Já havia esquecido como era Paradise, os prédios um do lado do outro, carros por toda parte, muito movimento, transito. Noah ficou com a janela aberta do carro admirando os enormes edifícios que passavam. A música no rádio ainda estava animada, até o taxista se rendeu e arriscou umas letras, era a primeira vez que eu vi ele rir depois que saímos de Broky City. Eu passei o endereço do apartamento de minha mãe, não demoramos a chegar, o táxi parou em frente a um enorme edifício, descemos do carro e pegamos nossa mala. As pessoas andavam apressadas pela rua, não ficavam reparando na gente. Noah e eu entramos, o prédio era muito grande, o salão principal era enorme, mais grande do que minha casa em Broky City. Caminhei até a recepção onde estava uma moça jovem, cabelos loiros, presos dentro de uma boina, fazia parte do uniforme do pessoal que trabalhava ali.

– O Senhor alugou algum apartamento? - Perguntou a garota simpática com um sorriso

– Minha mãe tem um apartamento aqui gostaria de saber qual é o quarto dela por favor - Respondi com outra pergunta, colocando as mãos sobre o balcão ali da recepção.

– Como é o nome da sua mãe? - Ela perguntou

– Melissa Di Laurentis

A moça começou a digitar no computador, tentei espiar disfarçadamente.

– O apartamento dela fica no quinto andar, pode pegar o elevador, seguir o corredor do quinto andar até o quarto duzentos e vinte

– Obrigado - Falei puxando Noah que ainda estava maravilhado com aquele lugar

Fui em direção ao elevador, aproveitamos que não tinha ninguém e entramos o mais rápido que pudemos. Noah queria apertar o botão 5, deixei ele ter esse prazer, depois o elevador fechou as portas e começou a subir. Estava muito claro ali, tinha um espelho atrás, nos lados paredes de aço, as portas pareciam de madeira ou algo parecido. Subimos rápido, quando o elevador abriu percebi o quão enorme era o corredor. Havia alguns apartamentos um do lado do outro, no meio do corredor estava o AP 220. Pensei em bater na porta, mas queria fazer surpresa, não estranhei a porta estar aberta, minha mãe só trancava quando saia de casa, esse era o costume dela. Eu e Noah entramos devagar, tentando fazer pouco barulho, ao abrir a porta estávamos na sala, não era tão grande, havia um sofá no canto, uma mesa de centro, um tapete pequeno, a TV estava na parede. Continuei procurando minha mãe pelo apartamento, não estava na cozinha, também era pequena, com armários pela parede, não havia mesa, apenas um balcão com bancos coloridos em volta. Então fui para uma porta ao lado do banheiro, só podia ser o quarto. A porta estava apenas encostada, abri devagar e passei a mão pela parede procurando onde acender a luz. Quando a luz acendeu eu fiquei pasmo, minha mãe estava deitada de um lado da cama, do outro lado havia um homem, diria até um pouco jovem, com a barba bem feita, cabelo bem cortado, malhado estava sem camisa e por incrível que pareça sem calça. Ele estava de cueca box, o cobertor estava cobrindo apenas uma perna dele, minha mãe estava apenas de roupas intimas, coberta por um lençol,mas um pouco transparente o que deu para notar sua situação.

– Mãe? - Eu falei alto, eles ainda dormiam

Minha mãe levou um susto, e deu um grito ao me ver. O Rapaz se assustou e caiu do outro lado da cama, ouvi o barulho. Eu sai rápido do quarto, não consegui segurar a risada. Noah que tinha ficado na sala correu, achou que algo tinha acontecido, eu não consegui explicar a ele, eu ria demais. Depois de um tempo minha mãe saiu do quarto, seguido do rapaz que ainda vestia a camisa. Minha mãe de roupão seguiu até a sala onde estávamos e se sentou no sofá.

– Mika o que você está fazendo aqui? - Ela perguntou ainda com o rosto vermelho de vergonha

– Mãe eu decidi voltar a morar aqui - Falei sem rodeios, me sentei ao lado dela no sofá

– Mas Mika...

– Mãe aquela cidade não estava me fazendo bem, foi uma boa ideia no inicio mas eu fiquei de cara com a droga outra vez, mesmo lá e consegui resistir, não vai ser diferente aqui

– E Alex? como você o deixou assim?

