Olhos que mostravam frieza, como se não se importasse com nada, desde criança ele era assim, por ser diferente dos outros ela tratado diferente, por ser assim que ele preferiu ficar distante de todos, assim não teria problemas, não importava se ficasse sozinho pra sempre, pelo menos viveria em paz.
Ele era apenas um garoto, não brincava com os outros meninos, mas sempre atraia atenção com seu cabelo prateado e seus olhos verdes. Sempre era motivo de comentários ruins, apesar de nunca ter feito mal a ninguém.
- “Que saco”. – Ele pensava ao ouvir duas senhoras comentando do cabelo dele.
Hitsugaya andava pelas ruas todas as noites, gostava se sentir o vento gelado em seu corpo, ver as estrelas e comer um pedaço de melancia.
Naquela noite ele apenas se deitou no telhado de sua casa para ver as estrelas, estava tudo silencioso, um vento gelado e forte passava, ele gostava de ficar daquele jeito que acabou dormindo lá mesmo.
Não demorou muito para alguma coisa acordá-lo, ele ouvira um tremendo de um barulho, Hitsugaya resolveu ir ver o que tinha acontecido.
Logo o garoto vê um monte de lixo caído com uns pedaços de madeira, e vê um braço se mexendo, ele tira as coisas de cima e ajuda a moça a levantar.
A garota parecia estar muito cansada, mal abria os olhos, estava cambaleante, se ele a soltasse ela iria cair no chão, era uma situação embaraçosa.
-Quem é você?- a garota pergunta tentando ficar de pé sozinha.
- Eu é que deveria perguntar, você estava caída aí no meio do lixo. – Hitsugaya não estava com muita paciência.
A garota não respondeu, saiu andando cambaleante não deu nem três passos e desmaiou.
- Você só quer me dar trabalho, saco. – Hitsugaya a pega no colo e a leva para a casa dele e da avó.
Quando ele chega em casa, viu sua avó em pé na porta o esperando.
- Você demorou um pouco hoje, quem é essa menina? – ela como sempre com a voz doce e um sorriso no rosto.
- Sei lá, estava caída em um monte de lixo - Hitsugaya responde a deitando ela no chão.
Uma coisa que deixou ele preocupado foi encontrar a garota naquele estado, não parecia ser canseira...

Logo de manhã a garota abre os olhos, ainda se sentia fraca, mas estava melhor, podia ao se levantar sem cair, seus olhos castanhos procuravam saber onde ela estava não se lembrava muito bem do que tinha acontecido na noite passada depois que caiu naquele monte de lixo.
- Como se sente? – pergunta a senhora.
- Me sinto um pouco fraca, mas estou bem, estou em sua casa?
Ela sorri e confirma.
- Descanse mais um pouco, daqui a pouco está na hora do café, pedi ao meu neto para comprar algumas coisas no mercado, logo ele estará aqui. A propósito posso saber o seu nome?
- Karin...
Karin ia falar mais alguma coisa quando Hitsugaya chega do mercado, com um saco de compras nas mãos.
- Eu agradeço a hospitalidade, mas eu tenho que ir embora! – ela sorri um pouco apreensiva e sai correndo.
- O que deu nela? – Hitsugaya apenas a olhou ir embora.
- Ela logo voltará. – a senhora sorria como sempre.
Hitsugaya tomou seu café da manhã, ele nunca contou para as outras pessoas que tinha algo o incomodando, como se alguém dentro dele o chamasse, realmente uma sensação estranha e sufocante.
A cada dia mais aquela voz ia ficando mais freqüente e forte, de qualquer forma ele não sabia o que era.

Karin andava pelas ruas, ela não queria voltar pra casa e expor sua família ao perigo e nem voltar a casa daquela gentil senhora, ela apenas tinha que ficar sozinha se quisesse manter as pessoas a salvo. A qualquer momento aquele monstro iria voltar.

Quando anoiteceu aconteceu exatamente o que ela previa, aquele monstro voltou...aquele monstro com forma humana, parecia apenas um jovem moço...foi a aparência dele que a enganou, mas agora ela sabia o que ele fazia, não seria assim tão fácil como antes.
-Ah, se você ficar fugindo não tem graça! Eu não terminei o meu jantar!! – aquela voz era tão doce.
Karin corria para se esconder, não queria morrer daquele jeito tendo seu espírito devorado por aquela coisa.
 Ela conseguiu fugir, depois daquela vez o monstro nunca mais apareceu agora ela vivia em paz, e sempre encontrava com Hitsugaya nas ruas, de tanto se encontrarem ficaram amigos, apesar de Hitsugaya dizer que não eram amigos coisa nenhuma.
Hitsugaya pela primeira vez sentiu que não era descriminado, ele apenas falava com sua avó e mais ninguém.
E foi pela primeira vez também que brincou com alguém, ainda tinha aquele olhar frio, mas quando olhava para ela esse olhar sumia, agora ele tinha uma amiga, ele não admitia, mas quando ela não vinha brincar com ele, ele ficava um pouco entediado.
Karin apesar de estar feliz que o monstro tinha sumido ela achou estranho, simplesmente sumir, será que alguém o tinha matado?
Ela ficou intrigada com aquilo e naquele dia não foi à casa de Hitsugaya.
Como ela não foi ele resolveu sair pra procura-la, ficou cansado de ficar em casa.
Foi aí então que o monstro apareceu...
Uma das coisas que esse monstro gostava de fazer era de sugar a alma da vitima lentamente, Karin apenas tinha escapado por uma pequena distração.
Hitsugaya não tinha idéia do que aquele monstro faria, mas ficar parado sem reagir é que ele não iria ficar.
Ele era uma garoto realmente orgulhoso, não iria fugir, mesmo sabendo que iria perder...
Seus olhos refletiam coragem, mas sua força era igual a nada comparado ao seu oponente, depois de apenas alguns segundos Hitsugaya já estava encharcado com o próprio sangue.
Ele iria dar o golpe final,Hitsugaya fecha os olhos preparado para morrer...percebeu que estava demorando muito receber o ataque, e sentiu alguma coisa quente caindo eu seu rosto, ele abriu os olhos, e viu Karin, ela tinha recebido o ataque em seu lugar...
-S-sua tonta! O que você fez?!- Hitsugaya estava apavorado.
 Ela caiu em cima dele, Karin não estava com medo, mas vendo Hitsugaya desesperado a deixava um pouco apreensiva.
Ela via pela primeira vez Hitsugaya chorando, mas ela não podia  ajuda-lo, afinal ela estava morrendo.
- Hi-chan...não fique assim...saiba que não me arrependo disso, e faria de novo se precisasse...
Nesse momento, as palavras cessaram, um silêncio tomou conta, ela tinha morrido e a culpa era dele de ter sido orgulhoso, por mesmo sendo fraco querer lutar, no fim perdeu algo muito mais importante que o orgulho ou sua própria vida...
Neste momento aquela voz voltou...
“Quer poder? Eu te darei...afinal eu e você somos apenas um...”
- Sim, eu quero poder...- Hitsugaya mostrava um olhar assustador, era mais frio que o gelo, a raiva que sentia naquele momento era indescritível, com apenas um golpe o ser que era tão forte comparado a ele, agora era apenas um ser insignificante.


Hitsugaya estava sentado no sofá de sua sala lembrando de seu passado, foi ela que o motivou a virar capitão, 14 anos tinhas se passado, e aquelas memórias pareciam tão recentes, como se fosse naquele mesmo dia...
O seu telefone tocou, o fazer despertar daquelas lembranças.
- Alô...ah sim..já estou indo...