Os passos continuavam velozmente atrás de nós. O meu coração batia rapidamente, e as minhas pernas seguiam sozinhas. A mão de David segurava na minha, guiando-me seguramente. Olhei de relance para ele. Estava tenso. Nunca o tinha visto tão irritado. Afinal estávamos a ser seguidos pela “DR” e só isso já era motivo para ele se atirar para cima deles e matá-los um a um. Mas não fez nada disso, talvez porque me queria por em segurança.
Um dos membros atacou mesmo por cima de nós, mas revelou-se um desperdício, pois David acertou-lhe em cheio com um murro no queixo atirando-o para longe. Outro o tentou atacar, mas acertou-lhe com um pontapé. Dei um olhar em volta, e contei os membros que nos atacavam – 15 – nem mais nem menos, a não ser que algum se escondesse.
Os meus pés já me doíam, quando várias setas voaram na nossa direção. Era a minha vez de ajudar. Usei um encantamento de reflexão, fazendo as setas voltarem aos seus destinatários. Olhei a ver se tinha acertado em alguém, mas só tinha feito pequenos arranhões. A perseguição continuava. Nunca chegaríamos a nenhum lado, andando desse jeito. Precisavam encontrar um esconderijo, mas duvidava que eles não os encontrassem. Então o que fariam. Apenas olhar para David, mostrava que ele não sabia para onde ia. E isso tornou-se um problema, pois ao nos desviarmos de toda a vegetação, deparámo-nos com um precipício, tentamos voltar para trás, mas rapidamente fomos rodeados pelos soldados da “DR”, sim eram mesmo 15.
Perguntei-me se o meu fim seria ali, quando senti a mão de David descolar-se da minha. E atirando-se contra os primeiros que viu, que não contavam com tal reação acabaram levando vários socos e murros. Senti presenças atrás de mi e virei-me rapidamente ativando um encantamento, atirando com eles para longe. Mas não podia parar pois já estava cercada por outros. E não paravam de atacar, mesmo os que estavam no chão se levantavam quantas vezes eram atirados para o chão. O que eram eles? Não conseguia ver pois estavam com grandes mantos que os cobriam dos pés á cabeça. Mas isso não era o mais importante, tanto ela como David estavam a começar a ficar cansados com o tempo. E acabou dando de costas com David. Acabando totalmente rodeados por todos os membros. Reparou que David tinha tirado o seu punhal. Este sussurrou-lhe aos ouvidos:
–Eles não são humanos. Acertei-lhes com o punhal mas não fez efeito!
Estremeci dos pés á cabeça, se não eram humanos o que seriam? David prosseguiu:
–Eu descobri uma maneira de os derrotar, mas preciso de subir para tacar bem no centro!
–Eu consigo fazer isso, David!
Ele deu um grande sorriso, e respondeu-me:
–Então quando eu saltar ativa um protetor em ti!
Acenei com a cabeça, e disse:
–Quando estiveres pronto!
Olhei para ele e vi-o a mandar energia elétrica, para o punhal. Como pensei ele era um elementor de raio. Após alguns segundos deu um aceno afirmativo para mim. Direcionei o encantamento para os pés dele. E a terra debaixo dos seus pés levantou-se até estar na posição que queria. Carregou o punhal até ao máximo e saltou. Ativei rapidamente o protetor em mim. Ele virou o punhal para o chão, mesmo no centro deles. O choque levou os raios a irem ter a cada soldado. Eletrificando-os da cabeça aos pés. Todos caíram para o chão, e para sua surpresa, não se levantaram. David seguiu na direção de um deles. E tirou-lhe todas as roupas. Deixei escapar um berro, a cara de David ficou horrorizada. Aquela “criatura” tinha uma face humana, mas o resto demonstrava que tinha passado por muita coisa e que já não havia nada de humano nela. O nosso transe foi interrompido por uma voz misteriosa:
–Então parece que vós os derrotastes. Estou surpreso. Oh não se preocupem com o aspeto deles. Foram humanos tolos que se quiseram juntar a nós sem pensar nas consequências. E agora já nem humanos podem se chamar!
Senti a revolta remoer-me no meu corpo. Quem era aquele homem? E por que mostrava tanto desprezo pelas pessoas? Os meus pensamentos foram interrompidos por David:
–Quem tu és para tratar pessoas desse jeito. Pelo jeito que vejo tu és um dos sete que apoiam Adrian! – Foi então que a face de David mostrou raiva – Eu reconheço a tua cara! Tu foste um dos que destruiu a minha aldeia!
