Killer escrita por Dama da Noite


Capítulo 6
Capítulo 6




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Um zumbi de The Walking Dead seria mais atraente que eu hoje. Eu não dormi nada a noite pensando no que está acontecendo com minha mãe. Eu tenho que descobrir. Percebi que ela não vai me contar nada. O que é um saco. Porque se aquele ditado, a curiosidade matou o gato fosse verdade. Eu já estaria morta á muito tempo.

Entro na fila para a merenda e logo sinto um braço escorando no meu ombro. Eu tenho cara de cabide? Me viro e vejo que é o Sr. Cara de caçapa. Hoje ele está usando uma jaqueta de couro preta e calças da mesma cor. Muito bom de se ver. A gente não se falou muito hoje e acho que ele percebeu porque está me encarando. Não sei, nossa amizade é estranha. Ainda acho que ele está querendo alguma coisa. Mas o que eu não sei. O que esse cara pode querer comigo?

“Qual o seu problema hoje lindinha? Está me evitando?” – ele pergunta olhando nos meus olhos....

—Óbvio. “Não, só estou um pouco distraída hoje.”- Digo saindo do seu toque. É bom eu evitar contato físico com ele, já que tenho essas reações estranhas. Reações de safada, para deixar bem claro.

Ele olha para mim e passa a língua nos lábios. Instantaneamente eu olho para eles. São lindos e rosados, quase vermelhos. Nunca vi um cara com lábios assim. E ele tem que parar com isso, meu autocontrole não é dos melhores. Disfarço e olho para o lado, mas não antes de pegar seu sorriso de canto de boca.

“E por que tá usando essas roupas largas?” - Ele diz, segurando um pedaço da minha blusa. Que é obviamente 2 tamanhos maiores do que eu uso. Minha mãe não colabora, já sou grande, e ela ainda me faz usar roupas maiores.

“Só estou um pouco cansada hoje, e essas roupas são culpa da minha mãe que me disse que eu estou usando roupas muito apertadas.” - Digo, fazendo uma careta. Sério, não sei de onde minha mãe tirou isso. Olho pra ele e vejo que está me encarando. Estalo meus dedos na frente do seu rosto ele pisca e sorri. 

“Você fica linda de qualquer jeito!” - Coro, isso não é coisa de amigo falar pra amigo, o certo seria ‘Você está legal assim’, não isso. Fico desconfortável e vejo que Caio percebe isso. Ele inventa uma desculpa e vai embora. Finalmente respiro desde sua chegada. Ele faz meus hormônios dançarem a hula. Tenho que dar um jeito nisso. Não posso gostar dele. Ele é obviamente muito perigoso para o meu pequeno e idiota coraçãozinho.

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Chego em casa e já começo a colocar meu plano em ação. Qual é a melhor forma de arrancar uma informação da minha mãe? Embebedando ela. Veja, minha mãe tem a pior tolerância á bebida que eu conheço. Logo atrás dela, estou eu. Então, para conseguir minhas informações, irei preparar um jantar hoje e como acompanhamento um bom vinho. Ela adora vinho. Claro que preciso da ajuda da Sol para isso. Então, quando ela chegar da escola. Irei leva-la para um passeio. Tomar sorvete. O demoniozinho só vai me ajudar se eu der algo em troca.

No meu quarto, pego minhas economias que estão guardadas á muito tempo. Veja, eu não trabalho, então todo dinheiro que ganho da minha mãe, eu guardo. Não sei quando vou precisar. Nesses 17 anos e uns quebrados, consegui juntar 600 reais. Não é muito. Mas é o suficiente para um jantar.
Pego R$ 310,00 e sento na sala, esperando o Sol. R$300,00 para o jantar e R$10,00 para o sorvete da pestinha.

Quando Sol chega, com seus cabelinhos channel ao vento. Meu coração aquece um pouquinho. Ela é linda. Eu amo ela como se ela fosse minha irmãzinha. Ela é um pouco mais morena que eu ou minha mãe. Somos muito brancas. Sol tem a pele perfeita, beijada pelo sol, literalmente, foi por isso que demos esse nome a ela. Marisol é um anjo.

“Oi Sol, vamos dar uma volta?”  - Pergunto abraçando e dando um beijo na testa dela. Ela me olha com um olhar de desconfiança. Muito esperta pra idade.

“O que você quer mana”? – Ela pergunta deixando sua mochila no sofá, deita, tira seus sapatos e coloca os braços atrás da cabeça.  A imagem perfeita de uma ditadora. Para lidar com a Sol, e ter sua ajuda, preciso ser direta. Aprendi isso a 2 anos, quando pedi a ajuda dela para fazer a mãe me dar um celular novo, mas deixei a parte do celular de fora. Ela ficou muito magoada e me ignorou por 3 semanas.

