Sob As Luzes de Paris escrita por Letícia Matias


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá como vai? :) Espero que você esteja bem!!!
Aqui está mais um capítulo fresquinho.
Espero que você goste!!
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633534/chapter/5

Ela parecia ter dois andares. Do lado da pequena garagem havia um gramado pequeno com algumas plantas e em cima uma parede de granito branco com tijolos de vidro. Logo acima dessa parede, parecia ser uma sacadinha. Toda aquela frente da casa estava iluminada com luzes amarelas, até mesmo o gramado.

Me senti constrangida ao perceber que realmente eu tinha parado para olhar a casa enquanto Alexander esperava do meu lado, me olhando.

– Achou bonito¿ - ele perguntou com divertimento na voz.

– Sim. – sussurrei.

– Venha. – ele colocou a mão nas minhas costas novamente e me conduziu dando a volta no pequeno gramadinho. Logo atrás do pequeno gramado, havia uma porta de madeira frisada e branca com uma maçaneta comprida e prateada. Ele destrancou a porta e abriu-a. Entrou e segurou a porta para eu entrar.

Quando entrei, dei de cara com um ambiente aconchegante. Era a sala de estar. Havia dois sofás brancos que pareciam ser bem aconchegantes, um tapete bege no chão branco e havia uma parede de gesso com um painel de madeira em forma da letra “p” invertido. Logo abaixo desse painel, havia uma lareira a gás, com um vidro comprido em forma de triângulo. A lareira era pequena e bonita, era sofisticada em cima de um raque baixo e branco em forma de um triângulo 3D. Havia um vaso da mesma cor do painel, decorando o raque. Não havia janela na sala. Apenas paredes com quadros de arte abstrata.

– Essa é a sua casa¿ - perguntei.

– Sim. – ele disse tirando o blazer preto e colocando em cima do sofá branco.

– É... Linda! – falei maravilhada olhando para as luminárias embutidas no teto.

– Que bom que gostou. Sente-se no sofá, Justice. Você está pálida feito um papel. – ele disse e pegou meu braço me sentando no sofá branco e aconchegante.

Eu estava morrendo de frio. Ele percebei isso e foi até a lareira e a ligou. Ele desligou as luzes de led embutidas no teto e ligou uma luz amarelada mais suave.

– Melhor, não é¿ - ele perguntou e eu assenti me abraçando. Eu ainda estava tçao assustada e desnorteada com aquela situação.

Ele se sentou do meu lado no sofá.

– Tem certeza de que está bem¿ Parece que você vai desmaiar a qualquer momento.

– Estou sentindo isso. – falei e olhei para ele.

Ele suspirou.

– O que estava fazendo aqui, uma hora dessas, sozinha¿

– Eu... Estava voltando para casa e me perdi. – admiti.

Ele balançou a cabeça. Acho que ele estava me achando burra.

– Graças a Deus eu cheguei. Não quero nem imaginar o que aqueles marginais teriam feito. – ele falou olhando para a lareira.

Fiquei olhando para ele, para sua pele morena, seu cabelo caindo até o ombro... A luz do fogo refletia em seus olhos escuros. Ele olhou para mim e me deu um sorriso torto.

– Você vai começar a chorar¿

– Não. – falei.

Mas o incrível é que as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Eu estava tão assustada!

Coloquei as duas mãos em meu rosto e tentei controlar meu choro desesperado. Senti um braço envolver meus ombros.

– Calma, você só está assustada. Eu vou pegar algo para você beber.

Não olhei para ele. Eu estava me sentindo tão... Cansada! Como se não dormisse há dias! Estava nervosa e com frio. E confusa por estar na casa de Alexander Grayson. O compositor rico que era meu professor, o que eu estava atraída e possivelmente apaixonada.

– Tome. – ele disse e eu tirei a mão da cara olhando para o copo.

Havia um líquido alaranjado nele. Olhei para ele. Eu devia estar horrível!

– Obrigada. – falei e peguei o copo de sua mão grande. Virei um pouco do líquido laranja na boca e senti minha garganta queimar.

Arfei. Era uísque, puro!