–Oh estás a falar daquela aldeia no meio do nada? Ahahahaha, que diversão apanhei com eles. Tive o gosto de pode-los matar lentamente, ouvindo os seus berros profundos, a pedir misericórdia! Ah! Quem me dera poder fazer tudo de novo! O horror na cara das pessoas, o medo, aflição. Sensações maravilhosas de se ver!
O horror atravessou a minha cara. Como alguém podia fazer tudo aquilo, e ainda por cima se rir daquilo. Era realmente uma pessoa horrorosa. Olhei para David. Os dedos da sua mão cerraram-se e perguntou:
–Posso saber o teu nome?
–Bom, não que seja do teu interesse, mas vou dizer por boa educação. O meu nome é Tego!
–Prontos, não preciso saber de mais nada! – Depois, foi tão rápido que nem vi. Ele correu na sua direção sem aviso acertando Tego com um murro na cara. Este cambaleou mas David não lhe deu hipótese para reagir. Prendendo as suas pernas no pescoço de Tego atirando-o contra o chão. Tentou-se levantar mas levou um pontapé em cheio na cara, indo bater a uma parede. Eu nunca tinha visto assim o David!
Tego levantou-se com o nariz a sangrar, e com um sorriso nos lábios:
–Oh! Magoou-te o que fiz aos teus amigos! Deixa estar um dia mando-te para o pé deles. Mas o que me interessa agora são essas luvas que tens. São as de Light correto? Ah! Que sorte! Agora posso levar duas das partes da armadura para o grande e poderoso! E já agora que descobri que tens as luvas. Vamos fazer um duelo! Eu também sou a luva do poderoso “Dark”, quem ganhará? A luva de Dark ou a de Light?
David correu na direção dele. Mas Tego tirou a espada e enviou um poderoso raio na direção de David, que se desviou no último momento.
–Tu deves saber a habilidade das luvas certo? A possibilidade de usar qualquer arma! E esta espada absorve a energia do usuário e dependendo da sua força assim saíra o tiro. A minha é das trevas!
David voltou a ir na direção dele, desviando-se dos vários tiros. Chegou-se perto dele, e atacou com o punhal. Mas a espada de Tego foi mais rápida e destruiu o punhal. Com a outra mão acertou em cheio na cara David atirando-o para longe, deixando-lhe o lábio a sangrar. David voltou-se a levantar e a atacar, mas não importava quantas vezes o fazia, era sempre derrotado por Tego, era muito poderoso! David apresentava aranhões em todos os lados. E o sangue já escorria por ele. Fui na sua direção, tentei-o convencer a parar, mas desviou-me com uma mão e disse:
–Eu não vou parar até vingar todos em que tocou!
Levantou-se e correu. Tego mandou vários tiros, mas desviou-se de todos eles, chegando-se perto de Tego e acertando-lhe com um pontapé na cara. Este cambaleou e levou vários socos e murros, indo parar perto do precipício. A minha boca abriu-se. O poder de David era grande. Nunca podia imaginar que conseguiria fazer frente a um dos sete. Afinal, eram temidos por todos! Esta distração quase me custou a vida, pois Tego levantou-se e aproximou a espada da minha garganta. O pânico atravessou os meus olhos. Olhei para David, e ele estava ainda mais assustado do que eu:
–Como vai ser? Ou declaras a tua derrota, ou esta rapariga morre!
David estremeceu e levantou de imediato as mãos. Tego deu um largo sorriso e pediu-lhe para avançar e para tirar o casaco. David assim fez, mas quando estava perto de Tego, atirou-lhe com o casaco tapando-lhe a cabeça. David deu-lhe então um pontapé, fazendo-o cambalear e perder a espada. David agarrou-a, e tal como esperava, as luvas deixavam-na usá-la. Enviou um tiro na direção dele, e como era elementor de raio. Saiu um poderoso raio na direção de Tego, este voou para trás em direção ao precipício, mas antes David agarra o seu casaco e a bainha que Tego usava nas costas para guardar a espada. E Tego deu um berro enquanto caía até ter chegado á água.
David vestiu o casaco, guardou a espada de Tego e virou-se na minha direção:
–Vamos, ou então eles descobrem-nos!
Assenti, segurei na mão dele e começamos a correr. O meu espanto ainda permanecia. Nem sabia que David era tão forte assim! Aquele rapaz fascinava-me cada vez mais!