O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 25
Capítulo 25 – Girassóis




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Teen Titans não me pertence.

Capítulo 25 – Girassóis

1 de Fevereiro de 2010, 5h23min

"Por que não consegui falar pra ele?"

Ravena estava novamente na biblioteca de Conhecimento, em Nevemore. A emoção de capa amarela arrumava alguns livros nas prateleiras.

"Por que não consegui responder... Você sabe"

"O mesmo motivo de sempre, Ravena..." ela respondeu com um ar de impaciência. "Você viu as folhas se movendo e ficou com medo de que dizer a ele 'eu te amo'..."

Ela estremeceu, um frio na barriga e arrepios nos braços à menção da frase não dita.

"... Causaria algo ainda pior."

Ravena suspirou, frustrada com a emoção e consigo mesma, olhando em volta. Então avistou um objeto que não pertencia à biblioteca de Conhecimento.

"O que é isso?" ela apontou para o vasinho laranja, onde estava um único girassol verde.

"Hm?" Conhecimento se virou e sorriu ao ver a flor. "Ah, Afeição distribuiu um desses para cada uma de nós depois que você oficialmente aceitou o pedido de namoro de Mutano."

Ela ficou sem fala e olhou de novo para a flor, reparando que em volta estavam aparatos de jardinagem e um regador amarelo.

"Você está cuidando dela?"

"Naturalmente. Todas nós estamos" Conhecimento se aproximou e pegou o vaso, levando-o para mais perto da janela. "Um relacionamento é algo que precisa de constantes cuidados, Ravena. Como essa flor. E não pode ser só de uma parte da sua mente. Você tem que se entregar completamente se quer que seja saudável e dure."

"Aparar o que precisa ser aparado, regar todos os dias – mas não demais. Insegurança quase afogou a dela na primeira semana." Ela contou, organizando os materiais em fileira. "Levá-la ao sol quando ela precisa e pegar de volta quando está quente demais, colocar adubo, e trocar de vaso conforme ela cresce."

"E, às vezes" ela continuou depois de alguns segundos. "... Conversar com ela."

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5 de fevereiro de 2010, 15h40min

Mutano estava encostado no chão, tentando alcançar uma peça de roupa que não fazia ideia de como tinha ido parar tão fundo debaixo de sua cômoda, quando ouviu leves batidas à porta.

"Hm..." ele tentou se virar, mas estava perto de alcançar a roupa. "Pode entrar!"

"Mutano?" chamou uma voz suave que ele conhecia bem. "Hm. Eu esperava ver mais da sua parte de cima."

"Ah, consegui!" ele exclamou, e puxou a peça, se levantando. Então percebeu que estava segurando uma cueca suja na frente da sua namorada. Deu um grito não muito másculo e a enfiou atrás do armário antes que ela reparasse. "Tudo bem, linda?"

Ela corou, como sempre corava quando ele usava aquele adjetivo para se referir a ela de forma tão casual.

"Sim. Eu pensei que nós podíamos conversar" ela disse, se sentando sem cerimônias na cama de baixo de seu beliche, depois de tirar um pacote de salgadinho vazio do lugar.

"Aconteceu alguma coisa?" ele perguntou, preocupado.

"Não... Eu só queria conversar com você" ela disse simplesmente, com um rosto inocente. "Sabe, sem estarmos fazendo nada em especial."

"Ah... Claro, tudo bem" ele virou um gorila e empurrou tudo para fora da cama, sobrando apenas o lençol que cobria o colchão, que estava relativamente limpo. Então voltou à sua forma humana e sentou de frente para ela.

"Por onde você quer começar?"

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6 de Fevereiro de 2010, 9h31min

"Mutano! Ô Mutano!" gritou Cibrgue, batendo com força na porta do metamorfo. Ele ouviu uma espécie de movimentação dentro do quarto, passos e depois de alguns segundos, o rapaz abriu a porta.

"O que você quer, Ciborgue?" para a surpresa do homem-robô, Mutano estava irritado, mas não parecia que tinha acabado de acordar. Ele ainda estava com as mesmas roupas do dia anterior e parecia bem acordado.

"Você sabe o que é isso?" ele perguntou, estendendo na frente dele uma meia.

"Argh!" seu melhor amigo exclamou, tapando o nariz. "É uma meia suja! Onde você está querendo chegar com isso?"

"Estou querendo chegar ao fato de que ontem à noite era sua vez de lavar roupa, mas são 7 da manhã e ainda está tudo no mesmo lugar que a gente deixou!"

"... Ah, é mesmo! Eu esqueci completamente!" o metamorfo disse, e parecia sincero.

"Bom, você..."