– É, é um pouco forte. – ele disse vendo minha expressão.

Tomei coragem e virei a dose toda que estava no copo. Fechei os olhos enquanto engolia o líquido amargo e quente e entreguei-lhe o copo.

– Sente-se melhor¿

Assenti e olhei para ele.

– Isso é tudo tão... Confuso! – falei.

– O quê¿

– Tudo isso. – eu falei. – Me perder, aqueles caras me assustarem daquele jeito... Você... Eu aqui na sua casa. – falei e olhei para seu rosto.

Ele sorriu.

– Acho que você está tendo um ataque de pânico, srta. Campbell.

Comecei a rir baixinho e me senti mais leve. Ele riu também me fazendo me sentir melhor. Analisei seu rosto. Ele era tão bonito!

Balancei a cabeça e sorri.

– O que¿ - ele perguntou.

– Você é tão bonito!

Me arrependi de ter dito aquilo em voz alta. O que diabos eu estava pensando¿ Senti minhas bochechas ficarem quentes e ele riu, aquela risada rouca, baixa e sexy.

– Você bebeu alguma coisa além do uísque hoje¿

– Na verdade sim. – falei.

Ele assentiu.

– Está explicado então.

– Eu não estou bêbada! – rebati.

Ele estreitou os olhos e reprimiu um sorriso.

– Tudo bem. Sabe o que eu acho¿ Acho que você precisa descansar um pouco. – ele se levantou e ajudou-me a levantar.

– Venha. – ele disse e me conduziu até uma escada com degraus de madeira com um grande espaço entre si.

Eu o segui. Logo no final da escada, havia uma porta de madeira pivotante. Ele me conduziu até uma porta no final do corredor e abriu. Era um quarto com uma cama king size com edredom branco. Ela parecia tão confortável...

– Você pode tomar um banho se quiser. – ele disse.

– Olha, me desculpe! – falei olhando para ele.

– Pelo o que¿

– Por aparecer assim...

Ele balançou a cabeça.

– Justice, não vamos conversar sobre isso agora. Você está cansada, assustada... Só descanse um pouco.

Assenti.

– Eu vou deixar você sozinha. Boa noite. – ele disse enquanto começava a fechar a porta.

– Espere. – eu falei e segurei a porta.

Ele parou e eu estava praticamente colada a ele. Ele era bem mais alto do que eu.

– Sim¿ - ele falou olhando-me nos olhos.

Engoli em seco e fitei seu rosto por um momento. Ele estava com a mão na maçaneta, segurando-a. Estava olhando para mim, esperando eu dizer alguma coisa. Ele estava tão perto de mim... Eu podia sentir seu cheiro. Eu tinha um cheiro inconfundível. Um perfume masculino e doce. Respirei fundo fechando os olhos e sorri de puro prazer. Quando abri os olhos, ele continuava a me olhar. Seus olhos castanhos escuros estavam nos meus, seus lábios grossos estavam sutilmente separados. Com um impulso eu coloquei uma das mãos na sua nuca e colei meus lábios nos dele e assim, tudo ficou escuro.

