O Fim escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 15
Felicidade é estar com quem amamos!


Notas iniciais do capítulo

Yooo Mina!
Kame-Sama, gomen pela demora, sei que quem acompanhou deve ter pensando que desisti, mas não era isso, apenas não tive um tempinho para postar e tive problemas na faculdade... bem aí está o tão esperado final.
Arigatoh a todos que esperaram para ler e pelos comentários ;)
Espero que gostem, Sayonara! KISS KISS!!!



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"Quando você mata um zumbi você está o salvando".


Não sei bem como começar a contar sobre isso, acho que não tenha ninguém, melhor dizendo, não existe ninguém que queira contar o fim de tudo, como sua vida chega ao fim, a dor de ver as pessoas amadas caírem diante de ti. Mas como eu comecei a contar essa história, seria injusto e egoísta da minha parte não lhes contar o final, mas já lhe aviso, não é feliz, nem bonita, você vai pensar, “eu devia ter parado de ler quando ela me avisou”.
Bem, sobrevoando de carona com Happy, eu podia ver toda Magnólia, a cidade onde morava minha verdadeira felicidade, onde eu queria realizar meus sonhos e onde vivi os melhores momentos de minha vida. Uma cidade linda, cheia de vida, com árvores frutíferas em todos os cantos, muitas casas coloridas, pessoas passeando felizes e crianças incomodando o mestre da nossa guilda Makarov, para que ele ficasse gigante e levasse elas num passeio.
Essa maravilha de se morar já não existe mais, as árvores queimaram, a grama morreu, as casas estavam abandonadas e destruídas, as crianças agora vagavam pelas ruas atrás de comida, de carne humana. Magnólia virou o campo de batalha de dois magos extremamente fortes, de um lado Zeref, o mago negro que criou este novo mundo de solidão e desespero, e do outro meu amigo Natsu, um mago corajoso e que sempre lutou pelo bem de todos, mas agora, ele não era mais o meu gentil amigo, ele havia sacrificado sua alma humana para poder liberar seu poder demoníaco a muito escondido, Etherus Natsu Dragneel, o demônio mais forte que Zeref criou.
Happy e eu não podíamos chegar muito perto, a possibilidade de virarmos alvo dos dois era muito grande, então de longe numa montanha observávamos o desfecho da luta, meus olhos desviavam da batalha sangrenta para as páginas surradas do livro que continha os segredos do mago negro e possivelmente uma forma de derrota-lo sem que Natsu tivesse que se sacrificar.
—Alguma coisa Lucy? – o gato me pedia ansioso.
Olhei para ele e senti raiva por ele ter que presenciar uma coisa tão cruel como essa, mas...
—Eu juro, vou dar um jeito nisso! – Prometi, mesmo sabendo que talvez sejam só palavras da boca pra fora, mas pelo menos são palavras que fizeram Happy sorrir.
Usando os óculos mágicos aquela leitura seria tão mais rápida, mas infelizmente não existiam mais. Ler página por página estava demorando muito.
—Lucy... – Happy me chamou. – olha...
Olhei para onde o gato apontou e vi muitos zumbis se aproximando de  Natsu e Zeref. Mas pouco antes de chegarem a 50 metros de distância, eles evaporaram com a onda de poder que emanava da luta.
—Não precisa se preocupar Happy, eles são imunes, mesmo que conseguissem chegar perto dos dois não conseguiriam ferir Natsu. – acalmei o gato, mas ele ainda olhava para lá preocupado. – Hey, você podia me ajudar aqui não é?
Ele ergueu as sobrancelhas e veio ler comigo. Do alto daquele morro estávamos seguros, pois nenhum zumbi era capaz de escalar, eles podiam ter poderes, os chamados especiais, mas não eram inteligentes a ponto de usá-los para escalar.
—Ahhhh Lucyyy!!! – olhei para Happy a ponto de ver um Zumbi com asas vindo em nossa direção. Rapidamente puxei uma flecha da minha aljava que estava do meu lado no chão e posicionei-a no arco, atirei e passou raspando pela sua orelha pegando em uma de suas asas, o zumbi ainda assim conseguiu aterrissar onde estávamos.
Happy correu para traz de mim, enquanto eu armava outra flecha o zumbi veio em nossa direção, disparei contra ele e acertei no olho esquerdo, ele demorou um pouco mas caiu de joelho em nossa frente.
Suspirei e olhei para Happy, ele estava prestes a chorar, abaixei-me perto dele e o abracei trazendo para perto de mim.
—Desculpe assustá-lo... – o apertei mais forte. – eu vou tomar mais cuidado da próxima vez.
Ele me apertou com as patinhas e parou de chorar.
—Lucy, eu vou ficar de olho enquanto você lê está bem? – ele sugeriu. Eu confirmei e assim cada um tinha sua tarefa.
Peguei minha flecha do olho do zumbi, limpei e a guardei, eu iria usá-la novamente em breve.
Sentei novamente a beira do penhasco e recomecei minha leitura, passaram-se poucos minutos e explosões começaram a surgir onde Natsu e Zeref lutavam.  Natsu, aguenta mais um pouquinho, estou quase acabando de ler, talvez aja algo aqui para ajuda-lo.
—Lucyyyy, pare de besteira... sabe que eu nunca faria algo assim...-A voz de Natsu ecoava em minha cabeça. – Nunca a deixaria sozinha, por que eu faria isso?
—Para salvar o mundo... – falei olhando para o horizonte onde ele lutava.
—O que disse? – Happy olhou para mim curioso.
—Nada, eu estou apenas lendo. – voltei a leitura, mas infelizmente ao virar a última página não tinha nada escrito, apenas END. De todo o livro não tinha absolutamente nada que dizia como Natsu derrotaria Zeref sem se sacrificar, para isso ele teria que continuar vivo, mas se ele permanecesse vivo, os mortos continuariam a habitar o mundo dos vivos. – Droga.
—O que foi Lucy? – ele se aproximou vendo que eu fechei o livro. – descobriu alguma coisa?
Olhei para ele e vi em seus olhinhos que ele esperava ouvir que sim, que eu tinha a resposta, mas como mentir para ele, eu não consegui responder, apenas deixei as lágrimas que estava segurando cair. Ele começou a chorar também e me abraçou.
—Nós vamos perder o Natsuuuu... – Happy choramingou em meio a um abraço que compartilhávamos a mesma dor.
—Que boba Lucy, sabe que Happy e eu sempre vamos estar com você.. – Natsu sorriu. – não só quando estiver em perigo, quando precisar de um amigo vamos estar lá, não se preocupe.
—Droga... – choraminguei. Esperei Happy se acalmar e olhei para ele ainda chorando. – Nós precisamos avisar ao outros. Consegue me levar até eles?
