questão de comportamento, de pensamento. Aiolia sofria também, ser julgado como irmão do traidor não era fácil. Sabia que Aiolos não era, só tinha tentado ajudar, seja lá o que fosse que aconteceu. Mas era sua palavra contra a do Grande Mestre e isso o frustrava. Queria tanto limpar o nome do sagitariano e trazer paz ao seu espírito...

- Falar é fácil, Aiolia.

- Exato. Pra eles, falar é fácil. Chute o balde, mande tudo pelos ares. Faça as suas próprias regras, escorpião.

Ela deixou seus olhos caírem para as mãos pousadas em seus ombros, um dos indicadores do grego enrolando uma mecha rubra de seu cabelo comprido. Não conseguia ainda relaxar sua expressão. Sentia que havia uma guerra prestes a estourar e aqueles idiotas só se importavam em julgá-la. Você nunca será capaz de substituí-lo. Você só conseguiu porque ele não está mais aqui. Queremos o Milo de volta, será que dá pra trocar ela por ele? Um pacto com Hades não parece tão ruim.

- Idiotas. – Murmurou consigo mesma, afastando as mãos do caçula trazendo todos os fios de seu cabelo para um dos ombros.

- Wow, o que você vai fazer, ruivinha?

Ela quis rir da expressão chocada dele quando viu o tamanho da unha que cresceu em seu indicador. Não, ela não usaria a agulha escarlate para atacá-lo. Apenas, sem dó, arrastou a unha afiada pelas mechas, as encurtecendo da metade das costas para um pouco acima dos ombros.

- Milo. – Corrigiu, depositando o que restara de seu cabelo sobre a palma direita de Aiolia, fechando seus dedos com delicadeza ainda que tendesse ser um pouco bruta demais. – Meu nome é Milo.

- Grande merda o seu nome, não significa nada pra mim. Ou sua posição. Você não é ele, não é como ele.

Ela sabia que ele provocava apenas para saber qual era sua reação. Poderia muito bem surrá-lo ali mesmo, mas não seria nada além de uma perda de tempo desnecessária.

- E você é um broxa. Te manca, idiota. Eu sei o meu valor.

Aiolia riu, não apenas pelas palavras, mas pelo tom tão suave com que foram empregadas pela escorpiana que riu também, as mãos unidas em frente ao corpo levemente curvado com a cabeça baixa, ocultando a feição que de carrancuda e grosseira se fez gentil.

- Obrigada, Leão.

Recuou alguns degraus até virar-se, começando a seguir novamente seu percurso de frente. Parou uma única vez, virando-se na diagonal. O leonino se permitia relaxar um pouco mais, batendo uma continência de brincadeira para a grega que sorriu apenas, respondendo de uma forma menos exagerada antes que a armadura lhe cobrisse o corpo e voltasse a caminhar para o oitavo templo.

Mestre Milo, esteja onde estiver, eu espero que se orgulhe de mim. E eu juro que farei o possível e o impossível para honrar o nome que você me confiou.


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