***

Abri meus olhos lentamente, uma luz fez com que eu acordasse. Era uma luz suave. Eu estava olhando para uma porta de vidro com uma cortina translúcida. Pensei que eu estivesse em meu quarto. Mas, eu não estava.
Virei- me para olhar o teto. Havia um grande espelho no teto e aquilo era desconcertante. Pude ver quão horrenda eu estava. Os cabelos desgrenhados, minha roupa amassada. Sentei-me e olhei o quarto. Eu estava deitada em uma cama king size que era extremamente confortável, no quarto havia um armário grande de madeira e uma porta branca de madeira. No teto havia luminárias quadradas embutidas e na cabeceira da cama, dois abajures embutidos. Suspirei e comecei a me lembrar da noite anterior. Fora tudo tão confuso! Quais eram as probabilidades de tudo aquilo acontecer? A França era um país seguro e Alexander morava numa área afastada da cidade e eu havia parado ali, em frente à sua casa luxuosa... Quais eram as probabilidades daquilo tudo acontecer? E então veio o pior de tudo, eu havia o beijado, pelo menos tentado beijar ele. E ele era o meu professor? O que diabos eu tinha na cabeça?
Gemi ao levantar da cama, eu estava me sentindo descansada, mas de uma certa forma, meu corpo estava pesado. Andei até a porta branca e a abri. Eu estava impressionada com a decoração daquela casa. Fechei a porta trancando-a. Os azulejos do banheiro eram brancos, o teto era de gesso e a iluminação era composta com luminárias quadradas embutidas. Havia um grande de espelho retangular na parede e uma pia branca de granito que ia pegava toda a largura da parede. Era uma pia enorme! Do lado da pia, havia um vaso sanitário imaculadamente branco, assim como todo o banheiro e logo no canto, uma ducha com um box de vidro. Suspirei e andei até o vaso sanitário levantando a tampa. Eu estava apertada e só agora tinha percebido isso.
Depois de escovar os dentes com os dedos e lavar meu rosto me senti um pouco melhor, mas eu ainda sentia meu corpo pesado. Olhei para a ducha e vi que ali no banheiro tinha uma toalha branca e grossa dobrada em cima da pia. Ah... Eu teria que tomar um banho. Eu precisava!
Despi-me rapidamente e fiz um coque no cabelo. Entrei dentro do box e liguei o chuveiro prateado. Um jato forte de água começou a cair e então eu enfiei meu corpo debaixo da água. A pressão da água quente em meus ombros me fez gemer. Eu estava dolorida! Acho que o susto e o estresse de ontem não havia me deixado muito bem. Me lavei sem muita pressa, aproveitando a sensação de limpeza e leveza que o banho estava me proporcionando.
Depois de me lavar, fechei o chuveiro e me enrolei na toalha macia e grossa. Parecia toalha de um hotel luxuoso.
Enquanto eu colocava minhas roupas da noite anterior eu fiquei pensando que sim, Alexander era mesmo rico para morar em uma casa daquelas. Ele era tão novo... Como ele conseguiu construir uma fortuna daquelas? Será que a tia dele também morava aqui? Segundo alguns tabloides da Internet, ele morava sozinho. Bem era isso o que eu ia descobrir.
***
Abri a porta do quarto sem fazer barulho. Eu tinha olhado no meu celular e eram nove e meia da manhã. Talvez ele estivesse dormindo ainda. Quem em pleno domingo acordava antes das onze pelo menos? Eu também tinha visto que Christopher havia me ligado quatro vezes. Ele devia estar preocupado. Enquanto andava pelo corredor onde havia duas portas uma em frente a outra, senti curiosidade de abrir as duas para ver qual daquelas era o quarto de Alexander. É claro que não o fiz. Mas, tive vontade. O corredor era pequeno, com paredes brancas feitas de gesso, no teto havia luminárias embutidas em uma sanca. Desci as escadas tentando não fazer barulho. Para a minha surpresa, a televisão estava ligada onde um jogo de beisebol passava. Congelei ao vê-lo de costas para mim, vendo a televisão em pé, atrás do sofá branco, com os braços cruzados. Ele estava com uma bermuda preta, tênis esportivo e uma regata branca. Provavelmente estava fazendo um exercício. Decidi que não seria legal lhe dar um susto. Quis voltar para cima e recomeçar a descer os degraus fazendo barulho dessa vez, mas seria estupidez eu fazer Isso. Como eu estava no meio da escada, simplesmente continuei a descer as escadas, mas dessa vez, pisando mais forte para fazer barulho e anunciar minha chegada. Funcionou, ele olhou para trás ainda de braços cruzados. Ele estava suado e aquilo fez com que eu examinasse seu corpo de cima a baixo. Algo que eu não deveria ter feito, não com ele me olhando! Ele sorriu suavemente.
