L O V E escrita por prongs


Capítulo 1
U: amor est vitae essentia


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!!
Então. O Madame Pince FicLibrary (https://www.facebook.com/groups/364080653778226/) me deu o melhor presente que foi lançar um desafio com o tema FAMÍLIA. Eu amo escrever sobre relacionamentos familiares, e aproveitando a vibe que tô da minha fic Weasley, resolvi escrever essa one-shot sobre a relação fraterna entre James, Albus e Lily. Sendo um spin-off, vão ter algumas referências à fic, mas não é nada que atrapalhe no entendimento da história, são mais headcanons mesmo. Espero que gostemmmmmmm!



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James foi o primeiro. Um ano depois de Ginny ter se aposentado como jogadora de Quadribol, veio a notícia maravilhosa para os Weasley. Ela e Harry teriam o primeiro filho. Ele nasceu no começo de 2003, num dia frio, visto que o inverno ainda derretia-se na primavera. Tinha os mesmos cabelos negros do pai, que já saltavam rebeldemente de sua cabeça na primeira semana de vida.

Já os olhos eram castanhos e brilhantes como os de sua mãe. Quando Harry o segurou pela primeira vez, ele abriu os olhos pequenos e encarou o pai. O homem abriu um sorriso ao ver o brilho neles, o mesmo brilho que ele via nos olhos de seu padrinho e nos de seu antigo professor, o mesmo que ele conseguia enxergar nas fotos de seu pai. No mesmo instante, ele soube que nome seu primogênito deveria ter.

Dois anos mais tarde, Harry e Ginny pareciam ter percebido que o garoto estava um tanto solitário. Alguns meses depois, a ruiva apareceu grávida de novo. De outro menino. Às vezes o pequeno James pousava a mão na barriga inchada da mãe e lançava um olhar confuso para o pai, como se perguntasse que monstro ela tinha engolido. No final de 2005, perto do natal, eles ganharam o melhor presente que poderiam ter recebido. Albus Severus.

Ele também tinha cabelos negros, o que parecia começar a aborrecer Ginny, mas seus olhos... Ah, os olhos. Ela sentiu algumas lágrimas chegarem quando o filho abriu os olhos pela primeira vez e ela encarou-os, verdes, brilhantes e grandes. Como duas esmeraldas saltando de seu rosto e ofuscando a luz do sol. A cor da floresta depois da chuva. O tom de verde que traz a esperança, não importa o que tenha acontecido.

Como qualquer par de irmãos, eles não se davam lá muito bem, sendo crianças. Apesar de James ter apenas três anos e Albus, um, Ginny se encontrava suspirando várias vezes ao dia, vendo eles brigarem pela vassoura que ela usara por anos quando jogara pelas Holyhead Harpies ou pelos blocos de madeira que se empilhavam sozinhos. James estava acostumado a ser o centro das atenções por quase dois anos inteiros e, de repente, outra criança chegara em sua casa e papai e mamãe trocavam mais as fraldas de Albus do que as suas. Ele não gostava nada daquilo.

Certa vez Harry achou os dois na sala de estar se cobrindo de meleca porque James não deixava Albus brincar com o Aviatomobile que ele comprara na Gemialidades Weasley. Quando começou a formular suas primeiras frases que faziam sentido, James logo soltou um "vá comer bosta de dragão, Alb!" no meio de um jantar nA Toca, o que fez Ginny reclamar com ele por várias horas enquanto George apenas ria do outro lado da mesa.

Dois anos depois de Albus, o casal parecia achar que a casa ainda não estava completamente cheia. Durante a terceira gravidez de Ginny, James já sabia que outro irmãozinho estava chegando, mas Albus parecia convencido que tinha uma grande melancia na barriga da mãe e ficou bastante confuso ao ver a coisinha pequena nos braços da mulher quando sua irmã nasceu.

