Estamos no mesmo time escrita por MisakiLisa


Capítulo 3
Episódio 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada novamente pelos comentários, fico muito feliz que estão gostando. O capítulo vai ser narrado pela Maria Joaquina, espero que gostem.



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Pov Maria Joaquina:

Todos os dias, levantávamos de madrugada para treinar. Aquilo estava me desgastando, já não aguentava mais. Então resolvi dormir cedo ontem.

Naquela manhã finalmente pude sonhar. Poderia dormir o dia todo, como a tanto tempo não o fazia. Até ser acordada por gritos vindo da porta.

–Acordando moças –Kokimoto aparece tirando os lenções das garotas e os jogando no chão –Vocês deviam aprender a acordar cedo, já estou cansado de sempre ter que vim acorda-las.

–Não enche –Disse alguma garota, que não reconheci a voz. Estava muito cansada para abrir os olhos, até que os abro no momento que Kokimoto chega até minha cama.

–Calma, já estou acordada –Digo e levanto as mãos para cima.

–Até que para uma madame, está se saindo muito bem Medsen –Ele diz e sai. Ignoro o comentário e me levanto.

Enquanto me visto, lembro do dia em que cheguei aqui. Minha mente estava confusa, cheia de remoço. Talvez tenha mesmo valido a pena vim para cá, meus conceitos mudaram, minha vida se tornou outra e estou aprendendo com isso.

Acabo de me arrumar e desço. Uma garota me assusta por trás, vejo que era Carmen.

–Bom dia Maria, dormiu bem? –Ela pergunta sempre sorridente.

–Dormi sim. Ter deitado mais cedo fez bem, acho que farei isso todos os dias.

–Acho melhor não. Paulo descobriu que você mentiu sobre ter ido para o quarto porque estava com dor de cabeça, ele vai passar a treinar à noite também. –Carmen me fala e eu a olho tediosa.

–Como ele descobriu? Já estou acabada, e agora quer mais um horário de treino, desse jeito, vamos morrer antes da hora –Digo e Carmen rir.

–Quem deve ter contado? Ah...não resta dúvida, com certeza foi Cirilo.

–Aquele garoto, sempre se intrometendo na minha vida. Paulo deveria tê-lo mata-lo quando podia–Digo e logo me arrependo em seguida.

–Eu ainda tento entender. Ás vezes ele te ama, mas em outras, parece te odiar. Tão confuso -Carmen diz e concordo com a cabeça.

Chegando ao refeitório, todos já estavam lá. Sento na mesma mesa que Paulo, queria lhe falar umas verdades.

–Bom dia a todos –Digo tentando ser simpática, mas apenas Laura me responde.

–Bom dia Maria –Laura, a pessoa mais educada e sorridente do Laranja. Sempre me questionava como uma garota como ela estaria neste lugar, talvez, ela fosse como eu...

Paulo me encara. Iria brigar comigo, como sempre fazia.

–Você dormiu cedo ontem! –Ele fala e continua a comer.

–Queria mesmo falar com você sobre isso. Bem, eu acho que acordamos cedo demais, muitos aqui nem consegue treinar direito de tanto sono. Seria melhor acordamos duas horas depois do horário normal –Ele me olha pensativo, depois solta um riso baixo, eu olho brava.

–É uma regra, não tem como mudar. Se quer moleza, vai para o time Roxo. Lá eles comem e dormem a vontade, deve ser por isso que não consegue mexer em uma arma –Paulo falava irônico, eu o achava irritante quando fazia isso.

–Fico surpresa que pelo menos temos comida aqui –Falo no mesmo tom que ele. Margarida me olha.

–Deveria estar feliz, porque se fosse do Roxo já estaria morta –Sua voz, apenas por escuta-la, já deixava minha cabeça doendo.

–Mesmo sendo desse time, você já estaria morta, se não estivesse namorando o chefe do Laranja –Falo sem pensar, minha cabeça doía e minha fome já tinha passado. Carmen se vira para mim, me repreendendo, pedindo para que me cala-se.

–Desculpa se o chefe do Laranja me ama. É uma pena você não ter tido a mesma sorte –Margarida lança olhares sínicos.

–Calem a boca –Paulo grita, mantendo a cabeça baixa. Margarida não entende sua atitude.

–Porque gritou? Estou tentando defender a gente.

