A última joia de Nerem:Convocada escrita por Fiore


Capítulo 6
Começou


Notas iniciais do capítulo

Novo capitulo gente! Fiquei três dias escrevendo porque estava com preguiça hehehehehe espero que gostem. E, antes que eu me esqueça, qualquer duvida que vocês tenham sobre o universo da fic ou dobre mim pode perguntar nos comentários. Até as notas finais! Ah, esse na capa é o Adam :)



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Antes de chegarem, Adam e Katherina foram conversando pelo caminho. Adam também era da Inferior, mas os olhos puxados eram brancos, eles vivem na mais baixa classe, pois, segundo Yuri, os asiáticos eram povos insubmissos a exploração e por isso foram punidos. Katherina já havia visto uma pessoa como Adam, um pescador também, mas aquele homem era diferente, ele alto e magro e ele parecia estar morrendo, pois seus olhos estavam vermelhos e em volta deles um roxo muito escuro, Adam não, ele era corado e bochechudo e tinha um belo sorriso.

— Então, que ato você cometeu para ser convocado? – ele reprimiu os lábios.

— Eu moro em um vilarejo ao Sul, meu pai é o chefe do vilarejo de agricultores, nós plantávamos trigo, cevada, esse tipo de coisa. Só que não éramos o único vilarejo que plantávamos trigo, mas éramos o que mais produzia, então o vilarejo vizinho decidiu nos atacar, matar todos nós, roubar nossos campos, nossas mulheres, esse tipo de coisa – ele parou de falar e coçou a cabeça, logo depois corou. – Desculpa, é que eu não sei explicar...

— Tudo bem, continue.

— Bem, descobrimos o plano deles antes deles atacarem. Meu pai ficou desesperado, não tínhamos armas suficientes e mal sabíamos como usá-las, então eu tive uma ideia, de noite, antes do ataque acontecer, todos nós íamos destruir as casas, sujar o rio, os poços, queimar as plantações e ir em direção aos campos do outro vilarejo e tomar posse dele. Era muito arriscado, mas havia uma vantagem, existe uma grande distância entre os vilarejos, entende? Eles passariam dias até chegarem até lá, e está na época das chuvas, o caminho fica pantanoso. Sem falar que eles não teria comida suficiente para ir e voltar.

— Uma viagem ultra-desgastante, suponho.

— Sim – ele disse entusiasmado, como se sentisse o homem mais inteligente do mundo. – Fizemos assim: destruímos as plantações, sujamos os rios, quebramos as casas e demos a volta indo em direção ao terreno deles. E o conquistamos, não precisamos nem usar as armas, metade dos homens deles morreram e o resto não queria briga, então fizemos o mais correto. Unimos os dois e formamos um só, agora nós os ensinamos a aproveitar o solo e eles nos ensinam a pegar em armas.

— Isso foi muito inteligente, Adam.

— Obrigado, Marechal Bianca também pensou isso e me convocou. E o que você fez? Sabe, você tem uma cara de uma pessoa... Inteligente, fantástica!

Katherina não queria ser fantástica. Apenas sobreviver estava bom, e beber muita vodca também.

— Bem digamos que eu... Matei um ladrão.

— Não disse? Você é fantástica, um dia eu tentei socar o cara que me roubou e ele quase me matou.

Os dois riram. Mas por quê? Por terem agora uma chance de viver sem o medo de serem bombardeados ou para esconder o medo e a vergonha que estão sentido de estarem nesta situação?

Às vezes rir é melhor do que chorar, rir é ver o lado bom das coisas. Ver o lado bom das coisas te faz querer seguir em frente, chorar te faz regredir.

Você não acha estranho? Termos sido convocados, pessoas da Inferior para uma das maiores ou talvez a maior disputa do mundo! Isso não te faz tremer?

Adam franziu a testa como se estivesse pensando, pensou muito pouco, provavelmente, pois logo respondeu:

— Sim, me faz tremer, de ansiedade, você não percebe que isso pode ser, uma... Uma forma da Magna pedir desculpas por ter nos oprimido e exposto a tanto sofrimento. E também no que vamos ganhar quando tudo acabar. O prêmio de viver na Magna numa vida de riqueza com toda a sua família, ou viver na vida militar com altas patentes e com muito conforto, isso me faz me sentir importante.

