A outra escrita por Aleh


Capítulo 7
Dia 6 - Uma nova abordagem




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633022/chapter/7

Sempre há muito o que se fazer quando acabou de ser operada e tem uma semana longe da escola como por exemplo: navegar na internet e … navegar na internet

Provavelmente você deve saber que as ideias mais idiotas surgem na sua mente quando você não tem nada pra fazer e comigo foi algo assim só que no inicio eu achava aquela uma ideia brilhante.

Lá fora o céu estava azul e da janela entrava uma brisa levemente menos fria, eu estava revoltada por perder um dia como aqueles na cama e com um suspiro peguei o notebook na mesinha ao lado da cama e abri a barra de pesquisa, comecei a ver videos de músicas novas que haviam sido lançadas, depois olhei todas as minhas redes sociais em em uma última tentativa para escapar do tédio chequei o meu email.

Olhei para o relógio no canto da tela 10:47 , ainda tinha muito tempo antes da aula acabar e Tyler aparecer. Voltei para a barra de pesquisa e passei alguns segundos pensando no que queria ver até que aquela ideia me veio à mente, parecia uma boa naquele instante, rapidamente digitei o nome de Lucy e cliquei no enter. Os primeiros resultados que mostravam coisas atuais eram atualizações de redes sociais que deixei abertas em outras guias, conforme eu lia os resultados mais antigos começaram a aparecer coisas realmente interessantes “Incêndio em Nova Orleans” , “Menina vitima de bullying comete suicidio”, “A que ponto chegam as brincadeiras entre os adolescentes”.

Parecia que a novata tinha alguns esqueletos no armário .. Julie Singleton , a ruiva que aparecia em boa parte das fotos antigas de uma de suas redes sociais, pareciam ser amigas ou namoradas.

Sorri comigo mesma, pensando em como seria uma pena se o seu passado negro fosse revelado pra escola toda.

Peguei o celular e disquei o telefone de uma das gráficas do centro.

–Como posso ajudá-la? - perguntou a atendente com sua habitual voz tediosa

–Eu gostaria de saber quanto custa pra revelar algumas fotos.

– Dois e cinquenta por dez fotos, é só isso ?

–Vocês tem caixas pra presente?

–Temos.

–Eu vou enviar por email algumas fotos pra vocês, será que vocês entregam?

–Nós fazemos entregas.. quantas fotos?

–20 ou 30, também quero pedir umas dez caixas… pequenas talvez do tamanho de um porta-retrato.

–48,30 tudo

–Podem entregar na Pine Grove número 46?

–Se as fotos chegarem antes das duas entregamos até o fim do dia.

Desliguei com um suspiro e fui pesquisar sobre a menina, qualquer coisa que eu encontrasse que pudesse me dizer como ela era serviria; postagens antigas, videos , fotos , textos de amigos, enfim qualquer coisa.

Aquilo ocupou toda a tarde do primeiro dia, Tyler apareceu antes do horário das aulas terminarem , imaginei que ele não queria se encontrar com Yoona e Leo.

Me entregou alguns cadernos, uma embalagem plástica com um sanduíche e uma caixa de suco de laranja.

–Nossa, você ganhou todos esses ? - perguntou olhando pros certificados e coisas do tipo que meus pais emolduravam e me faziam colocar pelo quarto.

–Boa parte deles são do ensino fundamental - respondi tentando não aparentar ser uma nerd.

–Você é bem inteligente, eu achei que só se esforçasse pra não ficar de recuperação mas ...wow!

–Você vai esperar eu terminar a lição de casa?

–Claro! - respondeu alegremente pouco antes de alguém bater na porta

–Deve ser da gráfica - deduzi apontando pra minha carteira do outro lado do quarto - Deve ter cinquenta dólares ali, pode dar ao entregador e receber minha encomenda?

–Tudo bem

Enquanto ele pegava o dinheiro comecei a comer e fazer a primeira lição, era bem mais rápido porque Tyler já tinha copiado o enunciado das questões e eu só precisava responder.

Ele subiu cinco minutos depois com uma caixa de papelão( uma caixa para caixas, parecia que eu havia ganhado um brinde e um grande envelope em papel pardo. Sentou-se no assento da janela e começou a mexer no celular.

Me assustei quando do nada uma luz forte me segou, Tyler começou a rir .

–É melhor você apagar isso - ameacei

–O que você vai fazer, levantar da sua cama e me bater ? - perguntou rindo ainda mais.

Fiquei bastante tentada a jogar alguma coisa nele mas estava em divida

–Ai, ai , eu não posso culpar os meus fãs por quererem ter uma lembrança de mim pra levar em todos os lugares

–Acho que eu vou colocar um bigode ruivo e postar no grupo da sala

–Ah, nem ouse … eu nunca mais vou falar com você… sério, não manda.

