Sob As Luzes de Paris escrita por Letícia Matias


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem?
Demorei um pouquinho para postar esse capítulo novo porque eu estava viajando e não tinha como postar :/
Mas estou de volta...
Boa leitura!



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Eu não conseguia parar de olhar para o anel em minha mão. Era lindo e agora estava em cima do anel de namoro que Alexander tinha me dado um tempo atrás. Era lindo!
Alexander olhava para mim, deitado na cama enquanto eu olhava o anel na minha mãos atentamente com um sorriso bobo nos lábios. Virei-me de lado sorrindo, nossos rostos há centimetros um do outro.
—Eu te amo. - falei.
—Eu também.
—Sua tia já sabia?
—Ela tocou no assunto e... Bom, eu já estava pensando nisso há algum tempo. E aí eu vi você vendo aquele programa de bolos de casamento...
Ri.
—Bom, com certeza você já deve ter visto bolos ótimos para o casamento.
Assenti ainda rindo.
—Onde você quer se casar? Posso te dar o casamento que quiser.
Sorrio e encosto a testa na dele. Fecho meus olhos e suspiro.
—Não preciso de uma festa enorme. Juro que sempre achei que precisaria de uma festa enorme de casamento para estar satisfeita. - abro os olhos e olho nos olhos castanhos que olham para mim. Analiso seu rosto por um momento e digo - Só preciso que você esteja lá.
—E onde você quer que seja? Qualquer lugar do mundo... É só falar.
Sorrio com aquilo. Gosto de como ele não coloca limites nos nossos planos.
—Talvez em um lugar tranquilo, em uma praia deserta. Só nós dois. E ai a gente aproveita e já fica para a lua de mel.
Alexander sorri.
—Gosto dessa ideia.
—Eu também. - sorrio e lhe dou um beijo na ponta do nariz. - Você é maravilhoso, sabia?
Ele me aninha perto de seu peito e beija minha testa.
—Eu te amo. - falo.
—Eu também.
Ficamos em silêncio e passado alguns minutos, talvez dez, olho para Alexander e vejo que ele está dormindo. Não posso deixar de sorrir ao ver sua expressão tranquila enquanto dorme. Adoro quando ele adormece primeiro do que eu. Geralmente sou sempre eu que durmo primeiro e acordo por último, principalmente nesses últimos dias.
Acho que fico uns vinte minutos olhando para o homem á minha frente antes de apagar a luz do abajur e deitar minha cabeça no travesseiro para dormir também.
A cortina da janela do quarto está aberta, o que me permite ver os flocos grossos de neve caindo sem parar. É uma nevasca em tanto e me acalma. Fico olhando para ela e ouvindo a respiração tranquila de Alexander. A última vez que olhei para o relógio ao lado da cama, em cima do criado mudo, o relógio digital com números verde fluorescente marcava meia noite e dez.
***
Meus olhos se abrem e a primeira coisa que eu vejo são os flocos de neve caindo lá fora constantemente. O céu ainda está escuro. Franzo o cenho e olho para o relógio digital. São quatro e dez da manhã. Sinto uma sensação esquisita e gelada. É como se os lençóis estivessem molhados. Sento-me na cama e acendo o abajur. Olho para o lençol branco e meu coração dispara ao ver uma mancha grande e vermelha.
—Ah meu Deus. - sussurro e eu olho para minha camisola que está suja da mesma maneira que o lençol.
Alexander abre os olhos e olha para mim franzindo a testa, depois olha para o lençol e se senta rapidamente. Estou intacta, sem saber o que fazer ou o que falar. Não consigo ter nenhuma reação. Meu coração está disparado, estou gelada, quero gritar, mas não consigo me mover. Não consigo ouvir nada ao meu redor. Sei o que aconteceu. Sei o que aconteceu.
Só percebo que Alexander já se vestiu quando sinto seus braços me pegando e me tirando da cama. Não estou ouvindo nada. Não consigo enxergar nada do que está acontecendo ao meu redor. É como se eu tivesse hibernado.