Ele assentiu e lá fomos nós voando em alta velocidade para o campo de batalha. Mas não esperávamos que estivesse tão feio, a quantidade de Zumbis aumentou drasticamente, tinha no mínimo uns mil zumbis, e só seis pessoas lutando contra eles, olhei para Happy e ele entendeu o recado, se não tínhamos como ajudar Natsu, iriamos ajudar nossos amigos, do alto atirei muitas flechas consecutivas e consegui derrubar vários Zumbis, e em meio a multidão achei Gaggel e Levy lado a lado lutando, pousei próximo a eles e puxei minha adaga, acertando o máximo que conseguia de cabeças, algumas aceitavam fácil que a lâmina entrasse em suas têmperas, outras faziam meu braço tremer.
—Lucy! – Levy me viu. – O que faz aqui?
—Eu não achei nada Levy, nada.- expliquei a ela cabisbaixa.
—Sinto muito... – ela colocou sua mão direita de sangue no meu ombro esquerdo, afim de me consolar. – Vamos fazer a diferença aqui então.
Ela apontou para a horda de zumbis que nos cercava. Assenti gritando:
—HAPPY.. – O gato que estava sobrevoando o local olhou-me assustado. – quero que fique fora da batalha, fique em segurança. Está bem?
—Não, eu vou ajudar... – ele fez birra.
—Happy, por favor... eu não sei o que faria se perdesse você... – supliquei ao gato, não poderia perde-lo.
Ainda meio emburrado ele concordou com a cabeça e ficou no topo da árvore. Sorri ao vê-lo bem e me virei a tempo de ver Levy acertando um zumbi, decepando o mesmo.
—Muito bem baixinha.. hehe. – Gaggel elogiou, e não quis ficar para trás, tornando seus braços inquebráveis ferros e macetando cabeças como amassamos massa de pão.
Sorri para a determinação deles, puxei mais flechas e comecei a dispará-las uma atrás da outra, resultado, derrubei setenta por cento dos que acertei, mas isso não me desanima, puxei a adaga novamente e parti pra cima deles com um sorriso no rosto, como se aquela fosse minha última batalha.
Todos estavam determinados ao máximo, logo Gray e Juvia se juntaram a nós, Wendy e Charlie apareceram com Erza totalmente curada e pronta pra lutar novamente.
—Chega dessa palhaçada. – Erza exclamou invocando sua armadura do purgatório e começou a botar pra quebrar, aquela cena encheu de vontade nossos corações.
—Hey Titânia, deixa um pouco pra mim. – Brincou Gray que posicionava o punho fechado em cima da outra mão aberta.- Ice Make...
—Gray não vai deixar mais Juvia para traz. – a garota sorriu e começou a movimentar a água ali perto.
—Eu vou lutar também... – Wendy exclama inspirando o máximo de ar que conseguia conter em seu pulmão. E assim que o encheu, ela liberou tudo em um grande tornado que levou muitos zumbis as alturas.
Aproveitando que estavam mais desorientados que o normal, atacamos em conjunto, meu corpo já se movia sozinho, eu desviava de mordidas raivosas, chutava corpos, soqueava estômagos, depois me arrependia por que as entranhas caíram tudo pra fora, levantando um cheiro horrível de carne podre, mas eu continuava, manipulava a lâmina da minha adaga pelo caminho mais ambicioso numa batalha, o sangue, pela parte onde ela passava, jorrava o liquido vermelho cujo necessitamos tanto para viver.
—Caramba Lucy, deixa um pouco pra gente...- Cana exclama se juntando a nós. – Olha quem eu achei.
—Imaginei que precisariam de ajuda. – um homem grande, de casaco roxo, cabelos loiros espetados como se tivesse levado um choque, mas na realidade ele era a própria eletricidade.
—Laxus.. – Gray exclamou.
—Por onde esteve?- Juvia pediu. – Precisávamos de você.
—Agora não é hora pra isso. – Falei e todos me olharam. – Ele está aqui e vivo, isso é o que importa.
—Lucy está certa. – Cana sorriu de canto. – Temos trabalho a fazer.
Assim todos desistiram de bombardear o Dragon Slayer do Raio com perguntas e voltamos nossa atenção ao exercito de Zumbis.
Com o neto do mestre do nosso lado, a batalha pareceu ficar mais fácil, mas acabamos não vendo o tempo passar, estava ficando cada vez mais escuro e difícil de enxergar, nossos corpos estavam ficando esgotados e os deles sequer suava.
—Temos que recuar... – Levy avisou. – Não vamos conseguir lutar desse jeito.
—Droga.. – exclamei atirando minha última flecha. De repente houve uma explosão muito grande perto de onde estávamos, desnorteando a todos com a potência do som que havia de propagado.
—ARRRGGG.. – Laxus urrou segurando seu braço que agora sangrava. – Você esta bem?
—Por que fez isso? Por que me salvou? – Cana começara a chorar olhando para o loiro.
Ele apenas olhou para ela com calma e em seguida olhou para o lado.
—Ainda posso lutar.- Cana parou e o olhou de forma diferente. – até que eu caia de vez vou continuar protegendo minha família.
Dito isto ele olhou para cima, onde trovões e raios brigavam para ver quem dominava o céu. Laxus fez um movimento brusco com as mãos e a tempestade de raios que caíram do céu acertando os zumbis foi como um show de bobinas de Tesla.
—Wow.. – Gray exclamou.
—Vamos aproveitar e achar um lugar seguro. – Levy chamou a todos.
Eu olhei para onde pouco tempo antes uma explosão havia ocorrido. Sinto que devia estar ao lado dele nesta batalha, mas isso iria o atrapalhar.
—LUUUUCYYY... – Me virei a tempo de ver um zumbi perto o suficiente para me morder, mas consegui me desviar e cravar a adaga em seus olhos perfurando por fim seu cérebro e assim o deixando sem vida. – tem que tomar mais cuidado.
—Obrigada Erza. – olhei em volta e lembrei de Happy, procurei com o olhar nas árvores, mas o gato não estava em nenhum lugar. – Onde está o Happy?
—Não o vi... – Eerza começou a olhar em volta também. 
Meu peito começou a doer e o desespero invadiu meu raciocínio, sai correndo olhando para todos os cantos a procura do gato azul. Meu corpo gritava pedindo para que eu parasse para descansar, mas eu não podia, precisava achar Happy, sem ele, eu ficaria sozinha, eu amo aquele gato malandro, não posso deixar que nada aconteça com ele.
—Lucy o que você está fazendo? – Levy veio correndo atrás de mim.
—Volta pra junto deles.. você precisa ficar em segurança.. – exclamei segurando seu ombro.
—Mas..
—Por favor Levy, tenho que achar Happy, vou ficar bem.- prometi a ela.
—Seria mais rápido se procurássemos juntas.- argumentou Levy dando um passo em minha direção.
—Mas que droga Levy, não quero que se machuque e você estaria mais segura junto de Gajeel. – falei quase implorando para ela me ouvir. – por favor, você é umas das amigas mais preciosas que tenho, quero te proteger.
—E eu também Lucy. – ela sorriu e segurou minha mão. – vamos juntas, assim eu te protejo.