– Bom dia.
–Bom dia. - eu falei no último degrau da escada. Pisei meus pés no chão e fiquei parada, envergonhada com toda aquela situação.
–Como você está? Dormiu bem?
–Melhor do que deveria. - falei e ele sorriu.
– Eu vou tomar café da manhã, você me acompanha?
Meus olhos se arregalaram um pouco e meu coração de acelerou.
–Ah... Tudo bem. - falei.
Não era uma resposta muito coerente. Mas foi tudo o que consegui responder.
–Só vou trocar de roupa, estava correndo um pouco.
Assenti e dei um passo para o lado, liberando a passagem da escada. Ele passou por mim e eu tentei não olhar para ele enquanto ele passava do meu lado para subir os degraus. Mordi o lábio e fitei meus pés. Pude sentir seu cheiro. Mesmo suado ele cheirava tão bem como na noite anterior. Olhei para cima e vi que ele tinha desaparecido de vista.
–Ah meu Deus! - sussurrei para mim mesma respirando fundo inalando o perfume dele que estava se dissipando no ar.
Eu tive uma súbita vontade de rir e começar a gritar feito uma louca. Ele era tão lindo... E tudo aquilo era tão surreal... Eu estava ficando louca, com certeza.
Meu coração batia forte em meu peito e eu sentia uma vontade tremenda de ir no banheiro. Sim, eu estava com dor de barriga de tanto nervoso... Aquilo era anormal! Eu estava com as mãos tão geladas.
Engoli em seco quando ouvi seus pés descendo os degraus da escada.
–Não precisava ter ficado esperando como uma estátua. - e falou chegando no último degrau.
Olhei para ele e soltei um suspiro,depois sorri.
–Desculpe, é que a sua casa é muito bonita. Eu não quero quebrar nada enquanto eu ando.
O que era aquela resposta? Eu nem era tão desastrada assim! Que ótimo Justice, agora ele vai pensar que você tem algum problema é destrói tudo por onde passa, igual o Hulk.
Apesar da minha resposta sem noção, ele sorriu mostrando seus dentes brancos.
–Você gostou da casa?
Assenti.
–Obrigado. - ele falou. - A cozinha é por aqui.
Eu o segui, andando atrás dele. Nós saímos da sala, entrando em um pequeno corredor com paredes brancas e entramos em uma cozinha grande e luxuosa. O piso era branco, e as paredes eram beges, os acabamentos do teto eram de gesso. Havia uma mesa de vidro de jantar enorme com seis cadeiras e um vaso com flores brancas enfeitando-a. Havia também um balcão baixo de cozinha americana com duas banquetas brancas e atrás desse balcão, ficava o guarda comida grande e preto. Havia uma geladeira de inox perto da pia que era de inox também. Um lustre luxuoso pendia no teto. Estava apagado, pois entrava claridade do lado de fora da casa na cozinha, devido a uma porta de vidro que dava para uma parte da casa que eu desconhecia.
A mesa já estava completa de comida. Havia leite, cereais, frutas como maçã verde, blueberry, frutas vermelhas, bananas, havia uma jarra de suco, panquecas, ovos, bacon... Será que ele tinha preparado tudo isso ou ele tinha uma empregada? Eu ficava com a segunda opção, apesar de não ter visto ninguém pela casa.
–Pode se sentar, Justice. - ele falou e eu percebi que ele já estava sentado, olhando para mim com um olhar divertido.
–Ah desculpe. - falei puxando uma cadeira para me sentar. - Eu estava longe.
– Pode se servir. - ele falou enquanto pegava uma panqueca e colocava em seu prato.
Havia croissants também. Meu estômago roncou e eu arregalei os olhos.
Ele olhou para mim e sorriu.
– Bom, eu já posso ver que você está com fome, então coma.
Sorri. Estômago maldito fazendo barulhos ensurdecedores em um ambiente silencioso.
Peguei um croissant pequeno e servi um pouco de suco em um copo. Eu estava morrendo de vergonha.
