E Se Fosse Verdade? 3 - A Batalha do Labirinto escrita por PerseuJackson


Capítulo 9
Trabalho em um celeiro




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Mais tarde, Newt me chamou para a minha primeira atividade com um Encarregado. Não sabia qual iria ser a minha primeira tarefa, e estava curioso para descobrir.

Caminhamos em direção aos cercados de animais. Mesmo depois de três dias naquele lugar maluco, eu ficava impressionando com o que via. Todas as coisas ali na Clareira funcionavam de forma organizada. Os garotos pareciam saber que era preciso trabalhar duro para que pudessem manter o local de pé. Imaginei como seria a Clareira se todos ali fossem burros e preguiçosos.

Permaneci ao lado de Newt enquanto ele se dirigia ao grande celeiro do Sangradouro. Minha primeira aula iria ser ali? Em um curral? Observei as vacas que mugiam e comiam grama. Os porcos grunhiam enfiados em poças de lama, as cabras baliam e saltavam. Perguntei-me de onde eles conseguiram tantos animais? Será que os Criadores os mandavam pela a Caixa também?

— Seu primeiro trabalho será aqui. — disse Newt, parando em frente ao celeiro.

— Hã... certo. — falei. — E o que vou fazer? Tirar leite das vacas? Banhar os porcos? Brincar com as cabras?

Ele deu uma risada.

— Você é engraçado, trolho. Mas não. A gente sempre faz os Calouros começarem com os Retalhadores. Eles fazem tudo o que tem a ver com os animais. Não se preocupe. Cortar os alimentos que o Caçarola vai usar é apenas uma parte do trabalho.

— Ah. — balancei a cabeça. — Quem sabe? Talvez eu gostasse de fatiar alimentos na minha vida passada.

Newt não esboçou nem um sorriso, o que fez me sentir bastante patético.

— Venha, sua primeira aula será com o Wisnton... ele é o Encarregado.

Quando eu vi o tal Winston, pensei em recomendar uma loção antiacne para ele, ou o sabonete Asepxia, por que o rosto do coitado era cheio de espinhas. Ele era baixo, mas musculoso. Depois de passar alguns minutos com ele, percebi o quanto ele gostava do seu trabalho.

Nas primeiras horas, Winston me mostrou todo o lugar, indicando onde eram os cercados dos diversos animais, tal como galinhas e perus, que iam para o celeiro.

Perus? Pensei. Vou passar o natal aqui, nesse lugar?

Segui Winston por todo o lado, quando um cachorro preto chegou perto de mim, todo agitado e balançando o rabo. Aquilo foi muito estranho. Nunca vi aquele cachorro por nenhum lugar. Perguntei a Winston, e ele me disse que o Tagarela, provavelmente o nome do cachorro, sempre estivera ali.

Na segunda hora, fiz todo o trabalho de verdade com os animais, dando comida, limpando, consertando as cercas, tirando o plong todo... hã, digo, tirando o cocô todo (plong é mais discreto).

A terceira hora foi a mais horrível. Fiquei junto de Winston enquanto ele abatia um porco bem na minha frente e preparava as partes para o consumo. Meu estômago não gostou muito. Jurei nunca mais comer carne de porco.

O Encarregado me pediu para andar sozinho pelo o Sangradouro, para ir aprendendo mais sobre os lugares e tal. Pra mim foi ótimo. Não queria ficar mais ali perto daquele sujeito enquanto abatia um porco. Perambulei pelos cercados enquanto pensava em várias coisas. Mas o que mais vinha a minha mente era Percy, o novo garoto. Ele me dava uma sensação agradável quando estava por perto (Acho bom ninguém pensar outra coisa.).

Enfim, estava caminhando um pouco perto da Caixa, quando alguém entrou na Clareira pela a Porta Oeste, bem ao meu lado. Meu coração gelou, pensando se tratar de um Verdugo, mas era apenas um garoto. Um Corredor. Ele era de origem asiática, com os braços fortes e cabelos pretos curtos.

O garoto deu três passos para frente e inclinou-se como se fosse vomitar, mas apenas colocou as mãos no joelho respirando ofegantemente. O rosto estava avermelhado e com gotas de suor. Parecia estar precisando de ajuda. Mas eu estava tão surpreso que fiquei apenas olhando.

Um Corredor, pensei. Quem sabe se eu falar com ele...?

Mas antes de concluir meu pensamento, o garoto desabou no chão, com braços abertos, e ficou imóvel.

Arquejei. Não havia ninguém ali para ajudá-lo. Então corri em sua direção.

— Ei! — gritei. — Está tudo bem?

Nenhuma resposta.

— Newt! — chamei, gritando mais alto. — Alby! Venham aqui!

Quando cheguei perto do Corredor desmaiado, fiquei sem saber o que fazer. Ajoelhei-me e perguntei:

— Hã... você está bem?

Ele estava com a boca aberta sorvendo grandes quantidades de ar. Olhou para mim totalmente confuso.

— Quem é você, fedelho?

— Hum... meu nome é Raphael.

O garoto ergueu-se do chão e sentou-se, ainda respirando rapidamente.

— Nunca vi você por aqui, trolho.

— É que... bem, sou novo por aqui. Mas hoje...

— Ah, um novo Calouro. — ele sorriu, o que me fez recuar um pouco. Fiquei tão sem jeito que disse uma coisa bastante idiota.

—Hã... e ai? Correu muito hoje?

