E Se Fosse Verdade? 3 - A Batalha do Labirinto escrita por PerseuJackson


Capítulo 11
Chega mais um Calouro




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Em meio àquela movimentação, tudo o que pude dizer foi:

— Outro garoto?

Levantei-me, me sentindo curioso, e calcei meus sapatos. Corri em direção a Caixa juntamente com alguns outros garotos, que me olhavam como se eu fosse um zumbi. Isso me chateava um pouco.

O alarme ainda soava, alto e irritante.

Quem será que está chegando? Pensava constantemente. Por que todo o dia está chegando mais um? Será que esse também vai ter uma espada nas mãos?

O barulho de pés correndo e arrastando-se no chão enchia o ar. Newt já estava em pé, ao lado da porta da Caixa. Observei que nem todos os Clareanos estavam interessados em querer saber quem seria o Novato. Alguns ficaram à distância apenas observando. Outros continuavam a fazer os seus trabalhos sem nem se importar. Em parte, eu concordava com eles. Qual era a novidade naquilo? Seria apenas mais um garoto desmemoriado chegando e se perguntando onde está e que lugar era aquele.

Pensando nisso, diminui a corrida. A curiosidade dentro de mim se esvaiu pouco a pouco, e eu me senti bastante desanimado. Meu estômago roncou. Olhei ao redor, procurando Chuck, mas não o achei. Olhei para o céu, e pela primeira vez vi o sol. Era um pouco alaranjado, o que achei estranho.

O alarme parou, e um silencio preencheu o seu lugar.

Uma pequena multidão estava ao redor das portas da Caixa. Virei-me para ir à procura de Chuck, quando dei de cara com Percy.

— Ui! — recuei um pouco. — Que susto, trolho. — arqueei as sobrancelhas nesse momento. Aquela palavra havia saído da minha boca?

— Trolho é você. — disse ele. Seus olhos verdes estavam com uma expressão preocupada. — Já está pegando as gírias daqui?

Estar perto dele estava me deixando desconfortável. Fazia me lembrar da luta contra o gigante, e de que eu não era igual aos outros garotos. Talvez nem ele seria igual aos outros. Olhei para a sua camiseta laranja, e para as palavras escritas, e notei que abaixo dessas palavras havia um cavalo preto correndo. Só que esse cavalo tinha asas nas costas. Aquilo fez eu ficar com dor de cabeça.

— Que bicho é esse? — perguntei, apontando para a camiseta.

Ele olhou também, e deu de ombros.

— Não sei, cara. Nunca vi esse tipo de cavalo na minha vida. Eu nem sei por que estou usando essa blusa ridícula. Faz eu ficar me sentindo um E.T.

— Entendo você. — respondi. Queria mais que tudo obter respostas para todas as minhas perguntas, e tinha a sensação de que conversando com Percy, iria descobrir uma boa parte delas. — Sabe o que significameio-sangue?

Ele balançou a cabeça.

— Eu não sei de nada. Nada. É frustrante. — o desanimo na sua voz me fez se sentir melhor. Afinal, não era apenas eu que sentia isso. — Não consigo pensar no passado. Queria saber o porquê disso tudo. Quem me enviou pra cá? E que tipo de lugar é esse?

Apontou para os imensos muros de pedra.

— Olhei, eu sei. — falei. — Penso nisso todos os dias. Eu também sou um novato. Estou aqui há apenas três dias, e ainda tento descobrir um meio de sair daqui.

— Alby me levou hoje cedo para o Passeio. — disse ele. Achei estranho a mudança repentina de assunto. — Ele disse que fora desses muros havia um Labirinto, e que estão aqui há dois anos e nunca conseguiram achar uma forma de sair. Disse também que havia umas coisas chamadas Verdugos fora da Clareira.

Assenti.

— Ele me contou isso tudo também. Afinal, onde está Alby?

Percy olhava para os muros, parecendo perplexo.

— Hã... onde está Alby? — perguntei novamente.

Ele continuava olhando para os muros.

— Ei! — estalei os dedos em frente a seus olhos.

— Hã... oi. Desculpa. É que estava me perguntando... Como esses muros imensos podem se mover? Quem construiu eles? E por que?

Joguei as mãos para o alto.

— Eu não sei também. Não faço a mínima ideia. Agora me diga onde está...

— Como você fez aquilo? — perguntou ele, me olhando com admiração.

Suspirei, ligeiramente irritado por ele ter interrompido a minha pergunta.

— Aquilo o quê?

— Como você matou aquele gigante? E por que ele estava querendo matar apenas nós dois? Por que nos chamou de filhos de Poseidon? E que droga é Poseidon?

Estranhamente, um trovão ecoou, fazendo o chão tremer. Olhamos para o céu, mas este estava azul e limpinho, sem nuvens.

— Okay, okay. — falei, encerrando aquelas perguntas. No fundo, sentia que conhecia aquele nome. — Calma, certo? Eu não sei de nada também, cara. Não me lembro de nada. Não adianta ficar fazendo perguntas para mim como se eu soubesse.

— Eu sinto que, se eu ficar conversando com você, vou descobrir pouco a pouco.

Eu silenciei. Fiquei olhando para ele como se tivesse dito que havia achado uma saída do Labirinto.

— V-você também...?