Dei uma mordida no meu croissant de presunto e queijo. Ele comia suas panquecas em silêncio e eu o analisava, aproveitando que ele não estava olhando.
Ele tinha colocado um suéter cinza que marcava o seu peito musculoso e uma calça jeans preta. Achei melhor desviar o olhar para que eu não fosse pega no flagra como muitas outras vezes.
Bebi um gole do suco de laranja. Estava divino, sem nenhum gomo de laranja, como eu gostava. E o croissant estava ótimo e saboroso.
–E então, está mesmo se sentindo melhor? Você está calada.
Olhei para ele e ele já analisava meu rosto. Forcei um sorriso.
–Sim, eu estou bem. Só um pouco envergonhada.
Ele franziu o cenho.
– Por que?
Balancei a cabeça.
–Acho que é um pouco difícil de explicar. Mas, estou envergonhada por quase ter sido estuprada na frente da sua casa, quer dizer... Quais são as probabilidades disso acontecer? A França é um país seguro. Essas coisas só acontecem comigo... E estou envergonhada por ter ficado um pouco bêbada mesmo tendo tomado apenas meia garrafa de vinho e tentado te beijar. - balanço e a cabeça e fechei os olhos sentindo me mortalmente envergonhada.
–Justice. - ele falou meu nome. Meu nome parecia mais bonito quando ele pronunciava.
Respire fundo e abri os olhos olhando para ele.
–Está tudo bem. Afinal, você não sabia que aqui era a minha casa, não sabia que um bando de marginais ia te seguir. Você não prevê o futuro, nenhum de nós, então, não se culpe por essas coisas.
E quanto a beijar você? - pensei. - Bom, eu não me lembrava de muito, porque apenas encostei os lábios nos dele e apaguei. Mas acho que não me arrependia muito disso. Mas claro que eu estava envergonhada.
–Quanto ao beijo, - ele falou ainda analisando meu rosto que ficou quente. - Não se culpe também. Não é algo que eu me arrependeria.
O que ele queria dizer com aquilo?
Engoli em seco.
–Mesmo assim, me desculpe. Eu não costumo agir desse jeito. Eu devia estar mesmo bêbada.
–Está tudo bem. Eles machucaram você?
– Não. - falei. - Graças a você.
Ele sorriu.
–Juro que se você não estivesse tão assustada, eu teria dado uma surra neles. Você devia ver como estava. - ele balançou a cabeça e suspirou.
Franzi levemente o cenho e terminei de mastigar o croissant.
– Não vai comer só isso, vai? - ele perguntou olhando para mim e para o prato.
Mordi o lábio inferior.
–Coma mais um pouco, por favor. Você gosta de ovos mexidos com bacon?
– Sim.
Ele pegou a tigela com ovos e Bacon e colocou uma quantidade no meu prato.
– Obrigada. - falei.
Aquilo era tão estranho! Era como um sonho.
Dei uma garfada em meus ovos. Eles estavam deliciosos. Continuei a comer e pude ver que ele ficou particularmente satisfeito me vendo comer.
–Você mora sozinho? - atrevi-me a perguntar.
– Sim. - ele respondeu tomando um copo de suco. - Achei que soubesse disso.
– Por que saberia? - perguntei.
– É que parece que todas as pessoas que eu conheço, parecem já saber quem eu sou, parecem pesquisar sobre mim antes de falar comigo. É frustrante.
– Ah. - foi tudo o que consegui falar.
–Achei que você tivesse pesquisado.
Eu pesquisei.
–Não. Só ouvi o que todos falam. - dei de ombros.
– Que bom que não me decepcionei com você. Você nunca me decepciona, Justice.
Aquelas palavras causaram um efeito esquisito em mim. Parecia que ele falava com segundas intenções, ou era apenas a minha mente perversa? De qualquer modo, senti o rubor tomar meu rosto e eu baixei meus olhos para o meu prato
–Como assim? - perguntei.
–Nas aulas. Você é sempre ótima. É talentosa.
Não pude deixar de sorrir.
– Obrigada. - falei.
–De nada. Posso te perguntar uma coisa?
Olhei para ele.
–Pode.
– Você é sempre tímida assim, sempre fica vermelha quando as pessoas te elogiam ou é só comigo?
Ah Deus... O que aquele cara queria? Me matar de tanta vergonha? É óbvio que o rubor na minha pele voltou e eu senti minha cara queimar.
–Ah... - tentei sorrir - Acho que eu sempre fui assim. Mas, você me intimida.
Minhas palavras pareceram surpreender ele por causa da minha sinceridade. Eu também me surpreendi.
– Jura? Por que eu te intimido?
–Não sei bem.

