O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 8
Capítulo 8 – O ciúme dela




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Teen Titans não me pertence.

Capítulo 8 – O ciúme dela

Pizzaria de Jump City, 29 de janeiro de 2009, 20h54min.

–Cara, falando sério, eu não acredito que depois de cinco anos a gente tem que enfrentar os mesmos babacas que enfrentávamos quando éramos pirralhos. – disse Ciborgue com a boca cheia de peperonni.

Cinco dos titãs estavam sentados em uma mesa da mesma pizzaria de sempre, comendo com voracidade. Tinham acabado de chegar de uma batalha contra Cinderblock, fazendo altos comentários sobre a luta, como sempre, por ainda estarem cheios de adrenalina. Os funcionários e clientes da pizzaria já estavam acostumados. Se tinha um lugar onde se podia encontrar os titãs, era lá, mesmo depois de cinco anos. Todos eles estavam na casa dos vinte agora, com exceção de Terra e Mutano, que tinham dezenove.

Depois de tanto tempo, os titãs tinham algumas mudanças significativas. Para começar, Robin tivera um surto de crescimento e finalmente estava mais alto que todos, exceto Ciborgue. Seu uniforme estava com um caráter um pouco mais adulto e com menos amarelo, se destacando principalmente o vermelho e preto, mas ainda era Robin. Ravena também estava com traços mais adultos; os cabelos agora caíam em uma cascata violeta até o meio das costas e seu uniforme mantinha a predominante cor azul da capa e o collant preto, mas continha alguns adornos tais como fivelas douradas no capuz e botas de cano alto que chegavam às suas coxas. Estelar estava com os cabelos até o meio das pernas e ficara ainda mais curvilínea, e optara por um traje um pouco mais revelador, trocando o top e saia por uma peça única da mesma cor aberta até o umbigo que lhe dava maior liberdade de movimento. Ciborgue era o que tinha mudado menos, pois já tinha alcançado sua altura e peso adultos, estando apenas com músculos mais definidos e armadura com design diferente e atualizado, mas ainda nas mesmas cores branca e azul.

Os membros com alterações mais perceptíveis eram, evidentemente, Mutano e Terra, já que há cinco anos mal tinham atingido a puberdade. Terra não era a mesma magricela, tendo desenvolvido os seios e quadril, e, apesar de ainda ser bastante magra, mantivesse um belo corpo quase de modelo, com pernas longas e cintura fina. Seu cabelo dourado agora ia até a cintura e usava um uniforme amarelo e vermelho, que parecia bem menos feito em casa em relação ao antigo. Seu namorado não ficava atrás. Mutano tinha crescido muito em altura, deixando a posição de mais baixo da equipe para Ravena. Também estava com os ombros largos e músculos acentuados por todo o corpo. Usava um uniforme muito parecido com o antigo e mantendo as cores, mas de mangas curtas, calça totalmente preta e sem luvas.

–Eu sei. – disse o metamorfo, cortando um pedaço de sua pizza vegetariana. – Será que eles não entendem que nunca vão nos vencer?

–Acho que são burros demais pra isso. – respondeu Terra, ao seu lado, comendo uma fatia de pizza de anchovas.

–O que não quer dizer que devamos baixar a guarda. – lembrou Robin, ainda olhando para o céu.

–Nós sabemos, Robin. – respondeu Ciborgue, virando os olhos para cima. – E pare de encarar o céu, Estelar já vai chegar.

–É que a pizza dela vai esfriar. – justificou-se ele. Sua namorada se encarregara de levar Cinderblock para a cadeia, já que era a mais forte e sabia voar, e dissera para eles irem na frente, e pedissem a pizza dela.

–Como se ela não pudesse esquentá-la com uma das mãos... – murmurou Ravena, baixando seu capuz. – Veja, lá vem ela.

Os quatro titãs se viraram para olhar. Um raio alaranjado cortava o céu na direção deles, e em meio minuto Estelar já estava sentada ao lado de seu namorado, cortando uma fatia de sua pizza de calabresa com hortelã.

–Foi tudo bem, Estelar? – perguntou Robin, lhe passando a mostarda. Durante esses cinco longos anos, o menino-prodígio finalmente pedira Estelar em namoro, e depois de mais algum tempo se acostumando, passou a demonstrar seu carinho publicamente.