—Ahhhhhh. – olhamos  assustadas em volta.
—Está vindo de onde estão os outros. – exclamei e começamos a correr de volta.
Chegando lá, vimos todos cercados e Cana com uma mordida na perna esquerda, ela estava de joelhos no chão e Laxus a protegia como uma muralha em sua frente.
—Cana... – corri em direção a ela, mas algo me puxa de volta.
—Não. – Gray diz baixinho. – vai acabar sendo mordida também.
—Temos que ajuda-los. – falei brava.
—Ahhhhhhh, não... droga... – um zumbi mordeu Laxus na perna e assim ele caiu de joelhos usando sua mão para estancar o sangue, Cana foi até ele mancando, mas foi derrubada no caminho e três zumbis começaram a mastigar seus braços e sua barriga. – Ahhhhhhh..
—Eu.. – comecei a correr em direção a eles, seu eu chegasse a tempo de cortar o braço fora a infecção não chegaria..
—NÃÃÃO.. – Cana gritou. – Fique longe, viva e salve o Na...
Ela não conseguiu terminar de falar pois sua garganta foi arrancada fora por dois zumbis que disputavam quem comeria mais de sua laringe.
—Desculpem.. – Laxus disse e caiu deitado, praticamente sem força alguma para continuar a resistir, não perdendo tempo, seus olhos já foram arrancados de seu crânio e sendo mastigados por dentes podres, suas pernas restavam só ossos, mas o pior foi quando um zumbi especial apareceu e abriu a barriga do Dragon Slayer com uma explosão, o sangue e os órgãos se espalharam por tudo, inclusive em nós.
Virei-me e corri para junto dos outros, envergonhada por ter o sangue de amigos que não pude proteger nas mãos.
—Lucy não foi sua c...
—Eu não quero falar sobre isso. – olhei para Gray que estava tão abalado quanto eu. Levy e Wendy choravam, Erza olhava para o lado, sofrendo do seu modo, Gajeel olhava com proteção para a sua baixinha e Juvia estava olhando para os corpos, a informação ainda não havia chegado a ela. – Precisamos ficar juntos, todos nós.
—A Charlie, ela sumiu. – Wendy choramingou.
—Ela deve estar com Happy. – Erza mencionou. Olhei para os corpos de Cana e Laxus, os Zumbis estavam terminado a refeição, logo iriam querer mais.
—Precisamos ir. – Falei a todos e comecei a andar na direção da explosão da luta de Natsu e Zeref.
—Por que vamos pra lá? – Gray perguntou.
—Happy deve ter ido pra lá. – Respondi e voltei a caminhar.
Algum tempo depois chegamos a um penhasco, onde podíamos assistir a luta dos dois. Olhei para os lados e como eu havia previsto Happy e Charlie estavam sentados.
—Charlie.. – Wendy exclamou indo abraça-la.
Assim que Happy me viu, veio ao meu encontro.
—Que bom que você está bem. – falei apertando o gato contra meu peito.
—Eu e Charlie queríamos saber como estavam as coisas para o Natsu, Desculpe se preocupamos a todos. – sorri pra ele. Então ele me analisou melhor. – Por que está coberta de sangue?
—Onde está Cana e Laxus? – Charlie perguntou. Mas parece que ela já sabia a resposta e reparando em nosso silêncio ela começou a chorar.- Eu vi isto acontecendo, mas pensei que poderia ser diferente.
—Como estão as coisas? – perguntei olhando para dois vultos no horizonte.
—Bem... nenhum dos dois está parecendo que vai desistir. – Gray responde olhando fixamente para os movimentos que faziam na luta.
—Precisamos descansar, vamos fazer turnos. – Erza exclama. – Wendy, Charlie, Gajeel, Levy e Juvia, você descansam enquanto o restante fica de guarda, depois trocamos.
Todos concordaram. Eu sentei a beira do penhasco e olhei para o pôr do sol, seria uma vista linda se todo aquele sangue no chão de Magnólia não tivesse sido derramado, se pessoas não tivessem morrido, se o cheiro que o vento trazia não fosse de carne podre, se não houvesse o clima de morte em nossa volta e se meu melhor amigo estivesse do meu lado.
—Lucy... você está bem? – Erza sentou ao meu lado.
Olhei em volta, Gray estava escorado numa árvore e ficava olhando em volta e Happy estava cuidando o outro lado.
—Não. Não mesmo. – falei a ela meus medos, de ficar sozinha, de não poder proteger Happy e meus amigos, de perder Natsu e de não ver mais o mundo como ele deveria ser.
—Eu entendo você Lucy, entendo mesmo. – Erza colocou sua mão sobre a minha, estava quente e coberta de sangue. – eu me envergonho por não ter conseguido proteger a nossa guilda, por ter desaparecido por sete anos e ter deixado tantas famílias morrerem, por não poder mais ver Jellal e meu amigos da Torre do Paraíso, pela morte de Elfman, Lisanna, Mira, Romeo e todos os outros, por ter ficado parada enquanto comiam Cana e Laxus... eu entendo que não podíamos salvá-los, mas o sentimento de culpa permanece aqui.
Ela pôs a mão no peito e suspirou.
—Nos sentimos inúteis não é.. – desabafei.
—Mas, ainda temos uma família. – ela olhou para o pessoal que dormia em bolinho e para Gray e Happy que cuidavam da redondeza. – vamos protegê-los.
Sorri e olhei para as estrelas que brilhavam sob uma terra em que os mortos vagavam em busca dos vivos para se alimentarem.
—Ah Lucy... – Erza me olhou um pouco corada. – eu venho querendo te perguntar isso ah um bom tempo, sei que não é o momento, mas devido a situação preciso saber.
—O que? – Perguntei levantando uma sobrancelha.
—Você e o Natsu estão namorando? – ela sorri e junta as mãos como em sinal de esperança.
Admito, demorei mais do que o normal para processar a pergunta, e ainda assim, demorei mais ainda para conseguir responder.
—Ahhh... o que... eu... não, eu e o Natsu não estamos.. quer dizer.. de onde tirou isso? – minha voz não queria sair, e meu rosto esquentou num tempo absurdo.
—Huhu... é que eu andei captando alguns momentos entre vocês. – ela disse piscando com um olho só.
—O que... mas do que você... eu não estou entendendo... eu nunca... – por que meu rosto estava tão quente, por que meus batimentos aceleraram?
—Entendi, você ainda não percebeu.- ela sorriu. – desculpa Lucy, mas você devia olhar para dentro do seu coração e entender isso antes que seja tarde de mais.
Ela levantou e foi para um outro canto ficar de guarda.
Mas do que diabos ela estava falando? Eu e Natsu namorando? De onde ela tirou essa ideia? Como isso iria acontecer?
Lucy eu vou te proteger, eu prometo... não posso, não agora... Por que está me evitando?... nunca lhe faria mal algum... fique segura... eu não perdi... em breve você saberá... não posso mais ter aquilo que  eu tanto queria... Lucy fique bem longe de mim...
