O Diário de Alexandre Magnus escrita por Viscond3


Capítulo 3
Capítulo 2 - Sangue na água




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Após dois meses de intensa navegação, enfrentando fome, frio, sede ou calor, as embarcações guiadas por Alexandre Magno já se aproximavam da costa Asiática.

– Homens! - Exclamou o Rei, tomando frente ao convés; Os demais aproximaram-se para escutar seu pronunciamento - Eis que finalmente chegamos onde queríamos chegar! Nossa conquista não terá limites! Finalmente os persas irão conhece-los, homens! Animais em campo de batalha, filósofos na política! Homens de paz e de guerra! Os persas irão conhecer o corte da espada de vocês, Macedônios!!!

Os homens gritavam fervorosos, ante as palavras do grande líder. Todo o convés estava tomado de intensa comemoração. Havia uma mescla sonora de gritos e estampidos metálicos, fruto dos cálices brindados e das armaduras se esbarrando.

– Senhor – Glauco aproximou-se de Alexandre e fez uma reverência formal, prostrando-se de joelhos. O Rei o encarou nos olhos e pediu que abolisse as formalidades, mas o fiel soldado permaneceu prostrado diante do soberano.

– O que queres, Glauco? – Indagou. O crepúsculo que pintava o céu refletia nos olhos cristalinos do rei, fazendo com que se tornassem fendas divinas guardiãs de toda a luz do mundo.

– Encontramos alguns sinais na água... Fruto de uma provável movimentação persa... – Um leve tom de preocupação ressoava a medida que Glauco falava. Em seu íntimo, pensava que as tropas de Dario III poderiam ter planejado uma emboscada pelo mar, através de alguma baía desconhecida nos mapas.

– Entendo... tens ideia do que possa ser? Digo, devemos nos preocupar? – O rei repousou a mão sobre o cabo da espada embainhada. Glauco colocou-se em pé diante dele e mostrou-lhe um pequeno mapa.

– Comprei este mapa de um mercador persa na Grécia... não sei se é verídico, pois a reputação do homem era mínima... O que sei é que podem existir baías como esta daqui, que não aparece nos nossos mapas comuns – Enquanto Glauco detinha a palavra, Alexandre permaneceu quieto, dedicando toda a sua atenção ao que o soldado lhe contara, formulando mentalmente uma possível segunda estratégia. Aconteceu que uma certeira flecha acometeu as costas de Glauco, transpassando-lhe o peito. Alexandre saltou para trás enquanto assistia o corpo do homem desfalecer ao chão, sem vida.

– AOS ESCUDOS! ESTAMOS SOB ATAQUE! – bradou, desembainhando sua espada e encarando o horizonte. Havia uma pequena nau persa alguns metros dali, escondida sob as grandes rochas de uma baía ignota. A corria no convés era máximas: Soldados avançavam para os postos de armas e armavam-se com seus escudos de cobre e bronze, não sabendo para qual lado deveriam aponta-los.

– Onde estão nossos inimigos, Senhor?! – Perguntou um dos homens, suado e desesperado, com um escudo em cada mão. O Rei permanecia em silêncio avaliando toda aquela situação.

– Aquela flecha foi para mim... – Pensou – Se Glauco não tivesse se levantado, era eu quem deveria estar morto aqui... supondo que meu inimigo podia me ver, ele não poderia calcular precisamente a distância da flecha até mim, uma vez que teve um descuido de alguns segundos, o tempo em que Glauco levantara.... Provavelmente não vieram daquela nau... Aqueles da nau não queriam ser vistos, mas por um segundo descuido, tornaram-se visíveis.... Talvez porque a instrução que tinham era de se revelar quando eu fosse abatido..., mas eu não fui.... Há somente um arqueiro, sendo assim...

– LARGUEM OS ESCUDOS AGORA! – todos os homens do convés encararam Alexandre, incrédulos – AGORA!!!

– Senhor! Do que estamos nos defendendo?!

– PRESTEM ATENÇÃO: Existem naus persas escondidas em rochedos que não constam em nossos mapas! Glauco tinha uma preciosa informação e teoria, que agora repousam sob o berço de Hades... Vocês dois! Cuidem para que ele tenha o devido funeral! Aos demais, armem-se com arcos e atirem contra todos os rochedos!

– Não podemos disparar as flechas sem um alvo! Isso seria um desperdício de munição! – Questionou um dos homens. Os demais soltavam os escudos no chão do convés e armavam-se com arcos e lanças,

– Faça o que eu mando e irá viver...! – Respondeu o Rei, recebendo um arco esculpido em madeira e talhado com os nomes de todos os reis de sua descendência – ATIREM MACEDÔNIOS, ATIREM!

Por um breve momento o crepúsculo desapareceu e o céu foi tomado pela noite: As flechas anoiteceram toda a paisagem, enquanto choviam enraivecidas pelos rochedos. Aos poucos surgiram gritos e suspiros dos inimigos ocultos nas rochas e baías. Algumas naus perderam o controle e revelaram-se em alto mar, sendo alvejadas a mando de Alexandre.

Cerca de uma hora de total disparo, o rei ordenou que os disparos cessassem. As águas próximas do cais asiático tornaram-se vermelhas escarlate, e eram decoradas com os corpos dos persas abatidos, que flutuavam inertes.

– Isso foi brilhante... – comentou um soldado. Alexandre pediu que todos os seus homens se reunissem no convés.

– Macedônios! Nossa intenção era poupar batalha em solo inimigo, pelo menos até que montássemos acampamento... Porém, nossos inimigos são astutos e já planejavam nossa chegada. Eu poderia estar morto... Mas não estou. Não cantem vitória, pois nós não vencemos nada... Apenas aumentamos a dificuldade de se estabelecer em terra, por termos vencido em mar. Ao mais, estão dispensados para dormir. Vocês foram impecáveis!


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