Ela apenas virou para mim e disse "eu não me importo mais". Não entendi e a fiquei encarando, e ela continuou; "Eu não me importo mais com suas amizades. Pode falar de quantas meninas quiser. Eu não me importo mais". Continuei sem entender, e mostrei isso em gestos faciais, pra ela completar; "Quero dizer, amor, que faça o que quiser. Fale de quem quiser e do jeito que quiser, para mim. Pode até vir uma pontada de ciúmes, chateação, raiva ou até mesmo tristeza, mas vai ser insignificante. Mais insignificante do que todo esse tempo que estivemos juntos, pra você" ela me deu uma chance de interrupção, e eu o fiz, completando; "Não foi insignificante! Foi tudo para mim, tinha valor, eu juro" e ela continuou; "Eu quis, sabe? Deixei que eu ficasse cega a isso tudo, porque no fundo, era bom assim. Mas eu não aguentei, minhas lágrimas apenas me recordavam de que não fazia bem pra mim. Sei que você tentou, e eu também. Mas na realidade, seu esforço era mínimo e imprestável. Você tinha, na palma da mão, o conforto. Eu era esse conforto. E querendo ou não, você só se aproveitava. Você não queria me perder, porque na verdade, sabia que nada nem ninguém iria te oferecer o que eu te dei de graça. Você se alimentava de todo o amor que eu tinha pra dar, e minha energia se esgotava, mas eu arranjava mais sabe-se lá da onde, só por você. Eu não cansei, não enjoei, mas era uma fantasia. Eu era iludida, você me iludia sem nem mesmo saber -espero-. De qualquer jeito, quando era para você ser bom, você se saia perfeitamente bem, mas no resto... Eu era só resto. Não sei se você vai se arrepender, dar valor, agora que eu desisti. Sim, eu desisti. Não desisti de nós, do nosso amor, dos nossos planos, porque te amo apesar de todos NOSSOS defeitos. Mas desisti de tentar ser a melhor, fazer o melhor e tornar tudo melhor. Eu peço desculpas, mesmo sem ter culpa". Eu só podia chorar, e aceitar. Era o único modo, dessa vez, de fazer a coisa certa de verdade. De realmente faze-la feliz; "Você quer acabar com tudo. Quer dizer, você precisa acabar com tudo. E eu não quero e não posso tomar essa atitude". Ela me olhou por um momento, ela viu que eu realmente a amava, e que ali, pela primeira vez, eu fiz alguma coisa apenas pro benefício dela, e sem pensar um momento em mim. Ela apenas disse; "Eu ainda te amo. Quero tentar recomeçar. Mas dessa, vez de outra maneira. Nós não somos mais um do outro". Nesse momento eu não desabei. Eu relaxei, relaxei ao ver que ela estava tomando uma atitude, e correta, sem pensar em mim. Relaxei ao ver que, pela primeira vez, realmente a pude fazer feliz.