Coloquei a mão na testa, meu coração estava batendo muito rápido, minhas bochechas estavam quentes, minhas pernas moles, eu queria vê-lo, queria ver Natsu e dizer a ele que eu o amava. Que ele nunca me perdeu, que nunca vai me perder. Eu preciso ir até ele, eu...
—Vamos trocar de turno, precisamos que vocês fiquem todos alertas. – Erza explicou ao grupo que estava acordando.
Não posso abandoná-los, não posso deixa-los agora.
—Lucy, vamos.. – Erza me chamou. – tudo bem?
Olhei pra ela e a abracei.
—Obrigada.- sorri e deitei no chão de terra, Happy veio e deitou do meu lado, Gray se acomodou do outro lado de costas para mim e Erza ao lado de Happy também de costas.
Fechei os olhos e aos poucos mergulhei no mundo dos sonhos, mas desta vez, acho que Mavis estava dando-me um descanso, pois eu estava num belo gramado verde, um lago com água de uma cor cristalina azul, peixes indo e vindo na superfície, nuvens brancas, sol quente e aconchegante e uma única árvore um pouco acima das margens do lago. Fui até lá andando calmamente e não pude deixar de sorrir para a cena, Natsu estava mais velho, de barba feita, os cabelos rosas mais longos, o olhar mais maduro mas sem deixar o brilho de criança marota para trás, seus ombros mais largos, seus músculos maiores, seu corpo estava mais definido, usava uma roupa diferente, parecia um robe preto com detalhes em laranja, Mas o que mais me chamou a atenção foi o bebê que Happy brincava, cabelos rosas assim como Natsu, a pele branquinha, vestia uma linda roupinha branca e seus olhos eram castanhos, assim como os meus.
—Ah, você está aí... – Natsu se levantou e começou a vir em minha direção com a criança no colo. – diz oi pra mamãe.
Meus olhos se encheram de lágrima, eu peguei minha filha no colo que agora sorria e brincava com meus longos cabelos loiros, sorri pra ela, mas estava difícil conter minhas lágrimas.
—Não precisa chorar. – Natsu me abraçou. – Sempre vamos ficar juntos.
—Buááááá. Uáááááá...- o neném começa chorar e de repente tudo some e o chão se abre abaixo de mim, começo a cair num buraco sem fim.
—LUUUUCY! – Acordo com Erza me chamando. – Vamos, precisamos de ajuda.
Havia zumbis por toda parte, procurei minha adaga e levantei depressa.
—O que houve? – perguntei a Erza enquanto cortava o pescoço de um zumbi.
—Não sei bem, mas acordei aos berros, os Zumbis nos acharam e Levy não conseguiu nos chamar. – Explicou cravando a espada no crânio de outro morto-vivo.
—Mas os outros estão bem? – pedi me abaixando pra não levar uma chicotada de um zumbi especial, rolei para o lado quando ele avançou sobre mim, cravei a adaga em seu tornozelo, ele caiu, mas começou a rastejar em minha direção, cheguei perto e cravei a lâmina em seu ouvido, logo ele parou de se mexer.
—Estão, por hora. – ela apontou para um lado e vi todos lutando.
Olhei para o horizonte e vi Natsu e Zeref, ambos ainda lutavam. Como conseguem ficar horas desse jeito? Como eu queria ver Natsu bem e tranquilo, tendo um futuro assim como no meu sonho. Eu queria poder tocá-lo mais uma vez e dizer o que sentia por ele..
—Leeeeeeeeevy.. – a voz de Gajeel saiu tão forte que até o zumbis desviaram sua atenção para lá. Ele tirou a garota de um buraco que vários zumbis haviam caído, ele havia salvo a vida dela, como eu imaginei, ao lado dele, ela sempre iria estar segura. – arhh..
O Dragon Slayer foi puxado pelo pé para dentro do buraco e sem perder tempo um zumbi aproveitou e mordeu seu ombro esquerdo.
—Nããããããooo, Gajeel... não solta... eu não vou te soltar... – Levy segurava a mão de Gajeel com toda a força que tinha, corri até ela e comecei ajudar a puxá-lo para cima.
—Idiota.. – Gajeel respondeu no lugar de um obrigado. – Levy, desculpe por ter te... por aquela vez... eu não te conhecia... não sabia... me apaixo... fique viva...
—Não.. Gajeel responde... não... por favor... eu nunca te culpei por isso... Gajeeeeel, por favor, não deixe sozinha, eu deixo você me chamar de baixinha .. Gajeel não, não, NÃÃÃÃÃO... – Levy gritou em meio a lágrimas, Infelizmente o corpo de Gajeel não estava em condições de ser carregado, suas pernas estavam quase comidas por inteiro, seu braço direito não tinha mais pele, seu abdômen estava aberto com alguns órgãos a mostra, sangue saindo dos orifícios e seus olhos permaneciam abertos olhando sem vida para o rosto de Levy.
—Levy... perdoe-me pelo que vou dizer agora, mas precisamos garantir que ele não volte.. – expliquei a ela.
—Não... Lucy, obrigada por vir me ajudar, pode ir ajudar os outros agora, eu me viro aqui. – ela limpou as lágrimas do rosto.
—Tem certeza? – pedi mais uma vez a ela.
—Sim. – ela respondeu e olhou para o buraco onde os zumbis ainda mastigavam a carne de Gajeel.
Fechei os olhos segurando as lágrimas e me pus de pé, corri para perto de Gray.
—O que houve? – ele pediu olhando para a cena atrás de mim. – ouvi gritos..
Gray calou-se quando viu Levy segurando o corpo de Gajeel.
—Meu Deus.. – Juvia cobriu a boca com as mãos assustada.
—Droga.. – Erza exclamou. – temos que tirar Levy de perto dele.
—Ela não quer... – baixei a cabeça mostrando minha derrota ao tentar convencer Levy de deixá-lo.
—Se eu pelo menos conseguisse curar vocês, mas o poder de Zeref é muito maior que o meu.- Wendy lamentava. – Desculpem.
—Você não tem o que se desculpar Wendy. – exclamei olhando a menina que estava a beira de chorar de novo. Olhei para Erza que estava cuidando o momento certo de tirara Levy das mãos de Gajeel, em seguida para Gray que fitava o chão sem saber o que fazer e Juvia que olhava Gray com medo, medo de perde-lo como Levy perdeu Gajeel. – Happy, Charlie.
—Que foi Lucy?- o gato azul veio voando em minha direção.
—Preciso que vocês dois mantenham Wendy segura. – pedi.
—O que? – a Dragon Slayer do vento tentou hesitar, mas não deixei.
—Você não pode se ferir agora, é a única com poderes para nos curar caso nos machuquemos, sem falar que você não pode deixar Charlie sozinha, então por favor ache um lugar seguro e fique lá até chamarmos você. – ordenei.