–Pouco me importa o que falam de mim, você devia fazer o mesmo. –Paulo termina de comer, se levanta e avisa para um grupo de uma mesa –Mesa 5, hoje é a vez de vocês arrumarem às mesas. –Ele avisa e o grupo balança à cabeça positivamente, ele sai para sua sala.

–É realmente... ele te ama muito –Eu digo e do um belo sorriso, e também saio sem nem tocar na comida, no mesmo momento Margarida também sai. No estado em que estava, apenas uma coisa me acalmaria e era para lá que eu iria novamente.

–--

Resolvo ir até a “divisão”, como todos nós a chamamos. A “divisão” é uma enorme ponte que nos separa do outro time. A saída do Laranja, o inicio do Roxo. Apesar de corredores dentro da casa que nós permite encontrar com o outro time, o final dessa ponte me levaria direto para o Roxo.

Eu gosto de ficar ali vendo a paisagem grotesca, apesar de um lugar com clima frio intenso, me sentia confortável. Mas hoje estava com tanta raiva, que resolvi seguir ainda mais pela ponte, não estava bom, queria mais, até chegar na metade da ponte. O vento estava ficando forte, a ponte balançava, mas eu não me importava, o clima agradável me impedia de sair dali. Olho para o lado, vejo uma sombra, tinha uma pessoa chegando. Era um Roxo, melhor, o Líder do Roxo.

–Péssima hora para me encontrar com um de vocês –Falo primeiro antes mesmo dele se aproximar.

–Não sabia que estava aqui, vim por acaso, esclarecer minha mente –Ele diz. Fico surpresa, estava fazendo o mesmo que ele.

–Então já que estamos fazendo o mesmo, vamos esquecer a rivalidade neste momento. –Eu digo e fico surpresa comigo mesma, se Paulo nós encontra-se, com certeza nós mataria, mas isso não importa agora.

–Não só neste momento, queria que essa rivalidade nem existisse –Ele diz e finalmente olho para ele.

–Por medo ou pelo cansaço? –Seria a hora de aproveitar e ver o ponto fraco do time adversário? Ou apenas uma conversa de amigos...?

–Talvez pelos dois, às vezes fico pensando. Como esse lugar poderia ser melhor sem times, apenas um só, todos reunidos ajudando uns aos outros.

–Penso que isso é um teste. A vida não é fácil, isso aqui não é fácil, estamos nós matando para vencê-los. Estamos em um teste real, de vida e morte.

–Deve ter tido bons motivos para chegar a essa conclusão.

–Simplesmente porque essa “nova vida” me fez olhar o mundo de uma forma que jamais vi –Naquele momento começo a perceber, que uma companhia do Roxo me fazia sentir melhor –Estranho não, estamos conversando tranquilamente, sem nem pensar que se alguém descobrir algo...

–Não vão descobrir. Não estamos fazendo nada de errado, Maria. Seu nome certo? –Ele me olha confuso, parecia estar com medo de ter errado meu nome.

–Sim, Maria Joaquina. E o seu é Daniel, não poderia esquecer, sendo líder do time Roxo, principal alvo do Laranja, ah... –Levo a mão a boca, tinha falado demais, agora ele sabia que seria alvo na próxima.

–Não se preocupa se acha que revelou demais, eu sempre soube que queriam me matar primeiro.

–Para falar a verdade já estão mudando de ideia... –Lembro da conversa que tinha ouvido uma vez, sobre uma certa garota.

–Conta mais... Como veio parar em PanaPaná –Daniel muda de assunto rapidamente, estranhei, ele não estava querendo ganhar algo com nossa conversa.

–Nada de mais, resolvi vi aqui apenas para esclarecer algumas coisas, ficar longe de uma pessoa...

–Sabendo do passado dessa cidade, ficar longe de alguém não é um bom motivo para se vim pra cá –Ele ri, não escondo o sorriso.

–Na verdade é um garoto obsessivo por mim, já não o aguentava mais, ele me seguia, tirava foto de tudo que fazia. Terminei namoros por causa dele e hoje ainda tenho que vê-lo todos os dias.

–Ele te seguiu até aqui? –Daniel fala curioso.

–Sim, e por azar ele saiu no mesmo time que o meu, tenho que aguenta-los me vigiando o tempo inteiro.

–Talvez ele esteja aqui, neste momento, morrendo de ciúmes –Daniel rir e confesso que fiquei envergonhada.

–Daquele garoto eu não tenho medo, não me importo, quero ele longe de mim e terei –Falo, agora estava séria, olho para ele que estava olhando para a paisagem –E você?

