Coloco o fone de ouvido

vai pra rua (vai)

Ela é menina morena

pequena princesa do drama 

criada na trama onde tudo engana 

volume no máximo, perdida em pensamentos 

ao som do rock n' roll, tenta não se importar

na rua não é ninguém ( a sombra dos populares)

correndo pro ponto, atrasada, sempre atrapalhada, mochila nas costas

o livro na mão, marcador atrás da orelha

( algumas das frases marcadas já sabe de cor)

Na escola se transforma, coloca a mascara

e vira de novo aquela palhaça

sorrindo, cantando, fazendo bobagens

a olham de lado, a veem estranha

a zoam, xingam, ferem-na com palavras

duras e grossas palavras, feitas de raiva e ignorância 

Porque ela é estranha, não soma

não fala do que eles falam,

se destaca em meio a tantos iguais 

Nunca foi bonita como as outras meninas 

nunca soube ser menina do jeito delas

Se perde na escola em meio as aulas 

olhando pro nada, mordendo o lábio inferior

tenta não se importar com tudo oque eles dizem

pensa nos amigos, aqueles os de verdade

que mesmo com a distancia 

fazem tão bem a ela 

suspira e pensa nos cortes

(ardem por baixo da roupa

nas coxas uma constante lembrete

de como de novo foi fraca)

as promessas  vem na lembrança 

vontade de chorar , vontade de gritar

Mas se controla, mantem o sorriso

o olho vermelho (chorou a noite inteira)

rendendo tantas perguntas que elas não quer responder

se esquiva, diz que não foi nada

inventa várias desculpas

Não sabe ver ninguém mal, 

se vê vai logo lá,

numa falha tentativa de ajudar

Sua eterna maldição é ver sempre o bem nos corações 

e nunca reconhecer o mal...