—Tudo bem... – ela aceitou desanimada. Os três partiram para cima de uma árvore bem alta e lá ficaram nos observando, o olhar de Happy me causou uma pontada no coração, parecia a última vez que iria vê-lo.
—Por que fez isso? – Gray pediu.
—Não quero que ela veja mais ninguém morrer de perto. Essa dor é muito para ela. – fechei os olhos por um instante e lembrei de todos que haviam morrido, por que simplesmente não podíamos deixar as crianças fora dessa.
—Entendo, fez bem. – Erza pôs sua mão sobre meu ombro, quando olhei no fundo dos seus olhos, percebi que ela havia entendido assim como eu que ninguém sobreviveria a este caos.
—Gente... – a voz de Levy nos chamou, fomos até ela e notamos a dor em seu rosto. – desculpem, mas não posso mais continuar, me perdoem, mas perdi tudo e não quero presenciar mais nenhuma morte, é muito pra mim. – as lágrimas caiam como uma torneira aberta pelo rosto da nossa amiga.
—Levy.. – Juvia tentou se aproximar.
—Não se aproxime... eu... – ela mostrou seu braço. Havia uma mordida de Zumbi, estava infeccionada, era impossível de reverter. – deixei ele me morder, não queria que fosse por outro... quero que me façam um favor..
—Não... Levy não nos peça isso... – meus olhos começaram a arder.
—Por favor Lucy... – ela suplicava. – me mate quando eu fechar os olhos, não deixe que eu machuque ninguém... por favor.
Fechei os olhos e fiz que sim com a cabeça, se eu estivesse no lugar dela, pediria a mesma coisa.
Passaram-se alguns minutos e estávamos todos ali com Levy, cada segundo mais fraca, mas não deixava de olhar para Gajeel.
—Lucy... –ela me chamou, então lhe dei minha total atenção. – não... não faça como eu, diga a... diga a ele como se sente...
Fechei meus olhos e imaginei a dor que Levy estava sentindo, vendo a pessoa que amava morta em seus braços, arrependendo-se de nunca ter-lhe dito oque sentia por ele.
—Não sei se vou vê-lo de novo, mas farei o possível pra fazer isso. – disse a ela com toda a sinceridade, afinal, eu queria, mas não sabia se veria ele de novo.
Ela sorriu pra mim e adormeceu, cheguei mais perto e coloquei minha mão no seu pescoço, não estava mais respirando, tirei minha adaga da bainha e fitei minha lâmina que eu precisava usar para tirar a vida de meus amigos. Meus lábios tremiam, eu não conseguiria, não podia fazer isso, olhei para minha amiga que descansava sua cabeça no meu colo.
—Desculpe...- segurei a adaga com mais força, tentando transmitir um pouco de força da minha mão para meu cérebro, afim de conseguir dar um fim nesta dor intensa. Não posso desistir, eu prometi a ela.
Devagar os olhos dela começam a se abrir e a me fitar sem nenhum reconhecimento. Percebo a agitação dela ao tentar me morder, e ouço todos em minha volta gritando meu nome. Mas já não ouvia mais nada, só sentia o sangue de minha amiga escorrer da adaga para minhas mãos, lentamente eu observava o liquido descer e entrar em contato com minha pele, estava frio e cheirava a podre, por um momento eu quis que ela me mordesse pra mim deixar de ver meus amigos morrerem ou ter que mata-los, mas eu tinha que ver Natsu antes de partir.
—Meu Deus.. – Juvia exclamou.
—Nunca mais faça isso Lucy.. – Erza abanava o próprio rosto.
—Tudo bem? – Gray se abaixou do meu lado.
Virei o rosto para o outro lado, não queria que ele visse minhas lágrimas.
Essa foi a gota d’água, não quero mais fazer isso, não quero mais ter que matar meus amigos, não quero mais ter que ver ninguém morrer, não quero mais sentir dor...
Enquanto isso houve um tremor de terra gigantesco, as árvores começaram a tombar e rachaduras imensas no chão se abriram.
—Mas que droga Natsu... – Gray exclamou antes de escorregar e sua perna esquerda entrar em uma fenda que logo se fecha com a mesma velocidade que se abriu arrancando a perna de nosso amigo fora. – Ahhhhhhhhhhhhhhh... droga... droga...
—Gray.. – Juvia foi para perto dele e com seu descuido tropeçou e rolou até outra fenda onde ela despencou e caiu onde vários zumbis também tinham caído.
—JUUUUUUVIAAAAA!!!!! Juvia.. Juvia... – Gray rastejou-se até a beira e viu ela lutando contra todos, Erza e eu fomos até Gray.
—Lucy, ajude Gray, vou descer. – Erza mandou e assim com um salto pousou do lado de Juvia.
—Tudo bem... – ajudei Gray. A perna dele foi literalmente arrancada, haviam muitos tendões a mostra, o sangue não parava de sair. – Gray eu vou precisa limpar e...
Olhei para seu rosto e não pude deixar de sentir umas das maiores dores no coração, lágrimas escorriam sem pausa dos olhos negros do meu amigo.
Abracei ele fortemente, ele, Erza e Natsu seguravam as coisas até o momento que não aguentavam mais, mas eu estava ali para segurá-los quando eles caíssem.
—Eu... eu a amo... nunca pensei que doeria tanto perde-la... – Gray falou em meio aos soluços.
—Mas você não a perdeu... ela está ali e quando voltar você vai dizer a ela o que sente... – falei sorrindo.
—Você estão bem? – a voz da ruiva nos desperta e assim Juvia vem correndo e abraça Gray com todas as forças.
Gray milagrosamente a abraça de volta, eu cutuco Erza no braço e ambas viramos de costa e nos afastamos um pouco. Deixando Gray mais a vontade para revelar seus sentimentos.
—Não podemos dar moleza, estamos perdendo muita gente e por milagre não perdemos Gray e Juvia. – Erza esbraveja.
—Preciso chegar até Natsu... – revelei. – tenho a impressão que ele esta se segurando, ele sabe que se vencer, vai partir, e eu preciso dizer a ele que vamos com ele.. – olhei lacrimejando pra minha amiga.
Ela me abraçou forte.
—Foi um prazer ter te conhecido Lucy. Nos vemos do outro lado. – ela sorriu e deu as costas pra mim.
Olhei na direção de Gray e ele estava abraçado sorrindo com Juvia, parecia que as coisas deram certo ali. Ele me olhou e reparou em meu olhar, entendo que eu estava me despedindo, então sorriu e fez sinal positivo para mim, foi bom te conhecer Gray... Juvia...
Me virei e comecei a correr, os tremores continuavam, cada vez mais intensos, mas mesmo que eu perdesse uma perna ou um braço, eu continuaria, precisava dizer a Natsu que ele não partiria sozinho, que sempre estaríamos com ele.
A minha direita uma monstruosa avalanche de pedras rolaram do alto de um morro, de onde Zumbis esfomeados vinham correndo para me pegar, uns tropeçavam e caíam, outro rolavam como as pedras, e outros eram esmagados pelas mesmas.