–Bom... Depois de terminar meus estudos, eu queria ir em um lugar diferente. Aqui parecia ser o lugar perfeito, mas não foi bem assim. Porém fico feliz em encontrar amigos de verdade.

–Amigos... –Lembro de algumas vezes em que observava o Roxo. Eles conversavam, riam, se divertiam. Eram diferentes de nós, que apenas conversávamos para falar sobre táticas, defesas –Ás vezes queria ser como vocês –Falo baixo, Daniel pede para que repetir-se mas ele já tinha entendido.

–É uma pena não poder trocar de time, você parece uma garota legal, bastante inteligente, perfeita para o Roxo.

–Não sou... –Deste momento caio na realidade, não poderia ficar mais tempo, apesar que estava gostando da conversa. –Agora tenho que ir, devem estar preocupados –Mudo de assunto repentinamente, ele me olha, achando que falou algo errado. Não era isso, suas conclusões corretas, ninguém precisava saber. Me viro andando pela ponte, ouço a voz de Daniel.

–Se quiser uma companhia diferente, eu sempre estarei por aqui –Olho para ele, a imagem ia desaparecendo conforme andava, até eu não poder vê-lo mais. Dou um último sorriso. Logo quando entro, encontro uma pessoa, que não queria ver...

–Onde estava? –Cirilo pergunta severo, eu permaneço calada até que resolvo falar.

–Porque pergunta? Você já deve saber, está sempre me vigiando mesmo.

–Queria ver se não ia mentir desta vez –Apesar das mentiras, Cirilo sempre descobria, ele me vigiava o tempo todo, e as tentativas de fugir dos seus olhares foram em vão.

–Então foi você mesmo que contou para o Paulo. Eu sabia, porque não cansa de me perseguir, já te falei que não quero nada com você. Não preciso de sua ajuda, não preciso de você –Era o momento certo para falar o que sentia, eu perdi tudo que amava por culpa dele, talvez, perdesse novamente. “Daniel...’’

–Mas eu sim...eu preciso de você aqui comigo, e não vou permitir que nem um sujeito do outro time te leve para um caminho sem volta. Maria, eles não são confiáveis, não confie neles. Confie em mim, eu estou aqui para te proteger –Eu apenas rio de seu comentário, mas isso não o afetou, ele continuava sério.

–Eu não preciso de proteção, muito menos sua. Se eu tive a honra de entrar neste time, então foi porque eu mereci estar aqui –Ele se aproxima de mim lentamente, enquanto caminho para trás.

–Não discordo de você, eu sei que isso não é fácil, especialmente para uma moça como você, acordar cedo deve ser um sacrifício... –Não podia deixar de responder seu comentário machista. Aquele na minha frente parecia ser o Paulo, sua maneira de falar, seu jeito rude, Paulo estava transformando todos em seres sínicos e grosseiros. Aquela tentação não cairia em mim.

–Só porque eu sou uma mulher, isso não quer dizer que seja fraca. Posso ser muito melhor que você. Acordar cedo já não é um problema, agora estou disposta a fazer qualquer coisa – “Para te matar”. Queria completar a frase, dizer tudo o que eu sentia, mas eu não podia, não agora.

–Não precisa se esforçar muito, você sabe que eu estarei aqui, aonde você estiver –Nossos corpos estavam colados, ele encostou suas mãos em meu rosto. Eu viro, mas a sua mão continua em mim –Maria, aqueles fracotes não tem chance contra nós e você sabe disso.

–Falando dessa forma, me lembra o Paulo.

–Parece que a companhia dele me fez bem. Fez abrir meus olhos para a realidade. O mundo pode ser flores, mas de certa haverá espinhos ao redor dela –Ele faz uma pequena pausa e olha para os lados. Neste momento pensei que iria me beijar, mas ele não o faz –Tenha uma ótima tarde Maria. Nós encontramos no campo central, até breve... –Ele tira vagarosamente sua mão de meu rosto, e sai sem nem olhar para trás.

Me viro e saiu correndo sem pensar, esbarrando em todos. Queria apenas distância dele, distância de todos os Laranjas. Uma garota cai, eu não a olho.

“Maria Joaquina estressada de novo’’

“Como sempre”

“Mandem ela para o outro time, ninguém à aguenta mais aqui...”

Chega.


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Notas finais do capítulo

Como eu já tinha falado, estou sem internet. Então desculpa a demora dos capítulos.