While Nothing Gets Better escrita por Dreamily


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, vou continuar a escrever a distopia "Menta" também, ok? Entre no meu perfil e confira. Boa leitura!



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Eu tinha acabado de embarcar no aeroporto e como já se esperava, o ambiente se encontrava em completo caos. Vários pessoas arrastavam suas malas, sendo na maioria das vezes estrangeiros e turistas que migravam com uma expectativa afável para a nebulosa Londres. Segurei fortemente a alça da minha mochila e caminhei rumo a saída.
O tempo não estava tão frio como eu esperava. Não era exatamente o Brasil em retratando-se do clima, mas a temperatura berava uns 18°C. Puxei o capuz do meu moletom cinza porque havia uma pequena garoa e fui até os muitos táxis que esperavam alguém precisar de transporte. Fui até o táxi que tinha um senhor sentado e bati na janela, agradecendo meus anos de estudo em inglês:


- Pois não? - o senhor me perguntou com um forte sotaque britânico.
- Você poderia me levar até esse endereço - Perguntei, apontando para o pequeno papel azul que estava amassado e suado de tantor eu apertar sobre a palma da minha mão.
- Claro, eu estou acostumado com essas redondezas. Existem um grupo de repúblicas e vários jovens vivem indo para lá. A viajem custa 50 euros.

- Tudo bem, podemos ir agora? 50 euros, então - Retirei o dinheiro da minha carteira, já reclamando mentalmente pela a minha pouca e humilde economia. A bela profécia que Londres era muito cara já estava se realizando. Eu realmente precisava arrumar um emprego rapidamente.

- Pode entrar. Em trinta minutos chegamos lá- disse ele, colocando seus óculos.

Abri a porta, colocando a minha mala do meu lado e me acomodando no banco de couro com um leve odor de cigarros. Espirrei, me lembrando o quanto eu odiava o cheiro de cigarros e qualquer coisa relacionada. Baixei o meu capuz, deixando a minha franja lateral cair no rosto. Eu tinha cortado ela em um surto temporário, mas prontamente odiei a forma que ela caia sobre o lado de um dos meus olhos, mas já estava me acostumando com ela. A cidade passava em um borrão enquanto eu encostava a minha testa no vidro e pensava o quanto que minha vida estava mudando. Pelo menos deveria mudar.


A minha vida inteira eu passei em uma cidade de São Paulo sem ao menos sair de lá para uma cidade vizinha. Caramba, eu nem ao menos conhecia direito onde eu tinha passado meus 18 anos inteiros. Sempre tive uma vida regrada da "escola para a casa e da casa para a escola". Um ciclo sem fim. Eu posso dizer que em parte foi por mim. Não era como se eu pudesse culpar o mundo por isso. Eu sempre compartilhei interesses muito diferentes das pessoas que eu convivia. Enquanto eu amava livros, vlogs malucos na internet, rock antigo e inúmeros códigos e algoritmos que povoavam minha mente, as pessoas da minha idade estavam conversando sobre sua última conquista e ouvindo funk. eu não desejava ir á festas ou perambular por aí. Eu queria conhecer o mundo.


E nessa grande filosofia pós socrática, eis a minha familía. Eu não posso questionar a minha mãe, sabe. Ela realmente trabalhou duro para me criar e o meu irmão, mas nossa familía é só mais uma lógica da imperfeição. Eu simplesmente me sentia sufocada lá e as vezes sinto um breve alívio de ter conseguido sair de lá. As vezes me sinto culpada também.


Enquanto observava a forte chuva que tinha começado, olhei para o banco da frente:


- É esse o bairro. A sua república deve está no final da rua.
- Ah sim, obrigada- disse, na mesma hora que eu retirava a minha mala e puxava ela para o asfalto de pedra molhado.


O táxi começou a andar, enquanto eu tentava sem sucesso achar o meu guarda chuva na mala. Péssima ideia ter deixado ele na mala. Fustrada e já semi encharcada, desisti de localizar o guarda chuva e comecei a caminhada para o final da rua, ajustando minha mochila pesada.


A rua era completa de casas com portas engraçadas e minimalisticas. Todas elas eram de uma cor chamativa, alternando em amarelo e azul. Havia algumas casas enormes, com sobrados, cada uma com uma numeração. Provavelmente as repúblicas. Em uma delas tinha a numeração que indicava no meu bilhete. A fachada era pintada de verde claro e existia vários vazinhos de plantas com girassóis plantados nela. Puxei a mala de rodinha pela a alça e subi os três breves andares da pequena escada.


Cheguei até uma porta de cerejeira. Recuperei o meu fôlego, respirando com dificuldade. De repente uma enorme incerteza e ansiedade me abateu. E se as pessoas não gostarem de mim? E se mudar para um país completamente estranho foi um terrível erro? E se essa for só uma estratégia de arrastar jovens em busca de uma vida melhor e no final das contas elas continuaram com a mesma vida ou pior ainda? Calma. Contei de trás para a frente o número oito. Isso sempre me acalmava. 1-2-3-4-5-8-7-6-5-4-3-2-1. Fiz isso contando o arranjo de penas na porta. Eu já tinha visto uma coisa dessas antes. Dream- catcher. A teia dos sonhos, eu acho que era esse o nome. Levantando os meus punhos com a unha pintada de azul claro cravando a carne da pele, bati levemente três vezes na porta. A madeira soando pesada e oca ao mesmo tempo. Como o meu interior.