Olhei para frente e pelo menos uma dúzia me aguardava fazendo uma pequena barragem impedindo-me de passar, franzi a testa, isso não iria me impedir. Acelerei o passo e puxei a adaga da cintura, posicionei-a em minha frente e acertei o primeiro zumbi cortando sua cabeça, em seguida me abaixei para desviar de um zumbi supostamente especial, pois suas unhas eram enormes, e havia dentes pontiagudos na frente, cortei a perna e o chutei para longe, me virei e outros três vinham apressados para tirar um pedaço de mim, rolei para a direita e assim apoiando minha mão direita no chão acerto um chute horizontal nas pernas de um deles que de podre quebraram, assim ele ficava mais lento, depois cravo a adaga no olho direito do próximo zumbi, que cai no chão, olho de esguelha para a esquerda e dois vêm vindo, com os braços na frente para me agarrar, rodopio em volta deles e cravo a adaga no tímpano dos dois, derrubando-os.
Não sei se foi sorte ou habilidade, mas consegui derrubar todos, consegui esboçar por mais singelo que fosse um pequeno sorriso.
Então uma dor intensa se propaga na minha panturrilha esquerda, uma ardência fora do normal, ao verificar, vejo um zumbi com a mandíbula cravada e puxando minha pele com vontade.
—Ahhhh.. larga, ahhhhh...- chutei o zumbi no rosto, e foi quando percebi quem era. – Oh não, não, nããããão.
Segurei a ferida e rastejei para longe dele, mas insistindo em me acompanhar veio rastejando atrás, Gray parecia ter levado várias mordidas, pois seu rosto estava irreconhecível, a única semelhança com seu eu vivo que eu tinha deixado a poucos instantes era o colar e seu cabelo negro arrepiado.
—Luuuucy.. – Juvia veio correndo e ajudou a me levantar, olhou para Gray, seu olhos brilharam, mas ela virou o rosto. – sinto muito... é culpa da Juvia...
—Do que está falando? – perguntei, minha perna doía muito, devia ser a infecção, eu tinha que chegar logo ao Natsu antes...
—Gray foi mordido pra proteger Juvia e então ele se transformou, mas Juvia não conseguiu mata-lo, então Juvia fugiu, mas quando percebeu seu erro, Gray havia sumido, então quando vi, ele já havia ferido Lucy... desculpa... – ela começou a chorar.
—Tudo bem... – esbocei um sorriso forçado, eu entendia a dor dela, matar a pessoa amada não era uma tarefa fácil de ser cumprida. – Eu posso fazer isso... ai...
—Juvia agradece, mas é Juvia quem tem que fazer... – Juvia me pôs sentada e foi em direção a Gray, fez um movimento certeiro e a água se tornou longas lâminas finas que deceparam nosso amigo.
Ela ficou um tempo contemplando o sangue, mas virou-se de costas e veio até mim, pude ver as lágrimas que ela continha, puxei-a para um abraço, então ela soltou, pude dizer que segurei o peso dela nos ombros, pois a menina chorou tanto que chegou a adormecer.
—Juvia... Juvia.. – ssussurei tentando acordá-la. Mas a menina não respondia.
—Agh... rushn.. – Juvia sussurrou. Não entendia o que ela estava dizendo. Tentei levantá-la, mas devido a minha perna esquerda estar ferrada a força que exerci não foi o suficiente, e sem querer, Juvia caiu no chão, estava me preparando para desculpar-me, mas ela não levantou, continuou a falar baixinho coisas que eu não entendia.
—Hey.. Juvia... – chamei-a. então ela levantou a cabeça e seus olhos já estavam perdidos, Juvia não tinha adormecido, ela havia morrido em meus braços, e pelo jeito tinha sido mordida no braço, impulsivamente me empurrei para trás, mas havia um enorme paredão de rochas, Juvia me alcançou e mordeu direto onde Gray já havia mordido.- AHHHHHHHH...AHHHHHH... NÃOOO...
Juvia era de longe muito violenta, ela conseguiu destroçar todos os meus ligamentos e arrancar minha perna, a perda de sangue estava me deixando tonta, eu não conseguia raciocinar direito, minha visão estava começando a fica turva, só conseguia ver Juvia comendo com todo gosto minha perna arrancada, tentei me rastejar, mas não conseguia e logo Juvia começou a vir atrás de mim buscando mais.
Desculpe Natsu, desculpe... não vou chegar até você...
Mas como uma luz de esperança Scarlet, vi entre minha visão atordoada e minhas lágrimas, uma mulher de cabelo vermelho se aproximando rápido, Erza vinha em minha direção, ela poderia me ajudar a chegar até ele, estiquei meu braço direito em direção a ela, ela se abaixou ao meu lado e simplesmente mordeu minha mão.
—NÃOOO, ERZA NÃOOO, POR FAVOR... – Comecei a gritar, tentei empurrá-la com as pernas, mas mal conseguia erguer a direita sem ajuda. – não, alguém, por favor..
—Luuuuuuucyyyyyy! – uma voz tão conhecida sou desesperada sobre mim, comecei a chorar ainda mais. Happy passou sobrevoando e pegou a baixo de minhas axilas me levando com ele.
Olhei para baixo e vi minhas amigas preciosas, minha perna e minha preciosa marca da guilda junto com minha mão direita que deixei para trás.
Happy chorava muito enquanto me colocava no topo de um morro, minha visão não estava boa então mal conseguia vê-lo direito ou ao pôr do sol que se propagava no horizonte.
Levei minha mão esquerda a cabeça de Happy e acariciei. Ele chorava muito.
—Vai ficar tudo bem.. não precisa chorar. – tentei acalmá-lo. – Onde estão Charlie e Wendy?
—Se..guras... numa casinha na árvore... eu... eu estava vindo buscar vocês,... mas... mas só te vi... ah Lucyyy, não quero que você morra... – ele me abraçou sujando-se de sangue, mas pouco importava isso pra ele.
—Escute, não é sua culpa, eu fui muito descuidada... – sorri. – Happy preciso que me prometa que vai manter Wendy e Charlie em segurança até isso terminar.
Ele fez que sim com a cabeça, mas não me soltou, continuou ali abraçado, parece que ele entende que quando me largar jamais me verá novamente.
—Happy, será que você pode me levar até Natsu? – Perguntei olhando para o vulto do gato esperançosa.
—Sim... – ele engoliu o choro e me levantou com ele, juntos fomos voando em direção ao sol e a onda de poderes que vinha daquela direção.
Eu estava prestes a perder a consciência, minhas pálpebras se fechavam involuntariamente e recusavam-se abrir, Happy voava o mais rápido que ele podia, com medo de me decepcionar, mas a única pessoa que havia feito isso era eu mesma, minha falha como amiga ao deixar todos morrerem, minha falha como filha ao abandonar meu pai e deixa-lo sozinho a mercê deste mundo cruel, uma falha como maga, afinal perdi todos os meus amigos espíritos e não estava no final para lhes dizer adeus, uma falha com Natsu, por não lhe dizer o que sentia, e por não poder salvá-lo deste destino impiedoso.