–Tudo correu normalmente, namorado Robin. – respondeu ela com um sorriso adorável. – Eu não tive nenhuma dificuldade levando Cinderblock, e depois o coloquei em sua área de contenção inconsciente.

–Ótimo. Bom trabalho, grupo. – anunciou ele finalmente. O líder só elogiava os companheiros depois que o criminoso estava na prisão.

–Meia hora atrasado, Robin. – disse Ciborgue, olhando uma garota bonita de outra mesa.

–Bom, vocês sabem muito bem que... – começou ele, com tom de discurso.

–... O trabalho só está terminado depois que o criminoso está atrás das grades. – entoaram todos, com exceção de Estelar e Ravena.

–Bom, está! – retrucou o líder, franzindo a testa. – Mas vocês estão realmente de parabéns. A nossa equipe nunca esteve melhor nem tão sincronizada.

–Bom, estamos muito bem mesmo! – concordou Ciborgue, terminando sua pizza.

– Eu sei! – exclamou Terra sorrindo. – Dá pra acreditar que há uns anos atrás eu não conseguia ir pra uma missão sem fazer a cidade tremer?

–É verdade, amiga Terra, você melhorou muito. – disse Estelar, batendo palminhas. – Antes você tinha tanta dificuldade, mas agora é uma das mais poderosas de nossa equipe.

–Sim, tudo isso graças aos treinos de Ravena. – completou Robin. O sorriso estampado no rosto da loira diminuiu um pouco. Ela odiava quando davam todo o crédito para Ravena. Os treinos já tinham acabado, agora era por conta dela, será que não dava pra esquecer isso?

Os titãs terminaram suas pizzas, e Estelar, Terra, Mutano e Ciborgue pediram sobremesas. Mesmo depois que tinham terminado, os seis amigos ficaram mais um tempo lá, conversando e rindo. Finalmente, quando eram quase 11 horas da noite, Ciborgue deu um grande bocejo.

–Cara, acho que eu vou indo pra casa. – disse ele, terminando seu copo. – Apesar de ter sido fácil, essa luta me deixou quebrado.

–Nós também. – concordou Robin, com um braço em volta de Estelar, cuja cabeça repousava em seu ombro, sonolenta. Ravena não disse nada, mas se levantou juntamente com os amigos.

–O quê? Mas já? – perguntou Terra, se levantando também. – Vamos passear um pouco, acho que eu quero dançar.

–Desculpe, pedrinha, mas acho que vão ser só vocês dois. – respondeu Ciborgue, pegando as chaves do carro T.

–Ahhh, Terra, eu não quero sair... – choramingou Mutano, baixando a cabeça. – Eu estou cansado também!

–Como assim, você não quer sair, Mutano? – perguntou ela, rindo. – Você adora sair, lembra, no começo do namoro você me arrastava todo final de semana.

–É... Acho que estou ficando velho... – disse ele, colocando as mãos nas costas como um senhor. – Então, por favor, podemos ficar em casa hoje?

–Mas do que é que você está falando? – perguntou ela, segurando sua mão quando ele tentou entrar no carro atrás de Ravena. – Podemos voltar um pouco mais cedo, mas você quer mesmo ir para cama agora? A noite é uma criança!

–Terra, por favor, deixa eu ir pra casa! – pediu ele, agarrando a porta do carro com um braço.

–Eu deixo, depois que formos a pelo menos uma boate, bebermos e dançarmos. – disse ela, puxando seu outro braço. Os outros titãs estavam ficando um pouco constrangidos. Os dois já tinham bebido um bom tanto na pizzaria e Terra estava falando em beber mais, isso fez Robin se meter na conversa.

–Eu já vou avisando que se vocês aparecerem bêbados de novo na Torre, vão ter treino de combate toda manhã por um mês! – exclamou ele, pondo a cabeça pra fora da janela.

–Ótimo, isso significa que temos que ir pra casa, vamos, Terra. – disse Mutano, livrando seu braço dela e entrando no carro.

–Mutano, eu vou dançar, quer você vá comigo, quer não. – disse ela, colocando as mãos na cintura. Mutano suspirou.

