O Diário de Alexandre Magnus escrita por Viscond3


Capítulo 4
Capítulo 3 - Crime e castigo ou vigiar e punir?




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Depois de atracarem em um cais na parte oeste da Ásia Menor, Alexandre deu ordens para montarem o acampamento e iniciarem os preparativos. Recluso em sua tenda iluminada apenas por uma fraca vela, o rei perdia-se em fragmentos de memórias passadas:

– Mestre - perguntou o jovem aprendiz ao velho curvado na cadeira – e sobre os crimes? Vejo nos grandes reinos que há muitos crimes...

– O crime existe onde há crime, Alexandre. E não existirá em nenhum outro lugar senão neste – as retóricas enigmáticas de Aristóteles despertavam em Alexandre um apetite grandioso pelo conhecimento.

– Mas vejo crime por toda parte! – Completou o garoto.

– Pois é este o ponto. O crime existe somente onde existe, e, se existe em toda parte, então em toda parte ele existe. Sempre irá existir o crime. Aqui, temos o Rei, o conselheiro e o povo. Assim também é o crime. Existem três formas: Crime de Necessidade, Crime de Honra e Crime de Ganância. No primeiro, rouba pela fome, porque lhe foi tirado o que comer. No segundo, mata-se porque foi morto e a lembrança nunca morre. E no terceiro, usurpa-se poder, ainda que uma de suas mãos já esteja cheia dele, para abastecer a outra mão com poder, deixando um desequilíbrio. Todos os casos estão ligados, vê?

O príncipe acomodou-se na pequena pilastra em que estava sentado e forçou sua mente para acompanhar o raciocínio de seu mestre, que o assistia refletir.

– O soberano conquista um reino e nele toma o poder dos antigos detentores da terra – Explicou Aristóteles - Os que tiveram a terra tomada, se o conquistador for ganancioso como imaginamos que é, passarão fome e terão que conseguir isso de outra forma, pois o homem precisa de pão tal que a planta precisa de água. Os homens que tiverem seus líderes mortos pelo novo rei, vão vingar-se pela honra e pelo poder, para que os mortos sejam vingados e o poder retomado. Eis este o círculo do crime.

– E como irei acabar com o crime? – Indagou como se a preocupação encurvasse seu rosto.

– Você não vai erradicá-lo. Vai diminuí-lo. Um bom governante não deixa o povo passar fome e não mata inocentes. Mas lembre-se, o povo também pode cometer crime de ganância e o rico também pode cometer crime de necessidade, por isso o povo nunca estará satisfeito.

– Mestre! Você é tão sábio! Por que não ensina estas coisas a meu pai? Assim, poderíamos acabar com muitos problemas! – Sugeriu o aprendiz com um olhar ingênuo.

– Pois o meu objetivo é você. Se eu solucionar os problemas para seu pai, quando você assumir o império, não irá colocar em prática nada do que eu venho lhe ensinando. Mas se eu te doutrinar e colocá-lo à prova, você conseguirá exercer cada premissa que lhe foi ensinada.

– Entendi... – Uma leve frustração dançava pelas órbitas dos belos olhos azuis de Alexandre. O Mestre o encarou e sorriu, encerrando a aula.


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