A morte e o renascimento de Emma Brook escrita por Emme


Capítulo 1
Capítulo 1- O nascimento de Emma Brook


Notas iniciais do capítulo

Em uma terra de deuses e monstros
Eu era um anjo
Vivendo no jardim do mal
Estragada, amedrontada
Fazendo tudo o que eu precisava
Brilhando como um farol de fogo

Você tem esse remédio que eu preciso
Fama, licor, amor
Dê-me isto devagar

Gods and Monsters - Lana Del Rey



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O cheiro de álcool estava forte na casa de Emma Rose. O irmão, Ryan, estava jogado no sofá com garrafas de vodca e cerveja atiradas ao chão, manchando o tapete barato e encardido. Como se já não adiantasse toda a bebedeira, Ryan era desempregado e, com quase 35 anos, se dedicava a gastar o pouco de dinheiro que a irmã conseguia juntar.

Emma trabalhava em um bar de quinta, como garçonete. Servia bebidas e alguns espetos de peixe frito a alguns caras que frequentavam o local, sem se importar com as paredes lodosas ou a cozinha gordurosa. De vez em quando, também tinha que aturar os assovios e os assédios dos caminhoneiros bêbados estirados no balcão.

Olhou para o relógio na parede da cozinha e viu que já estava na hora de ir para o trabalho. Caso se atrasasse, teria que engolir um desconto vigoroso no salário já pequeno, e perder dinheiro, tendo que pagar três meses de aluguel atrasado e as dívidas de bebida do seu irmão, era tudo que Emma não podia.

Sua carga horária no bar era simples: Pegava serviço as oito e meia da manhã e trabalhava até as dez horas da noite, com o intuito de ganhar pelo tempo extra. Assim, Emma andou até o estabelecimento, pulou os bêbados e mendigos que dormiam na calçada e abriu a porta enferrujada, torcendo que a clientela do dia fosse generosa nas gorjetas.

Não demorou muito para que alguns caras se sentassem nos bancos de madeira perto do balcão e já pedissem petiscos com cerveja. Além dela, a única funcionária do bar era a senhora Santenna, a mulher arrogante e prepotente do dono ,que se limitava a cozinhar de má vontade. Assim, Emma sabia que teria que limpar os banheiros e o chão sob constante ameaça, do tipo "Acho bom você deixar aquele vaso limpo, senhorita Rose, ou dê tchauzinho para o seu emprego".

Uma das vantagens em trabalhar tanto, porém, era que Emma não costuma perceber o tempo passar. Assim, os clientes das 21 horas já estavam chegando. Entretanto, uma mulher que estava sentada na mesa dos fundos chamou sua atenção. Emma nunca a vira antes e, pra ser sincera, ela não parecia o tipo de pessoa que frequentava aquela espelunca. Usava botas de cano alto até os joelhos, um vestido justo e, aparentemente, bem caro, com as costas nuas. O cabelo era loiro e em corte chanel.

Emma estava prestes a ir servi-la quando um homem baixo, roliço e calvo chamou-a no balcão, já meio bêbado, e lhe pediu mais uma dose de aguardente. Ela pegou seu copo e se virou, pronta para encher novamente o caneco no barril, quando sentiu uma mão áspera apalpar as suas nádegas.

Entretanto, antes mesmo de virar e alertar ao homem para manter distância, a mulher misteriosa já havia agido, deixando o homem no chão após uma chave de braço. Emma, surpresa, respirou fundo e olhou-a, atônita. Antes mesma que pudesse agradecer (não só por defendê-la daquele idiota, mas por não quebrar nada enquanto fazia isso), a mulher encarou-a e disse, antes de sair em direção à porta:

–Me encontre na saída quando acabar o expediente, Emma.

Okay, isso definitivamente é estranho. Como ela sabia o meu nome? Quem é essa mulher?, pensou Emma, na medida em que um turbilhão de pensamentos e hipotéticas respostas surgiam em sua cabeça. Bem, ela precisaria esperar apenas uma hora para descobrir.

