Sinceridade escrita por Blyez


Capítulo 7
Extra!




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–Tem certeza disso?

Os dois estavam parados diante da porta do quarto, o corpo de Fred prensando o de Hermione contra a batente, seus olhos vasculhavam o rosto da garota sem acreditar no que estavam prestes a fazer. Suas mãos suavam, ele pegava ar com freqüência e procurava se acalmar.

–Absoluta. – Respondeu Hermione, ficando na ponta dos pés e o beijando.

Ela vinha insistindo naquilo há alguns dias, ficava inquieta quando entravam no quarto, Fred nunca imaginara que a garota teria aquele fogo e aquela urgência, até que por fim o convencera. Ela dizia que a vontade havia começado um pouco antes do Natal e agora era praticamente o único assunto que mantinham. Fred tinha que admitir, nunca passara por aquela experiência com nenhuma garota e tinha certeza que Hermione também nunca o fizera com qualquer rapaz. Ela sabia que o físico do rapaz ajudaria, e muito, ficava nervosa em não saber o que fazer a princípio, se poderia ficar a vontade, sentir-se perdida quando estivessem... Bom, no final, tinha fé de que daria tudo certo.

Ela abriu a porta do quarto sem tirar os olhos do dele e suspirou enquanto abria o zíper do casaco e o pendurava na maçaneta. Fred prendeu a respiração: não sabia se estava pronto, aquilo era assustador. Fez o mesmo que Hermione e de mãos dadas, olharam para dentro do aposento: iriam limpar aquele quarto!

Como Jorge estava preso lá embaixo com a mãe, eles entenderam o porque dele poder apenas juntar-se a eles mais tarde, então arregaçaram as mangas e começaram a trabalhar. Hermione passara a noite acalmando-se e tentando visualizar as piores coisas que poderia encontrar pelo quarto para não ser pega de surpresa durante a faxina.

–Bom, a primeira coisa é separar as roupas. Acho isso mais fácil. – Fred fez um aceno positivo com a cabeça e começou a catar toda e qualquer cueca e meias que encontrava (não ia deixar aquela tarefa para Hermione).

A garota não imaginou que os gêmeos teriam tanta roupa para espalhar pelo quarto e nem o porque de terem usado tantas peças. Ela recolheu quatro pares de jeans e os dobrou, organizando em uma pilha cobre a cama de Jorge, que era a menos bagunçada. Pegou algumas camisas e percebeu que ia precisar de um cesto onde colocaria a roupa suja. Ora, sabia como os meninos podiam ser sujos e desorganizados, – sendo sincera, Hermione duvidava que qualquer um dos outros soubessem como algumas garotas podiam ser tão sujas e fedidas feito o mais porco dos rapazes – então torceu o nariz e separou a roupa suja da que ainda podia ser usada. Estava pescando camisas da pilha quando de repente deparou-se com um calção cor de vinho.

–Argh! – gritou, atirando a roupa para o alto que aterrissou na cabeça de Fred.

–É uma roupa de baixo, não uma barata! – disse ele pegando a peça de sua cabeça e corando: não conseguia aceitar muito bem o fato de ver Hermione toda hora se deparando com suas roupas íntimas.

–Ambos são igualmente asquerosos. – grunhiu ela estremecendo.

Sem aviso, ela viu-se presa entre os braços de Fred, os lábios dele roçando em seu ouvido de maneira sedutora enquanto seu nariz tocava seu cabelo.

–Já parou pra pensar que um dia vai me ver usando apenas isso?

Se ele não a estivesse segurando, Hermione tinha certeza que teria caído no chão. Suas pernas viraram manteiga e sua respiração fugiu de seu peito: já havia pensado naquilo? Já. Isso não fazia a cena se tornar mais normal e a idéia a fazia corar violentamente.

–N-Não. – mentiu ela tentando inutilmente se libertar.

–Começando a mentir, Mione? – ele mordeu o lóbulo delicado de sua orelha e a apertou um pouco mais.

–F-Fred, eu tenho...eu tenho que terminar isso. – gaguejou ela começando a arfar e perder o foco.

–Não vou soltá-la até admitir que já fantasiou nós dois em um momento mais...íntimo.

–Para, Fred!

–Admita... – ele começou a beijar seu pescoço.

–Para! Não.

–Admita. – quando a língua dele tocou a pele alva, Hermione não mais pôde se segurar.

–Está bem! Já fantasiei. – choramingou praticamente implorando para que ele parasse.

Satisfeito, Fred a soltou de supetão e voltou a arrumar suas coisas como se nada tivesse acontecido. A verdade era que precisava rapidamente abandonar seu posto atrás de Hermione e voltar a ajeitar suas roupas, porque não imaginava que seu corpo fosse reagir de maneira tão rápida e forte a garota. Tinha que se acalmar, não era momento para aquilo, só estavam a sós no seu quarto... Não! Precisava parar. Não virou-se para traz e ver como a namorada estava, tinha que recobrar o bom senso. Desde o Baile de Inverno no ano passado a imagem de Hermione as vezes assolava durante a noite ou quando estava sozinho, mas, ora, ela era a amiga do seu irmão, provavelmente seria a namorada de Rony no futuro, então nem se atrevia a levar seus devaneios a um nível mais profundo e íntimo, porém agora que ela era sua...

–Desculpem o atraso. – Jorge surgiu pela porta e secou a testa suada – mamãe ainda não me perdoou pelo melado e me fez lavar a louça sem magia. Está tudo bem?