– Alex entendeu que era melhor eu sair de lá, mãe vai ficar tudo bem

– E você mocinho? Não era namorado do Alex - Perguntou minha mãe olhando para Noah que ainda estava em pé segurando sua mochila

– Não sou mais, aconteceram tantas coisas, Mika tem razão em querer ficar aqui. aliás aqui é tudo perfeito - Respondeu Noah animado

– Eu não posso ter dois hóspedes, o apartamento tem só um quarto - Minha mãe falou um pouco confusa

– Porque você não aluga o apartamento ai da frente pra eles? - Perguntou o Rapaz caminhando até a sala, ele estava de shorts, sua perna um pouco peluda, e de camisa social com alguns botões abertos, ele coçava a cabeça enquanto falava

– Vou ver isso agora mesmo - Disse Minha mãe pegando o telefone

Ela fez uma ligação e começou a conversar, eu estava olhando meu celular, Noah não conseguia disfarçar o olhar para o rapaz. Dei algumas cotoveladas nela para ele ser mais discreto, mas o rapaz também não ajudava, ele se sentou no sofá de frente para eu e Noah e pegou uma maça que estava ali na mesa de centro da sala.

– Então você é o filho da Melissa - Disse o rapaz dando uma mordida na maça

–Sim sou eu - Respondi ainda olhando para o celular

– E Ele é seu namorado? -Ele continuou

– Não esse é Noah, um amigo

– Prazer eu sou Diego - O rapaz estendeu a mão

– Prazer - falei apenas sorrindo de canto

Diego sorriu ao ver que eu não dei a mão a ele, depois voltou a comer a maça. Minha mãe parecia ter terminado de falar ao telefone, agora ela pegava algumas coisas na bolsa, depois voltou a pegar o telefone e fez outra ligação. Tudo isso durou alguns minutos. Diego ligou a TV e não puxou mais conversa, era estranho como ele já se sentia em casa ali, eu era como um estranho mesmo sendo o apartamento de minha mãe, tudo muito confuso.

– Bom está tudo certo - Minha mãe falou voltando ali e se sentando ao lado de Diego

– Então nós vamos ter um apartamento só pra gente? - Perguntei

– Sim, não pode ser o da frente porque ele tem apenas um quarto, então peguei um no sexto andar, é um ótimo apartamento já está mobiliado e tem dois quartos,

– Como vou poder pagar toda essa gentileza? - Noah perguntou animado

– Bom trabalhando no nosso restaurante, já que você e Mika vão morar aqui, vão ajudar no restaurante, trabalho vai ser bom para o Mika e para você também Noah

– Eu acho uma boa ideia - Respondi, há muito tempo eu não voltava ao restaurante que um dia foi de meu pai, era hora de voltar a fazer parte do negócio da familia

Noah parecia animado com tudo, até mesmo com o trabalho. Nós fomos até o quarto no sexto andar, uma mulher muito simpática nos acompanhou, depois entregou a chave a mim

– Bem vindo - Ela disse

Noah foi para um dos quartos deixar suas coisas, eu fiz o mesmo. Depois voltamos a sala. Noah parecia feliz realmente, eu confesso que também estava, era como se tivesse começado tudo de novo, como se uma nova oportunidade tivesse surgido, e eu iria aproveitar ao máximo.

– O que vamos comer? - Perguntou Noah sentado no sofá da sala, os apartamentos ali tinham as aparências iguais, todos eram do mesmo jeito, os móveis, as cores da cortina, as flores.

– Eu também estou com fome, vou ligar no restaurante pedir comida - Falei pegando o telefone que estava ali em uma mesinha ao lado do sofá

– Um qual restaurante?

– Porque não no meu - Brinquei, Noah riu

Liguei para o restaurante, pedi algumas coisas. Eles entregariam em dez minutos, não era muito longe dali. Depois que deu alguns minutos, deixei Noah ali e fui até a recepção. O pedido logo chegou, voltei ao nosso apartamento e comemos.

O tempo passou rápido, estudando de manhã já que transferimos nossa matricula para uma faculdade da cidade, trabalhando durante a tarde no restaurante ajudando na cozinha, ás vezes servindo mesas, ás vezes ajudando minha mãe com a contabilidade e o caixa, tínhamos alguns dias de folga na semana, era quando Noah e eu íamos ao shopping, comer bobagens, ir ao cinema. Era o máximo que minha mãe deixava eu fazer nesse tempo, eu ainda estava fazendo um tratamento com uma psicóloga, um dia por semana.

Depois de um mês, minha mãe começou a me permitir sair mais a noite, Era sábado, Noah e eu decidimos ir a um clube, era um lugar de boa onde tocava músicas, tinha karaokê. Tinha bebida mas era um lugar onde todos se comportavam. Eu já estava dirigindo, chegamos de carro, estacionei bem perto não gostava de deixar meu carro longe, eu tinha arrumado um novo amor, meu carro.