Logo em minha frente encontrava-se o lago dos meus sonhos, onde Natsu e minha filha abanavam para mim.
—Estou chegando... – sorri, esquecendo toda a dor do meu corpo e abraçando o calor e o cheiro de flores que vinha daquele lugar.
—HAHAHAHAHAHAHA. – uma risada ensurdecedora espanta meus pensamentos. – esperava mais de você END.
—Ahhhhh.. – a voz de Natsu, ele estava sendo machucado, forcei minha visão e vi Natsu quase voltando ao seu estado natural, sua pele de dragão parecia ter sido arrancada e suas asas cortadas, o sangue que cobria o corpo dele parecia ter sido tirado por chicotadas, Zeref era muito baixo.
—Nem mesmo você conseguiu desfazer o que fiz, botei grande fé em uma anjo pequeno.- disse Zeref com desprezo, esse também tinha apanhado, seu manto negro estava rasgado, havia vários hematomas em seu rosto, Natsu deve tê-lo socado bastante, e o braço direito parece ter sido arrancado, que cruel. – vou dar um fim na vida que lhe dei, morra!
Zeref levantou sua mão esquerda que segurava uma afiada espada de lâmina negra, e foi para cima de Natsu, vi aquela espada se aproximar rapidamente de meu amigo, sem rodeios, me soltei de Happy e com todas as forças restantes, me pus entre Natsu e a espada. Senti a mesma adentrar do lado de minha coluna, passar por entre minhas costelas e provavelmente quebrar alguma, perfurar meu coração e sair em meu peito.
Senti um liquido subir pela garganta e encher minha boca com gosto de ferro, abri a mesma para deixar sair o sangue que pingou no chão.
—Mas quem é essa agora. – com o pé em minhas costas ele me empurrou e puxou sua espada de volta para si, assim o sangue jorrou de meu peito sujando todo meu corpo, caí para frente apoiando meu joelho, iria bater a cabeça no chão, mas mãos fortes me seguraram, forcei minha visão e consegui ver os olhos esmeralda de Nastu.
—Desculpe... – engoli o sangue que insistia em sair.
—_Lucy... -Natsu tentou pegar minha mão mas deu por falta dela então olhou para minhas pernas e as lágrimas vieram de seu rosto, caindo sobre minha bochecha lavando o sangue que acumulava naquela região. – por que?
—Por que eu amo você... – sorri ao conseguir falar tais palavras a ele, estava colocando todas as minhas forças restantes naquela frase, pois era tudo o que eu tinha a oferecer a ele. – mate ele... estamos todos esperando você.... do.. outro lado...
Uma dor intensa atingiu meu peito e minha cabeça rodopiou, uma escuridão me invadiu e eu pude ouvir de longe alguém gritando meu nome, mas agora eu já não podia responder, fui em meu corpo estava sendo sugado por uma luz intensa.
Ao abrir os olhos lentamente, pisquei pois era muita claridade para a sensibilidade imediata.
—Agrhh... – soltei um sussurro, queria dizer algo, mas parecia que minha garganta não soltava nada. Estava deitada sobre os braços de um ser com cabelos rosa, ele chorava muito, eu quis alcança-lo para mordê-lo, mas ele me segurava com muita força e sem um braço e uma perna as coisas estavam mais difíceis.
—Desculpe... – ele sussurrou, senti gotas de água caírem em mim. Mas não era água que eu queria, ele não entendia que eu tinha fome, eu queria comida. Novamente tentei mordê-lo mas não consegui, o garoto me deitou no chão e em volta dele surgiram chamas muito quentes e vivas, em sua cabeça cresciam coisas pontiagudas e em seus dedos também, de suas costas saíram sangue quando dois pares de asas nasceram, o cheiro do sangue chegou até mim, eu queria tomar aquilo.
—Aghhhr.. – sussurrei e rastejando com minha mão esquerda comecei a ir em sua direção.
—Dói ver alguém que ama morrer em seus braços não é? – um outro homem que sangrava disse. Eu teria o corpo dos dois para comer, que sortuda eu. – ou dói mais vê-la assim?
O garoto olhou para mim e sorriu.
—O lado bom é que não vou precisar matá-la. – ele encarou o outro homem. -pois quando eu matar você, eu e ela partiremos juntos para o outro lado.
Então o garoto de cabelos rosa flexionou a perna e pulou para cima do outro homem, que pensou poder parar o ataque com apenas uma mão, mas quando houve o impacto, seus pés saíram do chão e ele foi arremessado para longe, o garoto sem perder tempo bateu as asas e foi atrás.
Por que eles estavam se distanciando de mim, por que não entendiam que eu estava com fome? Precisava comer, eu queria comer.
Mas não tardou muito e os dois apareceram no céu, o homem havia pego o garoto pelo pescoço e com a outra mão perfurou a barriga do rapaz.
—Ahhhhh.. seu... – ele gemia de dor, mas mesmo assim ergueu a cabeça e com o punho em chamas acertou um soco no rosto do homem de manto negro. Ele aterrissou a poucos metros de mim.
Com o queiro e a mão esquerda fui me aproximando, queria um pouco, só um pouquinho de sua carne.
Mal deu tempo do homem se levantar e recuperar-se do tombo que o outro lançou várias bolas de fogo em sua direção, nas quais todas foram desviadas, e com um tapa o homem de manto negro desviou uma bolota na minha direção.
O impacto fez meu corpo ser jogado para traz, meus cabelos e minhas roupas pegaram fogo imediatamente, a pele eu via derretendo como creme, mas não sentia dor alguma, então olhei para onde eles estavam, queria comer, estava com muita fome.
—Luuuuucy... ah seu maldito.. – o garoto gritou e se lançou contra o homem de sorriso malicioso. – por que quer ferir ainda mais o corpo dela? Vai pagar por isso.
E com um chute certeiro do garoto, o mais velho é atirado contra uma montanha, e para finalizar o golpe, ele atira várias rajadas de fogo naquela direção. Em seguida olha pra mim, que vou me aproximando e sorri.
—Logo nos veremos Lucy, eu prometo. – ele disse e virou a tempo de ver tentáculos de fumaça negra surgirem de onde estava o homem, esses fios enrolaram o garoto e o estavam asfixiando, eu poderia ir até lá e mordê-lo agora que ele não pode se defender.
Mas pelo jeito o homem se irritou comigo, e fez um movimento para um dos tentáculos me agarrar pelo pescoço, ele fazia com a mão como se estivesse apertando algo e assim a fumaça me apertava também, mas não doía, eu não sentia nada, apenas um vazio que precisava ser preenchido com carne.
—Nãããaão, Lucyyy.. – o garoto berrava, seu rosto contorcido como se estivesse sentindo a dor que eu deveria sentir. Ele estiva a mão em minha direção tentando me alcançar, mas era inútil.