Na primavera mais bonita da década, no ano de 2008, Lily Luna chegou, sorrindo com seus brilhantes olhos castanhos e com cabelos ruivos crescendo lentamente, o que deixou sua mãe bastante feliz. Ela era cheia de vida, como um pequeno raio de sol que irradiava felicidade com suas risadinhas e suas grandes bochechas cobertas de sardas. James passou algum tempo se perguntando por que ela tinha nome de garota, até que entendeu que ela era uma garota. James já estava acostumado a dividir a atenção, mas Albus não parecia estar disposto a isso. Já com três anos, chorava com mais frequência do que quando era um recém nascido, principalmente quando via seus pais embalando Lily nos braços e não ele.

Os anos passaram e as personalidades dos três afloraram e, lógico, as brigas aumentaram. Afinal, eles eram irmãos. E irmãos brigam.

Sendo o mais velho, James, mesmo já com dez anos, se irritava por seus pais se importarem mais com as besteiras que os irmãos mais novos faziam do que com as maravilhas que ele conseguia. Como certa vez, que, juntos, Albus e Lily haviam feito quatro gols no pequeno campo de quadribol improvisado no quintal deles, quando, sozinho, James havia feito catorze. Foi completamente injusto.

Só davam mais atenção aos dois porque eles eram os bebês. Mesmo que eles queimassem os biscoitos de chocolate do natal, seria bonitinho e fofo. Oras, se James queimasse os biscoitos ele era simplesmente desleixado e desorganizado! No natal do próximo ano, ele ficou muito feliz por poder fazer os biscoitos. Eles ficaram uma delícia. O garoto dizia para todo mundo como ele fizera tudo certo e como ele com certeza não era desleixado. Ninguém entendia muito bem o porquê.

Já Lily se sentia péssima por ser a caçula. Vendo James e Albus jogando quadribol ou tirando notas boas na escola fazia com que ela sentisse que não era boa em nada — mesmo que ela nem estivesse em Hogwarts ainda. Parecia que ela não fazia nada certo por ser mais nova. Um certo acontecimento que a aborreceu muito foi no verão de 2018 e uns amigos de James foram jogar quadribol na sua casa. Ela e Albus resolveram jogar também. Mas, bem, Albus era apenas um ano mais novo e um excepcional jogador. Todos passavam a goles para ele. Mesmo que Lily gritasse com todo o ar que conseguia reunir de seus pulmões para que eles lhe passassem a bola, eles não o faziam. Quando alguém passava para ela, fazia-o com um suspiro, pois todos sabiam como a mira de Lily era horrível e nem sabiam como ela era irmã de Albus e James.

Durante um dos jogos, ela se irritou e entrou em casa, resmungando coisas como "espero que James e Albus caiam da vassoura!". Por sorte, sua mãe estava por perto e escutou, então foi perguntar por que ela estava dizendo aquilo. Em meio a fungadas, ela explicou a razão. Com um sorriso de lado, Ginny afagou seus cabelos ruivos e começou a falar.

— Bem, por que ao invés de desejar que seus irmãos caiam da vassoura, o que é algo horrível, você não pede para eles te ensinarem a jogar melhor? Aí você mesma vai poder derrubar eles. — Sua mãe piscou enquanto ela ria.

Lily pediu aulas de quadribol aos irmãos e, alguns anos depois, ela se tornou a melhor apanhadora que a Grifinória já vira desde Harry Potter. E sim, ela derrubava os irmãos nos jogos de Quadribol no quintal de casa.

E para Albus era bem mais complicado que isso. Ele era o filho do meio. Sentia que tinha que fazer as coisas como o irmão para que seus pais ficassem orgulhosos dele como ficavam de James — o que era difícil, visto que eles tinham personalidades um tanto opostas. E sentia que Lily fazia todas as burradas que ele já fizera na vida, mas ao contrário dele, ela não levava reclamações por isso, simplesmente por ser a caçula.