Era a primeira noite que eu saia para me divertir em um clube, a primeira a muito tempo. Quando entramos no clube notei luzes por toda parte, as mesas pareciam ser de vidro, até o balcão onde vendia as bebidas. Eu notei que tinha alguém familiar parada lá no balcão de costas, eu coloquei a mão no ombro dessa pessoa e ela virou me fazendo surpresa, quase cai de costas

– Vamos a bailar - Disse Aria com um copo na mão, tinha até um guardachuvinha no copo, coisas de Aria

– Não acredito que você está aqui, como sabia? Ah Noah - Falei abraçando minha amiga, eu estava com muita saudade, eu não a via a mês, nos falamos por telefone uns dias atrás mas eu queria muito vê la

Aria deu um abraço em Noah também, depois nos sentamos em uma mesa que estava vazia, perto da janela. A música no fundo nos fazia conversar um pouco aos gritos, mas estava tudo bem

– Você vai ficar na minha casa né? - Perguntei

– Eu não posso - Ela respondeu olhando para as pessoas que passavam do lado da nossa mesa

– Porque? - Insisti

– Porque agora eu já estou morando aqui e tenho que ficar no meu apartamento

– Não acredito

– Sim, consegui fazer meu pai comprar um apartamento pra mim aqui, me mudei hoje, quis fazer uma surpresa

– E porque você não me contou que estava com planos de morar aqui?

– Bom eu não tinha certeza então quis esperar, e bom Tessa também vai vir morar comigo, nos entendemos

– Como assim?

– Elas se entenderam literalmente - Noah respondeu irônico

– Quer dizer que?

– Sim, estamos juntas

– Como você não me conta essas coisas

Ficamos por um tempo conversando. Depois um rapaz se aproximou da mesa, a tempo ele estava observando, Noah não tirava os olhos dele, ele não perdia esse costume. Até que era um belo rapaz, aparentava ser um pouco mais velho, tinha a barba feita, cabelo preto cortado com um topete, olhos castanhos, pele clara, bem malhado com a camisa bem colada mostrando seus músculos.

– Posso roubar esse rapaz um momento - Disse o Cara se aproximando da mesa sem tirar os olhos de Noah

Noah engasgou com o refrigerante, deu uma tossida e largou o copo na mesa

– Por favor, ele estava esperando você dizer isso - Falei provocando

Noah me chutou por baixo da mesa

– Ai seu puto - Falei baixinho

– Você não quer conversar? - Perguntou o rapaz outra vez os olhos não saia de Noah

– Tudo bem, eu vou - Noah se levantou, os dois foram para o balcão, se sentaram no banco um de frente pro outro.

– Quem apostar que ele vai ficar com esse cara? - Aria falou erguendo o copo dela

– Acho que ele vai amarelar - Falei com um sorriso de canto erguendo meu copo, brindamos

– Você e Noah nunca? - Aria perguntou curiosa

– Não, Noah é um ótimo amigo, posso dizer hoje que é como meu irmão mais novo, apesar de termos a mesma idade

– Então olha seu irmão mais novo está crescendo - Ela disse apontando o copo para a direção de Noah e o Rapaz, que se beijavam intensamente

Nós brindamos mais uma vez. Eu estava feliz, a música era boa para dançar. Puxei Aria para a pista de dança, nós dançamos loucamente ao som de ''Boom Clap'' Estava sendo uma noite muito divertida. Quando paramos de dançar voltamos a nossa mesa, tinha uma pequena confusão no caminho, olhei para um rapaz no chão tinha caído depois de tentar agarrar uma garota, ela deu um chute nas partes íntimas do rapaz

– Como ela pode fazer isso? - Ouvi uma moça falardo meu lado, com pena do rapaz

– Ela.. Ela pode fazer, e faz - Falei ao notar quem era a garota

– E quem ela pensa que é? - a moça do meu lado insistiu em perguntar

– Ela é Katherine Morisson - Falei olhando fixamente para ela

As pessoas se afastavam enquanto ela andava quase desfilando no meio de todo mundo ali. Ela sempre com seu olhar frio, a sua beleza que era impossível não mencionar. Passou por mim com um sorriso um pouco maligno, não me cumprimentou, nem ao menos olhou para mim que estava bem ao lado dela. As pessoas paravam para ver ela passar, um cara estava com uma taça de drink nas mãos, Kat passou e pegou a taça sem nem olhar para o rosto do rapaz. Ele nem notou que ela pegou sua taça, apenas acompanhou Kat com o olhar. Ela andou até perto do balcão depois se virou, bebeu um gole do drink com aquele sorriso maligno que mesmo sendo duro admitir era lindo e avassalador. As pessoas voltaram ao normal, algumas ainda dmiravam Kat ali parada encostada no balcão, outras a ignoravam. Eu voltei a mesa com Aria, mas meus olhos continuava em Kat, o que ela estava fazendo aqui? qual seus planos agora? Porque nem ao menos me disse um oi?