***
Estou com a cabeça apoiada na janela fria do carro, olho para o manto branco que cobre todas as ruas. O aquecedor está ligado no máximo para que eu não sinta frio, eu acho. Mas a verdade é que não sinto nada. Só consigo visualizar a mesma coisa que vi na cama. Uma vida que se esvaiu de mim.
—Estamos chegando, tudo bem? Estamos chegando. - sinto uma mão afagar tremulamente meus cabelos.
Por mais que eu queira falar que o esforço dele está sendo em vão, não consigo. Não sai nenhum som da minha boca. Eu só consigo ver manchas de sangue cobrindo tudo que é branco.
***
Não me lembro como fui parar naquela maca. Não me lembro nem mesmo de ter entrado no hospital. Estou deitada em uma maca, vestindo uma camisola verde clara e há uma manta branca e quente em cima das minhas pernas. Reconheço o quarto em que estou. É o mesmo em que estive quando tive uma concussão cerebral, há alguns dias atrás. Tanta coisa aconteceu que parece que faz meses.
Não quero que ele veja que eu acordei. Não tenho forças para falar, por mais que eu queira dizer que eu sinto muito.
Alexander está com o braço esquerdo apoiado na parede, em cima da sua cabeça e olha para a rua deserta por causa da neve, que cerca o hospital. Ele conseguiu ser extremamente ágil e vestir sua calça jeans e uma blusa de frio fina e preta. Seus pés estão descalços.
Fecho os olhos novamente e sinto meu lábio inferior tremer. O morro com força para que eu não chore alto. Não posso suportar a dor que estou sentindo no peito. É a pior coisa que senti em toda minha vida. Minha menininha foi embora. Eu podia sentir que era uma menininha.
Mas a culpa era minha. Eu tinha a rejeitado com lágrimas e preocupações fúteis com o meu futuro acadêmico, com o meu futuro profissional que não significavam nada para mim naquele momento. A culpa era toda minha. É por isso que ela tinha ido embora.
Um gemido saiu da minha boca e eu comecei a chorar silenciosamente, colocando as duas mãos no rosto, apertando meus olhos com força com as pontas dos dedos. Todo o meu corpo tremia a ouvir meus batimentos cardíacos no monitor, me causavam uma repulsa enorme.
—Me desculpa. - tentei falar em meio ao choro quando senti as mãos de Alexander nos meus braços. - Me desculpa, me desculpa, me desculpa!
—Shh! Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem.
Não consigo nem olhar em seus olhos agora. Não posso.
Balanço a cabeça negativamente.
—Me desculpe.
***
Não me lembro quando adormeci novamente, mas quando tornei a abrir meus olhos, a claridade do dia já invadia o quarto. As persianas nas janelas grandes estavam abertas. Tinha parado de nevar, mas o céu ainda tinha um manto acinzentado.
Meus olhos estavam secos e ardiam, minha boca estava seca também e sentia meu corpo inteiro dolorido. Alexander estava sentado ao lado da maca na poltrona bege de couro e dormia. Eu me sentia ainda pior por vê-lo ali.
Olhei para minha mão com o anel lindo que ele havia me dado. Por que tudo tinha que acabar em tragédia? Porque a felicidade sura tão pouco? Por que eu tive um...
Fechei os olhos com força quando senti as lágrimas querendo sair deles.
Era minha culpa! Por que eu não falei para Alexander que estava sentindo dores? Por que? Talvez pudéssemos ter evitado isso.
A dor que eu sentia não era física, era mental e dentro do meu peito, uma dor que nem mesmo a morfina poderia aliviar.
Levei minha mão até a barriga, ainda de olhos fechados. Minha boca tremia enquanto eu mordia o lábio inferior com força para não chorar, pelo menos não chorar alto e acordar Alexander. Eu sinto muito bebê, sinto muito.
Sequei rapidamente as lágrimas que caiam dos meus olhos quando a porta do quarto se abriu e um médico jovem e alto entrou no quarto com uma prancheta na mão. Ele tinha os cabelos castanho escuro arrumado num topete, olhos castanho claro e era vrm branquinho. Ele tinha uma aparência nova, quase de adolescente. Devia ser muito novo.