“Sol, a mamãe está escondendo alguma coisa de mim, e eu preciso saber. Quero sua ajuda. Vou fazer um jantar hoje a noite, e quero que você enrole ela enquanto eu preparo tudo. Você sabe como ela gosta de cozinhar. Assim que ela chegar, já vai querer começar a janta. E em troca da sua ajuda. Te pago o sorvete mais caro da sorveteria” – Digo para ela. Sol me olha por um instante e quase penso que ela vai me falar não.

“Fechado. Mas o que exatamente tenho que falar para enrolar ela?” – Ela pergunta colocando uma mão no queixo. Essa menina é terrível. Por isso amo ela.

“Você pode falar que quer muito ir ao parque. Que ela prometeu e não levou. Que você está triste por conta disso...” – Minha mãe sempre foi coração mole, não vai resistir a isso.

“Certo, pode deixar” – Ela fala batendo continência. Então começa e me encarar.

“Que foi?” – Pergunto olhando pra mim. Será que estou com algo na cara?

“E o meu pagamento, vamos. Quero sorvete” – Ela diz e eu reviro os olhos. Ela vai ser um pé no saco quando for mais velha. Pego minhas chaves, sua mão e saímos de casa. Em direção á sorveteria.

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“Sol, pelo amor de Deus. Escolhe esse sorvete logo menina” – Fazia 20 minutos que Sol estava olhando o cardápio da sorveteria. Olhei para trás. Soltei um resmungo. Quando chegamos aqui, não tinha ninguém na fila. Agora já tem 6 pessoas com olhares assassinos dirigidos a mim. Como se fosse minha culpa que a pestinha não escolhe logo a merda do sorvete.

“Não sei, casquinha é bom, mas eu prefiro sunday.”- Sol fala, olhando atentamente ao cardápio.

“Então escolhe o sunday.” – Digo em um resmungo. Quero sair logo daqui. Não aguento lugares muito fechados e principalmente quando quase estou sendo atacada por famintos por sorvete.

“Mas mana, você disse que só tem R$10,00 reais. Preciso fazer a escolha certa.” – Virei s olhos. Sol ficou puta quando descobriu que eu só dia R$10,00. Bom, eu pensei que o sorvete mais caro seria esse valor, e não R$24,00.

“Desculpa Sol, eu pensei que daria. Por favor, escolhe logo o sorvete. Quero sair daqui.”  - Digo a ela com olhares suplicantes. Sol está prestes a fazer seu pedido quando ouvimos barulhos do lado de fora da sorveteria Olho para a porta e vejo várias motos parando em frente á entrada. Vários homens descem de suas motos. Puta merda. Esses caras parecem assassinos. Cada um maior que o outro. Percebo que não sou apenas eu que estou fascinada por eles. Mas toda a sorveteria. Principalmente as mulheres. Eles começam a entrar, e o lugar que já parecia pequeno, agora está menor. Me viro para a Sol e falo:

“Marisol, escolhe essa merda de sorvete logo ou não vai ter nenhum.” – Falo quase gritando. Não sei por que, mas esses caras estão me dando arrepios, e não são os bons não. Quero chispar daqui, em 2 minutos. Seguro o ombro de Sol, esperando a moça trazer o seu pedido. Ela pediu a casquinha. Vai saber. Ela não preferia o sunday? Pegamos sua casquinha e estamos nos dirigindo para a porta até que alguém agarra meu braço. Olho para ver quem é e me deparo com um par de olhos azuis. Uau. Que profundos. Olho para o rosto e sou atacada por um rosto maravilhoso. Acho que bonito não é uma palavra adequada. Está mais para animal. Que homem lindo. Mas estranhamente ele não me faz sentir borboletas no estômago. Ele também é enorme, deve ter 1,90 no mínimo.

“Com licença. Te conheço por acaso?” – Digo, saindo de seu agarre. Ele me olha de cima a baixo com um olhar estranho. Não é desejo, é algo diferente. Como se me conhecesse.

“Não conhece. Meu nome é Yuri.” - Ele diz, colocando sua mão para eu apertar. Eu não aperto. Que cara estranho.

“Okay. Meu nome é Ana. Tchau” – Pego Marisol e saio correndo da sorveteria. Viro para trás e vejo que Yuri está me encarando. Ele vira as costas e posso ver que ele está com uma jaqueta de couro, com a insígnia Odium escrito nela. O radar de esquisitice chegou ao auge. Eu em!

“Quem é aquele moço mana?” – Sol me pergunta enquanto chupa a sua casquinha.