"A culpa foi minha, Ciborgue" falou uma voz por trás da porta, e ela se abriu totalmente para revelar Ravena, que também estava vestida e não parecia ter dormido. "Eu vim aqui e acabei distraindo o Mutano. Nós vamos lavar tudo bem rápido agora."

Então ela puxou o namorado pela mão em direção à lavanderia, uma bola de roupas sujas flutuando atrás deles, rapidamente antes que o homem-robô se recuperasse do choque.

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3 de Março de 2010, 17h32min

Terra estava em seu quarto, sentada no pequeno sofá e navegando na internet. Sentia uma espécie de vazio no peito. Na noite anterior tinha terminado com seu namorado, depois de algumas semanas em que Mutano continuou a ignorando completamente. Não sabia muito bem o motivo que mais a chateava.

Enfiou a mão em um pacote de salgadinhos e estava levando-os aos lábios quando batidas à porta soaram no quarto.

"Amiga Terra?" chamou uma voz feminina, e ela se levantou com um suspiro.

"Fala, Estelar" ela disse, abrindo a porta.

"Olá, amiga" falou a Tamaraneana, parecendo hesitante e com uma expressão estranha. "Eu fiquei sabendo... Que você e seu namorado terminaram..."

"Sim, eu chutei ele, não estava dando certo" ela deu de ombros, como se não ligasse.

"Você... Não está chateada?" perguntou Estelar, surpresa. "Eu sei que o término de um relacionamento é muito difícil e nas atuais circunstâncias..."

"Que atuais circunstâncias?" repetiu Terra com agressividade.

"Bom, o fato de o amigo Mutano estar em um relacionamento estável com a amiga Ravena deve ser difícil de lidar..." ela percebeu o que era nos olhos de Estelar. Pena. E isso a tirou do sério.

"Escuta aqui, Estelar, muito obrigada por toda a sua preocupação" ela a interrompeu, falando alto. "Mas não precisa vir aqui esfregar na cara da coitada solitária que todo mundo está em um maravilhoso relacionamento!"

"Mas amiga, essa não era a minha intenção..." começou a garota, chorosa.

"Você é tão inocente, nem consegue ver que essa encenação do Mutano é totalmente falsa pra tentar me deixar com ciúmes...!" ela revelou com uma risada forçada. "Agora, se me dá licença, eu preciso tomar banho!"

E com isso bateu a porta na cara de Estelar, que ficou mais alguns instantes no corredor, surpresa. Suspirou e começou a ir embora.

'Suponho que não tenha mais nada que eu possa fazer pela amiga Terra afinal...' ela pensou, cabisbaixa.

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11 de Abril de 2010, 19h14min

"Oi, Ravena!" chamou uma voz, e a empata se esforçou para não abrir um sorriso por trás de seu livro quando ele se aproximou e a beijou na bochecha.

"Oi... Se divertiu?" ela perguntou, pois o metamorfo e Ciborgue haviam saído para uma tarde no fliperama do shopping.

"Sim, muito" ele respondeu com um sorriso enorme. "E você?"

"Bem, o de sempre" ela deu de ombros, voltando ao seu livro.

"Ah, espera" ele pediu antes que ela se perdesse na leitura de novo. "Trouxe uma coisa para você!"

Ravena se inclinou, curiosa. Seu namorado tirou do bolso algo pequeno e embrulhado em papel pardo. Ela o pegou e rasgou o papel, revelando uma bolsinha de moedas azul estampada com diversos pequenos corvos negros.

"Você gostou?" ele questionou, tentando ler sua expressão. "Eu vi em uma loja nova no caminho do fliperama... Estava bem na vitrine, e eu lembrei de você na hora."

"Sim, eu adorei" respondeu a empata, segurando a pequena bolsa como se fosse feita de vidro. "Obrigada."

Ela o beijou no queixo, a apenas alguns centímetros da boca. Era muito gratificante saber que Mutano pensava nela tanto quanto ela pensava nele quando estavam separados.

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Quando Estelar veio conversar com ela para saber se estava tudo bem foi a gota d'água. Então ela achava que Mutano e Ravena eram perfeitos e ela estava triste e solitária? Foi até um pouco grossa com ela e deixou escapar suas suspeitas – que agora, tinha que admitir, estavam se desfazendo – sobre Mutano estar apenas tentando provocá-la.

Se arrependeu um pouco. Estelar era uma boa amiga e ela sentia que, desde que traíra Mutano, o resto da equipe estava se afastando um pouco dela. Encarando seu enfeite de cabelos em forma de borboleta, ela se perguntou se todo aquele incômodo que sentia era por gostar de Mutano ou por não querer perder para Ravena.

Então chegou à conclusão de que não se importava. Ambos os motivos davam na mesma. Tinha que fazer alguma coisa.