–Tá legal, divirta-se. – respondeu ele fechando a porta do carro, sem olhar para ela. Terra ficou parada do lado do carro, chocada. – Vaaamos, Ciborgue.

–Hã... Tem certeza, cara? – perguntou o homem-robô, vendo a cara que a amiga loira estava fazendo.

–Está bem, então! – gritou ela, se virando e andando com pisadas fortes. Ciborgue esperou alguns segundos, mas vendo que o amigo verde não parecia disposto a ir atrás da namorada, deu a partida.

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Mutano nunca pensou que ficaria aliviado em estar finalmente sozinho. Quando Ciborgue estacionou na garagem da Torre, ele foi o primeiro a sair do carro e subiu para seu quarto rapidamente, porque não queria ouvir ninguém o repreendendo por ter deixado Terra sozinha, nem perguntando se estava tudo bem, ou se ele queria conversar, ou qualquer coisa. Pela primeira vez em sua vida, Mutano só queria ficar sozinho. Ele suspirou, ouvindo o silêncio. Ultimamente ele não tinha um minuto de silêncio. Terra estava sempre à sua volta, tagarelando como... Bem, como ele costumava fazer. Como ele ainda fazia, mas não com tanta freqüência.

O metamorfo realmente não entendia o que estava acontecendo. Sua vida tinha virado uma total bagunça nos últimos meses. Ele queria tanto conversar com alguém. Sua primeira opção seria sua namorada, Terra, mas toda a vez que ele pensava nisso se sentia desanimado. Ultimamente toda conversa com ela se tornava discussão. A loira parecia incapaz de levar qualquer assunto a sério. Ele devia falar com Ciborgue, mas não tinha muita certeza que ele ia o entender. E Terra estava sempre o rodeando, então ele não podia falar com ninguém.

"Hmmm, acho que eu devia aproveitar que ela não está aqui pra fazer isso" pensou Mutano, se dirigindo para o quarto do amigo metálico.

–Ciborgue? – chamou ele baixinho, abrindo um pouquinho a porta. Infelizmente, o homem-robô já estava dormindo. Mutano fechou a porta, colocou a mão no rosto e suspirou. Agora não adiantava mais. Se ele acordasse Ciborgue porque queria conversar, provavelmente seria arremessado da janela da Torre.

Então ele pensou em alguém.

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Depois que chegou em casa, Ravena deu boa-noite a seus colegas, que iam direto para seus quartos, e foi para a cozinha, onde preparou um chá de ervas, para relaxar depois de ter ficado tanto tempo na pizzaria com seus amigos. Enquanto esperava a água ferver, Mutano apareceu na porta. Ele não estava usando o uniforme, mas uma camiseta azul e um par de calças cinza de moletom.

–Oi. – cumprimentou ele, parecendo um pouco agitado.

–Olá. – respondeu ela com serenidade, olhando para a chaleira.

–Ravena?

–Hm?

–Posso conversar uma coisa com você?

Ravena franziu a testa. Mutano, querendo conversar? Com ela? Ele geralmente só falava com ela para chamá-la para fazer coisas estúpidas com ele, Ciborgue e Terra, ou para contar uma nova piada sem graça. Ela parou um minuto, sentindo as emoções do rapaz. Elas pareciam bagunçadas e negativas. Ele devia estar com um problema.

–Hã... Acho que tudo bem. – respondeu ela, encolhendo os ombros.

–Obrigado. – disse ele se sentando do outro lado da bancada da cozinha. – Ravena, é que... Meio que tem alguma coisa acontecendo comigo e eu não sei o que é.

–Eu creio que se chama puberdade. – respondeu ela solenemente.

–Haha, então essa conversa está uns quatro anos atrasada. – disse ele rindo.

–Mutano, você pode ir direto ao ponto? – pediu ela, tirando a chaleira do fogo quando esta começou a apitar.

–Tudo bem. Eu meio que tenho me sentido diferente nesses últimos meses. – começou ele, se sentindo aliviado por finalmente contar isso a alguém. – Sabe, eu não tenho mais vontade de ficar saindo ou bebendo toda noite...

–Como todos pudemos perceber hoje. – murmurou ela, despejando a água em sua caneca azul e em seguida tampando-a.