–Bom, não se sinta intimidada. Gosto muito da sua companhia Justice. Seria horrível se você sempre ficasse tão tímida perto de mim.
–Desculpe. - dei de ombros.
Tudo bem. Até aonde iria aquela conversa? Era muita revelação e muito constrangimento. E ele gostava da minha companhia!
– E então, eu sei que é feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos semana que vem você vai viajar?
–Não. - falei. - Meus pais também não vão vir me visitar.
–Sinto muito.
Assenti. Eu tinha milhares de perguntas para ele. Mas eu dissera que eu não havia pesquisado sobre ele. Mas, eu poderia perguntar não poderia? Afinal eu tinha dito que as pessoas haviam me falado sobre ele.
– Como você consegue manter sua vida tão privada? - perguntei.
– É um pouco difícil. - ele falou tomando um gole de suco de laranja. - É chato você andar na rua e ter pessoas tirando fotos suas, fotos de você comendo! Pode imaginar as caretas com que você sai nas fotos?
Comecei a rir.
–Posso imaginar.
Ele sorriu quando me ver rindo.
–É difícil, mas acho que faço isso com êxito. As pessoas sabem muito pouco sobre mim.
Assenti.
–Eu admiro isso. - falei. - Acho que eu entendo também a fascinação das pessoas por você.
Ele olhou nos meus olhos e deu um sorriso enquanto entrei tava os olhos.
– Digo... Você é reservado, as pessoas sabem pouco sobre você e elas querem saber mais. Acho que é por isso. Você fascina as pessoas muito facilmente com todo esse mistério.
Sem contar que é extremamente lindo. - meu subconsciente alfinetou.
Ele sorriu.
– Sou um homem misterioso então, Justice?
Nossa, meu Deus! Engoli em seco. Não fique acanhada desse jeito! - meu subconsciente gritou para mim
–Sim, você é.
–Interessante.
Ficamos nos olhando por um tempo sem dizer nada. Eu nem sabia mais o que dizer. Era uma tensão muito grande entre nós.
–Você gostaria de conhecer o resto da casa? - ele perguntou quando viu que eu tinha acabado de comer.
– Sim. - falei me levantando enquanto ele se levantava. - Estava tudo ótimo. - eu falei em relação ao café da manhã.
–Que bom que gostou. Fiquei com medo de que não gostasse.
Aquilo me fez sorrir.
Ele abriu a porta de vidro que tinha na cozinha. Eu o acompanhei do seu lado.
Havia uma zona verde enorme! Era muito grande, como um campo de futebol.
–Ali é um bom lugar para deitar e olhar para o céu quando o tempo está ensolarado.
Assenti.
–É lindo. - falei.
Nos voltamos para dentro e passamos pela cozinha e pela sala. Subimos as escadas, eu atrás dele e ele na frente. Passamos pela porta ao lado da escada e fomos para o corredor. Eu achei que ele ia me mostrar o seu quarto, mas ele não mostrou, nem mesmo ao banheiro. Só indicou os cômodos. Claro que eu não ia pedir para que ele me mostrasse. Entramos no quarto que eu tinha dormido, no final do corredor.
–Este é o quarto de hóspedes. - ele falou.
–É um belo quarto. - eu falei.
– Que bom que gostou.
Ele abriu a pontinha de vidro e eu o segui.
A sacadinha era aquela que dava para frente da casa, a sacada que eu tinha visto na noite anterior antes de entrar na casa.
Sim, afora na claridade, pude ver que as árvores que cercavam a entrada da casa eram palmeiras e coqueiros.
–A sua casa é linda Alexander. - falei e ele olhou para mim.
Eu olhei para ele e ele sorriu.
– Tem o terraço ainda.
Nos saímos da sacada e é fechou a porta de vidro. Estava ventando bastante. O inverno estava chegando.
Nos suamos do quarto e andamos em direção a porta misteriosa ao lado da escada.
Ele abriu ela é acendeu a luz. Era onde havia a parede com tijolos de vidro. Era um local pequeno e claro com paredes brancas onde havia uma escada branca que levava para o andar de cima. O terraço. Ele começou a subir as escadas e eu o segui. Ao final da escada, havia uma porta de vidro de correr. Ele a abriu e segurou para mim.