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19 de Maio de 2010, 20h34min

"Espera, Ravena!" pediu Mutano, a seguindo pelo corredor. Sua namorada, porém, de capuz levantado e nariz erguido, só acelerou o passo. "Ah, qual é!"

Ele se transformou em um jaguar, a ultrapassou e ficou de frente para ela. A empata lhe dirigiu um olhar de desprezo e cruzou os braços.

"O que?" perguntou secamente.

"O que deu em você?" ele perguntou de volta, irritado e com a sensação de que devia ser culpa dele. Eles tinham acabado de voltar de uma missão, em que derrotaram Plasmus com uma mão nas costas, e então uma legião de fãs se aproximou deles. Quando ele tinha acabado de tirar uma foto com algumas, ele reparou em Ravena voando para casa, sozinha. Então se transformou em gavião e a perseguiu.

"Nada" ela respondeu em um tom de 'é alguma coisa'. "Não sei porque você saiu do meio das suas queridas fãs só para vir falar comigo..."

"Ah, é isso?!" ele exclamou, irritado. A empata aproveitou a brecha para passar por ele de novo. É claro que ele voltou a segui-la. "Ravena, nós somos heróis. Você tem que se acostumar com o fato de eu ter fãs!"

Ravena não se dignou a responder isso, virando e entrando em seu quarto. Antes que ela pudesse fechar a porta na cara dele, Mutano apareceu e a impediu, segurando a porta e o batente.

"Ótimo" ela disse, próxima do rosto dele. "Não estou nem aí."

"Você não me vê dando um piti desses toda vez que vejo os seus fãs!" ele argumentou, abrindo mais a porta. Ravena deu uma risada sem humor.

"Eu não tenho fã nenhum... Talvez alguns, mas são todos bem melhor comportados que as suas... suas..."

"Ravena, elas são só isso: fãs! Não estou interessado em nenhuma delas! Gosto de você!" ele afirmou, exasperado. "Além do mais, conheço fãs seus que não são tão bem comportados como você pensa!"

"Você quer dizer, como crianças que atravessam a rua sem olhar para os dois lados?" ela perguntou com sarcasmo. Mutano a olhou com os olhos apertados.

"Você realmente não tem noção de como é bonita, né?" perguntou, ao que ela apenas revirou os olhos e entrou em seu quarto.

"Tem computador aqui?" ele questionou, entrando atrás dela. Ela apontou para um notebook preto que tinha ganhado de Ciborgue há alguns meses e nunca usara. Mutano prontamente o abriu, ligou e digitou algumas coisas.

"Está fazendo o que?"

"Provando que você está errada nessa" respondeu ele, virando a tela do notebook para ela. Ravena esqueceu que estava brava e praticamente tudo que tinha na cabeça quando viu o que ele lhe mostrou.

Um site de fã-clube da Ravena dos Jovens Titãs. Bem explícito.

"Mas o que... Que diabos..." ela balbuciou, chocada. "Quem fez isso?"

"Um dos seus fãs malucos" ele disse, se esforçando para não ficar irritado. "Estelar também tem um..."

"Mas essas fotos... E desenhos... Estranhamente acurados..." ela murmurou, olhando tudo. "Você tem que tirar isso do ar!"

"Ravena, você sabe como a internet funciona? Não dá pra fazer isso, eu não sou o criador!" ele explicou, nervoso. "Se desse, já tinha tirado há muito tempo! Acha que eu gosto disso aí?"

Ravena não respondeu, ainda observando a tela em suas mãos. Então se virou para o namorado com um olhar desconfiado.

"Há quanto tempo exatamente você sabe da existência disso?"

Mutano podia sentir sua testa começar a suar. Tinha saído da panela para entrar na frigideira.

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Depois da batalha contra Plasmus, Terra estava com um sorriso de triunfo. Tinha dado certo agora.

Ela caíra – meio de propósito – de sua rocha flutuante lutando contra o monstro descontrolado e Mutano a salvara. Pegando-a no colo e tudo. Então, depois que a luta acabou e os fãs vieram falar com eles, ela viu Ravena indo embora antes que todos, sem dizer palavra, e Mutano logo a seguiu. Problemas no paraíso?

Tinha certeza que ela estava brava por ele tê-la salvado. Então eles iriam discutir, e ele diria que nunca a deixaria se machucar só porque não estavam mais juntos, e Ravena certamente ia exigir que ele nunca mais fizesse isso e eles iriam terminar. Ou pelo menos dar uma boa enfraquecida no relacionamento. E aí é que ela entrava, falando com Mutano como a amiga totalmente compreensiva.

Quando chegaram em casa, porém, Ravena estava muito mais preocupada em insistir que Ciborgue desse um jeito de tirar algum site do ar, e Mutano não parecia chateado, mas olhava para a namorada com um ar divertido.

Mas que diabos estava acontecendo?

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