— E isso é suficiente pra você? Ter comida, casa, roupa, mas não ter identidade própria? – Katheria odiava quando alguém dizia algo do tipo, já vira milhares de pessoas que pagavam para entrar na Superior, até mesmo na Magna, achando que irá se tornar uma pessoa melhor.

— Mas ser importante é ter identidade! – Adam gritou, se defendendo. – Todos saberão que eu sou, terei fama, irei impor respeito.

— Isso não é ter identidade. Ter identidade é pensar de uma forma e nunca mudar de pensamento ou de agir do jeito que você acha melhor. A partir do momento que você foi convocado, você não será o mesmo, vai mudar de forma irreparável, ou por vontade própria, ou obrigatoriamente.

— Você mente.

— Pague pra ver. Agora vamos logo antes que a barraca com a melhor vodca feche.

Chegando a Praça da Felicidade, havia muitas pessoas em volta vendo o que estava acontecendo por lá. Não devemos culpá-las. Aquilo era extremamente excitante. Mas a jovem não gostou daquilo, se sentia como um pedaço de carne para cães.

— Olá! – Adam acenava para as pessoas, mas elas fechavam a cara e olhavam feio pra ele. – Acho que é melhor eu parar com isso.

Ele baixou a cabeça. Adam era o tipo de pessoa que, mesmo com tantas dificuldades, as pessoas ao seu redor tentavam manter a harmonia, felicidade e educação. Não é a mesma coisa na fronteira com a Paupérie Superior, ficar mais perto da soberania, fez as pessoas ficarem amargas.

— Melhor mesmo, ande mais rápido! Estamos quase lá – Katherina podia sentir o gosto da vodca com hortelã na sua garganta.

A Praça da felicidade era tão grande que podia ser chamada de cidade. Destroços por toda a parte, lixo andarilhos, barracas onde as pessoas vendem de tudo, remédios, bebidas, verduras ou até a si mesmas. A barraca que vendia bebidas que a jovem gostava era de uma senhora de cabelos bem branquinhos, o que era muito difícil na Inferior, a expectativa de vida é de apenas cinquenta anos. Aquela mulher parecia ter uns setenta anos e quase não tinha dentes, por isso sua fala era engraçada.

A barraca pode até ser chamada de estrutura sólida, é feita de lata e madeira e nunca caiu após uma tempestade. Isso era muito raro, a cada tempestade da temporada, a cada inverno, centenas de barracos caem.

Os dois chegaram, Katherina pós o braço no balcão improvisado da barraca. A velha senhora que se chamava Edna, estava de costas para o balcão organizando as bebidas, e se virou com uma velocidade muito estranha para alguém tão velho.

— Não converse muito com ela – recomendou Katherina. – Ela ouve muito mal, e o que

ouve, espalha pra todos ouvirem.

— Ah olá Kathe, como vai, querida? – apenas o avô da jovem a chamava assim, e Edna que, após a morte de seu avô roubou-lhe o apelido. – Ah, olá olhinhos puxados, o que querem hoje? Vejo que querem se despedir desse velho bar.

A pronúncia de Edna era tão engraçada que parecia que ela tinha apenas feito barulhos incompreensíveis, mas Katherina entendeu.

— Olá, Edna, é bem isso mesmo, acho que não vou encontrar ninguém que venda uma vodca tão boa. Já sabe o meu pedido, vodca com hortelã e licor de amora pro Adam, certo?

— Volto em um minuto.

Ela foi para os fundos do bar e voltou com um copo alto e fino, suado pela vodca gelada, mais quatro folhas de hortelã e um pequeno copo com um líquido levemente vermelho balançando, e os colocou no balcão.

— Obrigada – a jovem deu um gole e sentiu o gosto familiar amargo e doce por causa do mel e da hortelã, normalmente as pessoas tomam vodca pura, ela não gosta e pede pra Edna adicionar hortelã e um pouco de mel. Aquilo fazia a esquecer de seus problemas, e lhe dava uma sensação de tranquilidade.