—Bom dia srta.Campbell. - ele sorriu para mim sem mostrar os dentes.
Não era um sorriso sincero devido ás circunstâncias.
—Bom dia. - falei me sentando com um pouco de dificuldade na maca.
—Como está se sentindo fisicamente? - ele pergunta.
Olho para seu avental onde está bordado de azul escuro em letra de mão, seu nome "Pierre Carter".
—Ah... - falo e olho para minhas mãos em cima da colcha que cobre minhas pernas. - Cansada e dolorida.
Pierre assente e anota isso na prancheta, ou finge anotar, não sei.
—Você se lembra do que aconteceu na noite passada?
Olho para seu rosto e meus olhos se enchem de lágrimas novamente. Pisco rapidamente e engulo em seco.
—Sim.
Ele faz um leve maneio com a cabeça e diz:
—Srta.Campbell, você teve um aborto espontâneo. Não era algo que podia ser controlado.Isso acontece muito até os quatro meses de gestação. É muito comum. A srta se espantaria em saber quantas mulheres entram nesse hospital porque sofreram um aborto. Sei que é difícil, mas, é muito importante que a srta saiba que não é sua culpa. Muitas vezes as mulheres nem sabem que estão grávidas e só tomam conhecimento quando sofrem o aborto.
Ele parou de falar um pouco e passou a língua pelos lábios.
—A srta veio para o hospital em estado de choque então é muito bom ver que você se recuperou um pouco e está falando, ouvindo... Ficamos bem preocupados. Mas quero que fique bem claro que não foi sua culpa. Muitas vezes não há dores que indiquem que o aborto pode ocorrer...
—Eu senti. - interrompo-o.
O doutor Pierre olha para mim e Alexander se mexe na poltrona. Não tinha notado que ele havia acordado. Ele olha para o meu rosto e eu olho para minhas mãos pálidas.
—Eu senti. Não foi uma dor insuportável, foi um desconforto, como uma cólica. Mas não achei que fosse algo com que se preocupar. - olho para o rosto de Alexander procurando vestígios de raiva, mas só encontro um rosto cansado e calmo me olhando.
—Bom, mesmo que a srta tenha sentido, na maioria das vezes, não há o que fazer. Eu sinto muito srta. Campbell e sr. Grayson. Vocês são jovens, podem tentar novamente em um mês. Vocês têm muito tempo. É uma perda, é difícil, mas com certeza vocês conseguirão novamente.
Ainda fitando minhas mãos, pergunto:
—Se tivéssemos vindo para o hospital quando na hora que senti as dores, vocês poderiam ter feito alguma coisa?
Olho para Pierre. Ele me dá aquele sorriso triste novamente.
—Talvez.
Assinto e fecho os olhos.
—O importante agora, é que a srta fique de repouso por alguns dias. Nós fizemos a curetagem e todos os procedimentos necessários enquanto a srta dormia, você está bem e ficará bem. Só tenho algumas recomendações médicas a fazer.
Olho para seu rosto juvenil e bonito. Ele parece desconfortável quando olho no fundo de seus olhos. Ele pisca algumas vezes e engole em seco. Pigarreia e depois diz:
— É importante que você fique de repouso por alguns dias e evite ter relações sexuais por uma ou duas semanas. Depois disso, vocês estão livres. - ele olha para Alexander rapidamente e depois para mim. - Você pode vir a menstruar em alguns dias, tudo vai voltar ao normal.
Quando ele vê que não vou falar nada, olha para Alexander e diz:
—Posso falar com você sr. Grayson?
Alexander se levanta da poltrona e antes de acompanhar o doutor Pierre para fora do quarto, me dá um beijo na testa enquanto cubro meu rosto para que ele não veja as lágrimas transbordando.



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Notas finais do capítulo

Sei que foi um capítulo triste... E espero que não me matem por isso...
Espero que tenham gostado do capítulo, mesmo ele tendo sido meio trágico kkkkk
Espero que estejam gostando da história e vejo vocês no próximo capítulo!!! :)



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