Meus olhos e arregalaram ao ver o terraço. Era... lindo e era um terraço pequeno! O chão era de piso laminado, havia um arbusto com algumas plantas perto da piscina azul. Havia também um guarda-sol pequeno e listrado de azul e branco e uma mesinha com três cadeiras. Havia também duas poltronas de praia. Na pequena parte coberta, onde estavam às poltronas de praia, havia duas luminárias quadradas embutidas no teto e a parede da porta era pintada de verde.

– Nossa! – falei. – É lindo. É um espaço muito legal.

– Que bom que minha casa lhe agrada, Justice.

Senti um arrepio percorrer o meu corpo quando ele disse o meu nome. Isso sempre acontecia quando ele o pronunciava. Olhei para ele e sorri.

– Sim, você tem uma casa ótima. Ninguém nunca o achou aqui¿ Nenhum paparazzi cercou sua casa com um helicóptero¿

Ele riu.

– Não. Eu sou bem reservado quanto a isso. Fiz um acordo com a imprensa para que eles deixassem o local onde eu moro em sigilo.

– Ah. – falei.

– Você é a única que sabe onde eu moro.

Olhei para ele com a testa franzida.

– Como assim¿

– É a única pessoa que sabe, tirando a minha tia, é claro. As outras pessoas do conservatório não fazem a mínima ideia de onde eu moro. Gosto de manter minha privacidade.

Eu estava pasma. Eu tinha certeza que meu rosto estava demonstrando isso.

– Bem... Eu acho que me sinto lisonjeada.

Ele sorriu e eu não pude deixar de sorrir. Eu fiquei fitando a piscina por um momento sabendo que os olhos dele estavam em mim. Não era coisa da minha cabeça. Tinha uma tensão entre nós. Ele se aproximou de mim e eu olhei para ele.

– Justice. – ele falou.

– Sim¿

Ele estava tão perto de mim! Eu estava morrendo de vontade de tocá-lo. Ele fechou os olhos e respirou fundo.

– Gostaria que tocasse na aula amanhã.

O sangue congelou em minhas veias. Não era isso o que ele dizer. Não era! Ele abriu os olhos e olhou para mim novamente.

– Tudo bem. – falei sustentando seu olhar.

Permanecemos ali por mais um momento, olhando um para o outro até que eu olhei para os meus pés e disse:

– Eu deveria ir embora. – falei. – Obrigada por ter me deixado ficar aqui ontem, Sr. Grayson.

– Justice...

Eu abri a porta de vidro e desci as escadas correndo. Corri em direção ao quarto onde eu dormira. Abri a porta e peguei a minha bolsa que estava jogada ao lado da cama. Agachei-me para pegá-la e colocar a alça no ombro.

Quando me pus de pé novamente, vi ele parado na porta do quarto. Exclamei levando um susto. Ele se aproximou lentamente me olhando.

– Eu... Eu... – eu estava tentando dizer algo.

Me calei quando suas mãos quentes envolveram meu rosto puxando minha boca para a dele. Senti meu corpo amolecer e passei meus braços por seu pescoço, retribuindo seu beijo. Minha língua tocava a dele timidamente enquanto a sua explorava minha boca, fazendo o contorno dos meus lábios. Nós nos separamos sem fôlego e ele encostou sua testa na minha.

– Eu não aguento mais fingir. – ele sussurrou e encostou seus lábios nos meus novamente.

*Então pessoal, gostaria que vocês soubessem que é assim que eu imagino o Alexander. Achei que vocês deveriam saber :)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que você achou do capítulo? Por favor, comente sua opinião, eu quero muuuuuuuito saber o que você está achando da história :)
Ah, queria me desculpar se tem algum erro de português ou digitação. As vezes a vontade de escrever é tanta que eu escrevo no celular mesmo e me mando por e-mail para eu editar o texto no computador! rsrsrs.
Espero que esteja gostando e te vejo no próximo capítulo :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sob As Luzes de Paris" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.