A Burguesa escrita por Blue


Capítulo 6
VI - O que você está fazendo aí? Final


Notas iniciais do capítulo

Ah, sei lá
Enjoy...



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— O que você estava fazendo lá? — Minha voz saiu mais sombria do que pretendia.

Havia tantos outros quartos, mas por que ele tinha que sair logo daquele?

— Nada em particular, esse vai ser o quarto em que passarei a noite e para minha surpresa vejo que é ao lado do seu. — Respondeu fingindo não notar o tom que usei em minha pergunta, esse homem...

— Certamente, uma surpresa, mas o fato é que você não devia ficar naquele quarto — Dei um sorriso de lado o fazendo arquear uma sobrancelha.

— Posso saber por quê? — Inquiriu

— É um aposento de uma pessoa que não está mais entre nós — Dizer isso em voz alta fez meu coração falhar uma batida, controlei minha expressão a deixando impassível — E o fantasma dela poderá te assombrar a noite. — Qualquer coisa serviria para fazer com que ele desistisse do quarto, e se era tentar colocar medo, que seja

Ele então encostou o ombro na parede deixando todo seu peso nela e assumindo um ar mais relaxado ao cruzar os braços sobre o peito com um sorriso de lado no rosto.

— Hum... Que me assombre então esse tal fantasma. Não tenho medo de fantasmas. Se não queres que eu use o quarto pode só dizer-me, sim? Mas...

Não pensei duas vezes o interrompendo

— E não quero.

— Não terminei minha frase, pois bem, nada é de graça nesse mundo e se você concordou antes de ouvir o que quero em troca... foi ignorância sua. — Ele abriu o sorriso para aqueles de mostrar todos os dentes, sua voz saiu rouca e assustadora, estava se divertindo com o meu possível erro de o ter interrompido

Mas eu não estava feliz, muito menos achando graça naquelas palavras.

— Mas o quê? — Sussurrei, não acredito que fui pega num truque desses, todo assunto relacionado a Lize não me fazia pensar em meus atos...

— Minha dama, filha de um comerciante e não sabia dessa pequena lei?

— Claro que eu sei dela!

— Pois não aparenta. Vou mudar de quarto como desejas, mas como disse antes, quero algo em troca. E agora não podes voltar atrás com sua palavra — Sussurrou se aproximando de mim e colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha — Finja que caiu em meus encantos e se apaixonou por mim, na frente do seu ‘querido’ pai. — Colocou a mão em meu queixo me fazendo encara-lo

Que vontade de rir, ele realmente pedira aquilo? Tirei a mão dele de mim e dei um passo para trás, não me segurei, tive que rir.

— Não acredito que falaste algo do tipo — Falei entre o riso — estás ensandecido? Não faz sentido e creio muito menos que meu “querido” pai irá acreditar nesse teatro — Expliquei pronunciando a palavra ‘querido’ ironicamente

— Pois o faça acreditar, não creio que seja o tipo de garota que desiste fácil. Acreditas no amor? — Perguntou repentinamente me fazendo o olhar seriamente.

— Não — Respondi apenas

Então, me lembrei, daquele dia como tantos outros. O céu estava nublado o que significava um dia ruim para muitas pessoas, mas eu gostava de ficar olhando tudo parecer uma só coisa. O diferente era que chovia uma chuva forte e a janela continuava aberta. Elizabeth estava me contando como John era bonito, elegante, educado e um monte de coisas que eu não queria saber. Percebendo minha falta de interesse perguntou repentinamente para mim “ Miriam, você acredita no amor? ” Apenas balancei a cabeça em negativa, então ela colocou a mão em meu braço me perguntando o porquê dessa resposta e eu falei “porque ele simplesmente não existe, Lize”.

— Miriam? — Por um momento minha mente pensou que fosse Lize me chamando, levantei o olhar e vi que era Dave me encarando. — Estás passando bem?

Balancei a cabeça em negativa. Ele deu um passo para se aproximar de mim, mas eu dei outro para trás e depois outro, dei as costas para aquele homem de cabelos pretos e olhos sem qualquer emoção.

— Não precisa fingir que se importa, melhor irmos logo, pessoas nos esperam — Falei baixo começando a andar em passos lentos logo em seguida

Senti a presença de Dave ao meu lado, me acompanhando na minha lentidão sem falar nada, nem olhei para ele. Continuei o caminho até chegar na sala sem me ater aos detalhes, passando pela porta que dava para a sala de jantar coloquei um dos meus melhores sorrisos no rosto não olhando para nada em especifico. Me sentei ao lado de Anastácia

— Boa noite meu querido pai e Anastácia — Falei numa fingida e entusiasmante felicidade, que acho, poderia enganar qualquer um de verdade

Anastácia sorriu para mim e devolveu meus comprimentos, possivelmente estaria pensando “Que garota mais sem coração”

— Posso saber que felicidade poderia ser essa, minha filha? — Derick falou incrédulo, talvez tenha caído na armadilha quem sabe? Mas acho que não seria tão fácil assim

— Descobrir que o homem com que vou casar é um excelente cavalheiro, inteligente e educado. Todas as qualidades que um bom homem necessita— Dei uma pausa e olhei para Dave, dando um sorriso tímido — e percebi que sou uma mulher de tamanha sorte por tê-lo como marido...

— Quantos elogios — Ele falou estreitando os olhos, possivelmente entendo o que escondi nas entrelinhas, certamente um homem inteligente — Mas também me espantei, nunca pensei que poderia ter uma mulher com personalidade tão forte como esposa e com essas diversas qualidades que me apresentou — Falou cordial e pegou a taça de vinho — Um brinde a minha maravilhosa esposa

Ele sabia brincar com fogo, mas veríamos quanto tempo aguentaria. E assim minha madrasta e Derik seguiram o gesto de Dave e brindaram fazendo aquele tilintar que o vidro provoca quando chocado um com o outro. Eu apenas fiquei olhando e depois dirigir meu olhar para a comida que, provavelmente deliciosa, em cima da mesa, mas não senti qualquer vontade de continuar ali e muito menos aproveitar daquele banquete

—Elizabeth ficaria muito contente com esse casamento, mas infelizmente os mortos não tem mais o direito de sentirem algo — Derik falou fazendo Anastácia estalar a língua em desgosto.

Dei outro sorriso para tentar conter umas palavras amargas de serem proferidas pela minha boca

— Talvez, mas... — dei uma pausa — irei me retirar, desejo uma boa noite para vocês. Papai, principalmente você, que está apresentando os sintomas da velhice, isso significa que sua morte está se aproximando. Melhor cuidar bem da sua saúde, se não será um dos muitos que não tem mais o direito de sentirem algo. E pelo que sei, ainda não tens um filho homem para herdar o que conquistaste.

Uma pena, não deu muito certo. Tive que deixar elas saírem menos ácidas do que queria, mas melhor do que nada. Minha “segunda mãe” pela primeira vez ficou feliz com algo venenoso saindo da minha boca, deu um sorriso discreto meio que concordado.


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Notas finais do capítulo

qualquer erro... me avise.
Tchau



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