Adam deu um pequeno gole em seu licor e fez uma careta horrível e acabou cuspindo um pouco.

Edna enlouqueceu, ela era obcecada pela ordem em seu estabelecimento.

— Ei! Esse é dos bons não desperdice!

— Esse troço é horrível! –Adam gritou. – Não tem água ou um suco não?

— Não, não tem – Edna lançava um olhar maligno para Adam e depois bebeu o licor em apenas um gole. – Saiba que pagará por ele.

Katherina estava rindo da situação, o licor e amora era o mais leve de todos e mesmo assim Adam não consegui beber, ele era engraçado. Ela terminou de beber e pagou o que devia, quinze yurs e sete pelo licor e os dois foram embora.

— Eu não entendo como você conseguiu beber aquilo, o licor já era ruim, imagina a vodca! – Adam fazia gestos com as mãos.

— No começo eu não gostava – ela responde. – Mas você se acostuma e vai gostando aos

poucos.

Um grupo de cinco ou mais homens se aproximaram deles, todos aparentavam estarem bêbados, estavam sujos e dizendo:

— Ora, ora, se não é a Convocada Inferior e o Convocado Inferior – um deles disse e começou a rir. – Sabe por que vocês foram convocados?

— Por que somos especiais! – Adam gritou, mas sua voz estava um pouco trêmula. – Diferente de vocês, que são bêbados imundos.

Eles continuaram rindo, um deles se aproximou de Katherina, seu hálito fétido de álcool e mais alguma coisa podre era difícil de não sentir.

— Não, é porque, você – ele aponta pra Adam. – Vai ser o bobo da corte deles. E você – ele enfia o seu dedo indicador no peito da moça. – Vai ser a putinha negra deles! Aposto que eles estão curiosos pra saber se é a mesma coisa!

E todos os homens riram. Katherina odeia ser chamada de puta ou algo do tipo, se sentia que valia menos que um pedaço de carne. Muitas mulheres negras se vendem para os brancos em troca de uma mixaria ou de um lugar pra dormir, mas Katherina não, ainda não se deitou com ninguém, pois seu avô lhe aconselhara a se guardar para alguém realmente importante (e esse alguém ainda não apareceu).

Seu pai também lhe ensinara sobre se valorizar, muitos homens no Quarto mexiam com a mãe da jovem, seu pai os enfrentava, às vezes até apanhava e dizia “se você não respeita as mulheres, não sou eu que ou mudar isso, mas respeite a MINHA mulher ou eu vou te mandar pra debaixo da terra’’. Katherina não admitia ser humilhada de tal forma, que ela não se encolheu e foi embora depois de ouvir aqueles insultos, ela o empurrou e ele caiu já que estava muito bêbado.

— Se você não quiser ter a sua cara amassada, ou melhor, se vocês não quiserem ter as caras amassadas, sumam daqui! – ela gritou com tanta raiva que sentiu que havia babado e trincava os dentes constantemente.

Adam percebeu que a jovem estava fora se si e a segurou.

— Se acalme, Kathe, se acalme, você tem que se guardar para a disputa – ele se virou para os homens que já estavam se afastando. – SAIM DAQUI AGORA!

E eles, fazendo cara feia, foram embora, não queriam briga com os convocados, mesmo não gostando deles, sabiam que eles eram protegidos. E eram mesmo, um carro preto com o brasão de Nerem se aproximava de onde Adam e Katherina estavam. Pararam perto de um barraco e saiu dois soldados de lá, empurrando todas as pessoas que estavam em sua frente até se aproximarem deles. As pessoas faziam um círculo em volta deles, centenas de curiosos.

— Adam e Katherina Smirnov, certo? – um soldado loiro de olhos azuis foi quem perguntou, tinha uma cicatriz no rosto que vinha da orelha a boca.

— Certo. – responderam em uníssono.

— Pois bem, sigam­-me, você irão conhecer outra convocada e partir para a Paupérie Superior.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, se tiver algum erro me perdoem, eu não tenho tanta paciência pra revisar