A porta se abriu lentamente com um rangido e uma moça abriu a porta olhando para mim:


- Garota, você está péssima - exclamou com um sorriso que eu não conseguia decidir se era de escárnio ou pura alegria.


Olhei de cima para baixo da garota, não querendo encarar ela logo de frente. Ela estava com um coturno de spikes metalizados nos pés, um jeans rasgados e tingido de laranja e para completar seu visual ela usava uma blusa de frio de flanela preta. Enquanto observei seu rosto, me deparei com uma garota praticamente da minha idade, com um nariz fino que poderia ter saído de uma revista vogue e olhos incrívelmente verdes. Seu cabelo ficava quase sobre o queixo e era de um tom de vermelho desbotado quase virando rosa e sua raiz era louro platinado. Ela não estava usando nada mais do que um traço forte embaixo dos olhos.


- Hum...huh...eu fui selecionada para essa república - tentei limpar a minha garganta enquanto eu falava.
- Dãaa. É claro que sim, vem, entra, a casa é sua. - esticando um braço magro ela me puxou pelo o pulso, batendo com força na porta para fecha-la.


Quando entrei, me deparei com uma sala enorme, com paredes bege e grandes sofás brancos com uma tv de 50 polegadas. Também notei algo no ar. Um cheiro acre e fumacento que logo detectei sendo cigarro. Que maravilha, as coisas podiam ficar piores?


Enquanto eu olhava o local, um cara loiro com um corte que deixavam os fios roçarem no seu queixo entrou pela a porta que parecia ser a cozinha. Seus jeans estavam caindo sobre seus quadris e sua blusa ditava algo estupido como "kiss my ass". Uma tatuagem que parecia ser de um chevelle saia pela a manga da sua camiseta:


- Vocês permitem que garotos entrem aqui?- perguntei um tanto preocupada. Eu já tinha a minha quota de preocupação e lidar com o sexo oposto não estava na minha lista.
- Vai dizer que você não leu o manual contratual oficial dos dormitórios? - ela fez uma pausa me encarando com os olhos verdes arregalados - Há. Eu também não e para a sua informação, aqui é uma república mista.


- Uma república mis...
- Quem é essa daí agora? - perguntou o cara para a garota de cabelo desbotado.
- Essa é...- declarou enquanto seu olhar indagava o meu nome.
- Ellesi. Ellesi Spencer - estirei minha mão para cumprimentar ela, mas pareceu que ela apenas deu de ombros enquanto sorria como se eu fosse louca. Acho que ela não se cansava de sorrir. Tipo, nunca mesmo.
- Eu sou Sky e esse é o Matthew, mas ninguém realmente chama ele assim. Então, Matt para você.
- Oi - Falei, desviando o meu olhar rapidamente. Algo nele me deixava desconfortável ou melhor, tudo lá me deixava desconfortável.
- Oi para você também Elle. Eu gostei de Elle, você não gostou Sky?
- Matt. Matt. Você sempre querendo recrutar todos para o lado negro da força - Sky rolou os olhos enquanto continuava sorrindo.
- Vem que eu vou mostrar para você o seu dormitório que ainda estão sendo ocupados gradualmente. Não sei se alguém ainda vai chegar...
- Então, você é de onde? Você tem um sotaque engraçado - o cara, quer dizer, Matthew me perguntou.
- Engraçado? Bem, eu sou brasileira.
- É. Eu não sei o que é mais engraçado, esse seu sotaque ou fato de você está pior do que um gato molhado.


E foi nesse momento que tomei mais consciência da minha horrível aparência. Eu estava totalmente molhada. O meu jeans azul estava encharcado, meu moletom cinza não estava em melhores condições. Meu cabelo castanho longo estava extramamente colado no meu corpo e meu batom (a única coisa que eu ainda me permitia usar) só era um borrão vermelho nos meus lábios que agora eu sentia extramamente ressecado. Eu devia está realmente assustadora. Ou engraçada. Seja qual for a definição.


- Maios ou menos isso - concordei sem graça.
- Vamos logo, assim você pode trocar de roupa - Sky me puxou literalmente dessa vez.
- Hey, foi bom te conhecer e não esqueça de não se misturar com os fiilhotes de cascável - Matt colocou as pernas sobre a mesa perto do sofá e ligou o videogame.


A gente estavamos subindo uma longa escada de madeira escura, quando resolvi dizer algo:


- Filhote de cascável?
- Ha sim. É uma brincadeira do grupo, sabe. São onze aqui, mas somos só nós seis desde o ano passado. Eu, Matt, Hanna, Victória, Octavio e Zach (apesar de eu achar que as vezes ele está mais fora do que dentro) - revirando os olhos de novo, Sky, puxou o papel da minha mão - Foi isso que Matt manda todos dizerem. Hey, número "10". Somos colegas de quarto.


Terminamos de percorrer um corredor escuro, sendo a penúltima porta numerada. Abrindo a porta com as unhas descascada de esmalte verde, Sky, fez uma espécie de reverência com os braços, enquanto eu entrava e ela batia a porta.


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Notas finais do capítulo

Estou sem moderadora por enquanto, então, desculpem pelo os erros. Aos poucos vou relendo e corrigindo, ok? Comentários? O que está bom e o que está ruim, são vocês que dizem.



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