O homem cansado apertou mais e eu comecei a cair, o mundo deu voltas e de repente estava vendo tudo de cabeça para baixo, olhei um pouco mais adiante e vi meu corpo caído ao meu lado, minha cabeça havia sido separada dele.
—Ahhhhhhhhh... – o garoto surtou e explodiu em chamas de várias cores, branco, azul e laranja, com leves filetes vermelhos, julgo ser sangue, seus olhos ficaram negros e seu cabelo atingiu um tom negro, o poder dele criou um campo de chamas em nossa volta, fazendo o calor aumentar para o homem que suava.
Deixando uma rachadura no chão onde seu pé se posicionou, o garoto saltou com toda sua ira para cima do homem que sorria satisfeito. O impacto gerou um vento muito forte, fazendo minha cabeça rolar um pouco.
Embora meu mundo girasse, eu conseguia acompanhar a briga dos dois, não entendia por que lutavam, poderiam resolver tudo com mordidas, mas eles fazem o que eles querem.
Voltei a prestar atenção na luta, fogo e fumaça negra saiam das mãos deles e atingiam um ao outro. O garoto começou a usar suas asas para se defender o que foi inteligente e eficaz, pois enquanto estava atrás delas iniciava um golpe que era impossível desviar, mas o outro homem era perspicaz também, ele utilizava do terreno, fazendo o garoto cair cada pouco.
Quando pensou que estava quase vencendo, o garoto levou um soco tão forte no rosto que tombou para trás, ele olhou para mim e sorriu, então com um movimento muito rápido para olhos humanos acompanhar, perfurou o coração o homem com a calda de dragão enfeitada de espinhos.
—Ahhhhgggr... – o homem caiu de joelhos e sorriu para o garoto. – finalmente, obrigada Natsu, obrigada.
—Não me agradeça ainda. – o garoto com a ira o dominado por completo girou e a parte de cima de sua asa passou pelo pescoço do homem, fazendo sua cabeça cair.
Então retirando a calda do corpo do homem decepado, ele começou a vir em minha direção, e aos poucos as asas, a calda, as escamas, garras e dentes afiados sumiram, restando apenas o garoto de cabelos rosa. Dele vinha sorrindo, e cambaleando, será que trazia comida para mim?
—Pronto... – ele ajoelhou-se em minha frente, mas não me tocou, apenas olhava para mim, ele parecia tonto, como se sua visão estivesse desaparecendo. Logo senti a mesma coisa, mas antes vi um pequeno grupo se aproximar.
—Natsuuuu... – um gato azul disse abraçando o garoto, ele chorava muito, sua carne devia ser gostosa também. – por favor não morra... por favor...
—Natsu... – uma garotinha com um gato branco no colo se aproxima.. – eu posso curar...
—Não Wendy... eu vou partir de qualquer jeito... – ele olhou para mim com um sorriso amável. – vou partir com quem amo.
—Ah Lucy, meu Deus... por que eu fui deixá-la... – a garotinha caiu de joelhos e chorou muito.
—Tenho certeza que ela a mandou se afastar para você sobreviver... – o garoto a olhou. – então sobreviva, você três, achem sobreviventes e os guiem para o caminho certo...
—Natsu, vou sentir sua falta... – gato azul choramingou e olhou para mim. – desculpe Lucy, eu deveria ter ficado com você...
—Adeus.. – o garoto os abraçou e assim os três foram se distanciando. – vão! Não quero que você vejam isso.
—Adeus Natsu.. – os três disseram em uníssono e viraram as costas. O vento começou a ficar mais forte, e minha cabeça ameaçou de rolar novamente, mas o garoto me segurou.
—Sinto-me um pouco culpado pelo seu destino Lucy... ahh. – ele pôs a mão no peito, sentindo dor. – não queria que você tivesse partido, mas assim... eu tive coragem de seguir em frente... por que eu estava com medo se seguir e deixá-la... sou egoísta, eu quero ficar pra sempre do seu lado... e isso... isso acabou tirando sua vida.... eu... sinto muito...
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, o brilho dos olhos dele apagaram assim como os meus, um calor me dominou e a luz me puxou para suo seu conforto, senti uma mão segurando a minha para me ajudar a ficar sentada.
Eu morri, salvei Natsu dando minha vida para Zeref, é a última coisa da qual me lembro.
—Finalmente acordou.. – Natsu sorri para mim, ele estava vestindo sua roupa tradicional, aquela mesma do dia em que o conheci. Uma lágrima escorregou pelo meu rosto.
—Ah não é hora pra chorar Lucy.. – a voz de Erza vinha logo de trás de Natsu, olhei para lá, e não só ela, mas como todos os meu amigos acenavam para mim, Mira, Elfaman e Lisanna estavam grudados, Gray e Juvia de mãos dadas, Gajeel com Levy no colo e todos os outros membros da guilda, inclusive Mavis.
—Desculpe Lucy... – a pequena mestra da guilda me abraçou pedindo desculpas. Não entendi o motivo, então esperei ela dizer. – eu acabei assustando você com todas aquelas visões. Mil desculpas.
Um clique veio em meu cérebro, as visões, eu havia me esquecido delas.
—Deve estar se perguntando o porque das visões não é? – ela pediu, fiz que sim. – eu estava tentando avisá-la indiretamente que não importava que plano vocês fizessem, o final seria o mesmo, você todos se sacrificariam pelo bem do resto da humanidade.
—Ah, claro entendi. – sorri pra ela, essa Mavis.
—Mas vocês foram espertos e descobriram sozinhos. – ela sorriu e se levantou indo em direção ao restante da guilda, mas virou para trás. – parabéns Lucy pelo seu desempenho, parabéns a todos.
—Por que estamos todos reunidos aqui? – perguntei olhando para Natsu.
—Sendo a Mavis, ela tem alguns privilégios, então ela construiu um “céu” para nós. – ele sorriu e ficou me olhando.
Foi quando lembrei da última coisa que lhe disse quando estava morrendo. Mas ao pensar nisso ele me respondeu.
—Eu também amo você. – ele sorriu, meu coração, mesmo não sabendo se era possível acontecer isso depois de morta, acelerou, meu rosto esquentou e senti que o chão ia se abrir novamente sob meus pés. – Viu como eu não menti quando disse que nunca ia deixar você sozinha.
Nisso ele sorriu e com sua mão esquerda pegou na minha direita, onde o símbolo da Fairy Tail brilhava como nunca sobre minha pele, e é claro minha perna esquerda também havia voltado.
Olhei novamente para Natsu e nos aproximamos devagar, até que senti seu cheiro de menta com leve aroma de chocolate, sua respiração se misturou com a minha e seus lábios tocaram os meus. Foi a melhor sensação que tive em minha vida inteira, e eu pensei, que apesar de estar morta, eu nunca me senti tão viva, tão feliz, pois ali eu poderia ser estar junto de quem eu amava. Não importa onde você esteja, desde que sua companhia seja quem você ama, você estará em casa, estará feliz.


FIM!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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