Ele nunca era velho o suficiente para fazer as mesmas coisas que James e nunca era criança o suficiente para fazer as mesmas coisas que Lily, apesar da pouca diferença de idade. E se sentia deslocado. Esquecido. Perdido talvez fosse a melhor palavra para descrever. James chamava atenção por ser o mais velho que faz tudo perfeitamente e Lily por ser a caçula e tudo o que ela fazia era simplesmente muito fofo para que seus pais reclamassem. E ele sobrava.

James e Albus eram os que mais brigavam. As discussões pioraram bastante quando James tinha dezesseis anos, Albus, catorze e Lily, doze. Albus era como um alvo fácil para o irmão. Por ser mais inseguro de si, seu irmão, com sua personalidade marota, gostava de tirar sarro dele. Lily, na sua fase garotos-são-idiotas-principalmente-os-meus-irmãos apenas revirava os olhos para as brigas dos irmãos enquanto virava as páginas de sua Witch Weekly. Qualquer coisinha fazia com que uma briga começasse, porque qualquer coisa era motivo para James tirar brincadeiras com Albus.

James já não se importava de não ter atenção por causa dos irmãos mais novos, pois amadurecera — em relação a isso — e percebera que seus pais balanceavam a atenção do melhor jeito que conseguiam. Albus ainda se sentia perdido. Lily ainda se sentia incapaz de fazer as coisas.

Quando seus pais os pegavam discutindo eles os repreendiam imediatamente, falando sobre como eles já eram bruxos moços e como aquela atitude era infantil. Mas não adiantava muito.

Afinal, eles eram irmãos e irmãos brigam demais.

Mas apesar de todas as brigas, eles eram irmãos. E irmãos, acima de tudo, se amam demais.

Durante vários anos, James costumava se sentar na beira da cama de Lily e ler Os Contos de Beedle, o Bardo para ela depois de ela ter pesadelos e ir até o seu quarto para acordá-lo. Quando Albus foi para a Sonserina, James se levantou da mesa da Grifinória para abraçar o irmão, que ficou um tanto envergonhado. Quando Lily foi para a Grifinória, ambos foram até ela, o que a deixou com mais vergonha ainda. Quando Albus começou a ter ataques de pânico no terceiro ano, os três decidiram que toda segunda-feira à noite eles iriam jantar juntos, o que na verdade ajudou bastante o menino a controlar sua ansiedade, pois ele se sentia mais seguro e confortável perto dos irmãos.

Quando Lily começou a sair com meninos, no seu quarto ano, era Albus que sempre ia até eles para dar o discurso de "quebre o coração da minha irmã e eu quebro a sua cara", mas era sempre James que se certificava que tudo desse errado. O primeiro garoto que saiu com sua irmã acordou com o cabelo cor de rosa na manhã seguinte ao encontro deles, o segundo acordou sem dentes no dia que pensou em encostar a boca asquerosa dele em Lily e o terceiro passou o dia espirrando toda vez que começava uma sentença com eu, para aprender a não ser tão egocêntrico.

E enquanto todos achavam que Albus e James se odiavam, eles sabiam muito bem que estavam bem longe do ódio. A relação deles era algo que somente eles entendiam. Eles se provocavam, — James provocava Albus — mas só queriam o melhor um para o outro. No fim do dia, eles eram melhores amigos. Quando Albus precisou de dicas para seu primeiro encontro, ele foi logo pedir conselhos ao irmão mais velho, pois sabia que ele já sabia o que fazer e também tinha certeza que James não iria tirar sarro dele num momento crucial de sua existência como aquele.