–Tarde de mais - suspirou me mostrando a tela do celular onde havia a minha foto e a visualização de metade da sala além de 5 comentários em menos de dois minutos.

–Você é um garoto morto.

–Eu estou morto a muito tempo, Elizabeth, você que não percebeu ainda.- fez uma pausa olhando para fora - Já terminou ?

–Faltam duas questões, termino em 5 minutos.

Levantou-se e se esticou mostrando parte do abdômen sarado que não se esperaria de um semi excluído como ele.

–Está começando a esfriar - justificou -se por ter fechado a janela

Concordei e lhe entreguei os cadernos.

–Até amanhã, Ty

–Até amanhã… Elizabeth.

***

Na manhã seguinte ocupei minha manhã cortando fotos e escrevendo bilhetes copiando a letra daquela garota. Logo eu tinha o suficiente .

Entrei em uma das redes sociais , na que eu tinha mais amigos adicionados e abri o chat de um dos calouros que eu sabia que tinha uma queda por mim.

Eu já havia cometido o erro de ser pega uma vez, eu precisava de um bode expiatório, talvez ano passado teria cogitado a ideia de usar Tyler pra isso mas naquele momento ele era a última pessoa que eu queria que levasse a culpa por mim.

Marquei um encontro com o garoto na sexta, depois do almoço, ele parecia entusiasmado o bastante para matar aula pra me ver e provavelmente eu já estaria bem até lá.

***

Coloquei as caixas já prontas dentro da caixa maior e me arrumei da melhor maneira possivel : um casaco longo,meia calça, um vestido solto embaixo e colado em cima, com o cabelo solto e maquiagem que eu não costumava usar, mas nesse caso ser bonita me daria uma bela de uma vantagem no entanto como plano b peguei 200 dólares do cofre da família.

O lugar marcado era um café do outro lado da cidade então tive que tomar um ônibus.

Darnel já me esperava quando eu cheguei, ele era um calouro bonito com sua pele cor de oliva , um rosto que parecia ter sido esculpido , cabelos castanhos e olhos quase dourados.

Ele sorriu ao me ver e acenou, antes de começarmos a conversar perdi dois macchiatos e assim que o pedido chegou ele começou a falar.

–Bem, você disse que precisa que eu te fizesse um favor.

–É , ninguém pode saber que eu pedi a você que fizesse isso, é meio secreto. Você conhece aquele meu primo, Louis ?

–Acho que já o vi , no verão passado, era um loiro com jeito de hipster e uma tatuagem no pescoço?

–É, é ele. Enfim, no começo da semana passada quando eu fui pro hospital ele passou um tempo comigo e acontece que quando estávamos indo pra casa passamos pelo colégio, ele acabou vendo aquela aluna novata … Lucy?

–É, o nome dela é esse mesmo.

–Bem, ele viu a Lucy e gostou dela, quer chamá -la pra sair, mas todo mundo sabe o quanto meu primo é metido a romântico a moda antiga.

–E? - incentivou me a continuar dando um grande gole na sua bebida.

–Antes de voltar para aquela cidade vizinha..

–Qual delas ?

–Calais. Antes de voltar pra lá ele me deixou umas caixas, acho que ele fez alguma coisa romântica pra chamar ela pra sair, disse que eu não posso ver mas tenho que entregar a ela.

–Onde eu entro nisso ?

–Você deve ter ouvido os boatos que ela tem espalhado sobre mim - falei em minha melhor voz de quem estava prestes a chorar - De que eu estava falando dela pras outras garotas só porque tinha ciumes do meu vizinho…

–Não, não chora - pediu me oferecendo um guardanapo

–Tudo bem … eu estou bem. Não sou uma pessoa rancorosa e fico feliz pelo meu primo mas se as pessoas me virem colocando isso no armário dela vão achar estranho, não vou aguentar se os boatos aumentarem.

–Você quer que eu coloque lá pra você?

–Sim, não importa a ordem, meu primo disse. - fiz uma pequena pausa - Você faria isso por mim?

–Claro, Lizzie! Vai ser um prazer ajudar.

–Se eu puder retribuir de algum modo…

–Não precisa, considere o café como um pagamento tá? - sorriu - Estão dentro dessa caixa?

–É , mas acho que meu primo ficaria chateado se alguém que não fosse ela abrisse ele disse que colocou um daqueles mecanismos que só funcionam uma vez.

–Okay, eu não vou abrir… então, que tal aproveitarmos e irmos ao cinema?

–Sinto muito mas eu não posso, ainda estou me recuperando mas talvez uma outra hora ? - sugeri pouco antes de sair.

Depois disso fui a uma loja de eletrônicos ali perto e comprei com o dinheiro que não havia usado um cartão de memória e um celular pré pago. Era um modelo até bem moderno, na volta pra casa configurei o celular.

Nome do usuário:

Julie Singleton


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A outra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.