Após o ocorrido, nenhum outro engraçadinho ousou sequer olhar para Emma enquanto ela os servia. Ela poderia se acostumar com isso.

Aos poucos, os clientes iam embora, arrastando seus amigos que mal podiam andar pelo consumo excessivo álcool. Ela odiava ver qualquer pessoas nessa situação, mas ela trabalhava em um bar: se eles não bebem, ela não é paga. Juntou as latas e garrafas espalhadas pelo chão e trancou a porta do bar. Como prometido, a mulher estava lhe esperando.

– Eu sei que está repleta de dúvidas, Emma, mas preciso que me ouça pacientemente, está bem? - disse, e sorriu quando Emma assentiu.- Primeiramente, eu sei o seu nome porque ouvi pessoas comentarem sobre uma garçonete bonita trabalhando nesse lixo de bar e achei que, talvez, você precisasse da minha ajuda.

– Bem,- respondeu Emma- e que ajuda seria essa?

– Já ouviu falar na Cooper's?

– A boate cinco estrelas no lado nobre da cidade? Quem nunca ?!

– Bem, eu sou uma das dançarinas de lá, e foi delegado a mim o dever de encontrar pessoas apropriadas para fazer parte da equipe.

– Ou seja, você quer dizer que me quer sendo uma stripper? Desculpe, mas não estou interessada.

– Olha, Emma, eu sei que parece um tanto quanto absurdo, mas você é uma moça incrivelmente bonita e, na Cooper's, pode ganhar em uma noite mais do que conseguiria nessa espelunca que chama de trabalho em um mês inteiro.

– Eu... eu não acho que isso seja pra mim, eu...-

– Pense bem, Emma, essa é a sua chance de mudar de vida. Trocar a cerveja pelo liquor, o assédio pelo desejo... Esse é o meu cartão, me ligue caso mude de ideia. Você tem dois dias- disse, entregando um pequeno objeto retangular.

Emma se calou, pensativa. Ela se achava bonita, com cabelos cacheados volumosos e negros, pele bronzeada, além de bunda e peitos fartos. Todavia, seria ela adequada para a Cooper's? Para ser uma stripper? Também havia dívidas para quitar e uma geladeira vazia... Assim, ela não hesitou gritar para a bela mulher que se afastava:

–Espera! O cartão não será necessário. Eu estou interessada.

–Hmm- resmungou a moça, voltando para perto de Emma- Qual o seu sobrenome?

–Rose. Emma Rose.

–Não serve. Rose é sutil e simples. Você irá precisar de algo com impacto, que excite as pessoas enquanto elas falam de você. Que quem nunca te viu, seja consumido pela pura necessidade de ver uma de suas performances. - Ela focou nos olhos de Emma, castanhos como amêndoas suaves, contornados por belas sobrancelhas escuras.- Brook. Sim, seu nome será Emma Brook.

Emma sorriu. Com certeza, Brook era forte, artístico e, se tudo desse certo, poderia significar o nascimento de uma nova era. Ou melhor, de uma nova mulher, cujas preocupações não sejam o que comer no dia seguinte ou como conseguir adiar um pouco mais a data de vencimento do aluguel.

– Te vejo amanhã, então, Emma, as onze horas da manhã, na Cooper's. Entre pela porta de funcionários nos fundos, iremos te preparar para a apresentação a noite. Alguma dúvida?

Dúvidas era o que Emma mais possuía naquela momento, mas havia uma ,em particular, que a estava consumindo.

–Você vêm, me ajuda com um cliente panaca do bar e me oferece um emprego. Entretanto, não sei o seu nome.

A mulher sorriu e sacudiu levemente os cabelos loiros curtos. Os contornos das omoplatas e da cintura ficaram expostos, revelando um corpo mais esbelto e curvilíneo que Emma havia imaginado.

– Meu nome é Rachel. E qual é o seu ?

Foi a vez de Emma sorrir. A "senhorita Rose" não estava ali.

–Meu nome é Emma Brook.


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Notas finais do capítulo

Por um certo tempo, a história estará em hiatus. Obrigado pela compreensão e tentarei retornar em breve. Kisses!



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