O garoto me olhou como se minha cabeça tivesse crescido.

— Não. Estou aqui quase morrendo de cansaço, mas não corri muito hoje. — ele revirou os olhos. — Por acaso você tem plong na cabeça, fedelho? Calouros. Sempre com perguntas geniais.

Fiquei um pouco envergonhado.

— Foi mal.

Alby chegou de repente.

— O que está fazendo de volta, Minho?

— Opa, pegue leve aí Alby. — murmurou ele. — Estou cansado e com sede. Traga um pouco de água.

Alby parecia estar zangado. Que novidade.

— O que aconteceu? — exigiu.

— Quando você me arranjar água talvez eu possa contar.

Alby chutou a perna de Minho com força.

— Fale logo!

— Estou cansado, cara de mértila! — gritou ele, a voz rouca e áspera. — Mal consigo me levantar! Faça algo de útil e arranje água.

Fiquei totalmente impressionado. Pensei que ninguém se atreveria a falar assim com Alby.

Ele me olhou com um sorriso torto.

— Minho é o único que pode falar assim comigo sem ter o seu traseiro atirado pelo o Penhasco.

Então ele virou-se e foi buscar a água. Fiquei pensando onde era esse tal Penhasco. Seria fora da Clareira? Um sentimento de coragem me encheu. Precisava ser um corredor também. Queria sair e explorar o Labirinto para achar uma solução.

Minho suspirou e deitou-se de costas, fechando os olhos.

— E ai? — tentei conversar com ele. — Hã... O que aconteceu hoje no Labirinto?

Os olhos dele abriram-se de repente, me olhando com ligeira irritação.

— Mas que pergunta idiota é essa, fedelho? Por que quer saber?

— Bem, é que... com base no que eu vi nos três dias, você chegou mais cedo hoje de lá. Deve ter acontecido alguma coisa, não é?

— Puxa — disse ele, fingindo surpresa. —, como você é observador, cabeça de plong. Sim, aconteceu alguma coisa. Ouvi uma voz me dizendo que era para você parar de fazer perguntas estúpidas e fechar a matraca.

Um ímpeto de raiva cresceu dentro de mim. Aquele cara era irritante. Eu conhecia a língua do sarcasmo, até por que usava de vez em quando, mas ele parecia amar ficar falando daquele jeito. Não estava gostando muito do garoto, mas se ele era um Corredor, deveria me aproximar mais.

— Eu só estava querendo saber, sr. Ignorante. — disse eu. — Deveria pensar duas vezes antes de falar com o líder desse jeito.

Minho deu uma risada estridente.

— Líder? Quem? Alby? Está chamando aquele linguarudo de líder?

— Bem...

— Você não sabe de nada mesmo, fedelho.

Alby chegou com um copo de plástico cheio d’água e entregou a Minho.

— Agora conte o que houve.

O Corredor bebeu a água inteira sem nem parar para respirar. Quando acabou, respirou mais algumas vezes antes de falar.

— Obrigado, Comandante Alby.

— Fale logo, cara de mértila!

Eu concordava com Alby. Queria logo saber da nova. Minho apontou a cabeça em minha direção.

— Esse cabeção pode ouvir?

— Não me interessa o que esse trolho ouvir. — murmurou ele. — Apenas fale.

— Tudo bem. — ele se pôs de pé com dificuldade e olhou para Alby. — Encontrei um deles morto.

A principio não entendi nada. Um deles morto? Como assim? Alby também pareceu não haver entendido.

— Um deles o quê?

Minho deu um sorriso.

— Um Verdugo morto.

Um silêncio longo.

— Pare de falar idiotices e conte a verdade.

— Essa é a verdade... Líder. — Minho disse a ultima palavra com todo o sarcasmo. E isso me fez gostar dele. — Pode não acreditar, mas eu vi. Uma daquelas coisas grandes, nojentas e gordas.

Quando ele mencionou isso, minha pele arrepiou-se. Será que isso nunca havia acontecido antes?

— Onde encontrou? — perguntou Alby.

— Há uns três quilômetros daqui, perto do Penhasco.

— E por que não trouxe com você?

Minho riu.

— É, grande idéia. Deveria ter levantado ele, colocado em minhas costas e carregado aquela coisa mertilenta até aqui só para lhe mostrar. O meu grande troféu. Por que não pensei nisso antes?

Gostei ainda mais dele. Era muito hilário quando ele falava assim com os outros e não comigo.

— Eu não tocaria naquela coisa nem mesmo se me dessem a passagem para fora desse lugar.

Mais uma longa pausa. Minho deu dois passos e murmurou:

— Estou com fome, cansado e exausto. Talvez a gente se encontre outra hora para debater sobre essa coisa monstruosa.

E foi embora. Alby virou-se e saiu também. Eu não queria ficar ali sozinho, então pensei em conversar com Chuck, quando de repente senti algo enorme surgir as minhas costas. Uma sombra caiu sobre mim. No mesmo segundo meu coração gelou de medo. O pânico obstruiu minha garganta. Meus pelos se eriçaram. Quando fui me virar para ver o que era, uma mão enorme me pegou pelo o pescoço, puxando-me para trás.

— Ah... — não tive tempo nem de gritar. O chão abaixo de mim se distanciou imediatamente.

Uma voz estrondosa soou:

— Eu sabia! Um meio-sangue escondido! Hahaha! Hora do Lanche!


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