Mesmo que os dois fossem apanhadores de suas casas e acabassem brigando muito por causa de Quadribol, sempre que um deles apanhava o pomo, o outro ficava extremamente feliz e orgulhoso do irmão, então não conseguia sentir raiva, mesmo que perdesse. Quando a namorada de James morreu, no inverno de seu sétimo ano, foi Albus quem o ajudou, principalmente. Era Albus que ficava com ele na biblioteca, mas sem ler, muito menos conversar. Ele apenas estava lá, com o irmão. Numa forma de ajuda silenciosa. Entendendo sua dor e pegando um pouco dela para si. Naqueles momentos, James era muito grato por ter um irmão como Albus.

Com Albus e Lily era mais diferente. Enquanto Albus era extremamente quieto e tímido, Lily parecia um raio de sol, sempre rindo, sempre se mexendo, sempre fazendo amigos, mas isso não impedia que eles não fossem melhores amigos. Os dois se aproximaram mais que o comum no verão de 2021, quando estavam no Chalé das Conchas. Albus estava observando o mar, como sempre. Ele gostava de sentir o cheiro de sal. O barulho das ondas o acalmava até o ponto que seus batimentos ficassem sincronizados com as ondas quebrando nas pedras.

Lily não entendia o que tinha de tão legal em ficar parado olhando o mar, então foi para junto do irmão e apenas ficou do lado dele, num silêncio confortável. Depois de um tempo ela entendeu como era relaxante sentir os pés afundando na areia gelada e abraçou o irmão pela cintura, que envolveu os ombros da menor. Depois daquele dia de confidência silenciosa, Lily contava mais seus segredos para Albus do que para Rose. Quando mais velhos, eles fizeram longas viagens de carro — um automóvel trouxa que os fascinava — juntos e se sentiam calmos e felizes com a companhia um do outro.

E a relação de James e Lily era um tanto diferente. Ambos eram mais vivos, como fogo, diferente de Albus, que era um tanto recluso. Ambos foram apanhadores para a Grifinória e ambos se provocavam mais que o comum, sempre com um sorriso provocativo no rosto, sabendo que nunca se irritariam de verdade. James alfinetava a irmã por causa de seus namorados e lhe pregava pegadinhas e, como vingança, Lily simplesmente inventava boatos sobre o irmão que se espalhavam mais rápido pela escola do que Varíola de Dragão no verão.

Mas como os dois eram cheios de vida, adoravam jogar no mesmo time de Quadribol no quintal de casa durante o verão e era simplesmente fantástico quando eles se juntavam para irritar alguém, esse alguém sendo, na maioria das vezes, Albus. Os dois gostavam de aventuras e gostavam de correr riscos, adoravam fazer isso juntos. Lily não conseguia pensar em uma melhor companhia do que seu irmão mais velho para ver os dragões na Romênia ou para escalar montanhas no Peru.

E haviam os três. Juntos. Sempre juntos. Sabiam suas manias, seus gostos e desgostos, suas alegrias e suas tristezas. Conheciam um ao outro mais do que achavam que era possível. Nunca se abandonavam, ficavam sempre um ao lado do outro, especialmente nos momentos em que mais precisavam. Quando Lily atingiu a maioridade, todos os três fizeram uma tatuagem bruxa do número três em números romanos no pulso.

Eram sempre eles e apenas eles três e não havia nenhum que fosse melhor que o outro e, no fim, eles sabiam que eram amados igualmente pelos pais, apenas de um modo diferente. Cada um era amado do jeito que precisava e cada um amava do jeito que conseguia. E era isso o que eles eram. Os Potter. James Sirius, Albus Severus e Lily Luna, cada um magnífico por si só, mas ainda mais magníficos quando juntos. Eles eram irmãos e se amavam. Para cada um deles, os outros dois eram as pessoas mais importantes de sua vida. Os laços entre eles eram como de diamante.

Inquebráveis.

Inseparáveis.

E se havia uma palavra que definia os três irmãos, com todas as imperfeições, com todas as brigas e com todas as lágrimas, essa palavra era amor.

Porque eles eram irmãos. E irmãos, acima de tudo, amam.


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Notas finais do capítulo

that's all folks!