–Ah, cara, nem me fale sobre isso. – respondeu ele passando os dedos no cabelo. – Ultimamente eu brigo com Terra o tempo todo por causa disso.

–É mesmo? – perguntou Ravena, sinceramente surpresa. – Eu não tenho visto vocês brigados.

–É porque a gente começa uma discussão, então ela não quer mais ouvir e vai embora. – disse ele, pegando um pote de biscoitos do armário da cozinha. – Então quando nos encontramos de novo e eu penso que vamos resolver isso, ela simplesmente finge que nada aconteceu, e ficamos assim.

–O que me lembra, por que você está tendo essa conversa comigo e não com ela?

–Tá brincando? Ela não conversa. Quero dizer, ela não conversa conversa. Tipo, sério. Ela diz que não tem paciência.

–E você tem?

–É disso que eu estou falando, Ravena! – exclamou ele, espalhando farelo de biscoito na bancada. – Eu, querendo ter uma conversa séria? Querendo ficar em casa? Não parece eu, mas não posso evitar, é algo que está acontecendo... Eu não sinto mais vontade de sair o tempo todo para me divertir, nem de falar só de bobagens, ou ter um relacionamento que só... Ah, sei lá, talvez seja só uma fase...

Ele apoiou a cabeça nas mãos e os cotovelos na bancada, parecendo extremamente infeliz. Ravena suspirou. Nunca pensou que veria seu amigo metamorfo agindo dessa maneira.

–Mutano, acho que sei o que está acontecendo com você. – disse ela, tirando a tampa da caneca e soprando o chá para esfriá-lo.

–Você sabe? – perguntou ele, subitamente alerta. – O que é?

–Bom, por mais incrível que pareça... – começou ela, bebericando seu chá -... Você está crescendo, Mutano. Amadurecendo.

O metamorfo ficou calado por alguns segundos, pensando no que amiga tinha dito. Quando estava prestes a responder, porém, a porta principal se abriu bruscamente e Terra entrou. Ela ficou parada encarando os dois por um instante.

–Mutano? – chamou ela com a voz estranha.

–O que foi, Terra?

–Será que nós podemos conversar?

Mutano e Ravena se entreolharam, ele lhe lançou um olhar de desculpas, então seguiu Terra pelo corredor. Ravena resolveu terminar seu chá ali mesmo, para dar tempo para os dois, e depois ir para seu quarto.

Terra levou Mutano até o seu próprio quarto, então olhou para ele com uma cara de poucos amigos.

–Mutano, eu não acredito que você me deixou sozinha, pra ficar conversando com ela.

–Terra, eu não te deixei sozinha para ficar com ela. – respondeu o metamorfo. – E eu não estou gostando do seu tom.

–Ah, não? Pois eu não gostei nem um pouco de você me abandonar no meio da rua...

–Terra, eu disse que estava muito cansado para sair! – gritou ele, perdendo a paciência. – Será que nós não podemos fazer o que eu quero só uma vez na vida?

–Mas do que é que você está falando? Nós sempre fazemos o que você quer.

–Não, nós sempre fazemos o que você quer, e você pensa que eu quero também, porque você só escuta o que você quer escutar.

–Isso não é verdade. E olha, eu estou ficando cansada de toda essa atenção que você sempre dá pra Ravena. Eu sou a sua namorada, não ela.

–Terra, mas do que é que você está falando? – perguntou ele desesperado. – Eu falo com a Ravena do mesmo jeito que eu falo com todos os nossos outros amigos.

–Ah, é, você está sempre indo nos quartos deles convidá-los pra tudo que nós vamos fazer?

–Eu não convido ela pra tudo que nós vamos fazer, só pra o que nós vamos fazer em grupo.

–Ah, já chega, Mutano, eu não quero mais ouvir você falando isso. – disse ela tapando os ouvidos.

–Como você sempre faz em uma discussão. – disse ele jogando os braços para cima e se dirigindo para a porta. – Foge e não resolvemos nada.

–Ah, é? – gritou ela ofendida. – Pois nós vamos resolver alguma coisa dessa conversa agora.

O metamorfo parou sem se virar.

–E o que é?

–Eu não quero mais que você veja a Ravena.

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