— Eu o quê? — indagou.

Balancei a cabeça.

— Nada. Onde está Alby?

Ele olhou para a Caixa, depois para mim.

— Ele... ele saiu depois do Passeio. Ele e um cara chamado Minho. Foram para o Labirinto para encontrarem um... Verdugo morto.

Isso enviou um calafrio por meu corpo.

— Alby saiu com Minho para fora da Clareira?

— Isso mesmo.

Um barulho de metal rangendo me impediu de pensar sobre aquilo. Virei-me, e vi que as portas da Caixa haviam se aberto. Os garotos que estavam perto jogaram a corda para dentro.

— Todo dia é isso? — murmurou o que estava segurado a corda.

— Por que a Caixa está vindo todos os dias? — perguntou outro.

— Vai lotar de Calouros aqui se continuar assim.

Newt se ajoelhou e disse:

— Segure a corda, Fedelho. Vamos tirar você daí.

A corda ficou rígida, e então começaram a puxar.

— Quem será que chegou? — perguntou Percy.

— Não faço a mínima ideia. — respondi. Estava com fome, então fui direto para a cozinha. Percy me seguiu.

Finalmente pude conhecer o cozinheiro, o tal Caçarola, mesmo á distancia. O cara estava bastante ocupado preparando o café da manhã para um grupo de Clareanos famintos. Pensei que ele seria um pouco mais velho, mas não podia ter mais que dezesseis anos. Exibia uma barba cheia, e o corpo todo era coberto de pelos.

— Da próxima vez vou prestar atenção em meu prato. — murmurou Percy ao meu lado. — Não quero ter que comer comida misturada com pelos.

Dei uma risada, o que achei estranho. Em um lugar como aquele, os risos eram raros.

Nos sentamos em uma mesa de piquenique fora da cozinha para o nosso café da manhã. Observei ao redor, tentando ver quem era o novo garoto que havia chegado. Claro, ele estava recostado contra o tronco da arvore rugosa, do mesmo jeito que eu quando cheguei, e parecia totalmente abalado e apavorado. Não pude ver detalhes do seu rosto de longe, mas vi que tinha cabelos pretos. Vi também que Chuck estava lá, perto dele, enquanto apontava para a arvore. Newt também estava perto do garoto, e parecia tentar acalmá-lo.

— Aqui não tem outra blusa para vestir? — perguntou Percy.

— Hã? — foi a minha resposta.

— Todos esses garotos me olham como se eu fosse algum animal selvagem. Tenho certeza de que é por causa dessa blusa. Não consigo para de me perguntar...

Alguém chegou por detrás da gente e exclamou.

— E ai?!

Era Royce.

— Hã... oi, cara. — disse Percy.

— E ai. — fiz sinal de legal com o polegar.

— Cara, tenho tantas perguntas para fazer. — sua voz estava cheia de entusiasmo.

— Espera na fila. — murmurei.

Ele sentou-se conosco.

— A maioria é sobre aquele gigante, e sobre a incrível manobra do nosso amigo aqui. — ele deu tapinhas nas minhas costas. — O Matador de Gigantes.

— Não sou matador de gigante nenhum.

— Ah, é sim. Mas não é sobre isso que vim conversar. — ele inclinou-se para frente e sussurrou. — Vocês sabem que Alby e Minho foram para o Labirinto, encontrar um Verdugo morto.

Assenti.

— Hum... — Percy engoliu a comida. — O que são esses Verdugos?

Lembrei-me de quando eu vira um pela janela. A imagem daquela criatura horrorosa, com ferrões metálicos, o corpo gordo e bulboso, fez meus pelos se arrepiarem.

— Verdugos são bichos nojentos, grandes, gordos, perigosos e letais. Se você quiser conhecê-los, vá para fora da Clareira quando anoitecer. Só lhe digo uma coisa, fedelho... ninguém sobrevive uma noite no Labirinto. Ninguém. Apenas uma noite, e você vai estar com o seu corpo estraçalhado.

— Mas que belo assunto para um café da manhã. — disse eu.

— É por isso que esses muros se fecham a noite? — indagou Percy.

— Claro. — Royce deu um tapa na mesa. — A pergunta que eu queria fazer era: Alby e Minho foram ver o Verdugo morto. Mas então... quem matou aquela mértila gorducha?

Um silencio longo.

Não soube responder, nem precisei, pois Chuck chegou, aproximando-se da gente.

— Chuck. — acenei.

— Mais um fedelho na Clareira. — murmurou ele. — Acho que os Criadores querem encher esse lugar de Calouros.

— Já conheceu o garoto?

— Já. — disse ele, balançando a cabeça. — Uma coisa boa, por que descobri que ele não é como vocês dois, trolhos malucos. — ele apontou para mim e Percy.

— Valeu. — disse Percy.

— Qual o nome dele? — perguntou Royce.

Chuck virou-se para observar o garoto, que ainda estava encostado na arvore, e disse:

— Parece que é Thomas. Eu queria saber por que isso tudo está acontecendo. A caixa vindo todos os dias, um verdugo morto, um homem entrando na clareira e tenta matar vocês...

— O que está querendo dizer? — perguntei.

— Só acho que isso é bastante estranho. Tudo começou a acontecer quando você chegou aqui. Há algo de errado.


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