Ele notou que Hermione parecia tensa e Fred nem ao menos havia se virado quando ele tinha chegado.

–Interrompi algo? – catando algumas meias de sua cama e da de Fred, ele achou graça da forma como a garota pigarreou alto.

–Não. – disse ela por fim entregando-lhe as calças jeans – Guarde isso aqui, por favor.

–Arrumando roupas de homens, Mione? Vai ser uma esposa e tanto. – sorrindo enquanto colocava as peças no armário, tornou a olhá-la – Não quer reconsiderar a escolha e ficar com o gêmeo bonitão?

–Cala a boca, Jorge. – Fred enfiou a cabeça do irmão em uma de suas cuecas e gargalhou alto vendo-o se debater atirando a roupa contra a parede oposta.

–Quer me matar? Vou faze-lo engolir as próprias meias! – urrando, os dois começaram a tacar peças do vestuário um contra o outro.

Hermione não se deixou abalar, prosseguiu na tarefa com calma como se estivesse sozinha. Estava acostumada a guardar as coisas e dobrar roupas, logo seu trabalho não podia ser mais organizado. Tentou não ver como os trajes dos dois eram, no geral, surrados e velhos, algumas roupas até com pequenos buracos; Fred tinha começado a andar mais arrumado pela casa desde o dia em que começaram a se encontrar: as vezes sempre impecáveis, o cabelo arrumado e geralmente com um cheiro bom. Era charmoso como ele se portava desde então, ficando cada dia mais atraente aos olhos dela. Ali ele havia deixado de ser um garoto travesso e começar a entrar no perfil de um homem.

–Agora calem a boca os dois! – gritou ela concluindo o trabalho e tentando restabelecer a ordem. Pegou a calça de um pijama que estava sendo atirada por Jorge e lançou um olhar furioso para os gêmeos. – Quero que separem suas roupas e coloquem em pilhas diferentes dentro dos armários. Depois disso, vão guardar os sapatos e livros de feitiço enquanto eu vou dar um jeito nessas camas.

–Fred, se você perder essa garota – grunhiu Jorge lançando um olhar ameaçador para o irmão enquanto pegava as próprias camisas – promete que não vai se zangar se começarmos a sair?

Hermione revirou os olhos e pôs-se a esticar as fronhas e lençóis. Os dois devinham pular na cama, porque nenhum ser humano normal deitava no colchão e conseguia causar toda aquela bagunça. Eles estavam sendo bem prestativos, considerando que nunca haviam arrumado o próprio quarto sem serem ameaçados pela mãe. Sorriam o tempo todo e sempre que ficavam perdidos perguntavam a Hermione o que mais poderiam fazer. Após ajudar Jorge a passar um pano nos móveis e Fred varrer o chão, os três encontravam-se exaustos: haviam derrotado a sujeira! Mas o preço eram corpos suados e exauridos.

–Que sensação estranha.... – Jorge pôs a mão no peito e sentou-se na cama impecável com o olhar confuso – E-Eu me sinto tão...responsável. Não sabia que o assoalho desse quarto era de madeira.

Rindo, Hermione se largou na outra cama e olhou para o teto bolorento.

–Vá se acostumando. Agora entende pelo que sua mãe passa todos os dias em que estão em casa. Isso sem falar em Elfos Domésticos. Talvez assim me ajudem no F.A.L.E.

–Nunca pensei que viveria para ver o dia em que olhar com pena para Filch. – Fred deitou-se ao lado de Hermione antes que ele mudasse de idéia ou ela percebesse o que ele iria fazer.

Por um segundo os dois ficaram imóveis, os músculos tensos, mal respirando: como era um colchão estreito, tinham que apertar seus corpos para poderem ficar confortáveis. Ela cedeu primeiro (tinha certeza de que Fred não moveria mais nenhum dedo enquanto ela não deixasse claro que estava tudo bem), e aninhou-se contra o peito do rapaz, os braços encolhidos, mãos próximas ao rosto onde olhos assustados encaravam o pescoço de Fred. Ele, de maneira hesitante, pôs o braço esquerdo sobre ela, a puxando mais para perto enquanto descansava a cabeça no direito: a idéia de estar tendo aquele momento com seu irmão logo ali ao lado o incomodava um pouco, porém Jorge parecia cansado demais para se dar ao trabalho de fazer qualquer comentário.

Ela era tão pequena. As vezes Fred achava que acordaria e iria descobrir que nada daquilo havia passado de um sonho. Seu peito ficava apertado até Hermione encontrá-lo antes do café e confirmar de que tudo aquilo era real, que realmente podia abraçá-la e beijá-la sempre que quisesse – contanto que seus pais não estivessem por perto. A amava. Mais do que fazer produtos para sua loja, mais do que Quadribol, mais do que voltar para a escola. Não ia suportar perdê-la, não haviam garotas assim em nenhum outro lugar. Era ela! Beijou o topo da cabeça de Hermione com gentileza: fora a primeira vez que limpara o quarto, e a primeira vez que dormia com uma namorada. Lembrou-se das doces palavras “eu também amo você” e suspirou: nem que lhe custasse a própria vida, a faria feliz mais do que qualquer outro.


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Notas finais do capítulo

Olha, devo dizer que eu gostaria muito de ver a cara de cada um ao final do primeiro paragrafo