“Não sei Sol. Cara estranho” – Digo enquanto andamos para casa. O sol está escaldante hoje. Marisol termina seu sorvete rapidamente e segura minha mão. Quando estamos quase chegando em casa, percebo que há um pacote no meio da rua. Um pacote preto, todo embrulhado. Mas é estranho. Ele está bem no meio da rua. Peço para Sol entrar em casa. Dou as chaves pra ele e vou ao meio da rua. Pego o pacote, e quando estou me virando para sair da li eu escuto um barulho de pneus sendo queimados no asfalto. Olho para cima a tempo de ver uma caminhonete enorme com um homem dentro vindo em minha direção. Não sei por que, mas não me mecho. Mando os comandos para meu cérebro. Corre! Agora! Mas não adianta. Não corro. Qual é o meu problema? Quero morrer? A caminhonete está cada vez mais perto e consigo ver o homem nela. É um homem mais velho. Moreno. Parece ser grande. Fecho meus olhos para receber o impacto, mas de repente sou tirada do lugar com um baque. Caio de cara no chão. Isso vai ficar roxo tenho certeza. Olho para cima e vejo Caio em cima de mim. Puto pra caralho.

“Você quer morrer porra? Por que não saiu da frente da porra da caminhonete Ana Elena?- Ele sabe meu nome inteiro? Com os olhos arregalados eu respondo.

“Não sei, eu queria sair. Mais travei” – Digo para ele rapidamente. Ele se levanta e me ajuda a levantar. Passo as mãos pela minha roupa e olho para o Caio.

“O que você está fazendo aqui?” – Que estranho ele passar em frente a minha casa bem nesse momento esquisito. Ele olha pra mim como se eu tivesse 7 cabeças.

“Primeiro, de nada. Segundo, até onde eu sei, a rua é livre. Mas para sua informação eu estava indo para a sorveteria. Quando vi você que nem uma idiota parada no meio da rua esperando uma caminhonete te atropelar.”- Ele diz pra mim com um tom de raiva.

“Eu sei. Quer dizer, não sei o que deu em mim. Que bom que me salvou. Obrigada Caio.” – Digo apertando o lado do seu braço. Nossa, que braço em! Logo tiro minha mão e passo na minha testa. Estou tremendo. Olho para o pacote no meio da rua e vejo que ele está despedaçado. Não tinha nada nele. Por que diabos eu fui no meio da rua pegar aquilo?

“Você tem que beber uma água, ou algum calmante.”- Caio diz puxando meu braço em direção a minha casa. Como ele sabe onde moro?

“Não. Não preciso.”- Digo, saindo do seu aperto. “Eu preciso ir ao mercado agora.”-  vou ligar para a babá ficar com a Sol. A babá é uma menina de 15 anos. Muito fofa. Que ama a Sol.

“Você não vai em nenhum mercado depois de quase ser atropelada Ana.”- Ele diz pegando meu braço novamente. Quem ele pensa que é? Deus?

“Escuta, até onde eu sei, você não manda em mim.” –Quase grito para ele. “Muito obrigada por ter salvado minha vida, mas agora eu preciso ir.”- Saio correndo e entro em casa. Fecho a porta e encosto minha testa nela. Meu Deus. Não sei se é ele. Ou quase ser morta. Mas meu coração e minhas pernas estão fracas. Respiro fundo e procuro por Sol. Ela está na sala. Assistindo Tv.

“Sol, vou ir ao mercado. Lembre-se do combinado.”- Ligo para a babá. Ela mora na casa ao lado e rapidamente chega. Digo a ela que não irei demorar e saio de casa. Trancando a porta e saindo na rua percebo um Jeep Commander preto parado na minha calçada. O vidro desce e posso ver que Caio está dentro do carro.

“Sobe, te levo no mercado.”- Ele diz abrindo a porta do carro.

“Realmente não precisa Caio. Eu gosto de andar e o mercado nem é tão longe.” – Digo me distanciando. Não quero ir ao mercado com ele. Já tive muito dele perto de mim hoje. Não quero pensar em como ele estava em cima de mim quando caímos no chão.

“Anda, se não for comigo, irei te seguir de qualquer forma. Será pior.”- Ele diz abrindo mais a porta. Não quero que ele me siga. E bem, falando a verdade, o mercado é longe pra porra. No mínimo uns 30 minutos a pé. Subo no Jeep e coloco o sinto. O carro tem um cheiro maravilhoso, e tarde demais percebo que o cheiro vem do Caio. Olho para ele e o pego me encarando. De uma forma muito intensa. Coço a garganta para chamar sua atenção. Ele para de me encarar e dá um sorriso.

“Eu gosto de você no meu carro.”- Ele diz me olhando de cima a baixo. Sinto um calor na minha buceta e sei que estou molhada. Merda. Que saco. Cara chato. Ele coloca primeira marcha e sai com o carro.

“Vamos lindinha, vamos as compras.” – Ele diz não olhando para mim. Respiro fundo e me aperto mais no banco do carro. Poxa. Não era assim que eu pensei que ia as compras.


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