Downworlders escrita por Akalia


Capítulo 1
Capítulo 1




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Estava bem escuro. Com exceção da lâmpada estrategicamente posicionada sobre a pista de dança -que mudava gradativamente do vermelho para rosa, depois para roxo, então para o o verde, para só assim voltar ao vermelho e recomeçar-, não havia nenhuma luz acesa. A música estava quase suficientemente alta para que os presentes não pudessem ouvir seus próprios pensamentos. O ar estava pesado por conta, não só da máquina de fumaça, mas também pelas baforadas de cigarros que eram soltas aqui e ali. Fora isso, o ambiente cheirava a suor, bebida e hormônios.
Alaska sabia que não deveria estar ali, já havia passado muito da hora de voltar para casa, mas ela simplesmente não ligava. Os que a conheciam bem, poderiam dizer que ela só estava fazendo isso pelo prazer de contrariar as regras e, talvez, fosse isso mesmo, já que ela estava com uma lata de cerveja intocada em uma das mãos enquanto olhava para tudo com sua melhor cara de tédio. Não era por que ela não gostava de festas, era por que nenhuma daquelas pessoas a interessava, não era como se não visse todos aqueles idiotas todos os dias de sua infeliz vida. Essa era a pior parte de ir a festas promovidas pelos seus colegas de escola, era sempre a mesma coisa. Sempre as mesmas pessoas, sempre os mesmos problemas, sempre as mesmas músicas e por aí vai. Até ver o garoto ruivo do primeiro ano, cujo nome ela não se lembrava, ficar totalmente bêbado e começar a fazer danças sem sentido, havia perdido a graça há alguns meses. Entediada, a garota resolveu que iria embora dali. Se levantou do banco em que estivera sentada por tanto tempo, que ficou preocupada com a possibilidade ter se fundido a ele. Olhando em volta, ela se convenceu de que não compensaria levar a bronca que, com toda a certeza, levaria para assistir a sala de um dos jogadores de futebol se transformar em zoológico. Por essa razão, não perdeu tempo para se dirigir a saída. No caminho, deixou a lata de cerveja intocada, porém quente, na mão de uma pessoa aleatória para quem nem se deu o trabalho de olhar.
O lado de fora da casa era praticamente o oposto do lado de dentro, exceto pelo fato de que a rua estava realmente escura, sem nenhuma luz colorida para diverti-la enquanto imaginava um mundo em que pessoas tivessem cores chamativas. Por conta do frio, Alaska se abraçou e decidiu andar pela rua vazia até o ponto de táxi que havia um pouco mais à frente. Tirando os três taxistas algumas quadras à frente, ela era a única na rua. Estava tudo tão silencioso que ela podia ouvir seus próprios passos ecoando pela calçada, que por sinal, era muito bem conservada, só podia pertencer a um dos bairro mais nobres da cidade. Isso a fez pensar na própria casa, onde o tio provavelmente estaria dormindo e, talvez -com um pouquinho de sorte-, não tivesse notado sua ausência. Olhando para o chão, seus pensamentos vagaram até seus pais. Ninguém nunca falava com ela sobre eles e ela não tinha memórias o suficiente para saber algo, já que se foram antes mesmo que ela pudesse completar um ano.
Téc. Téc. Téc.
Mas que barulho irritante era aquele?
A garota, com seus longos cabelos louros, cessou sua caminhada e olhou para o outro lado da rua, lugar de origem do barulho, e descobriu sua causa: Uma lâmpada da garagem de alguém com muito dinheiro -percebia-se pelos carros importados- estava em curto. Alaska simplesmente não conseguiu ignorar aquilo, pois estava a irritando de tal forma, que pensou em tocar a campainha do dono da casa e pedir para que ele tirasse aquela lâmpada dali. Infelizmente, essa não era uma opção válida. Suficientemente irritada para continuar seu caminho, desejou que a lâmpada explodisse e, finalmente, parasse com aquele barulho infernal. No entanto, não foi isso que aconteceu. A lâmpada explodiu sim, mas junto com ela, explodiram todas as lâmpadas que estavam próximas, os faróis e os vidros dos carros. Com o susto, ela olhou para a garagem e viu tudo acontecer sem poder expressar nenhuma reação que não fosse deixar a boca aberta em admiração. A rua que antes estava silenciosa, foi preenchida pelo barulho dos alarmes dos carros e não demorou muito para que os vizinhos começassem a reclamar. Ela riu para si mesma. Aquele havia sido, de longe, o melhor acontecimento de toda a noite... Talvez de toda a semana também. Ainda sorridente, a garota alcançou o ponto de táxi e logo conseguiu que um dos taxistas a levasse até sua casa. Durante o caminho, ela não conseguia parar de pensar naquela garagem. O que havia acontecido? Sorte, destino, poder da mente, o que quer que fosse, ela havia gostado.
-Obrigada. - Disse ao homem que dirigia o carro quando ele parou em frente ao sobrado simples que ela costumava chamar de casa.
Tirou da bolsa uma quantia suficiente para pagar pela corrida, entregou a ele e saiu do veículo. Como sempre que chegava tarde, ela contornou a construção pelo gramado e escalou a única árvore do quintal pela escada de corda, até que atingisse a entrada da pequena casa da árvore construída por ela e seu tio anos e anos atrás. A simples casinha era próxima o bastante para Alaska conseguir pisar no parapeito do telhado e andar, com cuidado, por ele até a janela, através da qual, jogou para dentro sua pequena bolsa e depois, sem delongas, impulsionou o corpo para entrar. Uma vez dentro de seu quarto, ela se abaixou para pegar a bolsa. Estava a caminho de pendurá-la na porta, quando congelou. Na escuridão do lugar, ela conseguiu distinguir uma silhueta que, a menos que ele tivesse criado uma cintura e cabelos longos, não era seu tio.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo 😱
Espero que vocês tenham gostado.
Por favor, comente. Sua opinião é muito importante para mim.
Algum chute sobre a quem possa ser a mulher?



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